31 de outubro de 2003

Todos doentes?

Bolas, este blog parece uma enfermaria.
Estou a ficar preocupada.
E uma enfermaria arrumadissima, graças ao Alexandre. Tudo nos sítios, colchas esticadas, soros bem ligados aos doentes.
Hoje fui a um ginásio tratar de arranjar o corpo.
Estive a brincar com tudo.
Tem uma piscina grandeeeeeeeee:) Quentinha:)
Os aparelhos é que parecem retirados da inquisição. Devem ter vindo directamente arrematados de algum leilão da dita cuja.
Veremos.
Acho que o personal trainer vai sofrer muito..o pobre:)
Beijos

histórinhas para embalar doentes (e não só)

O Porquinho Que Dormia de Costas

Havia um casal de porquinhos cujo único motivo de discórdia era a maneira como cada um deles dormia.
Dona Porquinha durante o sono ia sempre mudando de posição. Esta maneira de dormir concorreu para que adquirisse as mais elegantes formas porcinas (redondinha que nem um barril).
Já o Sr. Porquinho tinha uma maneira incómoda de dormir. Deitava-se de barriga para o ar e assim permanecia durante o sono. Por isso ressonava de tal maneira que por vezes acordava a vizinhança. E esta maneira de dormir provocava-lhe também tão grandes estremecimentos por todo o corpo que as pernas e os braços se agitavam em violento escoicinhar. E a barriga movia-se de tal maneira que mais parecia uma montanha a desabar. De tanto dormir de costas o lombo, a parte mais apreciada da beleza na espécie porcina, estava liso como uma tábua de engomar.
Dona Porquinha, depois que passaram a dormir em camas separadas, habituou-se à maneira de dormir do marido.
Um dia, o Lobo Mau conseguiu entrar em casa enquanto os porquinhos dormiam.
Foi-se à Dona Porquinha e, enquanto ela se ia virando como um frango no espeto, foi-a deglutindo paulatinamente.
Acabado aquele repasto, como ainda estava esfomeado, tentou também comer o Sr. Porquinho. Mas neste caso foi mais difícil porque o Sr. Porquinho, mesmo a dormir aplicou-lhe tantos pontapés e bofetões que o Lobo Mau teve de desistir, tendo só conseguido abocanhar-lhe um pequeno pedaço da parte de baixo da barriga.
Quando o Sr. Porquinho acordou percebeu logo o que tinha acontecido. Depois de chorar a morte da esposa, o Sr. Porquinho, que era um tanto filósofo, pensou lá com os seus botões:
«Afinal há males que vêm por bem, pois se não fosse esta minha maneira de dormir já estava a estas horas no papo do Lobo e assim a única coisa que ele me conseguiu comer foi um pequeno bocado que, aliás, até já nem me faz falta porque perdi a minha companheira».


Pedro Oom


Dias de treta

Quando fico doente, simplesmente constipado, fico completamente roto. Se somar a isto estes dias frios e cinzentos, o quadro fica negro!
Ainda por cima, e também por causa do tempo, não tenho andado de mota. A cabeça não areja...
Acho que é tempo de ficar quieto, bem quietinho, e esperar que passe o que há a passar.

Esta tarde devia ter vindo para casa, enroscar-me num qualquer sofá e lamber demoradamente as minhas feridas.
Em vez disso fui dar consultas. Erro crasso, pois às tantas estava à disputa com um doente sobre quem estava pior. Estou cheio de azia, atirava ele. Dói-me o corpo todo, ripostava eu. Eu, é só gases, gabava-se. Parece-me que tenho febre, choramingava eu. Até que ele se fartou e me atirou: Se está doente, vá ao médico. Eu estou aqui é para me curar! Eu fiquei indignado com tamanha insensibilidade e disse: Ai é?... Então deite-se que lhe vou meter 10 centimetros de aço frio no rabo! Aí ele recuou: Bem... não quer falar da sua constipação, eu até sou farmacêutico. Não perdoei e deitei fora a vaselina: Ai é.... então vou buscar o tubo grosso de 20 centimetros!

Esta fúria contra os farmacêuticos é passageira.
Hoje, casualmente, fui aterrar no blog dum deles e li um dos melhores exercícios de demagogia que pude ver. É certo que todas as classes profissionais têm os seus pequenos, e grandes, corporativismos mas os farmacêuticos (da ANF) são demais: insistem em explicações lógicas e racionais para o facto, do reino das farmácias, ser uma coutada privada! E o melhor é que conseguem convencer toda a gente... o que, afinal, não espanta muito para quem tem um lobo com pele de Cordeiro!

Já agora aproveito para dizer que vejo, com frequência, posts a lavar honras ou a cobrar ofensas, por uma afirmação ou outra mais incisiva. Parece-me simplesmente ridículo! É fazer disto uma mera extensão da pessoa real e reproduzir os conhecidos vícios das relações sociais in-vivo. Só falta o típico vou-te tirar dos links, nunca mais te comento, ou vou dizer aos meus blogs amigos para não te referênciarem...
Quanto a mim, a grande virtude da blogosfera, é a liberdade da opinião, de crítica, de "desrespeito", sem olhar a quem está atrás de um nick. O sentimento de ofensa é desadequado para uma entidade virtual, se uma crítica nos "pica" só temos que arranjar boa resposta, no mesmo tom!

Por último (ou talvez não!) uma pequena nota sobre o FCP e os seu adeptos.
Vem a propósito do comentário do(a) S. sobre a minha paixão vermelha onde, às tantas, afirma qualquer coisa como ... Apesar de tudo e de muitos como o Gasel Ora bem, é incrível como após mais de 10 anos em que, jogando bem e sendo os melhores, ganharam quase tudo o que há para ganhar, continuam a falar como se fossem todos os anos enganados e roubados! E quanto a dizer "mal" do FCP é normal, é assim mesmo o futebol... se fosse ao contrário era igual.
No fundo ainda não perceberam que os papéis mudaram: já não são os coitadinhos-que-são-da-província-e-perdem, mas sim os malandros-que-ganham-tudo-e-controlam-ainda-mais.

... e gosto do novo visual :)

30 de outubro de 2003

conversas de treta

Há dia em que me sinto uma balzaquiana amarrotada, quando acordo, fico prostrada na cama a tentar abrir os olhos inchados enquanto os minutos desfilam no relógio.
Tento achar o norte enquanto vou para a escola
A seguir passo horas a fio a tentar dar voltas fantásticas ao que ensino (não gosto de me sentir papaguear certas inutilidades programadas)
Tento moldar-me aos formandos, qual plastic woman a dar piruetas entre temas formais para aluno aprender e temas que cativem os borbulhentos admiradores do Eminem. E no meio deste bailado, tento esquecer a conversa absurda que tive com uma colega.
Apanhou-me a jeito quando eu ia tomar café, e no meio da bica e dos desabafos conjugais (no fim de cada frase vinha sempre “tu não percebes, não és casada”---- se não percebo, porque raio é que me está a contar?) eis que surge a já famosa conversa do costume.
“Olha lá, tu até podias ser bonita se… (tremo e espero pelo catalogo da Avon ou afins) ….Fizesses uma dieta”.
Eu sabia, e enquanto afivelo um sorriso amarelo ouço argumentos “deliciosos” misturados com olhares piedosos.
-já viste, se fosses magra, podias usar roupa mais gira
(silêncio)
-sabes bem que os homens preferem as mulheres magras
(silêncio)
-podias fazer uma pequena dieta, se não fosses preguiçosa
(silêncio)
O riso já estava mais pró negro, escondi-me num silêncio, que me incomoda (eu não consigo ser sarcástica), dizer simplesmente que não quero emagrecer, não chega, aos olhos dos outros isto é uma desculpa ou mesmo uma cobardia.
A vontade que me deu foi a de amarfanhar esta conversa de treta e deita-la para o caixote do lixo.
Raios, há pessoas que ajudam os dias a serem chatos e há dias mesmo maus para deixar o sarcasmo a dormir em casa.

Ai que dores...

Tenho dores no corpo todo, estou moído por dentro.
A testa arde, a garganta é uma chaga, os olhos choram.
O nariz debita litros da ranho fluído que escorre, escorre (como a cera), que ensopa lenços de papel, de pano, e inunda o teclado.
Hoje à tarde, desesperado, tomei um antibiótico qualquer para ver se passava. Não passou!
Estou gripado, é o que é.
Vou dar uma volta... talvez fique melhor. Até já!

E bom dia !!!

Gosto do novo visual.
Sinto-me assim a modos que mais esbelta..risos
Não, não vou falar de ressacas nem de jantaradas.
Vou falar do meu cóleo. Está inclinado para a luz e sempre que o viro ele torna a retorcer-se. Teimoso não?
E está a ficar rubro. Depreendo que é tímido e receoso de eu estar a falar dele neste ilustre blog.
Sempre que me esqueço da água, ele vira a cabeça para baixo.
Está a crescer muito. Logo ,coloquei uma estaca.
Brevemente vou dividi-lo em vários.
Isto resume a vida humana?
Beijos.

New look

Tomei a liberdade de fazer um lifting ao grafismo do blog. Se não quiserem estas alterações, apitem que volto a por tudo na estaca zero.

william claxton

Já que estamos em maré de fotografias fiquem com um link para o site do William Claxton

e já agora digam lá se o Steve Mcqueen não era um deus

29 de outubro de 2003

Conversas de mulher

Saio sempre da esteticista , atordoada com tanta informação e carregada com cremes, além de perder a pelagem supérflua pelo caminho.
Pergunto-me: Porque é que nós, mulheres, temos que tirar os pelos?
Pensava que era ideia recente. Mas depois descobri que no século XV as francesas faziam depilações totais. Mesmo do desgraçado do tufo.
A parte boa será o sentirmo-nos um bocadinho melhores , do que realmente somos.
A parte péssima é a porcaria da cera quente a escorrer por nós..e sobretudo o puxar sádico e lento. E a pinça picando e limando as imperfeições.
Ainda por cima a senhora que me trata desses pormenores é uma perfeccionista. Eu digo..Aí não vale a pena..e ela diz...Claro que vale!!! E paga o mesmo:)
Assim lá vão eles. E ela mostra orgulhosa a cera já sólida recheada de pelinhos. Um panorama nojento.
Será que as outras pessoas( vulgo os homens) notam os nossos pelos, ou será que é tudo um vão esforço? As mulheres sei eu que reparam. Oh..Oh!!Se reparam!
Por exemplo, os jogadores de futebol Têm umas lindissimas pernas grossas e peludas....e ninguém acha mal!
Assim com os de rugby.
Agora até me sorri sozinha.
Agora vou descodificar o que dizem as embalagens dos cremes que comprei.
Vai ser um estudo demorado, acho eu:)
E se a minha sobrinha J me está a ler deve estar a pensar...óptimo..produtos novos para experimentar! Nem penses, não tens idade para isso:)
Já basta gamares os lipsticks:)


Dias apressados

Desde ontem da manhã que ando a correr, de um lado para o outro.
Estou esgotado... nem durante a noite parei: sonhei que era maratonista!
Agora, aproveitei a pausa para o almocinho e vim aqui por as contas em dia.

O post do Zoe também me fez surgir algo. Esta é a minha visão do céu:

Agradeço ao Mata-Mouros e ao The New Yorker a imagem.

A blogosfera agita-se, parece que foi descoberto o Pipi!
Segundo certas fontes bem colocadas, o Pipi é Miguel Sousa Tavares. Aprofundados estudos apontam que o recente título Equador contém um anagrama (ou criptograma): Equador=É Cu, Há Dor. Cá para mim bate certo!

Cada vez mais toda esta jiga-joga tresanda.
É de facto desconcertante a facilidade que, com truques de algibeira, se adiam e protelam julgamentos, e se "aldraba" a famosa justiça. Se o Silvino, com este advogado de meia-tigela, faz isto com esta ligeireza e visibilidade, admito que o Pedroso, com uma equipa de super-advogados, o fará com muito maior subtileza e consistência. Dá que pensar...
Mas não deixa de ser patética a declaração ao país da Drª Catalina!
Será que temos ponte para aguentar tanta água?

I miss you

Comecei o dia de blog a ler um comentário onde era apelidade de paternalista. Imediatamente me desloquei à casa de banho. Durante a noite, teria virado homem? Chequei e tudo no sítio.
Fiquei mais tranquila.
Estava a reler os comentários a vários posts e achei graça aos infiltrados provocadores, geralmente agressivos mas de forma deslocada e um pouco inocente.
Esperemos que o Gasel não promova uma excursão de FCPs ao blog a descascar nele também:)
Acordei com esta frase na cabeça. I miss you. Não, não era Rosebud.
Terei tido um sonho em inglês?
Ou simplesmente saudades ? Mas saudades de quê? Lá vem a alminha chamar-me frustrada outra vez..risos. Mas quem nunca teve que frustrar já alguns dos seus sonhos ou desejos (por moto próprio ou imposição de outrém) , ponha o post no ar:)
Moi ,Pierre Riviére, ayant egorgé ma mére, mon pére, mon frére, etc..etc.....
:)


28 de outubro de 2003

REFLEXIVO


O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.
O que adiei, adeus-se.

Affonso Romano de Sant'Anna

J., sobrinha de T.
O post do Zoe lembrou-me um dos "meus filmes"

Como funciona o Céu.

No céu, de alguma maneira as coisas se passam . Algumas organização tem que reger a interacção das pessoas que lá habitam.
Ou então fazemos tudo o que queremos, temos total liberdade para responder unicamente à nossa vontade. Isto ia obrigatoriamente resultar no abuso da liberdade, interferência com a liberdade dos outros. Tem que haver pelo menos o limite e a regra moral, até porque muito a religião promove a moral na terra.
Então há o céu regulado de modo a que todos vivam bem, ou de modo a satisfazer a maioria dado que o contentamento absoluto de todos se já provou desde sempre ser um objectivo impossível.
Ou seja, no céu é como na terra: um procedimento exigido que regula a interacção entre os seres humanos, e que somos obrigados a considerar perfeito.

dias de assim ,assado.

Há neuras que se instalam sem saber porquê, mas o trabalho cura.
Estarei a ficar com discurso fascista?Por um lado acusam-me de ser orgulhosamente só, depois faço observações de sabor vagamente nazi.
Honni soit qui mal y pense...
Enfim mergulho a pique nas necessidades de formação do povo aqui desta casa.
O Porto ganhou? nem dei por isso.
Arranjar tempo para ir ao meu médico também era boa ideia. Para ele não, coitado. Risos.
Enfim. Fechar os olhos e não pensar em mais nada.
Trabalho!

Dias de azar

É evidente que estou chateado!
Desde ontem, por volta das nove horas da noite, que nada me corre bem.

O Porto ganhou, o que já é hábito.
O jantar foi pescada cozida, com cenoura e bróculos.
A ADSL não arrancou ao serão.
À noite tive um frio de rachar.
Acordei com azia e tomei um comprimento.
Deixei cair a dentadura na sanita.
O carro não pegou e vim a pé para o Hospital. Apanhei uma molha.
Agora, e para cúmulo, estou cheio de gases...

E de quem é a culpa, de quem?
Do Porto, evidentemente....

PP: Acabei de ouvir o Melhor do Mundo. Falaram sobre os homens grávidos que serão aqueles que adquirem maneiras superlativas, durante a gravidez da fêmea. Algo como carregar os sacos das compras, lavar a louça, estender a roupa e ir comprar meia-dúzia de pastéis de nata à uma da manhã. Acho que nunca estive grávido!

27 de outubro de 2003

flober

Ainda me lembro. O melhor presente
que tive foi sem dúvida aquela flóber.
Toda a garotada da terra colaborou no meu
entusiasmo. Iamos para o campo,
pam pam, pardal aqui, pam pam, pardal ali.

A unica arrelia que tive com ela foi
quando um dia, sem querer, pam,
acertei em cheio na tia Albertina.

Para castigo não me deixaram ir ao enterro


Mário Henrique Leiria

Também as encontrei,...

... as três Graças, perdidas num bosque e em companhia da Primavera. Mas eu o que queria encontrar, eram as quatro Virtudes!



Enquanto passeava pelo bosque vi algumas coisas interessantes.
Uma delas foi o comentário da Bomba ao professor Marcelo: é um voiceblog!
Outra foi a definição, dada por um Avatar, de blog agonístico.
Por fim a máxima de António Barreto: só sei que nada sei!

PP: Prá Lau... não vale a pena cacetada, isto é só garganta!

Sem nada.

Dias e dias e mais dias. Uniformidades. Manhãs que se vestem de noites. Horas que voam sobre nós. Carecidas de objectivos. Divagam
Entrelaçam-nos. Escondem os sentidos.
Há alguém a correr aqui dentro. Ouço-lhe os passos rápidos. Sinto uma aragem espavorida. Algo que toca e não reconhece.
Que afugenta e que foge. Alguém. Há alguém.
Eu sei que existe.
Está mas tantos e tantos mas. Sinto a correria frenética. O medo de se expôr. Fundamentalmente impera o medo de ser magoado.
É um ser frágil que recolhe as asas.Evita o sol. Evita o vento. Vive a correr pelo sombreado das coisas . Ignora ruas conhecidas. Foge dos laços. Recusa-os.
Eu sei que ele está comigo. Enche-me os olhos por vezes. Então chega toda a dor do mundo.
Doi-me então o olhar de sentir tanto o que não deve ser sequer pressentido.
Quem o criou, porra, quem o criou? quem o fez aparecer?
Porque nada, mas nada, o pode explicar. É toda a inquietação. É todo um sistema próprio de perguntas sem resposta. É ele que não me deixa falar. Perito em criar nós na garganta . Deixa que o corpo fale mas despoja de sentido o que ele diz.
Faz-me correr com ele e por vezes deixa-me pousar e afrouxar. Mas eu conheço-o. Está sempre vigilante.
Permite porém tudo, porque afinal nada me é consentido.
É assim que sou.
Vem-me daí esta energia meia febril que por vezes quero entorpecer. Adiar. Esconder. Remeter para ignorar.
É compulsiva essa força. Invade tudo. Tem uma componente que carece de equilibrio porém encontro-a naqueles que são meus iguais por afecto.
E aí vem a serenidade. A calma. A paz. Encontra-se no sol. Em coisas simples. No sorriso do meu gato. Noutra mão que se estende e socorre a nossa.
Ao mexer nisto tudo sinto que saiem palavras torcidas, quase a ferros. Incomoda-me o estar a escrever mal. Irrito-me. Fumo um cigarro. Adio cada letra e cada ponto.Mas as palavras ganham vida e saltam de mim.
Aí surge outra máscara. é o ser comedido e calmo que consegue dar e ser. Que conhece o valor da doçura e da ternura e a sua transitoriedade.Que as preza. Que as guarda para sempre dentro de si.
É como se o negativo devolvesse a vida e a transformasse em prazer puro.
O verso e o reverso.
Só isto.

Coração vermelho (5) - Ódios de estimação

Sobre este tema específico pensei em fazer um só post mas, ao divagar sobre o tema, vi que havia material para muito mais, para cinco ou seis posts...
E quais são os ódios de estimação? São óbvios, claro! Têm todos a ver com o FêQuêPê: o próprio clube mais os seus torpes jogadores, o seu arqueológico presidente e o seu convencido treinador.

Nota: Atenção, estes posts são impróprios para portistas, porteiros e afins. Podem também ferir a sensibilidade, pelo calão, de crianças e adultos bem-educados. Aconselham-se especialmente a benfiquistas, adolescentes rebeldes (dos 13 aos 18 anos) e mulheres entre os 31 e os 62 anos, sem emoções na vida. Antecipo um público-alvo de 8 milhões de almas.

E porquê o ódio?... Não sei... Acho que é como ser benfiquista, ser anti-portista. Não era assim, juro, mas fiquei assim. Quero crer que não tenho a culpa, que foram eles que provocaram, mas não sei. Só sei que não sinto isto por mais nenhum clube, nem pelo Sporting!
E sou assumido. A mim que me acusam de ser o homem do nim, aqui sou SIM ou NÃO. Não há meias-tintas nem panos quentes. É assim: Se o Porto perder com o Rio Ave, com o Torriense, ou se perder um jogo treino com o Campanhense, fico feliz. Se lhe é roubado um penalti ou anulado um golo claro, fico ainda mais feliz. Se é validado, ao adversário um golo com a mão e em fora-de-jogo, rejubilo. Se ficar em décimo-terceiro no campeonato, quase que tenho um orgasmo!

E digo mais. Nem com clubes estrangeiros eu mudo... representar o país, representa a Selecção Nacional. O FêQuêPê, lá fora, representa-se a ele próprio e, quando muito, a cidade do Porto e arredores. Assim, adoro quando perde, fico triste e chateado quando ganha e joga bem. Um exemplo: o meu último momento perfeito de futebol, em que senti uma felicidade genuína e dei um urro de alegria, foi o segundo golo do Larsson em Sevilha! Depois veio a tristeza...

PP: Desde sábado à noite que ando com a sensação que hoje começa a grande reviravolta...

Cof cof cof

Há já algum tempo que eu me vinha sentindo mais rouca. Não liguei, achei que fosse do tabaco ou alguma outra coisa que tal. Até que certo dia, estando eu a comer um bife, me apercebo que a garganta estava a empolar. A EMPOLAR!

Um caroço-osso? Pensei: é com certeza um pedaço de carne. Bebi um gole de vinho, bochechei, mas aquilo não passava. O rapaz que estava à minha frente, aflito, abria-me a boca e espreitava compulsivamente e quanto mais ele espreitava mais entalada eu ficava. De repente uma convulsão interna como um vómito obriga-me a cuspir o incómodo. Ficamos ambos espantados. Ambos olhando aquilo. Era um amo-te. Foda-se - disse eu - ao tempo que eu devia andar com esta merda engasgada!

É curioso, ao meu pai aconteceu a mesma coisa com um cálculo renal. Tem as pedritas todas expostas numa vitrina cá em casa. Eu, que tenho pudor, não me presto a essas figuras. É por isso que agora trago sempre o meu amo-te escondido no bolso das calças.

já sabia

acordei à hora de costume. Esqueci-me de acertar a hora interna. Mas mesmo assim atrasei-me meia hora. Risos.
Choveu, choveu.....os gatos enroscaram-se todos em cima de mim. Salvo a Mona, que gosta do direito à diferença e vai para o cantinho esquerdo.
Depois os palermas tem medo de relâmpagos. E eu estava com a janela um bocadinho aberta para os ver. E quando trovejava, olhavam para mim com ar de de: esta é que tem a culpa.
Fora isso, cHiadei e Fnaquei de novo. Tive uma prenda de anos da Gita Metha. Claro que eu a escolhi:)
E expus um grupito de amigos à ventania das esplanadas por trás do Cais do Sodré.
Não sei se hoje estarão com pneumonia:))
Era para ir comer pasta a casa dos Curtos mas deu-me a moleza e comi espinafres chez moi.
Estou com preguiça. está-me a apetecer uma gripe e estar na cama a ler livrinhos.
Engraçado. Sábado entrei no metro com uma camisola encarnada. Vi uma data de gente vestida de vermelho a sorrir solidáriamente comigo. E eu pensei, esta cor deve ficar-me mesmo bem. Depois vi melhor , espreitei os cachecóis e entendi. Era o povo do Benfica a ir para o Estádio!!!Cumprindo as indicações do presidente que os mandou ir de transportes públicos.
Olharam-me com estranheza quando não saí na Baixa Chiado. E lá continuei o meu caminho para o Estoril.
E eu agora vou ao banho e à vida real.
Beijinhos e bom dia para todos.

Chuva a Sul

Voltei da longa viagem e, a sul, continua a chover.
Arrumei algumas coisas, espojei-me no sofá, li alguns jornais e zappei a televisão.
Jantei, arrotei e tomei um comprimido para a azia.
Agora, ando por aqui a vagabundear... e a matutar nalgumas coisas!

Lá no Nordeste participei, além de uma pequena reunião científica, em assembleias gerais e coisas parecidas de uma associação profissional. Por diversos motivos vi-me metido, com regularidade, em coisas semelhantes nestes últimos anos, e fui tendo a certeza de coisas que já desconfiava.

Nada do que alguém diz pode ser tomado como certo.
A verdadeira razão de uma determinada posição ou opinião, no presente, pode ter como causa um qualquer facto num passado remoto ou, ter como objectivo, uma consequência num futuro longínquo.
Há sempre algo que fica por dizer, algo que só pode ser subentendido. Há sempre um argumento na manga, um favor ou um amigo nas costas.
E isto são amadores, numa associação sem relevância nenhuma. Imagino o que serão profissionais, a actuar a nível nacional.

E toda a gente opina e discute, sem saber do que fala.
Essa é uma característica muito nossa: não sabemos nada, falamos de cor!
Não produzimos nem disponibilizamos informação que fundamente qualquer ideia, qualquer opinião. E essa falta de dados serve toda a gente, aos que propõem algo e aos que contestam esse algo. Basta afirmar que "se estima", que "se assume" ou o fatal "é do conhecimento comum", para que um raciocínio fique fundamentado.
Hoje sei que a Manuela não faz a mínima ideia de quanto é o déficit ou o PIB e que ninguém sabe quantos desempregados existem, quanto se gasta com a saúde, ou mesmo quantos acessores existem no governo.

Às vezes fico deprimido e convenço-me que isto é um país de brincar, e que o futuro é um buraco negro. A maioria das vezes sou optimista e sei que isto é uma locomotiva em auto-gestão, e que vai sempre certinha no carril do futuro risonho...

PP:
Li que o lançamento do quinto volume do Harry Porter ocorreu no Panteão Nacional, com decoração de motivos de feitiçaria e fumos a condizer... Será mesmo verdade?
Li no Aviz (e visitei) sobre a Biblioteca Invisível. Acho que vale a pena.
A nova catedral foi inaugurada! Isso entusiasmou-me e vou escrever mais um post do coração vermelho...

26 de outubro de 2003

A Propósito

A propósito do post da Amélia "Isto hoje só amanhã":

Eu perco amigos sempre que começo com estas conversas, sobretudo se for à noite e no Bairro Alto. Mas há uma ideia que eu defendo sempre: é que é uma estupidez tentar defender os subjugados e oprimidos proclamando a mentira de que somos todos iguais. Se a nossa dignidade depende do facto de sermos todos iguais, então a contrario ninguém merece que lhe seja reconhecida dignidade alguma porque somos todos, de facto diferentes. A defesa inteligente dos subjugados e oprimidos só pode ser esta: todos temos dignidade independentemente do facto óbvio de sermos todos diferentes. As mulheres são diferentes dos homens, os pretos são diferentes dos brancos, os heterossexuais são diferentes dos homossexuais, os jovens são diferentes dos velhos, os gordos são diferentes dos magros e todos eles têm dignidade não porque são mentirosamente iguais, não porque são aceitavelmente diferentes mas apenas pelo facto de serem pessoas.

Ricardo

T. [:)))]

VENHA ELA, A PANELA!

P.S.- Estás vigilante! Aqui, se alguém "posta", tu topas logo...


25 horas..ena!

Isto hoje vai render:)
Bem o fim de semana está muito organizadinho.
Ontem comi uma garoupa divinal e uns grelinhos com alho estalado fantásticos:) Para não falar do vinho e da companhia, igualmente merecedores :)
Ontem tive uma experiência inédita na vida. Adormeci num táxi. Pois tava tão quentinho e eu tão ensonada. O senhor lá me conseguiu acordar e por vingança esteve a contar-me o segredo do molho do bife da Portugália e do bife do galeto. à porta de casa, já com o taximetro desligado. Não retive esta informação, escusam de pedir pormenores.
Andei nas livarias e quase que tive um susto a ver aquela....aquela..Rebelo Pinto? em tamanho natural à porta da loja onde descuidadamente ia entrar. Afinal e felizmente era cartonada. Mas aquilo assusta uma pessoa! Bem feita pró Sousa Tavares, que estava também de boneco animado ao lado dela. :))) E iam dar-me um marcador com a porra da promoção do livro da senhora, mas recusei.
Acho que tenho vagamente um almoço marcado se estiver sol, mas ainda tenho os olhos um bocado fechados.
Vou voltar para a cama e pensar se está sol ou não.
Talvez até feche os olhos para me concentrar melhor no assunto.
Pedro Dobbin, faz favor de aceitar o convite!!!!
E sobrinha dos bichos, se me estás a ler, se nada escreveres ficas sem as prendas espanholas.
Sou muito subtil e boa pessoa, não é?
:)))

E quando...



E quando nos sentimos assim?

25 de outubro de 2003

Wild




The only way to get rid of a temptation is to yield to it.

Oscar Wilde

Cá do nordeste

Descobri que, mesmo com muito frio, os computadores funcionam.
Descobri que o IP2 é uma estrada muito bonita.
Descobri que Trás-os-Montes têm uma "força" que não alcanço totalmente.
Parece que, como disse Miguel Torga (salvo erro!), até "os penedos falam".
E como o tempo ajuda à introspecção, cá vai mais uma citação:
E se eu não morresse nunca
e eternamente buscasse e conseguisse
a perfeição das coisas.

Cesário Verde

Até amanhã.

24 de outubro de 2003

Psiu

Menino Pedro D!!!
Faz favor de aceitar o convite para postar.
Faz falta aqui um filósofo paulistano:)
Beijo:)

Sexta Feira

Ontem passei pelo Chiado e fiz compras à meia noite. Não dá muito jeito andar carregada com sacos pelo Bairro Alto, acima e abaixo, com os pés um bocado trocados, por força de bebidas estimulantes.
E em vez da Mac, descobri que abriu uma loja de café ,que vende máquinas que funcionam com cápsulas coloridas. São bonitas. As caixas das recargas, têm vários tipos de cafés e parecem chocolates.
Depois assentei praça no Mahjong, nem joguei Trivial mas apeteceu-me.
A noite estava cheia de pessoas bonitas. Pessoas, quer-se dizer, homens, maioritáriamente gays mas não importa. Pelo menos faz-se um refresh ocular.
Uma boa notícia é que o Chiado vai continuar assim pelo fim de semana à noite. E é giro deambular pelas lojas vazias, sem objectivos fixos.
Consegui comprar o último Padura. Muito magrinho para o meu gosto.
Confesso que estou um bocadinho ressacada .
A apetecer-me fechar os olhos e sonhar.
Vou imaginar que tenho olhos amarelos e cabelo verde.
E sei lá, como diria a outra burroide da escritora.....
:)



23 de outubro de 2003

Dor de cabeça

Ontem ao almoço bebi de mais....
Hoje doi-me a cabeça.
O pior é que já não suporto as dores de cabeça como antes. Nesse antes, quando era novo, suportava-as bem, sabia que haviam de passar em poucas horas. Hoje não, fico aflito e ansioso, e demoram muitas horas a passar... parece-me que me impedem de pensar, de fazer, de tudo.
Finalmente perecebo melhor os velhotes que tomam logo um comprimido qualquer assim que sentem alguma coisita. Não importa o quê, é preciso é tomar a pílula milagrosa!
Como habitualmente não tenho comprimidos para as dores de cabeça em casa (porque já os papei todos...), assalto os xaropes dos meus filhos e tomo "tampadas" de Ben-U-Ron ou de Brufen. "Tampadas" são golos pela tampa do frasco do xarope... bebo aí três ou quatro conforme a intensidade da dor.
Eu sei que é uma badalhoquice, que aquilo fica tudo pegajoso e que a tampa deixa de fechar bem. Mas sabe-me bem e resulta melhor. E é a olho, mas isso é hábito da minha especialidade: passamos muitas pomadas para rabos e a quantidade é "quanto baste"

22 de outubro de 2003

Magister




Salve Regina, mater misericordiæ,
Vita, dulcedo et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules filii Hevæ.

Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle.
Eja ergo, advocata nostra,
Illos tuos misericordes oculos ad nos converte.

Et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
Nobis post hoc exsilium ostende.
O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria.

Coisas que gosto

Sol e fazer frio. Sentir a luz iluminar o cabelo.
Caminhar pela rua. Ver o bulicio . As crianças agasalhadas a trotarem atrás de pais frenéticos de pressa.
Ir comprar tabaco ao senhor do costume. Ver os títulos dos jornais e revistas e rir um bocado. Estão afixados e há sempre um pequeno fórum de reformados a comentar os temas do dia.
Esticar o dedo e parar um táxi daqueles bons, em que o motorista é amável e não tem a rádio sintonizada em programas execráveis e aos gritos.
Mandar as sms da praxe, que sabem melhor se as enviarmos do táxi.
Chegar ao departamento e ter o equipamento informático todo a funcionar e ter a secretária vazia de papeis novos.
A suavidade. O bem estar. Os ritmos.
Para eu respirar e pensar, o dia está a começar bem!!!
Hoje já andei de rabo para o ar a verificar as ligações do pc..não funcionava..a equipa de informáticos está ausente em parte incerta...e a impressora tem um problema com a porta traseira. Deixei-a com essa questão, respeito as preferências sexuais de cada um e já andei de gatas que chegasse hoje.
Mais!! A caixa de e-mails cheia de e-mails de TRABALHO!!! A que vou ter que responder em inglês!! Grrrrrrrrrr
Enfim, esses diminuendos não me vão estragar o sol e o resto..Pois não?
Arrisco nos crescendos e bom dia.

Fotoblog


Cortesia de José Marafona

Ama tamquam osurus, oderis tamquam amaturus.
Bias / Erasmo, Adagia 2.1.72.

Non possunt





Amantes de forma iudicare non possunt, quia sensum oculorum praecipit animus.

Quintiliano, Institutio Oratoria 6.2.6

21 de outubro de 2003

Ao jantar

Já há muito tempo que não falava das notícias...
Estava eu calmamente a jantar quando, do pequeno televisor que fica lá no canto, se começam a levantar vozes. Olho e vejo a Manuela-da-boca-enorme em grande agitação. E também vejo o seráfico Miguel a gesticular com veemência.... Presto mais atenção e noto que eles estavam entretidos numa boa peixeirada:
Não me vais ler isso tudo, pois não...? - dizia a Manuela gozona.
Deixa-me concluir o meu raciocínio, por favor... - alegava o Miguel.
Essa é boa! - atirava a Manuela.
Olha que o meu primeiro emprego foi vasculhar as gravações da PIDE... - gabava-se o Miguel
PIDE?... PIDE?... mas estás a dizer que isto parece a PIDE? - arrufava a Manuela.
Estou farto... vejo o professor Marcelo todos os Domingos e ele nunca é interrompido! - desabafava o Miguel.
Não sei... nunca estive com o Marcelo - ripostou a Manuela.
Se não me deixas comentar, levanto-me e vou-me embora... - ameaçou o Miquel.
...
Nesta altura, levantei-me e fechei a televisão. Parecia-me que a qualquer momento comaçariam a cuspir e a bater-se um ao outro.
Nota: Não inventei isto. Só ficcionei um pouco!


O que vale é que a minha semana já chegou ao meio. Esta acaba quinta-feira, logo depois do almoço. Por essa altura parto novamente para o norte, para a chamada terra-quente transmontana. Espero não ter frio...
E agora vou tirar mais azimutes e traçar rumos.
Até logo!

PP:
Um facto extraordinário: o Aviz pôs-nos nos links... Tchammmm!
Por fim... noto que ninguém já é isento nisto tudo da cagala. Todos têm amigos e fidelidades silenciosas. Todas as opiniões têm que ser tomadas como facciosas.

A propósito do blog do Alexandre

Segui ali o link do Gasel e fui espreitar.
É de facto um excelente blog. E milagre dos milagres, didáctico sem aborrecer e sensitivo sem paneleirices.
Gostei sobretudo da definição dos caracteres chineses de paz . Um homem com uma mulher em casa. Muito questionável. De facto ao contrário, uma mulher com um homem em casa, aplica-se? E um homem com MUITASSSSSSS mulheres?
Terão inventado caracteres para tudo isso?
E o caracter disputa....Mulheres juntas..bem..é também verdade . Mas homens juntos que caracter dá?
Com a licença ou sem, não me interessa nada, vou colocar esse blog aqui nos links.
E deliciem-se a lê-lo, como me aconteceu a mim.

Crónicas da Inês (5?)

4 Outubro 2003 (?)

“A estrada de regresso ao passado está inexoravelmente minada“

Ao ler isto pus-me a pensar no meu passado… É, de facto, verdade que o regresso ao passado está minado, é sempre um falso regresso! Mas é também verdade que é a única coisa que existe, a única coisa verdadeira.
O futuro não existe e o presente esvai-se constantemente a todo o momento, transformando-se em passado.
Só nos resta esse passado: nós somos, afinal, o nosso passado! E assim, há medida que vamos tendo mais passado, vamos também reconstruindo esse passado, transformando-o, mutando-o, mitificando-o… até que o nosso passado deixa de ser um relato fiel mas sim um romance nebuloso. E quando pretendemos lá voltar, descobrimos quão enganados podemos estar!


“Como o poder roi as células de bondade humana para as transformar em maldade pura.“

Acredito que as pessoas são intrinsecamente boas. Pode ser um déficit meu, ou apenas má percepção da realidade mas, acreditem, que nunca encontrei uma pessoa que fosse má, mesmo má, que fizesse ou pensasse coisa para, deliberadamente, prejudicar os outros.
Acredito que todos nós, pessoas boas, sob determinadas circunstâncias podemos fazer as piores coisas, coisas mesmo más!
Há quem diga que não, que existem pessoas más… não sei.

“O terrorismo pode e deve ser explicado e, ao nivel singular do caso humano, pode até ser compreendido. Mas nunca deve ficar impune. “

Isto vinha a propósito da penosa e difícil decisão final do processo FP-25 de Abril.
Eu acrescento o caso da Palestina e de Israel. Por muito que a causa palestiniana pareça justa e defensável, o terrorismo (e ele é praticado pelos palestinianos) não pode ficar impune. Não podemos (secretamente…) pensar “bem feito” quando um maluco suicida rebenta com 19 pessoas num Centro Comercial qualquer.

A delicia de ... Mario Henrique Leiria

O Alfredo atirou o jornal ao chão, irritadissimo, e virou-se para mim:
- Estes jornalistas! Passam a vida a inventar coisas, é o que te digo. Então não afirmam que, no Sardoal, foi encontrado um frango com três pernas! Vê lá tu! É preciso ter descaramento.
Ajeitou-se no sofá e, realmente indignado, coçou a tromba com a pata do meio.

20 de outubro de 2003

De volta

Voltei...
Ou melhor, nunca parti! Porque não há partida para lado nenhum, a chegada é só uma nova partida neste contínuo voar dos dias.


Não sei porquê mas lembrei-me de uma história quando me sentei aqui, para escrever.
Li-a num livro devorado há poucos dias. Era sobre duas pessoas que se conhecem na internet. E que mentem sobre a idade, e sobre o que fazem e como são. E que combinam um encontro. E que se arrependem. E que, embora indo ao sítio do encontro, não vão vestidos como combinado. E que, finalmente, se acabam por "engatar" mutuamente sem saber ao que iam...
Será isto uma descrição do destino?
Haverá um destino que não controlamos?
Sempre acreditei que não, que nós escolhemos o nosso destino, que contruímos aos poucos o nosso futuro. Um "acaso programado" como dizia Zoe.
Mas o que nos levará a escolher um caminho e não outro?
O que é que nos leva a beber cinco imperiais em vez de um café?
O que é que nos leva a dizer uma graçola em vez de chorar?
O que é que nos leva a ficar mais um pouco em vez de partir logo?
Será o destino?

E será que, afinal, existe mesmo uma cabala?
Eu sinceramente não acredito. Acho mais que isto tudo é mesmo uma cagala, como dizia o cataláxia.
Uma cabala é uma coisa demasiado complexa para um português médio... o pessoal gosta mais de ir cagando aqui e ali, cagando postas de pescada e pronto!... uma cabala? Acho que não.
E que mais...?
Bom..., se um ministro mete uma cunha para a filha entra para a faculdade e se sabe, ele deve demitir-se e ir empenhar a palvara de honra para outro lado.
Se um putativo primeiro-ministro mete umas cunhas para safar o amigo, enquanto caga para o segredo de justiça, e se sabe, ele deve demitir-se e ir soltar cagadelas para outro lado.

Isto é o que eu penso mas, no fundo, ele é um de nós... Não é por ser lider da oposição que deixa de cagar nisto e naquilo, continua a ser um de nós! Eu cá cago em muita coisa: no pessoal todo do PS, no FêQuêPê (...bora Marselha!), no IRS que tenho que pagar a mais, nos "bons-costumes", nas "boas-famílias", e nos cagões que têm a mania que tudo sabem!

Passeios:
Surgiu o Mephisto que promete...
O miúda da bomba anda ocupada com a questão pedreiro vs escritor e não responde à minha pergunta: qual o étimo de cinepimastia?
O PG e o MK chamam-se imbecis um ao outro!
Gostei muito da divagação do Alexandre sobre o mandarim... é de facto um modo completamente diferente de falar!

há dias assim

Hoje estou ....
A semana passa por mim e eu parece que nem reparo.
Nunca se sentiram assim?



Se o sono passasse

Pois é...mal escrevi ontem um post a queixar-me de não ter trabalho, zás de repente chamada de emergência.
Um incêndio bem agitado, com todos os condimentos e pronto.
Hoje a semana nasceu cheia de trabalho. Parece que estou a cortar erva daninha.
Beijos e até já

19 de outubro de 2003

Muuuuuuuu



Quem é que daqui não gostava de ser boi?

Domingo feira

Não gosto nada de domingos a trabalhar ou à espera de trabalho.
Antes viesse trabalho para eu ir cheirar as ruas.
Hoje, logo hoje, apetecia-me andar a pé sem rumo a bisbilhotar a cidade. No way.
Tenho que ficar pacientemente a aguardar e paciência não é o meu forte.
Estou a ler um livro dum jornalista inglês que trabalhou na Vanity Fair. Engraçado o tema. Humor inglês no seu melhor, numa visão completamente aniquiladora dos americanos.
Até arrumei os papeis e mudei o computador.
isto enquanto ouço os ColdPlay.
Vou arranjar mais tarefas. Estar parada é que não:)



18 de outubro de 2003

Sábado

Até agora o fim de semana foi animado. rodopio de amigos e amigas.
ainda ligeiramente ressacada da saída de sexta.
e a apreciar grandemente esta chuvinha:)
fim de tarde a ver o rio cinzento.
e começo de noite a ensinar à sobrinha a postar. Que mais surpresas reservará ainda o dia?
amanhã de serviço, reclusão em casa. ou não, pode ser que existam muitas inundações.
caso contrário vou arrumar esta secretária e os papeís e mudar o escritório todo.
ando com vocações arrumadeiras.
amanhã vou ser uma menina séria e organizar TUDO!!!!!
digo eu...tb me pode apetecer enroscar-me no sofá e ler um livrito.
nada como não ter deveres para cumprir...enquanto o dever não me chamar, pois claro.
estou contente. nota-se né? Beijos.

Ena,ena

Agora vão ter que me aturar!

mais uma postadora

bem vinda sobrinha.demorou , tardou mas arrecadou.
é a minha adorada joaninha, rainha dos bichos:))
Vi ontem duas coisas fantásticas no canal Odisseia (que tal como o Discovery é um canal de muitas coisas maravilhosas). Vou contar.

Vi um caso de um feto não sei onde. O feto tinha um quisto enorme a sair das nádegas, começado no fim da coluna. O feto tinha cerca de 30 centímetros de comprimento e o tumor era quase do tamanho de uma bola de rugby. Preso ao rabito dele. Então a intervenção dos médicos foi fazer um corte na barriga da mãe e virar o rabo do feto para o buraco para lhe cortarem aquela coisa que lhe estava a sugar o sangue do corpo e a enfraquecer o coração. E foi, mas a criança perdeu o pulso, depois de retirado o tumor, e durante 20 minutos o médico tentou reanimar a criatura apertando peito com um coração mais pequeno que uma uva entre o dedo indicador e o polegar. Exactamente como se apertasse ligeiramente uma uva, muito repetidamente durante 20 minutos que provavelmente pareceram nunca mais acabar. Voltaram a inserir a criança correctamente posicionada na barriga da mãe e esta foi cosida, todos com medo de possíveis lesões cerebrais do feto. Nada. A cada dia que passava na barriga da mãe, mais hipóteses de sobrevivência tinha o feto, até que nasceu saudável e, ao que parece, muito cheio de vida. Cheia! Era uma menina. Nasceu duas vezes, numa das quais morreu durante 20 minutos. Dá que pensar. Por onde seguirá esta vida? Não vos parece um desperdício que seja mais uma que passa despercebida entre tantas outras? Não vos parece um desperdício que se misture na maldade infantil, nas manias adolescentes, nos problemas dos crescidos?

Não interessa. Nasceu duas vezes, morreu uma, ainda irá morrer a segunda. E se os vossos pais vos tivessem contado esta história sendo vossa, que fariam da vossa vida? Dá que pensar... não sei bem porquê.

(Bonito ver a mãozinha da menina cá fora como à procura de onde se agarrar)

O outro caso conto amanhã. Quero ir para a cama ler.

17 de outubro de 2003

Molha Tolos

Gostaria de falar das coisas que acontecem quando o mau tempo surge por conta dos maus fígados. Infelizmente, ou não, não sou capaz de apanhar o fenómeno sem ajudas. Há alturas em que a indução não chega, de maneira que fico nas meias tintas, especialmente porque eu própria tenho péssimo fígado.

Não seria a primeira vez que aquela chuva "molha-tolos" caía porque eu estava de birra com uma coisa qualquer. Hoje ainda não choveu. Ainda não.

O que ajuda a desanuviar o panorama meteorológico é ouvir o CD da Maria Rita Mariano. Seja porque é filha da Elis Regina e muito parecida com ela, seja porque é filha do César Camargo Mariano e é muito parecida com ele, seja porque ela é bonita, seja por se esquivar às entrevistas, seja porque as canção são bonitas, seja porque está a chover tolo pela cidade abaixo e não se consegue escrever devidamente. Qualquer motivo é bom.

Uma rapidinha...

Ontem andei a testar as minhas capacidades de administrador.
Embora não conseguisse fazer o que queria, não fui mal de todo.
Espero não ter causado algum dano, invisível mas irreparável.
Vou de viagem para o norte... desejem-me boa sorte!

Arroz de palavras

Entre o voo incessante da semana de trabalho , que passou a correr tipo Carlos Lopes na maratona, finalmente um tempo em que digo, Work done.
Por isso respiro, faço tintilaras pulseiras mexicanas , nesta pressa de escrever e alinhavo um arroz de palavras.
Estava aqui a pensar no post do Gasel. Por vezes suspendo temporariamente pessoas da minha vida. Outras é é suspensão definitiva. Voluntária ou involuntariamente. Acontece.
Mas perder acho que nunca as perco. Quando penso que isso aconteceu, elas voltam. Ou não voltam, porque eu não quero.
De qualquer forma gosto de algumas memórias. São doces.
Outras evito-as, tão amargas são. Acho que esse equilibrio salvaguarda a minha integridade mental. Risos.
já venho continuar

16 de outubro de 2003

Porque é que as pessoas saem da nossa vida?

Porquê?
E não falo daqueles amigos que ficam para sempre, nem dos se afastam, morrendo.
Falo do imenso número de pessoas que entraram na minha vida e nela permaneceram algum tempo. Pelos mais diversos motivos, amigos de amigos, colegas de trabalho, perceiros de viagem, obras do acaso, o que for. E que, pelos mesmos motivos, motivos um dia partiram....
Eu observo muito, capto melhor, tiro sempre algo das pessoas que conheço e gosto. Fico sempre com um bocado dessa pessoa, que passa a fazer parte de mim, um sorriso, uma expressão, uma excalmação, uma brincadeira, uma mania, qualquer coisa...
Sou, assim, um conjunto do que de mim veio e do que "roubo" de inúmeras pessoas.
Quando partem fico sempre com a sensação que parte um pouco de mim, esse bocadinho que eu tinha. E já me partiram muitos bocadinhos, por isto ou aquilo.
Porque é que as pessoas partem da nossa vida?
Ou serei eu que as deixo partir?
Ou o que podemos fazer para as não deixar partir?

Nuvens

Estava pejado de nuvens o céu ao voltar para casa. Pela janela do comboio vi um buraco azul. Totalmente desimpedido. Vigoroso entre as nuvens lá de cima - pesadas - e as nuvens cá de baixo - aquelas que parecem estar penduradas por arames e cabos - firmes. Com o andar da carruagem o céu começou a rasgar-se por baixo - como um pano a rasgar-se pela costura - e o rasgão ia aumentando à medida que eu me ia aproximando de casa, até ao momento em que, mesmomesmomesmo quasequase em casa, era só um tufo de nuvem mal amanhado, com uma orla daquela luz amarela dos finais de tade. Estava sol quando voltei a casa, e não voltou a chover. E eu estava alegre. E estou.

Hoje mando duas

Por interposta pessoa, entrei num diferendo bloguí­stico.
Ainda falo a propósito do problema do fumador passivo. A diferenda é com o médico explicador (que postou isto) e a interposta pessoa, o Aviz.

Em primeiro lugar quero concordar com a afirmação "Não vou discutir ciência na blogosfera". Eu também não e mais, não estou habilitado para tal, pois a minha área médica é outra. Apenas exprimo a minha opinião, fundamentada em alguma informação e conhecimentos cientí­ficos.

Em segundo lugar relembro uma frase que ouvi proferir, a um professor que admiro, algum tempo atrás "As convicções são coisas de religiosos e polí­ticos. A ciência é a arte da dúvida". Esta máxima mais se aplica aos médicos, devemos ter uma dúvida pertinente sobre todos os dogmas duvidosos e certezas incertas em que a medicina é fertil.
Não é difícil lembrar mitos que perduraram anos, como verdades absolutas, e hoje cairam no esquecimento: A posição dos lactentes a dormir, o papel decisivo do ácido na úlcera péptica, a amigdalectomia nas anginas, o carácter puramente psicológico das depressões, etc...

Em terceiro lugar sei que defendo uma causa "indefensável": a liberdade de fumar. Não tenho dúvidas (pertinentes) que fumar faz mal à saúde do fumador, que causa doenças crónicas e incapacitantes, que gera custos de saúde importantes e que tem efeitos sociais e económicos relevantes. Não tenho dúvidas... mas quanto aos efeitos no fumador passivo, tenho muitas dúvidas!

Comentando brevemento o exposto pelo meu colega diria que as afirmações da SPC e da ENSP são genéricas e não encerram, em si, nenhuma verdade científica rigorosa. Entendo-as como afirmações de princípios, de certa forma mais polí­ticas que científicas. Aliás a dúvida quanto ao problema dos fumadores passivos está bem exposta no segundo trecho: "...já o risco de contrair cancro do pulmão relacionado com os fumadores passivos levanta ainda algumas dúvidas em estudos recentes (Lee e Forey, 1996)..." Além do mais, estas e outras entidades, não detêm o exclusivo do rigor científico. Podem errar!

Quanto ao artigo de Calheiros e colegas, mantenho o que já disse: os estudos caso-contolo podem ser muito falaciosos, não são avaliadas outras exposições ambientais, não são avaliadas condições biológias predisponentes ao cancro e, nas conclusões europeias, só foi detectado um risco mí­nimo para exposição doméstica e profissional (não observada em 5 centros).
Continuo a pensar que a aplicação cega da estatística à medicina é perigosa. Estatisticamente tudo é possí­vel, até uma pessoa ter um testí­culo e um ovário.

Acho bem que se invista na educação e prevenção e se procure diminuir o número de fumadores.
O fumar em locais de trabalho deve ser fortemente restringido. Tem fundamento.
As restições de fumar em locais públicos não tem base científica suficiente. O único fundamento é a ditadura da maioria.
Não concordo nada que se tente atingir o objectivo de reduzir o número de fumadores, lançando sobre estes a ira dos não-fumadores, à custa do mito (até à data) do fumador passivo. É apenas o caminho mais fácil.

Por último: volto ao Aviz, os tipos de Bruxelas são uns merdinhas ao embicarem com o Português Suave. Estou com o Klepsydra, mude-se para Português Saudade!

E mais uma vez, desculpas aos meus colegas de blog. Isto não é para aqui!

15 de outubro de 2003

O que eu sou (4)– Um fraco marinheiro

Sempre tive uma vaga paixão pela vela.
As minhas paixões demoram a arrancar...mas também demoram a desaparecer. É uma coisa tipo alentejana, começa tão devagarinho que quase nem se nota, é como uma preguiça que se vai instalando. Gostamos da coisa, dá-nos prazer gostar dela, pensar nela, mas pouco fazemos para a ter. Até que um dia fazemoso mesmo...
Mas depois, se a paixão é correspondida, se gosto mesmo da coisa ( ... e ela gosta de mim!) não despego, mantenho por uma vida se for preciso. Umas vezes mais, outras vezes menos, conforme os humores e o tempo, mas não largo, mais tarde ou mais cedo volto sempre lá. Não sou como muita gente que tem uma paixão (por uma coisa, por uma pessoa, algo), que em dias a concretiza, mas passados uns meses já está noutra.
E assim, muitos anos depois de pensar (e sonhar às vezes) com mar e vela, depois de alguns anos de conversas, de copos, com um amigo a planear a compra de um veleiro, depois de alguns meses a pensar que seria boa ideia aprender a marear, este verão... (mais um verão) tirei a carta de marinheiro e, às tantas, meto-me mesmo numa sociedade dum veleiro.
O veleiro chama-se Shangilá e é vermelho de paixão…
Estou entusiasmado, estou prestes a concretizar, o que é sempre a fase mais excitante!
Assim, tal como pensei a propósito da mota, é incrível como passei estes anos todos no Algarve e, em relação ao mar, não passei de uns mergulhos na praia.
Ora que porra!

PP: ... e agora já ando nas aulas de patrão local.

Hoje

Hoje estou cheia de trabalho.
Hoje não adormeci ao telefone.
Hoje prevejo que não vou parar.
Peço desculpa pela monotonia do tema:)
Mas, hoje, não tenho mesmo muito a acrescentar.

Terça à noite...

Dei hoje por mim a pensar se a Lua gira à volta do Sol?
E em volta de quê gira o Sol?
E se podemos ver o tempo?
E vendo o tempo, se podemos olhar para o passado?
Terá pouca importância, talvez...

Também pensei, a propósito de ontem, que foi S. Paulo que inventou muita coisa.
Jesus Cristo foi apenas um pobre carpinteiro da Galileia (que Deus me perdoe...), que teve grandes e belas visões, e se julgou o filho de Deus (o que era habitual na época!).
Nunca imaginou o que se seguiria...
Foi S. Paulo que imaginou tudo o resto, e se imaginou possuido pelo dom divino.
Para sermos correctos, a nossa religião devia ser o Paulitanismo e nós, paulistões. E assim teria toda a lógica a proposta do Boavisteiro, A.P e D.P.
Também pouca importância terá....

Só me lembrei disto porque estão relacionados com dois conceitos que não consigo abarcar: o da relatividade e o do espírito santo.

Como o tempo é de poemas e a inspiração me falta, deixo aqui o final do Cântico Negro, do José Régio

...
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

Sem pés




Um poema nunca se acaba, abandona-se simplesmente.


Paul Valery (1871-1945)

14 de outubro de 2003

Era uma vez dias que corriam muito depressa. Eu olhava e ficava abismada. Já passaram. já passaram.
Os outros pareciam passaportes com folhas agitadas pelo vento. e a alma, essa, dizia assim: Onde estou? Aqui? Ali? Quem sou eu?
Era mesmo assim. Nada a prevenir-nos contra a pressa do tempo. Educavam-nos para suportar projectos, para criar ambições e para sermos gente. Mas...e o tempo?
Ninguém se preocupara em avisar do óbvio, da falta da importância dos deveres, das omissões e daquela corrida dos pézinhos que as coisas vestem. Já estou aqui e não estive ali e nunca poderei a voltar a estar. Já passou. Já foi. Não voltará a ser.
E eu olhava. Os olhos chupavam a vida e viam tudo. Algo porém se partira. A consciência do não interferir. Do deixar estar. Deixar correr. Ser devagarinho e diluir-se na correnteza. Tudo passava. As relações nasciam e morriam. Via o desencanto partir igual ao encanto. Tudo efémero. Tudo perene. Era cais. Era chegada. Mais frequentemente as perdas doiam.
E então mergulhava dentro de mim. Absurdamente presa numa teia de equilíbrio. Eu sabia que ela era frágil. E por isso a sustentava, mãos abertas. Palmas esticadas a sentir como o vento escaldava, que emaranhado determinava.
E aos recém chegados conseguia sorrir, sem estar verdadeiramente dentro de nada. Sem saber. Só a sentir como se deve. De forma total e absurda.
Sabia que era inteligente esta entrega. Absorvia o que vinha de dentro, o não dito. Sabia reagir adequadamente . Era eficiente e lógica pela força do próprio ilogismo.
Era o mar. Era o vento outra vez. Era o nada e o tudo. Era o só ser.
Ensinaram-me a evitar conflitos. E é isto que eu sou.
Uma esponja. Um olhar.
E no entanto sei que sou tudo. Algo. Uma força. Uma determinação feroz.
E nessa ferocidade me embalo e me recolho. Na contradição de ser eu me consolo. Ser eu é ainda ser nada.
E sou. Estende-me a mão e verás que não estou. Que aquela que estava aqui já partiu. Aqui está a outra. Esta ainda não sabe. Tem tudo para aprender mas vive. E vive-o.
Engole tudo e dos olhos nasce luz. E da serenidade de nada recear renasce. É ela.
Estico o corpo. E sei-me.
Luminosa. Nada faz sentido além do todo em que se torna.

Determinismo, Corto Maltese.

Os posts do Alexandre fizeram com que mesmo sem querer reparasse num livro do Corto Maltese em cima da pequena mesa redonda da minha sala. Que acaso. Pensei “ainda não fez dois dias desde que o Alexandre nos falou disto”. Foi só por causa disso que decidi ler. Felizmente consegui gostar e aconselho a todos, há uma edição de clássicos da BD no correio da manhã e custa apenas 2 pares de heróis. São 3 histórias que, embora a preto e branco, cheias de ambiente, um ambiente até muito real para quem, como eu, está habituado às irrealidades do Pato Donald (que já agora, também saiu no correio da manhã).
Cheguei até aqui graças ao blog do Alexandre e, claro, graças a mais um milhão de acasos que podia enumerar desde o início da existência. Quem sabe se um dia destes estes acasos não vai mudar o mundo. Hoje estou a ler Corto Maltese, amanhã posso escrever um tratado filosófico.
Quem sabe se um dia estes acasos não salvam a vida a alguém! Acredito que já tenha acontecido. Sou definitivamente determinista: o que aconteceu nunca poderia ter acontecido de outra forma e o futuro é calculável. A vida acontece em acasos programados. “Acasos programados”, que antítese... Habituem-se, sou uma pessoa muito contraditória.

Este fim de semana (desde o qual não vejo blogs) foi cheio de coisas novas: música nova, filmes novos, novos ambientes, Corto Maltese e Benjamin Hoff (“O Tao do Pooh”, muito giro), entre ideias novas e o recuperar da nostalgia produtiva do outono.

Perdoem, a primeira parte deste post está repetida no meu blog (para onde foi originalmente escrito).

As mulheres que me desculpem mas...

... mas estamos entregues a galinhas!
Lembrei-me disto hoje, perto da hora de jantar, ao ver a televisão.

Em primeiro lugar vi uma espécie de debate entre duas professoras. Uma era responsável pelo programa de português, do 10º ano, que permitiu o inacreditável livro de texto onde se estuda o regulamento do BigBreda, o enredo das telenovelas, as entrevistas do Herman e os guiões televisivos da TVGuia. A outra era representante dos professores angustiados (mais uma vez...) com tamanha desfaçatez. Além de se interromperem constantemente, sempre com a exclamação "Ò colega!", os argumentos apresentados eram de uma superficialidade desanimadora. Às tantas, a professora revoltada atirou: "... e nós temos que gramar com isto... isto enoja!"... Gramar? Enoja??... Ora essa, então se enoja, porque é que não vomita? Ficava mais aliviada!

A seguir vi a Ana Gomes na SIC Notí­cias. Ainda não consigo perceber como é que esta mulher atingiu alguma notoriedade. Não articula duas ideias seguidas sem gritar, de voz convicta, um chorrilho de generalidades e suposições, como se fossem verdades insofismáveis. Como é que foi diplomata? Como é que chegou aqui? Quando é que se lhe acabam os quinze minutos?

Salvou-se a Teresa Gouveia. Já não a via há muito... está entradota! Há dez anos tinha uma paixão, platónica, por ela!

De resto, foi segunda-feira... Need I say more?

Frases que me ficaram:
"A paixão é cruel." Boavisteiro
"Quando se olha para o abismo, o abismo devolve-nos o olhar. " F. Nietzsche
"E um bonito tufo preto ao fundo." T.
"Eu não tenho gatos, nem cães e nunca fui a um casamento." Ricardo

Andei à procura de uma citação de S. Paulo, mas perdia-a.

Passeio pelos Blogs:
Não fiz!

PP: Ainda a propósito de fumador passivo, lembrei-me de um mal que padeço. Sou um ouvinte passivo, pobre ví­tima de palradores incoercí­veis. Isto acontece-me muito em restaurantes, em que me vejo obrigado a fechar os olhos e recitar José Régio, para não ouvir a conversa que corre duas mesas à frente. Às vezes apetece-me levantar e ir dizer, mansinho: desculpe, mas a sua conversa está a incomodar-me!





13 de outubro de 2003

Comentários

Os melhores conselhos para falar em público são dois: falar pouco e falar devagar. É claro que fazer-se passar por simpático ajuda sempre. Por outro lado, e indo um pouco contra a intuição comum, é preferível ser agressivo do que ser monocórdico: é preferível deixar as pessoas acordadas por temor do que deixá-las dormir por aborrecimento.

O sono repara tudo. Mas não se deve aproveitar o sono para fugir à vida. Não se deve fugir à vida.

As ruas lisboetas com mais dejectos de cães são curiosamente as ruas dos bairros chiques. O exemplo superlativo são os passeios do Bairro Azul. Saudades do Fernando Peça...

Uma das minhas madrinhas é a Maria América. Lembro-me de comer talhadas de melancia gigantes em casa dela e de brincar nos tractores e numa camioneta enorme.

Eu não tenho gatos, nem cães e nunca fui a um casamento.

O som "es" é o distinctivo da língua portuguesa. É o som português mais difícil para os outros europeus e é também o som que eles dizem ouvir mais vezes quando ouvem portugueses a falar.

Quando olhamos para o abismo o abismo devolve-nos o olhar: os grandes enigmas ou os grandes problemas são assim mesmo: não comportam em si mesmos nenhuma resposta. E se comportassem, seriam decerto munidos de uma personalidade truculenta que os impediria de no-la revelar. É curioso como, na primeira foto desta trilogia, o corpo apresentava-se sexualmente ambíguo e agora, na terceira, percebe-se que é mulher só pelo pé. Que dom maravilhoso existirem curvinhas!

Ricardo

De volta

Está a custar-me um bocadinho a adaptar-me ao trabalho.
Confesso que depois de uma semana de tanto movimento, hoje tudo parece um bocadinho monótono.
Mas, a vida é bela. Como dizia uma amiga minha, os homens é que dão cabo dela. MENTIRA!!!! Risos.
Ora bem, temos mais uma foto de pés. E um bonito tufo preto ao fundo.Não me vou pronunciar sobre esta matéria , nem emitir desejos de parecenças. Para variar.
Temos também um novo blog. Parabéns Paulo:) Tá giro:)
Temos muitos postadores ausentes, que deviam escrever!!!! Não leio a Andreia há que séculos por exemplo. Nem o Zé. Nem o Orlando. Nem os outros todos.
Estarão a hibernar???
E porque é que o tempo passa do sol à chuva com tanta rapidez?
Despimo-nos e vestimo-nos, abrimos e fechamos a janela. Que azáfama.
Bem, para variar estou energética.
Bom início de semana para todos.








Sim, é mais um pé.





Quando se olha para o abismo, o abismo devolve-nos o olhar.


Friedrich Nietzsche

12 de outubro de 2003

Permitam-me uma boca foleira...

Estava a ouvir hoje o Professor Marcelo quando ele, para rematar, se sai com esta:
Destaco a cavaleira QualquerCoisa que, pela primeira vez, ganhou o Campeonato de Portugal de obstáculos. Foi a primeira mulher que ganhou a uma data de homens.
Eu diria que a culpa foi do cavalo!

Última hora: Surgiu um novo blog!

Estórias da minha infância (4) – O homem do leite

Eu sou do tempo em que não havia leite em pacote, asséptico, meio-gordo ou meio-magro. Sou do tempo em que havia o homem do leite.
O homem do leite aparecia todos os dias, pela manhã, com um burro carregado com duas bilhas de zinco, parava à porta do meu prédio e soltava aquele berro que, ainda hoje, ouço cá no fundo: É o Leeeeeeeeiiiiiiiiiiiiteee… Passado um bocadinho repetia ainda mais prolongado, não fosse alguém mouco morar por ali: É o Leeeeeeeeiiiiiiiiiiiiteee.
E lá iam as vizinhas, as “criadas” e sopeiras, com as vazilhas buscar o leite. Pedia-se litro e meio, três quartos, conforme o que se necessitava. O homem do leite tinha medida para tudo.
Chegado a casa fervia-se o leite, não fosse o caso de não estar bom… fervia-se longamente, e ia-se formando uma nata, espessa e gordurosa, que eu detestava e me provocava vómitos incoercíveis.
Os tempos passaram, os hábitos mudaram, as coisas evoluiram… apareceu o “leite do dia”, em pacotes moles, onde se sentia e ouvia o fresco chocalhar. Já dava para 24 horas. O homem do leite ainda evoluiu também e passou a vir de mota, com um atrelado quadrado tipo caixa-frigorífica, onde trazia os tais pacotes a que as pessoas ainda franziam o nariz. E deixou de berrar o famoso berro, passou a tocar uma irritante buzina!
Os tempos aceleraram e, rapidamente, apareceram uns pacotes novos, de cartão, com leite pasteurizado, que parecia uma coisa perigosa e pouco saudável. Lembro-me de uns pacotes piramidais da Serraleite (uma coisa única) que só se levavam para férias ou se guardavam como último recurso... e fervia-se o leite, não fosse o diabo tecê-las!
Mas este leite vingou mesmo, como sabem, e o homem do leite desparaceu aos poucos.
Dizem que morreu na miséria, a chorar lágrimas de leite e a gritar: É o Leeeeeeeeiiiiiiiiiiiiteee.

PP:
Ontem, de repente, choveu e trovejou muito. Assustei-me! Hoje é a bonança depois da tempestade.
Desculpem as minhas mariquices de fumador.
Por aqui habita o pessoal dos gatos. Eu tenho um cão, o Loky, que é pequeno mas muito porcalhão. Mija e caga em todo lado que pode e lhe apetece.
Li o último post do Pipi: não é que me continua a surpreender! Fez um texto sem a’s
Já agora, uma pergunta: qual o étimo de cinepimastia? Se virem a bombainteligente, perguntem-lhe…




Dias de sorna

ontem fiz um dia perfeitamente reparador de sono e leitura e de pôr amizades em dia.
Fugi a um concerto à meia noite do grupo do meu sobrinho mas sem ele..o meu Miguelito está em Londres.
Hoje já fui marcada pela sobrinha Mariana, uma força da natureza, para irmos passear e conversar. É pequenina mas tem uma energia que atordoa. Há quem diga que sai à tia e eu às vezes reconheço-me nela, com a diferença de 18 anos a mais para a minha equipa.
Confesso que não imaginava que estivesse tão cansada.
Estou tentada a ir bucar um verbozito novo ao dicionário..risos....
Amanhã recomeça a vida normal. Trabalho e mais trabalho de certeza. Muitas histórias para contar.
Depois penso nisso.
Queria postar qualquer coisa sobre a minha querida Nené. Mais logo.
Porque tem que ser algo de muito especial. Ela merece.
acho que vou fazer café e ir ler um bocadinho. Hoje está sol, já o sinto.
Até já que ainda cá volto.
ai que não resisto á definição de dia.....

Fumador passivo

Este post poderá ser um pouco longo. Estou agora a começar e ainda não sei.
Vem a propósito do meu comentário no Aviz em que expressva alguma dúvida sobre o verdadeiro risco de doenças graves no fumador passivo. Quase ao mesmo tempo li que o Médico que Explica Medicina a Intelectuais afirmou isto no seu post:
Como entretanto ficou provado que o fumador passivo também é molestado pelo fumo do tabaco do parceiro do lado, sou apologista que os fumadores tenham os seus espaços isolados. Como gosto de os ver em alguns aeroportos, por baixo de um chapelinho, os fumadores juntinhos, com o seu cigarrito na mão, enqunto o fumo é sugado para o exterior!

Não concordo que ficou provado. Apenas observo que, baseado em observações epidemiológias falíveis, se generalizou a ideia que o fumador passivo tem um grave risco de doença, especialmente o cancro do pulmão.

E porque é que não concordo?
Em primeiro lugar, e como já disse, a entidade de fumador passivo é algo difícil de definir. Pego num artigo científico português, de onde retiro este excerto, que bem o exemplifica:
Os estudos deste tipo, para avaliação do risco do tabagismo passivo, podem estar sujeitos a vários tipos de limitações epidemiológicas, que de alguma maneira poderão falsear a determinação do risco do cancro do pulmão. Passamos a
analisar algumas descritas por Eriksen e colaboradores (7):
a) erro de classificação- tratam-se dos problemas ligados ao diagnóstico de cancro do pulmão, e ao «status» de não-fumador. No que se refere ao primeiro, no nosso trabalho todos os casos foram histologicamente confirmados, não sendo de excluir no grupo com adenocarcinomas algumas neoplasias secundárias; contudo num estudo conduzido por Garfinkel (8) ao excluir todos os adenocarcinomas, persitiu o efeito positivo do tabagismo passivo.A possibilidade de incluir fumadores ou ex-fumadores que se declaram não-fumadores, poderá falsamente elevar o risco do ETS, contudo dados recentes mostram excelente concordância entre os marcadores biológicos de exposição e afirmação da condição de não-fumador (9).
b) questionários- desde sempre se têm levantado dúvidas da capacidade descriminatória da informação obtida. Os estudos de Coultas(10) e Brownson (11) demonstram, contudo, a fiabilidade da história da exposição ao ETS através
de questionários estruturados e com entrevistas estandardizadas. c) «confounders»- a existência de outros factores de risco como a dieta e a exposição ocupacional, ou a interferência do nível social e educacional devem
ser tomados em conta, pois podem ter um efeito de «counfonder» em relação à exposição ao tabagismo passivo. Embora estes aspectos não tenham sido abordados no nosso trabalho, os hábitos dietéticos, a história ocupacional e o nível educacional vão ser analisados no âmbito do estudo multicêntrico.


Este trabalho português está integrado no estudo europeu sobre risco do carcinoma do pulmão em fumadores passivos, conduzido por Paolo Boffetta . Faço notar duas coisas a propósito deste estudo. Não fumador é definido como consumo inferior a 400 cigarros/vida e, aparentemente, não fizeram nenhum teste biológico para confirmar essa condição. Concluem que o risco relativo da Ca pulmão do fumador passivo (só para cônjuge e trabalho) é de 1.15, o que não é nada de especial (embora significativo). No entanto em 3 centros esse risco foi inferior a 1 (efeito protector) e em 2 foi de 1 (efeito nulo). Não foram avaliadas outras potenciais exposições.

Outra razão: referi também que o risco de carcinoma do pulmão, no fumador e não fumador, tem muito a ver com factores genéticos. Coloco aqui só um abstract do Boffetta sobre o tema.

Então porquê esta enorme campanha?
Tem a ver com muitas coisas. É claro que o fumar tem riscos importantes para a saúde, tornou-se socialmente correcto não fumar, é uma campanha atractiva para os média, é mais fácil fazer os fumadores parar de fumar, se atrair sobre eles a ira dos não fumadores… Esta campanha vem da América, país de democratas e fundamentalistas. Assim como as Tabaqueiras manipualm dados a seu favor, instituições públicas também o podem fazer. Só um exemplo de “manipulação” de dados que passa facilmente para os média:
O tabaco causa cerca de 440.000 de mortes/ano nos EUA, causando cerca 5 milhões de anos de vida perdidos e cerca de 8,6 milhões de pessoas têm doenças atribuidas ao fumo do tabaco. Título do CDC
Estes números de milhões são impressionantes.
Ora se virmos a tabela ressaltam duas coisas. As definições: fumador é definido (em contradição com o acima definido) como ter fumado mais de 100 cigarros/vida e manter hábitos alguns ou todos os dias, ex-fumador é ter fumado > 100 cigarros na vida e não manter hábitos actuais, não fumador como ter fumado menos de 100 cigarros/vida. As doenças: estão incuidas, nas doenças relacionadas com o tabaco, o AVC e o enfarte do miocárdio.
Desta maneira (quase) todos nós somos fumadores ou ex-fumadores.
Desta maneira um velhinho de 70 anos, cheio de diabetes, colesterol e que fuma 1 ou 2 cigarros por semana, ao ter um banal AVC passa a constituir morbilidade associada ao tabaco, e se morre, uma morte atribuível ao tabaco

Já chega… Não tenho nenhum interesse na indústria tabaqueira, não defendo o hábito de fumar. Apenas condeno campanhas acéfalas baseados em dados científicos pouco seguros. Qualquer médico sabe que, epidemiologicamente pode-se “provar” tudo, até que homens de bigode farfalhudo têm mais calos nos pés!

PP: Chove e troveja como há muito não via. Será culpa minha?

11 de outubro de 2003

Sábado à tardinha

Já joguei futebol. Ganhei! Ganhei 10-9 ao meu filho que tem oito anos.
O post da João fez-me lembrar a primeira vez que falei em público a sério. Já faz mais de dez anos e tinha entrado pouco tempo antes para o internato. Pouco depois propuseram-me apresentar um caso clínico no Congresso tal e eu disse – ok… bora! O Congresso tal era em Junho e eu entrenato marchei para a tropa em Fevereiro, primeiro a sofrer em Tavira, depois a gozar à brava, numa coisa pomposamente chamada Escola Prática de Saúde Militar, localizada em Campo d’Ourique (o sítio onde eu moraria em Lisboa se lá vivesse). Fui tendo contactos esporádicos com o Serviço e diziam-me que não me preocupasse, que preparavam tudo…
Chega Junho e lá vou eu até Espinho, jovem e inconsciente. Chega o dia e eu vejo no que me tinha metido: uma sala cheia de feras, e que faziam perguntas. Chega a hora e, ao chegar a púlpito, fiquei convencido que não sairia nem uma palavra. Afinal saiu, mas convenci-me que ia desmaiar… não desmaei, mas, de facto, tudo se passou como num sonho, quase sem eu notar.
Agora já estou calejado, já não custa (quase) nada. Sei uma coisa, quem fala sabe (quase sempre) infinitamente mais sobre o tema, do que quem ouve. Às vezes, há quem não saiba nada e tenha o desplante de fazer perguntas e considerandos…

É coño, T. Embora seja um boa asneira, os espanhóis dizem-no a torto e direito. Aliás, eles falam mal como o caraças!

PP: sobre o que aqui postei esta semana, podem ler qualquer coisa aqui e aqui. Isto é de blogger!

Sábado

Finalmente um fim-de-semana calmo. Os últimos cinco ou seis, por razões diversas, foram de viagens e atribulações, mas este há-de ser um de não fazer nada.
Começou mal. Ontem à noite quis ver um filme e deixei-me dormir no sofá. Acordei às sete da manhã com frio e dores nas costas. Por outro lado as minhas boas intenções de ontem de nada valeram, a miúda quis ir para casa de uma amiga e o miúdo quis comer pizza no Fórum. Lá se foram os peixes assados mas salvou-se a leitura do Expresso.

Aproveitei e comprei dois livros pequeninos: “Olhos nos Olhos” do Júlio Machado Vaz e o “Meu Pipi” do Pipi. Comecei a ler o segundo ao almoço e ri-me, ri-me muito. Ri-me tanto que o meu filho perguntava porque é que eu me ria e comentava que, as pessoas que passavam, deviam achar que eu era maluco. Acho que vale a pena e faz bem lê-lo. Uma nota acerca do prefácio de Carlos Quevedo: às tantas afirma que “.. estes textos são a realização brilhante das conversas inconfessáveis e irresistíveis de rapazes a contar ou a imaginar (qual é a diferença?) as delícias inesgotáveis da obscenidade”. Não concordo. Isto são histórias (exageradas…?) de homens, de homens feitos e maduros, ouço-as muitas vezes, em noites de copos, em balneários de ginásios, em voltas de motas, em passeios de barcos, em qualquer lugar. Basta que as circunstâncias se proporcionem e os parceiros ajudem! Se um homem nunca participou numa conversa destas, deve ser roto como diria o Pipi…
E brinda-nos com um agradecimento “Por terem beneficiado com a minha vizinhança: rotos dos outros blogs”.

Agora cheguei a casa e vim aqui dar uma espreitadela. Daqui a nada vou jogar à bola um bocadinho… ai!
Não resisti e espreitei o Meu Pipi. Revela-nos uma das suas melhores frases de sempre: “Queres que eu te meta um clister de chicha, não é?”…
Já existe algum tempo que espreito a Alma de Pássaro. Não é da Guida, é de uma miúda que está quase no outro lado do mundo, em S. Diego, e também fala do dia-a-dia americano. E mais, tem um link para aqui!
O Alexandre continua em expansão. Foi recentemente referenciado pela Amélia (a que procura marido) e pela editora do Pipi, mais conhecida por Bomba. Aproveito para dizer que não concordo nada que NY seja uma decepção. É única e têm coisa únicas, mesmo os bazares paquistaneses a vender toda a quinquilharia do mundo.
O Aviz postou 10 comentários 10 sobre o Ulisses do Joyce. Ainda sobre o Português Suave vou dizer qualquer coisa, mais logo!





é isso.

é engraçada essa noção do tempo. há que dias que voam e outros que se arrastam.
Quando fui para o México pensei que o tempo se ia arrastar, tal era a minha ansiedade. Em Espanha o tempo explodiu e rodopiou. Quase não tive braços e pernas para lidar com ele.
Falar em público é mesmo horrivel Joãozinha. Lá vou eu ter que dar curso esta semana e vai ser uma grande seca. O que ajuda é relaxar, fazer pausas e sorrir.
Ajuda mesmo muito que as pessoas gostem de nós. Em todas as situações.
O sono repara os estragos...ah pois repara sim. Eliminador de infelicidades por excelência.
Estou num período que recuso ser infeliz. Mando a infelicidade fazer um culo como dizia o meu amigo Xavier.E o mundo está recheado de gente que adora cultivar esses hábitos. Quando estou infeliz , rabujo , já nem choro e passa. Notei que já não choro por coisas da vida. Só pelas que já passaram para sempre e são irremediáveis...Agora por amores, cono! Peço perdão mas aprendi a dizer estas asneiritas novas mas não sei lá muito bem escrevê-las:) risos.
Resumindo estou um bocado afanada. Ou seja, ainda cansada.
O ritmo de trabalho espanhol é superlativo e desorganizado.
Gosto da escrita aqui da Joãozinha.
Paulo, crises de identidade?Olha em Madrid fuma-se por todo o lado. Em contrapartida os donos dos cãezinhos, de saco em plástico na mão limpam afanosamente os dejectos dos seus bichinhos.
Isto é civilização. E uma cidade limpinha sem cagalhões horriveis por todo o lado.
Alexandre és arqueólogo? Conta coisas. Eu quando tinha 7 anos queria ser. Depois devo ter achado talvez que daria muito trabalho partir tanta pedra . E fazer puzzles. Mas e interrompendo para fazer uma festa a um gato carente,escreve sovbre o que te apetecer. E explica se esses caramelos são os de pinhão. Estive de facto para os comprar, para oferecer à minha directora que recentemente colocou uma placa dentária :)
Para mim comprei dois Riojas para beber em boa companhia:) e muitas outras coisas mais.
ouço miar. mais uma vez fechei a pequenita gata dentro do armário

Mais reflexões

Aproveito para pedir desculpa por qualquer coisita que caia menos bem.
Quando assim for, não sou eu, é o meu outro eu, aquele que nem eu conheço muito bem. Sou assim desde há 3 anos, 7 meses e 18 dias. As horas não sei precisar, mas posso perguntar ao outro eu porque é ele que usa o relógio.
É difícil viver assim, muito difícil. Dilacera-me, parte-me ao meio, fico desconjuntado. Os meus dois eus são antagónicos, querem sempre seguir o caminho oposto, um o sol outro a lua, um o branco outro o negro, um a paz outro a guerra, um o amor outro o ódio, um quer nascer e o outro só morrer... mas já me habituei e até gosto, por vezes (poucas).
Assim desculpem-me qualquer coisita. Peso 84 kilos. Até sou simpático.

Dito isto, continuo as minhas reflexões.
Dei por mim a pensar nos dias que voam. Estava eu concentrado neste pensamento quando, de repente, descobri que os dias não voam! Nós é que voamos pelos dias. Voamos pelos dias e pelas coisas e pessoas que nele habitam. Voamos rápido pelos dias, naquela corrida louca em que estamos sempre a voltar ao ponto de partida. Voamos rápidos pelos dias à procura daquilo que nunca vamos encontrar, como diz o Zoe.
Estava eu concentrado neste pensamento quando, de repente, tomei mais uma decisão importante na minha vida: vou mudar de vida! Cabe-me aqui dizer que, nos últimos dois anos, já mudei muito a minha vida. Gosto muito dela mas agora ainda a vou mudar mais. Vou planar e aterrar nos dias calmos. Vou-me tornar pachorrento, ainda mais!

E vou continuar a aprender coisas. Tenho aprendido muitas coisas nos últimos tempos. Aprendi, por exemplo, a calcular as coordenadas de um ponto e colocá-las numa carta. Aprendi a importância do norte verdadeiro, do norte magnético e do norte da agulha, e a calcular declinações e desvios. E não pensem que isso é de somenos importância, que não é. É a diferença entre ir dar a um ancoradouro seguro ou ir bater nuns rochedos manhosos. Vou também navegar devagarinho nos dias calmos. Vou-me dedicar a tirar azimutes a tudo e a todos!

E que mais?
Hoje foi sexta e trabalhei até às sete.
Amanhã é sábado. Vou fazer qualquer coisa porreira com os miúdos. Vou ler o Expresso. Vou comer peixe assado por cinco heróis. Vou visitar um amigo e o resto logo se vê.
E vou continuar a passear pelos blogs. Gosto de ver a T de volta e das imagens da Maria. Mandei um mail ao Aviz, acerca da “liberdade” de fumar, e ele publicou-o! Nietzsche & Schopenhauer afinal são adeptos da bola e o Mata-Mouros cheira-me que é azeiteiro.

PP: Como tive bons resultados na resolução de um dos meus mistério, lanço outro (e aproveito o facto de andarem por aqui arqueólogos!).
Será que os Tartessos existiram de facto? (esta é fácil!). E existindo, terão formado uma civilização avançada na Península Ibérica de 900 AC? E porque terão desaparecido sem deixar rasto nenhum? E qual a relação deles com o mito da Atlântida?

10 de outubro de 2003

Ainda estou muito cansada

Confesso que estou satisfeita. Um blog tão activo:)
Os textos de Setembro estão guardados na pasta de Setembro G,asel Manuel.
Alexandre penso que respondi cabalmente às tuas perguntas.Estás aqui porque és porreiro.
Corroboro as saudades do Orlando.
Mas mal alinho as palavras. Foram sete dias cansativos. E tenho uma saudade imensa da minha cama:)
Vou refastelar-me nela com um livrito e desligar do mundo.
T.


e........

Não há melhor do que sobrevoar Lisboa e ver a nossa casinha lá em baixo.
E nós a chegar ajoujadas de compras.
Adorei Espanha. E os espanhóis.
E venho muito speedada confesso:)
Já escrevo com mais tempo.
T.

Reflexões

Ontem fui aos Correios levantar uma carta registada que afinal não tinha importância nenhuma.
Já aqui tinham dito e é verdade: uma estação de correios é um bazar!
É um misto de loja do cidadão (dá para pagar quase tudo), com agência bancária (certificados de aforros, títulos de capitalização, depósitos, levantamentos), com livraria (adulta e infantil), com papelaria, com entreposto de telemóveis, e sei lá mais o quê... Se vendesse queijos e pêras, era uma mercearia!
Curiosamente os selos, a filatelia, que dantes ocupava um espaço importante, quase desapareceu relegada para um canto esconço!


Já bastante depois da Última Hora:

O jovem Pedroso foi libertado, dizem os jornalistas. Terminou uma prisão injusta e ilegal, diz ele.

Que dizer?…
Em primeiro lugar faço o notar o facto que posso ser um pouco parcial. Não acredito nele! Não tenho razão nenhuma, é óbvio, mas posso não acreditar. Outros factos relacionados, e abundantemente referenciados na imprensa, sei que são verdade, portanto presumo que a acusação contra ele seja verdadeira. Também posso acreditar nisso!

Então digo:
É justo ele achar que a prisão foi uma injustiça. É absurdo ele dizer que a prisão foi ilegal. É legal um juiz avaliar que há indícios suficientes para determinar a prisão preventiva, e é normal um tribunal superior revogar essa determinação, por discordar da avaliação do juiz ou por alteração dos indícios. Pode argumentar-se que foi erro do juiz, mas não ilegalidade. Quando muito terá sido ilegal a decisão inicial da Relação de não apreciar o recurso.

É uma vergonha a maneira como foi recebido, na Assembleia da Répública, como um herói, como se tivesse sido absolvido! Os abarços, palmadas e o júbilo de deputados da nação são acintosos para os cidadãos que mantêm a acusação de 15 crimes de abuso sexual de menores contra o Pedroso. Mais, e a propósito de favorecimento pessoal por detentores de cargos públicos: porque é que o cidadão Pedroso teve esta recepção? Porque é um gajo porreiro? Porque é camarada do partido? Porque é deputado auto-supenso? Não deve ser… então presumo que, se o Carlos Cruz, o Marçal ou mesmo o Bibi forem libertados, também serão recebidos em ombros no Parlamento!

Por último. O Pedroso disse que ia ponderar se retomava o cargo de deputado e propôs a criação de uma Comissão (parlamentar?) de Justiça e Verdade sobre Crimes de Pedofília a Abuso Sexual de Menores… seria muito interessante! E mais seria se o próprio Pedroso fosse o presidente dessa comissão. Que investigaria um crime onde ele é arguido!

PP: já desconfiava mas as imagens de ontem confiramaram-me o facto! Que figura triste a dos jornalistas, a correrem como baratas-tontas, de microfone ou câmara em riste, atrás de um carro que para ou de uma pessoa que anda.


9 de outubro de 2003

Coração vermelho (4) – Águias de fogo (anos 80)

Nos anos oitenta do século passado fui estudar para Lisboa e fiz coisas que, tempos antes, me pareciam inatingíveis. Uma delas foi ser o sócio oitenta e três mil e tal e passar a os jogos jogos na Catedral. Assisti ao fecho do terceiro anel: tinhamos o maior estádio do mundo!
A equipa era muito boa, destaco, só para aguçar o apetite, alguns nomes: Bento, Sivino, Álvaro, Veloso, Mozer. Carlos Manuel, Valdo, Chalana, Diamantino, Rui Águas, Stromberg, Manniche (o verdadeiro, não o caceteiro!).
Houve tardes e noites mágicas. Jogos extraordinários. Emoções inesquecíveis. O Mozer, o Valdo (e o Aldair) eram jogadores da selecção brasileira… acreditam?
Até costumavamos dizer que em "dedos já estava ganho", isto porque o Álvaro tinha seis dedos em cada mão. Excepto quando o Shéu jogava, uma vez que ele tinha só três dedos numa mão e aí, ficavamos empatados. O pior era se o Álvaro não jogava: perdiamos em dedos!
Nos jogos das Taças Europeias ia-se para o estádio às três da tarde, com o sol na pinha (ou a chuva nos ossos) até às nove da noite, com merenda, com bandeiras e cachecóis, com tudo. Um golo era uma loucura, o estádio vinha abaixo, o coração partia-se… Vi lá a segunda mão da Final da Taça UEFA, contra o Anderlecht. Perdemos a taça mas marcamos um golo lindo e, durante trinta minutos, a taça foi nossa. Aqueles momentos valeram por uma vida, pois a tristeza da derrota já está esquecida há muito.
A única coisa chata desses anos foi o aparecimento dos emplastros do norte a toda a força. Mas disso falarei noutro dia!

PP: Ontem foi mais uma tarde livre. Fui almoçar nas calmas, fui arranjar a mota, cheguei a casa e ouvi as notícias! Queria escrever qualquer coisa sobre o jovem Pedroso, mas fui boicotado pelo ADSL... mais logo!

PPP: Ouvi hoje de manhã, de novo, o Melhor do Mundo! É a jornalista Sónia e o psicólogo Sá. Falavam de bebés e da dificuldade de comunicação entre eles e os seus progenitores, de uma máquina que foi inventada para traduzir o choro dos bebés... Esqueceram-se das avós! Quanto a mim é esse o elo perdido, as avós (e a corte de tias da mãe, irmãs da mãe, etc) com o seu saber acumulado que garantia que essa comunicação fosse fluida.

8 de outubro de 2003

Bolo de chocolate

Apetece-me bolo de chocolate, será que alguma alma bondosa o faz e vem cá trazer?
Peguem lá uma receita deliciosa

Os ingredientes são :

• 120 gr de chocolate
• 130 gr de margarina
• 350 gr de açúcar
• 4 ovos
• 1 pitada de sal
• 3 dl de natas
• 320 gr de farinha
• 2 colh. chá de fermento em pó
• 2,5 dl de água a ferver

Receita:
Derreter o chocolate em banho-maria. Numa taça, bater a margarina até estar macia. Juntar o açúcar e os ovos, um por um. Bater bem, até obter uma massa bem fofa. Adicionar de seguida o chocolate derretido, juntar as natas e o sal. De seguida, juntar a farinha e o fermento, batendo lentamente.
Untar uma forma. Juntar a água a ferver à massa e misturar até obter uma massa homogénea. Leve ao forno durante cerca de 45 minutos, nos 175ºC. Deixar o bolo arrefecer na forma durante cerca de 10 minutos e desenformar depois.

Depois é só comer acompanhado de um copo de leite frio




7 de outubro de 2003

Perguntas difíceis

Hoje é dia de perguntas difíceis.
A uma já respondi.
A outra é uma excelente pergunta: “será divertido ser adulto?”
Não tenho resposta, ou poderia dizer que “tem dias” (e há alguns dias que duram mais que outros).
Mas antes desta pergunta, outra deveria ser feita. E o que é ser adulto? Ou melhor, quando é que se é adulto?
Quando se faz 16 anos?
Quando se dá a primeira queca?
Quando se faz 18 anos?
Quando se sai da casa dos pais?
Quando se faz 21 anos?
Quando se acaba um curso?
Quando se começa a trabalhar?
Quando se casa?
Quando se tem 1 filho?
Quando nos morre alguém mesmo próximo?
Quando se “mata” o pai?
Quando perdemos as ilusões?
Quando ganhamos as certezas?
Quando?
Ou é apenas um lento caminhar em que nos vamos adultizando aos poucos?
Ou ser adulto é apenas uma meta inatingível, e que só nos apercebemos disso algum tempo antes de morrer?
Confesso: não sei se sou adulto! Não sei se é divertido ser adulto!

PP: e a minha pergunta: como é que se encontra, se não se procura?

Coisas de puto.

Sou novo, é verdade. Sou curioso também.
Quando crescer um pouco mais, vou arrepender-me de ter sido tão curioso sobre como é ser adulto.
Será divertido?
Tenho estas perguntas de miúdo. Não sei o quanto posso confiar em mim hoje.
O arrependimento, será um medo passageiro?

Enfim. Será divertido?
E justificável? Vale a pena a espera?

A dúvida postística

Confesso. Em verdade vos digo: fui convidado a postar neste blog sem saber porquê. Aceitei, sem saber porquê. E até gosto deste blog.

Confesso também que, depois de ter de alimentar o blog dos reservados e o blog profissional, fico sem imaginação ou iniciativa para saber o que postar aqui.

Qual a linha editorial? O que se pretende de mim? Fica a dúvida. E, entretanto, vou inserindo algumas fotos de arquivo e umas frases desconexas.

Qualquer sugestão ou reclamação, estou aqui.

Dias desinteressantes

O dia de ontem foi deveras desinteressante. Nem o trabalho animou. Acho que ainda era a ressaca, em fase final de dissipação. Há medida que vou ficando mais maduro, as ressacas vão ficando mais pronunciadas e demoradas.
Por outro lado não consigo deixar de matutar sobre a maneira como hei-de escrever o tal requerimento ao Governador Civil, sobre o que hei-de dizer, sobre o que não hei-de dizer... Temo que me passe a garra e não escreva nada, e acabe por pagar a multa. Ou pior, esquecer-me de a pagar!

A T. foi para Madrid. Que bom! Dela é que tenho inveja mas, se tudo correr como deve ser, dia 1 de Novembro também lá estarei. Tenho inveja e saudades. Saudades da alegria e movimento que ela imprime ao nosso bloguito, dos comentários sempre prontos, e dos posts soltos que deixa voar. Também tenho saudades do Orlando e da sua alma brasileira, da andreia que é de cascais e ouve a rádio oxigénio, do Ricardo D que colocava uns posts provocadores e um dia lhe chamaram fascista, e da Lau com os seus desenhos e frases avinagradas. Tenho saudades de quando era miúdo e nada, mesmo nada, me chateava, de quando o Benfica ganhava tudo, da casa da minha avó, de um tio meu que já morreu, de uma cadela que um dia tive, ... tenho saudades da minha terra!
Tenho saudades mas sou feliz. Para mim a saudade é um sentimento bom, até acho que, só quem tem saudades, é verdadeiramente feliz.

Parece-me que o(a) Zoe (e a Lau) ficaram chateados com uma "boca" que mandei ali mais abaixo. Compreendo-os porque s?o novos! Quanto a mim não devemos transportar para aqui a nossa comédia social, os rituais, os salamaleques... a "boca" ? livre! Não é preciso ficar chateado.

Afinal a culpa ter? sido do mordomo! Como num bom romance policial, o Caso da Filha do Embaixador ainda nos reserva muitas surpresas.

A notícia do dia acaba por ser a Bomba. Inteligentemente vai publicar o Meu Pipi. Parece que vai sai hoje. Ela diz que é para revelar um bom escritor, eu acho que é para vender muito e ganhar uns trocos! Isto também é, aparentemente, uma transposição dos velhos rituais para a blogosfera. Citam-se uns aos outros, convidam-se entre si, elogiam-se mutuamente, e até sabem quem é o misterioso Pipi.

Para terminar. Gostei muito de um texto do Aviz , no dia quatro, sobre o Português Suave!
E agora não vou trabalhar, tenho interno (= escravo)! Vou ficar por aqui, no controlo, a acabar umas coisinhas minhas.

PP: o que é feito dos arquivos de Setembro? quem os fanou?

6 de outubro de 2003




Four things come not back: the spoken word, the spent arrow, the past, and the neglected opportunity.

Omar Idn Al-Halif

A propósito de uma multa.

Estava previsto este fim de semana ser calmo repartido entre a casa e uma breve volta de mota. Uma doença súbita de um familiar levou-nos à velha terra.
Resultado ao intervalo: o doente está bem melhor mas, na viagem de volta, fui apanhado por um radar a 123 Km/hora, quando deveria ir a 90 Km/hora.
Resultado final: multa de 120 Heróis e possibilidade de inibição de condução entre 1 e 12 meses.
Prolongamento: vim o resto da viagem a pensar como hei-de escrever o requerimento para tentar impugnar o mais que for possível. Ou seja, vou tentar forçar uma ilegalidade à moda da Diana. Espero conseguir. Espero que nenhum jornalista descubra. Ou ainda cai um Governador Civil…

Isto lembra-me algumas conversas que tive nos últimos dias sobre o problema da filha do Embaixador. Um colega meu achou a pior coisa do mundo, a face visível do monstro da corrupção…
Eu também acho muito mal, mas faço notar que eles são apenas uns de nós! Um ministro não nasce ministro, nem muda de repente quando passa a ministro, ele continua a ser um de nós. E nós gostamos, ou não nos importamos, de forçar, ou de ser coniventes com, ou mesmo de autorizar pequenas violações de regras, normas ou leis, quando temos a vaga noção que não prejudica ninguém. Quem nunca o fez, que se acuse!
E assim, um de nós, quando é Comandante de Bombeiros pode autorizar umas voltinhas no helicópetro. O piloto até está de folga, nem há fogo, o Estado tem cacau de sobra… não prejudica ninguém (nota: o Estado é ninguém!).
E assim, um de nós, quando é Secretário de Estado pode emprestar o carro de função a um amigo para dar umas voltas. Ele até é um gajo porreiro, precisa mesmo do carro… não prejudica ninguém.
E assim, um de nós, quando é Ministro pode autorizar a entrada da miúda para Medicina. Ela é boa estudante, boa rapariga, até merece… e não prejudica ninguém!
Somos nós todos. Só quando nós todos nos habituarmos a cumprir as pequenas regras que desprezamos no dia-a-dia, é que estas casos acabarão.
E até lá teremos uma enganadora sensação de justiça quando o corrupto é obrigado a demitir-se.
Eu diria que isto são “fait-divers”, porque. no fundo, no que importa eles passam impunes. O que é aconteceu aos tipos do fax de Macau? O que é que aconteceu ao ZéZé e ao Costa Freire? Como terminou o caso dos hemofílicos infectados? E os cabecilhas das FP-25 de Abril, onde estão? E como irá terminar esta história da pedófilia?

Só para terminar estas profundas refelxões: há dias exprimi alguma crítica acerca da “marcha branca”. Sobre isso recomendo a leitura do post do Mata-Mouros de 26-9-03 intitulado “Não vou à marcha branca” e um artigo de opinião de MST no Público de 3-10-03.