31 de agosto de 2008
O que deixou de haver
Há elementos da cidade que desaparecem de um dia para o outro. Outro dia perguntou-me um amigo, se eu lhes podia tirar uma fotografia. Disse que ia tentar, mas depois reparei que já não existiam. Comentei com o motorista e ele foi claro: era bonito ver assim a cidade, mas já deram cabo disso tudo.
Do que falo e de que local em particular?
Maravilhosos anos 70 e picos
Uma receita para crianças
Está muito bem escrita e desenhada esta receita culinária para crianças, de Maçãs do Paraíso. A ideia é que a brincar também se aprende. A autora? Helena Alfacinha, certamente um pseudónimo e foi publicada na Revista Banquete de 1961.
A introdução à receita é de reter:
"Por toda a casa, havia um delicioso cheirinho a guloseimas. Na cozinha grande, de tachos de cobre, o pasteleiro chefe ditava com a voz sabedora, uma receita, que numa carta anterior, uma menina tinha pedido. Era boa, muito boa. Ei-la:..."
Clicar para ampliar esta receita de maçãs cozidas do paraíso:)
A introdução à receita é de reter:
"Por toda a casa, havia um delicioso cheirinho a guloseimas. Na cozinha grande, de tachos de cobre, o pasteleiro chefe ditava com a voz sabedora, uma receita, que numa carta anterior, uma menina tinha pedido. Era boa, muito boa. Ei-la:..."
Clicar para ampliar esta receita de maçãs cozidas do paraíso:)
As fatias douradas ou rabanadas
É o meu doce favorito de Natal. Gosto delas quentes e a cheirar a canela. Este ano talvez experimente esta receita de fatias douradas ou de, como estou habituada a chamar-lhes, rabanadas.
Neste anúncio oublicada na Revista Banquete, o óleo fula ainda usava uma garrafa de vidro. Custava 17$00 e a revista 3$50. Era o ano de 1965 e a revista era dirigida por Maria Emília Cancella de Abreu, que muito fez para educar os gostos culinários portugueses.
Clicar na imagem para aumentar.
A Kodak e o país do Sol
Gosto muito deste anúncio, a começar pelo delicado sapatinho e a terminar no vestido riscado, e explico já o meu gostar. É uma mulher a fotógrafa. Ou seja, era plausível, já em 1921, que assim acontecesse. Claro que se retrataria a família e as férias, mas mesmo assim...
Clicar na imagem para aumentar.
A revista portuguesa
Tivemos de facto grandes ilustradores de revistas ! Assim o mostra esta Revista ABC de 25 de Agosto de 1921. O papel e a impressão conservaram toda a beleza desta imagem.
Não consigo é acertar no nome do seu autor. Lerei Aníbal? Alguém sabe?
E para a descortinarem melhor, cliquem na ilustração para ampliar.
Claras como água, estas lembranças de no balcão junto com amigos, assistir a estes filmes do pior que havia. Vinham no stock variado de westerns, comédias e numa profusão de heróis matarruanos e reluzentes. Eram esculturais escravas a necessitarem de ser salvas, as belas e o bruto.
Ás vezes penso no que terá acontecido às bobines destes filmes. E ao Joe Robinson, à Bella Cortez e à Carla Foscari. Da história do Avis sabemos.
30 de agosto de 2008
Leitor do Dias fotografa à noite
O nosso amigo VV enviou esta foto para ser adivinhada. Dizia ele,que estava espantado com a beleza dos ferros deste edifício.
Pista: a rua tem o nome de um herói nacional.
O poder da sedução eslava
Este postalinho publicitário é lindo. Na segunda feira, se tiver tempo, a ver se fotografo o que restou desta loja.
A Casa da Rússia, Rua Augusta nº 144
29 de agosto de 2008
Vitae
As vidas das pessoas ás vezes dão voltas mirabolantes. Esta actriz americana, depois de esta foto ter sido tirada, cresceu, tornou-se famosa, e conquistou lugar cativo no imaginário de uma geração inteira. Depois desapareceu subitamente do radar, engordou imenso, tornou-se dependente de fármacos, debateu-se com o alcoolismo, foi diagnosticada com desordem bipolar e hoje em dia completou o círculo. Relançou estrondosamente a sua carreira de tal maneira que este ano já trabalhou em quatro filmes. De quem estou a falar?
Carrie Fisher.
Carrie Fisher.
A folhear e ainda 1975
Num Século Ilustrado de 1975, duas maravilhosas fotos de Eduardo Gageiro que documentam o verso e o reverso do entusiasmo partidário.
O encanto discreto de certos momentos...
O anúncio discorre àcerca de trufas, faisão e champanhe. As imagens porém mostram dois copos de tinto, dois cafés e SG gigante. E um tremendo mono pendurado que parece uma pipa mas talvez seja um cabide, e não sei como o rapaz da trunfa loura não dá lá um carolo. Recapitulando: só fica o vestido negro e a vantagem de usar o Cartão de Crédito Sottomayor. Alguém avise o rapaz que o visual dele é péssimo. Ricos anos setenta!
Se clicar na imagem, ela amplia.
Adivinhai o nome desta gente toda
Quem eram?
Uma pequena ajuda: estavam todos ligados ao Festival da Canção de 1974.
Solução:
artur garcia,paulo de carvalho , milo e raul do duo ouro negro , thilo krassman , fernanda farri, helena isabel e verônica.
28 de agosto de 2008
Salvador III
Chegou a hora do quotidiano milagre do pôr-do-sol. Vénus aparece, incendeia o céu por cima de Itaparica e tudo o resto fica na sombra. Os joggers da tarde esfalfam-se sem olhar para as cinco milhas de água cada vez mais escura que nos separam da ilha, em frente; as caipirinhas começam a aparecer em cima das mesas; os miúdos voltam das escolas acompanhados por mães cuja única vontade parece ser fazerem muitos mais ali, agora; o crepúsculo é rápido, quotidiano, mágico. E Vénus preside, sozinha, todas as noites. Só quando o milagre terminar se fará acompanhar.
Star Wars
Estreia hoje em Portugal o primeiro filme animado da saga "Star Wars" de George Lucas, "Star Wars: A Guerra dos Clones" cuja acção decorre entre os Episódios I e II.
Star Wars: A Guerra dos Clones
Título original: Star Wars: The Clone Wars
De: Dave Filoni
Com: Ian Abercrombie (Voz), Anthony Daniels (Voz), Tom Kane (Voz), Matt Lanter (Voz)
Género: Ani
Classificação: M/6
EUA/SIN, 2008, Cores, 98 min.
Site oficial: http://www.starwars.com/clonewars/
Título original: Star Wars: The Clone Wars
De: Dave Filoni
Com: Ian Abercrombie (Voz), Anthony Daniels (Voz), Tom Kane (Voz), Matt Lanter (Voz)
Género: Ani
Classificação: M/6
EUA/SIN, 2008, Cores, 98 min.
Site oficial: http://www.starwars.com/clonewars/
O chafariz da bicicleta
1975
Encontrei estas fotografias fantásticas das primeiras eleições, depois do 25 de Abril, à venda no E-Bay. A total orgia dos cartazes. Não há como não sentir ternura por esta época. O que paradoxalmente é inverso ao que sinto pelos actuais e medonhos graffitis que pululam por Lisboa.
As carrancas
Quando eu era miúda e vinha do Ciclo, adorava molhar as mãos nesta fonte.
Que cidade é?
Leiria, Fonte das Carrancas
Site de urbanismo da CML actualizado
A CML é um mundo e o seu vasto conjunto de sites um labirinto, um puzzle que vale a pena resolver pela vastidão de conteúdo disponível. Diga-se de passagem que quem, como eu, tiver um mínimo de curiosidade sobre o que o rodeia, vontade de compreender o que são as coisas e porque são como são, pode passar anos da sua vida só a ler a informação gentilmente disponibilizada nos sites da CML. Sabe Deus quando me vou fartar. Entre fotos e mapas antigos e a origem dos nomes das ruas, décadas de revistas antigas inteiramente grátis na hemeroteca, planos para o futuro, nota-se que vivemos numa cidade histórica, numa capital europeia, que gera 45% do PIB deste país.
Especialmente importante para mim, recentemente publicado, é o Plano de Pormenor das Amoreiras, pois vivi os primeiros 25 anos da minha vida lá por perto, e mantenho uma forte ligaçao sentimental com a zona, apesar de já não a visitar tão frequentemente.
Como muitos de vós sabeis, Campo de Ourique é um bairro "inacabado", ou antes, "entalado" entre vestígios de coisas mais antigas, e nunca foi verdadeiramente integrado com elas.
Basta olhar para o mapa... a Rua Maria Pia, a Rua Saraiva de Carvalho, a Rua Silva Carvalho e a Rua de Campo de Ourique já lá estavam antes do bairro, entre muitas outras zonas periféricas a elas adjacentes, delimitando-o e sendo consequentemente compostas, em parte, por casas fraquitas e degradadas, do tempo em que o bairro ainda tinha quintas e fábricas pelo meio, com meia dúzia de pátios/vilas operárias á mistura.
Lisboa a pouco e pouco volta a orientar-se para o bom caminho do qual se desviou um pouco antes do 25 de abril... espero que deitem finalmente abaixo aquele muro cheio de graffitis, pelo menos parcialmente, tendo em conta o seu objectivo explícito de prolongar o reticulado e melhorar a mobilidade pedonal. Lisboa é uma cidade cheia de muros, auto-estradas, e obstáculos miscelâneos... reflexo de um povo desconfiado e com a impaciência típica dos habitués da cafeína :)
Premei o botãozinho do aparelho apontador, e ide: http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/004/
Especialmente importante para mim, recentemente publicado, é o Plano de Pormenor das Amoreiras, pois vivi os primeiros 25 anos da minha vida lá por perto, e mantenho uma forte ligaçao sentimental com a zona, apesar de já não a visitar tão frequentemente.
Como muitos de vós sabeis, Campo de Ourique é um bairro "inacabado", ou antes, "entalado" entre vestígios de coisas mais antigas, e nunca foi verdadeiramente integrado com elas.
Basta olhar para o mapa... a Rua Maria Pia, a Rua Saraiva de Carvalho, a Rua Silva Carvalho e a Rua de Campo de Ourique já lá estavam antes do bairro, entre muitas outras zonas periféricas a elas adjacentes, delimitando-o e sendo consequentemente compostas, em parte, por casas fraquitas e degradadas, do tempo em que o bairro ainda tinha quintas e fábricas pelo meio, com meia dúzia de pátios/vilas operárias á mistura.
Lisboa a pouco e pouco volta a orientar-se para o bom caminho do qual se desviou um pouco antes do 25 de abril... espero que deitem finalmente abaixo aquele muro cheio de graffitis, pelo menos parcialmente, tendo em conta o seu objectivo explícito de prolongar o reticulado e melhorar a mobilidade pedonal. Lisboa é uma cidade cheia de muros, auto-estradas, e obstáculos miscelâneos... reflexo de um povo desconfiado e com a impaciência típica dos habitués da cafeína :)
Premei o botãozinho do aparelho apontador, e ide: http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/004/
27 de agosto de 2008
Que Lisboa arejada
Era uma Lisboa que respirava. A dos anos 60.
O Edifício da Shell a dominar o panorama.
Peões ordenados, autocarros verdes, eléctrico a deslizar nas faixas laterais.
Estonteante
Esta grande senhora só pode ser uma.
Adivinham?
Fotografia de Amália Rodrigues, Paris, 1959
O Ficheiro artístico nacional.
Em 1965, a Revista Plateia " continua a dar a conhecer os jovens que anseiam seguir a carreira artística como amadores ou profissionais". Era só preencher um cupão, adicionar uma fotografia e remeter à revista acompanhado de 20$00 para despesas de expediente.
As fotos e os textos são fantásticos. Algum deles terá conseguido ser o que queria?
Verdadeiramente, somos um país de artistas incompreendidos...
Iam estes gaiatos felizes e contentes
Que terra é esta e como se chamam estas portas?
Estremoz, Porta dos Currais
Um chapéu não é um chapéu
Primeiro o chapéu e depois a história? disse a Alice o Chapeleiro Louco enterrando-lhe até às sobrancelhas uma estranha mitra dentada. Ouve-me bem então, acrescentou, porque não vou repetir duas vezes o que te sucederá só uma vez. Sim. Era uma vez...Ou preferes uma vez era? Bom, para ti será o mesmo"
Chapéus para Alice de Julián Rios e ilustrações de Eduardo Arroyo, Estórias editorial teorema
Obrigada carlos. O livro é lindo.
Chapéus para Alice de Julián Rios e ilustrações de Eduardo Arroyo, Estórias editorial teorema
Obrigada carlos. O livro é lindo.
26 de agosto de 2008
Salvador II
Uma pessoa explicava-me hoje que foi a Lagos porque "foi lá que tudo começou". Perante o meu olhar interrogativo, esclareceu: "o Brasil, quero dizer".
Dizei depressa...
De que localidade trata a fotografia?
E como se chamava, no tempo da outra senhora, esta artéria?
Há muito trânsito:)
Abre o Olho
É o que fazem estas senhoras. Por cinco euros, vale a pena. Preço não muito módico para a Feira do Relógio. Mas antes isso do que o Colombo.
O magnífico ano de 1978
Uma época divertida e de roupa e cabelo horrendos. Esta era uma festa ligada a uma vernissage.
Quem são as senhoras ?
Correio!
Hoje fui aos Correios enviar os prémios da Lúcia e do Luís Bonifácio.
Não sei onde pára a morada da Joana Noiva de Fresco, portanto J. agradecia que ma enviasses outra vez:)
Manuel, preciso da tua também!!!
Abeijos e braços.
Não sei onde pára a morada da Joana Noiva de Fresco, portanto J. agradecia que ma enviasses outra vez:)
Manuel, preciso da tua também!!!
Abeijos e braços.
25 de agosto de 2008
Plantadivinha
Esta planta, muito usada para fins decorativos em Portugal, origina do México e curiosamente não é considerada um cacto pelos botânicos. Segundo reza a lenda, só floresce aos 100 anos, apesar de hoje sabermos que, estranhamente, a sua longevidade é proporcional á aridez do solo. É uma planta que vive para sofrer - o seu único propósito é acumular nutrientes para depois gerar um espigão enorme e cheio de "flores", que espalharão as suas sementes aos 4 ventos, matando a planta e reiniciando um processo que certamente já deve ocorrer desde o tempo dos dinossauros :)
Mas podemos impedir o espigão de crescer - se o cortarmos antes das flores aparecerem, o caule da planta fica saturado de uns açúcares muito especiais. De seu nome científico "inulina" (não confundir com a insulina dos diabéticos!), o açúcar desta planta é um derivado saudável da frutose, comercializado sob a marca "fructosan" como um substituto do açúcar, produto com popularidade crescente nos tempos que correm.
Este facto já era conhecido dos antigos povos americanos, que lhe chamavam "água mel", e que até o fermentavam para fazer vários tipos diferentes de bebidas!
O "pulque" - uma espécie de cerveja - o mezcal, licor genérico, e a conhecidíssima tequilha, nome reservado para um derivado do mezcal, mais forte, e que pode conter extractos de outras plantas, fabricado principalmente á volta da cidade chamada... Tequila.
Mais interessantemente ainda, as suas fibras são também aproveitadas para aplicar padrões decorativos a objectos de couro - como por exemplo, este belo cinto.
Como se chama esta planta milagrosa?
(Piteira / Agave)
O ano das mulheres
Adivinhais o nome destas quatro mulheres portuguesas?
Maria Teresa Horta, Natália Correia e Maria João Pires.
Falta quem?
A Dorita Castel-Branco. Ninguém adivinhou!
O taxista positivo
Tem que ser assim minha senhora. Sermos positivos e saber sorrir. Evita doenças de intestino e tudo. Veja o meu caso, voltei há seis anos dos EUA. Trabalho tanto como lá, doze ou treze horas por dia, e não me queixo da vida. O essencial é reagirmos. Eu quando estou mal disposto, encosto o carro. Os clientes não têm que me aturar as noias. E já viu o que os meus colegas fazem da Almirante Reis? Uma pista de F1, na mira de arranjar clientes. Eu desligo, se perco um serviço decerto que arranjarei um melhor logo a seguir. Pensar positivo minha senhora, é o que deve ser! Vivermos felizes, pois.
Há 20 anos era o Incêndio do Chiado
Há 20 anos Lisboa era um mar de fumo com papeis queimados por todo o lado, eram lágrimas nos olhos de quem presenciava a destruição que o fogo tinha operado no coração da cidade tão nossa.
Felizmente tivemos um excelente arquitecto a recuperar os edifícios. Infelizmente não temos tido vontade política em revitalizar e melhorar a convivencialidade desta zona.
Esperam-se melhores dias, para que a Baixa-Chiado volte a ser o que já foi. Porque a condição de voltar a ser buliçosa e viva equivale à melhor prevenção contra incêndios que já foi inventada.
Fotografias da Divisão de Comunicação e Imagem, CML
Salvador
I
N. diz-me vezes de mais "sou feliz" para que acredite nele. Porém, como sói dizer-se, tem tudo para o ser: um negócio que funciona, uma mulher linda, um filho (diz ele) inteligentíssimo. De certa maneira compreendo-o: se estivesse no lugar dele, seria feliz? Não sei.
Não sei se se é bourlingueur porque se é infeliz, ou vice-versa; não sei se Salvador é a cidade ideal para um bourlingueur; não sei sei se há uma cidade ideal para se viver, para se ser feliz.
II
Salvador tem 3,500,000 de habitantes (mais ou menos. Ninguém sabe, na realidade). Desses, 70% vivem em favelas (ou mais. Ninguém sabe). Ou seja: em Salvador, há cerca de um milhão e pouco de pessoas a viver em casas "normais", provavelmente, e dois milhões e qualquer coisa a viver em bairros infectos.
Em Salvador, a incerteza começa nas coisas mais básicas.
III
De onde vem, esta obsessão que alguns povos têm por si próprios? No Brasil, como em Portugal, não há conversa que ao fim de cinco minutos não descambe para o "o Brasil", "o povo brasileiro", ou - pior de todas - "a mentalidade brasileira".
O tema aparece em todas as conversas, seja com quem for, e é fatigante, estéril, inútil.
IV
O serviço é péssimo, em geral. E quando não é péssimo, é pior ainda.
V
Normalmente apanho o autocarro do aeroporto para a cidade. Hoje vejo no jornal que essa linha é frequentemente alvo de ataques.
Acho que não vou mudar para o táxi: a diferença de preço não compensa a ausência de medo (ou inconsciência, para quem prefira), a pouca frequência das viagens, um ratio de probabilidades que me é bastante favorável; nem a chegada à praia de Itapuã, depois de um horrível trajecto numa rua cheia de lojas indescritíveis; nem o longo trajecto pela costa até à Barra.
VI
Numa hora de Salvador vejo mais mulheres do que numa semana de Rabat.
VII
O que mais me fascina nas mulheres brasileiras é a sensualidade. Não são particularmente bonitas, nem tão bem feitas como a propaganda o desejaria; mas até a mais gorda e desdentada das mulheres consegue ser sensual. Este país vive do e para o sexo, e é o sexo que o explica.
VIII
Magarogipe é uma pequena cidade nos recônditos da Baía de Todos os Santos que já foi bastante próspera, devido ao tabaco. Hoje é uma coisa pobre, arruinada, desinteressante no meio de um cenário fabuloso. A capacidade que alguns povos têm de aproveitar o seu potencial e o explorarem e com ele enriquecerem é muito menos fascinante que a capacidade que outros têm de não o fazer.
N. diz-me vezes de mais "sou feliz" para que acredite nele. Porém, como sói dizer-se, tem tudo para o ser: um negócio que funciona, uma mulher linda, um filho (diz ele) inteligentíssimo. De certa maneira compreendo-o: se estivesse no lugar dele, seria feliz? Não sei.
Não sei se se é bourlingueur porque se é infeliz, ou vice-versa; não sei se Salvador é a cidade ideal para um bourlingueur; não sei sei se há uma cidade ideal para se viver, para se ser feliz.
II
Salvador tem 3,500,000 de habitantes (mais ou menos. Ninguém sabe, na realidade). Desses, 70% vivem em favelas (ou mais. Ninguém sabe). Ou seja: em Salvador, há cerca de um milhão e pouco de pessoas a viver em casas "normais", provavelmente, e dois milhões e qualquer coisa a viver em bairros infectos.
Em Salvador, a incerteza começa nas coisas mais básicas.
III
De onde vem, esta obsessão que alguns povos têm por si próprios? No Brasil, como em Portugal, não há conversa que ao fim de cinco minutos não descambe para o "o Brasil", "o povo brasileiro", ou - pior de todas - "a mentalidade brasileira".
O tema aparece em todas as conversas, seja com quem for, e é fatigante, estéril, inútil.
IV
O serviço é péssimo, em geral. E quando não é péssimo, é pior ainda.
V
Normalmente apanho o autocarro do aeroporto para a cidade. Hoje vejo no jornal que essa linha é frequentemente alvo de ataques.
Acho que não vou mudar para o táxi: a diferença de preço não compensa a ausência de medo (ou inconsciência, para quem prefira), a pouca frequência das viagens, um ratio de probabilidades que me é bastante favorável; nem a chegada à praia de Itapuã, depois de um horrível trajecto numa rua cheia de lojas indescritíveis; nem o longo trajecto pela costa até à Barra.
VI
Numa hora de Salvador vejo mais mulheres do que numa semana de Rabat.
VII
O que mais me fascina nas mulheres brasileiras é a sensualidade. Não são particularmente bonitas, nem tão bem feitas como a propaganda o desejaria; mas até a mais gorda e desdentada das mulheres consegue ser sensual. Este país vive do e para o sexo, e é o sexo que o explica.
VIII
Magarogipe é uma pequena cidade nos recônditos da Baía de Todos os Santos que já foi bastante próspera, devido ao tabaco. Hoje é uma coisa pobre, arruinada, desinteressante no meio de um cenário fabuloso. A capacidade que alguns povos têm de aproveitar o seu potencial e o explorarem e com ele enriquecerem é muito menos fascinante que a capacidade que outros têm de não o fazer.
24 de agosto de 2008
And now for something completely different…
Que edifício de cariz religioso veio a construír-se nos terrenos desta quinta?
Adivinhai e dizei.
A afilhada de Simenon
My dear fellow-writer and friend,
It is so good to walk with you through the animated streets of Florence, with its carabinieri, its ordinary people, its little trattorie and even its noisy tourists. It's all so alive, you can hear the noises, smell the smells, see that morning mist on the fast flowing Arno..."
Georges Simenon
It is so good to walk with you through the animated streets of Florence, with its carabinieri, its ordinary people, its little trattorie and even its noisy tourists. It's all so alive, you can hear the noises, smell the smells, see that morning mist on the fast flowing Arno..."
Georges Simenon
Fez no dia 18 de Agosto um ano,que morreu Magdalen Nabb. Não sou muito dada a obituários, mas é uma escritora que merece ser recordada. Saquei ontem da estante os livros dela e fiquei de novo maravilhada. Não são histórias de tiros ou de louras de grandes seios e longas pernas não. São histórias sobre a Itália não turística e pobre, dos pequenos bairros, de gente singular que aí vive, ama e morre. Sentem-se os cheiros, as vozes e relembro tudo o que gostei de conhecer em Itália, até mesmo o desmesurado calor tórrido.
Sobre a Magdalen Nabb, inglesa, optou por viver em Itália e aí, entre outras actividades, a começou a escrever livros policiais. Foram treze volumes, com o Sargento Guarnaccia, um carabinieri inteligente e tímido. De destacar a sua ligação a Simenon, a quem enviava sempre o primeiro exemplar da sua nova história. Esta correspondência durou até à morte dele. Foram treze apenas as histórias de Guarnaccia. Nabb morreu aos 60 anos. Faz-nos falta.
Em Portugal está editada pela Caminho e pelos Livros do Brasil. Façam-me um favor e leiam um livro desta autora.
Quem ama a boa escrita e Itália, só pode estimar qualquer um destes treze livros. E quem diz que o romance policial é escrita menor, é mas é parvo.
Nota: Magdalen Nabb também escreveu para crianças.
Discerni
Em 1969, um grande artista visitava Portugal e reunia-se com um grupo de publicitários portugueses.
Quem era este homem?
Vinícius de Morais em visita a Portugal.
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