31 de janeiro de 2007

Considerações avulsas

Até gosto do poema da Marge Piercy. Gosto muito da simplicidade e força da mensagem.
Mas não me comove... Ou melhor, não me comove em relação ao que a Maria me quer fazer comover: parece-me que a resposta adequada - ao direito do viver feminino - não é aborto mas sim contracepção.

Fiquei a pensar naquilo que o Carlos me disse, na minha contradição insanável: não concordo que o aborto seja permitido [nas condições em proposta] mas, por outro lado, não quero que as mulheres que o praticam sejam penalizadas. Ok, pronto... assumo a contradição: talvez seja por isso que ainda não sei como votar.
Mas eu não me importava nada de ouvir alguns defensores do sim assumirem uma contradição, pelo menos uma, como fez Hillary Clinton ao dizer qualquer coisa como isto: Abortion: safe, legal and never.

right to live

A woman is not a pear tree
thrusting her fruit in mindless fecundity
into the world. Even pear trees bear
heavily one year and rest and grow the next.
An orchard gone wild drops few warm rotting
fruit in the grass but the trees stretch
high and wiry gifting the birds forty
feet up among inch long thorns
broken atavistically from the smooth wood.

A woman is not a basket you place
your buns in to keep them warm. Not a brood
hen you can slip duck eggs under.
Not a purse holding the coins of your
descendants till you spend them in wars.
Not a bank where your genes gather interest
and interesting mutations in the tainted
rain, any more than you are.

You plant corn and you harvest
it to eat or sell. You put the lamb
in the pasture to fatten and haul it in
to butcher for chops. You slice
the mountain in two for a road and gouge
the high plains for coal and the waters
run muddy for miles and years.
Fish die but you do not call them yours
unless you wished to eat them.

Now you legislate mineral rights in a woman.
You lay claim to her pastures for grazing,
fields for growing babies like iceberg
lettuce. You value children so dearly
that none ever go hungry, none weep
with no one to tend them when mothers
work, none lack fresh fruit,
none chew lead or cough to death and your
orphanages are empty. Every noon the best
restaurants serve poor children steaks.

At this moment at nine o'clock a partera
is performing a table top abortion on an
unwed mother in Texas who can't get Medicaid

any longer. In five days she will die
of tetanus and her little daughter will cry
and be taken away. Next door a husband
and wife are sticking pins in the son
they did not want. They will explain
for hours how wicked he is,
how he wants discipline.

We are all born of woman, in the rose
of the womb we suckled our mother's blood
and every baby born has a right to love
like a seedling to sun. Every baby born
unloved, unwanted is a bill that will come
due in twenty years with interest, an anger
that must find a target, a pain that will
beget pain. A decade downstream a child
screams, a woman falls, a synagogue is torched,
a firing squad is summoned, a button
is pushed and the world burns.

I will choose what enters me, what becomes
flesh of my flesh. Without choice, no politics,
no ethics lives. I am not your cornfield,
not your uranium mine, not your calf
for fattening, not your cow for milking.
You may not use me as your factory.
Priests and legislators do not hold
shares in my womb or my mind.
This is my body. If I give it to you
I want it back. My life
is a non-negotiable demand.


Marge Piercy


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Paula Rego

Em período de “sensibilização” sobre o referendo da IVG

«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso.

Aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos.


Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

(Natália Correia - 3 de Abril de 1982)

só um beijo!!, não seja possidónio...


a zita ensandeceu
a coisa não poderá ser dita de outra forma.
ontem, em braga, numa sessão de esclarecimento pelo 'não', a dona zita aformou que nestes seus contactos em favor do não, tinha descoberto a grande diferença entre os defensores do 'sim' e os defensores do 'não':

os que são pelo sim dão dois beijos
e
os que são pelo não só dão um beijo

rematava a douta zita que a partir de agora todos deviam só dar um beijo quando se cumprimentarem.


eu garanto que ouvi a zita a dizer isto.
eu não tinha bebido alcool nas últimas 12 horas (e apenas meio copo de regional beiras no jantar do dia anterior), estava suficientemente acordado (banho tomado com respectivo lavar de cabeça (pelo lado de fora) e meia hora de 1c19 em cima) e testei mesmo as capacidades auditivas baixando o volume do rádio para ver se mesmo com baixa emissão decibélica a audição se mantinha perceptivel.

estava tudo normal

excepto a zita

a mulher está louca, só pode!!!

30 de janeiro de 2007

Dias assim

Hoje foi um daqueles dias em que quase tudo correu mal.
O despertador não tocou – ou, pelo menos, eu não o ouvi – e acordei tarde. Lá tive que me despachar à pressa, a resmungar.
Os cólons estavam todos às avessas, e bastante avessos ao aparelho. Nenhuma manobra resultou, nenhuma técnica vingou, os doentes protestaram.
Às onze horas já não havia pastéis de nata no bar. Não houve outro remédio senão comer um triste bolo de arroz.
À tarde choveu e arrefeceu. Como tinha ido de mota, também tive que voltar. A chuva batia-me no queixo, dura e gelada, tremia quando cheguei a casa.

Será que isto quer dizer alguma coisa? Será que é um sinal? Quem sabe... Mas, mesmo assim, ainda não mudei de opinião!



PP: Será que não podiam fazer mais pastéis de nata??

A regueifa

Adoro estas coisas... quentinhas... mmmmm... já com dois dias... rijinhas... mmmm...


Referendo

Bem, sobre o "Prós e Contras" de ontem, deixo aqui um link:

http://paisifilhos.blogspot.com/2007/01/por-que-fiquei-baralhada-depois-do.html

;o)

beijos e abraços

O meu primeiro cinema

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Foi este velhinho, hoje abandonado, o Cine-Garret da Póvoa de Varzim. Aí chorei copiosas lágrimas com o desgraçado do Bambi, com a Marisol e Joselito (nestas espanholices estavam sempre a morrer cães e cavalos e eu passava a vida a assoar-me).
Achei engraçado estar a percorrer as fotos do Arquivo Municipal de Lisboa sobre cinemas e encontrá-lo aqui.
Tenho dele a lembrança da porta enorme (sempre fui baixinha) . Não tenho ideia mais nenhuma a não ser o barulho, talvez.
Pesquisei por ele no Google: dizem-no datado de 1890, em decrépito estado e tendo sido comprado pela Câmara da Póvoa de Varzim para evitar o pior. Para mais e ver a fotografia actual seguir este link.

La Madeleine de Proust ou o óleo de figado de bacalhau

O post abaixo da T relembrou-me as minhas memórias de infância no Apolo 70. Lembro-me de lá ir com o meu pai à noite. Tinha uma loja de brinquedos que fazia as minhas delicias. Na cave havia uma loja de animais, se bem me recordo, com cachorrinhos de ar tristonho em gaiolas que me enchiam de pena.
Também lá ia com a minha mãe, provavelmente mais vezes, à farmácia depois das idas ao pediatra, que era na 5 de Outubro. Lembro-me de lá comprar óleo de figado de bacalhau com sabor a banana. Eu adorava aquele óleo de figado de bacalhau e não percebia as caretas que os adultos faziam à menção do dito óleo...

Mais tarde, ao longo dos anos 90, passava todos os dias lá à frente do Apolo 70. Nunca lhe liguei muito. Nem sequer o associava na altura às memórias de infância. Era apenas um entre muitos sítios em Lisboa sem particular apelo e menos apelativo por ser local de passagem diária.

Lendo o post da T e recordando o sítio, imagino que no fim dos anos 70 fosse um sítio muito prafrentex e excitante para quem tinha 20 anos. Para um miudo de 5 era apenas um local um pouco estranho com cães, brinquedos e a saber a óleo de figado de bacalhau com sabor a banana.

O sabor dos sítios, tal como o óleo de figado de bacalhau, depende das idades.

Alucinações amigáveis

Ao ver reflexos no vidro do autocarro de pessoas que atravessavam a rua na passagem de peões, ocorreu-me que seria divertido haver alucinações amigáveis, daquelas que não fazem mal a ninguém, na vida de uma pessoa. Aquelas duas mulheres que falavam uma com a outra a sorrir, não estavam realmente ali, estavam mais à frente, e o conforto do meu equívoco momentâneo foi enorme.

O sentido da vida

o crime

há uns anos (para aí nos começos da década passada), escrevia eu num outro contexto:

Continua o largo com o Beco das Farinhas (cuidado com as traves que escoram os prédios) até á Rua das ditas. Aqui pode voltar á esquerda para trás e subir o Beco das Flores (tem muitas e ainda pode levar a placa toponímica que já está no chão há muito tempo), até virar á direita para o Largo da Achada. A primeira vista é a do prédio de esquina do Beco da dita, com o Largo da Cuja: janelas em ogiva, andares de ressalto, portas lindas. O seu restauro recente veio acabar com o crime, que era um anexo com telhado de plástico ondulado, que lhe estava adjacente. Na esquina da diagonal, um prédio semelhante a merecer igualmente restauro (saúde-se o leão á porta, num exemplo de sportinguismo louvável).

este sábado, de regresso por estes locais, a sensação de crime impune pairava no ar.
por toda aquela zona a degradação é cada vez maior.
passada mais de uma década,

este é o aspecto do prédio então recentemente recuperado:
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e este o aspecto daquele que precisava, já então, de recuperação urgente

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criminoso!!!!!!!!

esta é uma das poucas casas de habitação que ainda restam do periodo pré-pombalino em lisboa.
resistou ao sismo de 1755, mas parece que não resistirá ao terramoto da actual vereação camarária.

Cinemas a pedido.









O primeiro a pedido da Erre, o Éden. Nunca fui aí ao cinema. Dele percorri o espaço com uma amiga, na exposição que antecedeu o seu encerramento. Andei numa espécie de passerelle e senti-me vedeta instável. A mesma amiga, ofereceu-me o catálogo do Cassiano Branco, nos meus anos. A memória que tenho é a de um edíficio enorme, triste e de pessoas a despedirem-se dele. Esta foto é do Éden nos seus tempos aúreos.
"Chove em Santiago", pois é e por coincidência vi este filme,aqui mesmo. O mundo é pequeno, não é VV?
E viva o Nimas.
O Star, o Castil e o Apolo 70. Cinemas que bombavam nos anos 70 e muito. Era um must ir ao cinema Apolo 70 e ir visitar a Arco Íris que tinha livros estrangeirose tudo! Não havia FNAC, mas existiam "combinados" na cave, uma novidade. E gelados monumentais, de cores de plástico. O Castil fui uma vez, não tenho grandes recordações. Do Star gostava. Era confortável e eu sempre fui muito dada a esse verbo.
Ainda me faltam alguns. Ah e estranho o silêncio do Kino nesta matéria.
Fotos por cortesia do Arquivo Municipal de Lisboa, vénia a quem o organizou e pôs online!
Cicar na imagem para a aumentarem, se assim o quiserem.

29 de janeiro de 2007

ufff!

Só para dizer que, esteve difícil mas lá consegui reencontrar o caminho de volta ao Dias.

Faz hoje um ano, vários de nós postámos fotos da neve que caiu um pouco por toda a cidade de Lisboa. Ontem esteve perto de voltar a acontecer. Será que em breve vamos ter queda de neve com regularidade na região?!

Mais cinemas...






Quando eu era uma jovem estudante e comecei a descobrir Lisboa, encantavam-me os grandes cinemas que existiam. O melhor para mim era o Monumental. Gostava de me sentar nos degrauzinhos e flanar a ver os passantes.E de ir ao Satélite, era aconchegante. Quando o camartelo deu cabo dele, irritei-me como tudo. Para mim o Saldanha faz-me pena desde esse dia. O que eu odiei aqueles tapumes.
Outro cinema gigantesco que eu gostava, era o Império. Só a frisson de se abrirem as cortinas e de se ver a cidade. Nunca me esquecerei da sensação. Agora está reconvertido, infelizmente para uma religião qualquer. Devia ser proibido.
Dois cinemas da Avenida de Roma: o inevitável Roma, agora igualmente reconvertido em Fórum Roma, pela CML e bem conservado. E viva o João Soares, apesar de tudo.
O Alvalade, que o camartelo levou, e onde está a nascer uma coisa monstruosa.
Quem quiser ampliar as imagens, é só clicar nelas. Et voilá.
Fotos: Arquivo Municipal de Lisboa

expliquem-me assim como se eu fosse muito burro



os defensores do não no próximo referendo utilizam como seu máximo argumento o direito do feto à vida; o direito consagrado na constituição à inviolabilidade da vida; que não se trata de uma interrupção mas sim da morte daquele ser vivo; e que a questão da vida nem deve ser discutida.

aceitaria estes pressupostos, se assim fossem.

como, de facto não é isso que está em causa neste referendo, mas apenas se um mulher que decide abortar até às 10 semanas, independentemente das razões que a levam a isso, deve ou não ser presa, o defensores do não afinal já discutem aquilo que devia ser uma questão inquestionável e indiscutível.

e discutem pelo argumento que apela àquilo em que os portugueses mais manifestam a sua natureza rasca: o dinheirinho dos impostos .


não há, de facto, nada em que os portugueses se mostrem tão individualistas, não solidários, avarentos, mesquinhos, e cegos de razões, do que relativamente aos impostos que supostamente pagam de acordo com a lei.
os do norte acham que no sul não deve haver aeroporto, mas acham que no norte deve haver um melhor; os que não andam na crel acham que esta deve ter portagens, mas ao mesmo tempo acham que a a29 sem portagens é uma necessidade imperiosa; reclamam contra o gestor publico x porque ganha muito dinheiro, não questionado se ele dá a ganhar ao estado mais do que aquilo que ganha: acham que o estado tem que compensar pela seca, pela chuva, pelo vento e pelo bom tempo as suas quintas, mas acham mal que se subsidie uma empresa que vai abrir 500 postos de trabalho, ou uma familia sem um mínimo para subsistir.
o dinheiro dos impostos é uma espécie de marca de água para a xunguice dos portugueses, e os defensores do não sabem-no melhor que ninguém.
por isso colocam os enormes painéis a dizer que não querem que o dinheiro deles vá para subsidiar clínicas abortativas.

que eu saiba, as clínicas não recebem subsídios do estado, nem faz parte de nenhum plano nacional de saude que as mesmas passem a receber as listas de espera das candidatas a abortar.
os defensores do não sabem isso.
mas podiam lá perder o argumento do dinheirinho???

outro dos argumentos do não é que também não querem que as mulheres que abortam vão presas.
são contra a liberalização, mas não querem que se vá preso.
deve ser pelo habito de acreditarem em deuses e espíritos fátuos os que os leva a acreditarem em coisas opostas ao mesmo tempo.

vamos ser claros:
ou há crime, e há criminalização;
ou não há crime, e não há criminalização.
não há crimes, sem a correspondente pena, porque isso seria o correspondente a não haver crime.
e a figura do crime-não-crime ainda não foi inventada (já existe o tecido não-tecido, mas crime não-crime ainda falta criar).

quando questionados sobre como se pode não 'liberalizar', sem criminalizar, os defensores do não invariavelmente dizem que há 'outras formas'

que outras formas?

normalmente não têm coragem de as dizer (ou nem nunca lhes passou pela cabeça).
mas hoje, antónio pires de lima (um dos mais proeminentes defensores do não), questionado directa e explicitamente por joana amaral dias sobre que penas 'alternativas' seriam essas, afirmou que (e cito de memória) podiam ser uma multa, que a exemplo da infracções que todos cometemos, como as rodoviárias, não implicasse a prisão.

eu ouvi isto e ia batendo no carro da frente e o carro de trás ia batendo em mim...

não queria acreditar... mas finalmente um defensor do não no referendo e do não ás prisões (ninguém tem a lata de defender a prisão das mulheres que abortam) vem dizer o que era óbvio para toda a gente.

afinal, o que era o direito do feto à vida; o direito consagrado na constituição à inviolabilidade da vida; que não se trata de uma interrupção mas sim da morte daquele ser vivo; o que era uma questão que nem sequer tinha discussão..
afinal tudo isso pode ser resolvido mantendo a proibição e multando quem pratique o acto.
como também não defendem os julgamentos, imagino que sejam multas sem julgamento.

tudo se torna a final claro:
não querem que os impostos sirvam para subsidiar 'clínicas do aborto'~.
querem que o crime seja remissível a multa.
de preferência sem julgamento e sem custas judiciais para não aumentar o orçamento dos tribunais.

tal como com as bulas, afinal é mesmo uma questão do pagamento da cuja.
chamase-se ela bula ou multa.

tenham vergonha na cara !!!!

pela minha parte,



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Período de reflexão

Este fim de semana fui a Portalegre. Fui, para refletir... porque em Portalegre reflete-se bem. É que, por estes dias, pode-se decidir o futuro. Não o da nação mas, pelo menos, o meu!

28 de janeiro de 2007

estava mesmo para...


...não torturar mais ninguém hoje com a Revista Radio Wagons.
Mas a carne é fraca e o vício compulsivo.
Esta página é digna de antologia:
É a louça Silit, que não faço ideia do que seja. O Carlos deve saber. Gosto do preciosismo" embora o preço seja aparentemente elevado, torna-se económica". Parece os outros a falarem da Bimby.
É o papel "assetinado" , fornecido pela Fábrica da Abelheira. Deve ter a ver com mel.
O horário do comboio rápido nº 51: 5,5 horas para chegar a Lisboa.Em 1934 e era o rápido.Coimbra ainda não tinha aquelas paneleirices de Coimbra A e Coimbra B. E saía-se no Rocio
Não vou comentar o Cantos dos Poetas.
Mas acaba em beleza: As bolas regal, vendidas pelo Calçado Atlas...
Como de costume, clicar na imagem para os detalhistas:)

Estava com fome e...

Isto é que é o dois em um?!



Aqui!

A açorda, uma homenagem

Os queridos árabes, vulgo mouros, introduziram na gastronomia portuguesa muitos pratos maravilhosos. Um deles é a supracitada açorda.
Cito Roby de Amorim: "lembremos Gil Vicente na Farsa dos Almocreves: "Tendes essa voz tão gorda/que pareceis alifante/Depois de farto de açorda".
O Mestre Gil tinha razão, calórica é, mas por vezes é bom calorizar sem pensar muito no assunto.
"Alho, pão, água, azeite, coentros, o mais rápido de confeccionar de todos os pratos...a açorda (ath-thurdâ), pode fazer-se na sua simplicidade original ou acrescida seja do que for, das carnes ao bacalhau"

Uma possivel receita,:

Um molho de coentros(ou um molho pequeno de poejos ou uma mistura das duas ervas); 2 a 4 dentes de alho ou os que se quiserem ; 1colher de sopa bem cheia de sal grosso ou menos sal de preferência;4 colheres de sopa de azeite;1,5 litro de água a ferver ; 400 g de pão caseiro(dura);4 ovos. Pisam-se num almofariz, reduzindo-os a papa, os coentros(ou os poejos) com os dentes de alho, o sal grosso e deita-se esta papa numa terrina .
Rega-se com o azeite e escalda-se com água a ferver, onde previamente se escalfaram os ovos com uma fatia de pão grande.
Introduz-se então no caldo o pão, que foi ou não cortado em fatias ou em cubos com uma faca, ou partido à mão, conforme o gosto.( eu gosto de partir à mão)
Este cheirinho dos coentros e alho, puxa à minha costela alentejana, lembra-me as férias em Sines, o deliciar-me com estes manjares tão diferentes do meu quotidiano (a minha mãe era minhota e cozinhava diferentemente). Agradeço aos alunos da Escola de Montes Velhos a base da receita (que eu modifiquei ligeiramente) e ao blog de Mértola a foto .que achei a mais exemplar e verdadeira das que pesquisei no google .
Claro também ao Roby Amorim ,"Da mão à boca", Edições Salamandra, 1987

Ser ingastável




Ser ingastável, deve ser óptimo(fui ver ao Priberam e a palavra não existia) Estes senhores publicitários portugueses de 1934, acreditam que a sola dos seus sapatos o era.

Terá algum sobrevivido?

Claro que encontrei este anúncio na Revista de comboios.


E pronto.


Claro que a imagem pode ser ampliada, se clicarem nela.


bloggers electronicos ou cadavéricos

o funcionamento dos tribunais pela via electronica implicou um esforço de racionalização de meios materiais que segundo a presente portaria regula o sistema mais conhecido da ficção.
Os dois navios estavam a considerável distância da praia, e era duvidoso que mesmo os binóculos permitissem localizar o pequeno grupo que, na praia, acenava. A princípio correu tudo pelo melhor. Tinha cada um o seu sonho para a festa de Santa Eulália.
Por mais duro que fosse o serviço- roçar estrume, saibrar ou arrancar batatas-, bastava a ideia desse dia longínquo para o cansaço se evapaorar , ainda que todos soubessem que o mercado valorizava aqueles que eram verdadeiramente bons a descacar favas.

27 de janeiro de 2007

A minha próxima encomenda na Amazon

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Esta galeria parisiense, dedica-se a, entre outras actividades, à edição de artistas gráficos e de humor internacionais. Isto a propósito dum livro," Portraits de mes amis" de Philippe Caubet, ilustrado por J.J Sempé, Editions Martine Gossieaux.
Caubert conta pequenas histórias sobre os seus amigos e Sempé desenha-os.
Tenho uma paixão antiga por Sempé, sei lá eu porquê. O senhor Sommer é uma figura recorrente do meu imaginário e vejo-o de vez em quando. Verdade! Há muitos por aí a esvoaçar:)
Caubert não conheço. Mas quando li no République des Livres a crítica do livro, pensei, este não me escapa. O Assouline tem uma forma muito particular de nos seduzir e criar objectos de desejo: para mim representou neste caso mais uma encomenda da Amazon.

A revista dos comboios para o caro Bic

Muito especialmente dedicado ao nosso amigo do blog do lado, que queria ser maquinista quando fosse grande.

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Esta revista não sei como me foi parar as mãos. Devo ter comprado assim a adelo sem reparar muito, no meu vício recorrente por revistas velhas (já devem ter notado, porque sofrem com o facto).
A data é de 1934 e era propriedade da Rádio Wagons. Pretendia entreter os passageiros dos rápidos Lisboa/Porto, associando leitura e radiofonia. Assim e cito procedeu-se" à instalação dos mais modernos aparelhos de rádio, propositadamente construídos para poderem captar, a uma velocidade de mais de 100Km à hora, audições emitidas por todas as estações portuguesas e estrangeiras"
Conceito muito para a frente,ficando nos passageiros a tranquilidade higiénica de terem os auscultadores desinfectados, antes da sua utilização.
Para já deixo a capa e programa radiofónico: depois se seguirá uma maior exploração desta preciosidade, para grande desprazer de quem desgosta de velharias (azarinho, como eu costumo dizer)


Clicar no programa para aumentar como deve ser e ler!

Os narcisos em flor

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E os jacintos em bom caminho. Estou ansiosa pela flor dos jacintos, que a flor do narciso, bem..Linda e mal cheirosa, coitada. Pobres narcisistas:)

A verdadeira história da esquecida pastinaga

Este nome diz-vos alguma coisa? Pois é, a mim há duas semanas, também nada dizia. O meu amigo VV, contou-me duma espécie de cenoura branca maravilhosa ,que comprara e que era deliciosa assada.
Hoje na Biocoop, o RR diz-me: olha as pastinagas do Victor! E eu comprei uma. Esta aqui.

O Ângelo viu-me a mirá-la e contou-me algumas coisas: a pastinaga era muito usada na cozinha portuguesa, antes da introdução da batata, depois quase que desapareceu. É ainda utilizada no Fundão e na Beira. Cozida e depois frita, segundo ele, é deliciosa. Sabe a cenoura com textura de batata. E os ingleses usam-na muito(chamam-lhe parsnip).Depois contarei do que eu achei.
Pelo menos o nome soa-me bem: quero um quilo de pastinagas se faz favor.
Segundo o Ciberdúvidas: "Segundo o Dicionário da Porto Editora, cherivia (do árabe karawiya) é: «planta comestível, da família das Umbelíferas, cultivada em Portugal, também conhecida por chirivia, cherovia, cheruvia e pastinaga». O Aurélio diz o seguinte: «Planta herbácea (...), de raiz carnosa comestível e folhas com segmentos ovado-lanceolados, e cujas flores amarelas, com pétalas enroladas para dentro, são tidas por medicinais."

26 de janeiro de 2007

Ainda logísticas. Vamos adoptar os novos comentários do blogger.
Quem quiser consultar alguma coisa, é pedir o user e pass do Haloscan. Vai custar perder aquele historial todo, mas paciência.
Podem editar os comentários, editar e adicionar ao post talvez.
Relembro que usávamos o Haloscan porque há três anos e tal, custa a crer que em Julho fazemos 4 anos, o Blogger não disponibilizava este serviço.
O resto vai-se repondo devagarinho, o Tiago teve que refazer o template todo.
Depois vai ser tudo mais fácil, quero eu acreditar. Esta versão é muito fácil de mexer e instântanea de publicar.
Obrigada Tiago!

Novo Blogger!

Parece que eu sou bruxa. Hoje ao entrar no blogger mandaram-me fazer o switch e logo!
Terão que mudar os emails para uma google account. Eles dão as indicações todas.
As configurações estão todas salvas e a lista de postadores também. Precisam é de fazer o upgrade do email e acho que é necessário isso para aparecerem na lista mostrada:)
Ena!

25 de janeiro de 2007

As Casas da Câmara de Lisboa

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Nestes dias camarários tão agitados, ao arrumar uma prateleira dou de caras com um livro. Claro que a arrumação foi convenientemente esquecida, trata-se duma obra excepcional. Os autores dedicam-na à memória de Augusto Vieira da Silva e pretende fazer a história das casas da Câmara de Lisboa, do século XII à actualidade (no caso 1951).
Com uma parceria autoral assim, Luís Pastor de Macedo e Norberto de Araújo, só podia nascer uma obra apaixonante.
Para aguçar o apetite deixo uma gravura da obra. É clicar nela para ampliar, até fartar:)

Comprado por 4.500$00 no Senhor Nunes, em Benfica
Alguns alertas à postagem neste blog. Como sabem, somos muitos a escrever e o blog tem cerca de sete mil e tal posts. Está em situação de transição futura para o novo blogger, mas tal ainda não foi possível por ele ser tão extenso.
Portanto esclarecer algumas questões:
Imagens a alojar sempre no ImageShack e nunca hospedar directamente no blogger.
Evitar demasiados YouTube: emperram o publish e provocam erros no template do blog.Apaguei bastantes até o conseguir republicar todo e vou apagar todos os que surgirem e provocarem anomalias.
As fotos grandes podem ser uploadadas pelo direct link do imageshack e colocadas em thumbnail. Quem quiser poderá ampliá-las para o tamanho original, sem se perder qualidade.
Esta é para os administradores: sempre que vejam que o blog não está a ser editado como deve, façam um republish ao index pelo menos ( ou façam republish all, para perceberem melhor o motivo do meu post).
Outras questões estéticas serão discutiveis: mudámos as colunas para rentabilizar espaço e acho que textos e fotos devem ser alinhados à esquerda, para terem mais legibilidade e sequência.
Peço ainda que os postadores que não postam nem comentam, me digam se querem continuar a estar no blog ou não.
E pronto, acho que é tudo. A manutenção do espaço tem que ser colectiva. O Tiago, o André e o POl têm ajudado imenso nos aspectos de melhoramentos e novas ferramentas, a eles um grande obrigada (tipo Amália). Aos outros todos que escrevem diariamente, se interessam e valorizam o Dias com o seu saber,criatividade, inteligência e poder de observação nem preciso de dizer nada:)

coisas são só coisas

de uns tempos pra cá tenho andado a ouvir isto:
que podem ou-ver
aqui:


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de uns tempos pra cá
os móveis, a geladeira
o fogão, a enceradeira
a pia, o rodo, a pá
coisas que eu quis comprar
deu vontade de vender
e ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

de uns tempos pra cá
o carro, a casa, o som
tv, vídeo, livros, bom...
o que em tese faz um lar
admito eu quis comprar
começo a me arrepender
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

de uns tempos pra cá
o pufe, a escrivaninha
sabe a mesa da cozinha?
lençóis, louça e o sofá
não precisa se alterar
pensei em me desfazer
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

de uns tempos pra cá
telefone, bicicleta
minhas saídas mais secretas
tô pensando em deixar
dê no que tiver que dar
seu amor me basta ter
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

chico césar

Antiguidades

Contagiado pela quantidade enorme de post com antiguidades, resolvi começar a minha colecção de coisas antigas.
Eis os primeiros itens da minha colecção:

As setas utilizadas por Cupido, a mando de Shakespeare, no coração de Julieta, para esta se apaixonar por Romeu...




Pedaço antigo de papel igualmente antigo onde poderia ter sido escrito algo de importante...
...mas, infelizmente, está em branco...



Teia de aranha no tecto de uma casa na cidade turca de Trabzon.
A sua construção durou seis meses, tendo sido inaugurada em 18 de Abril de 1978.




Laranja oferecida a Eva, no paraíso, por uma cobra.
Eva recusou-a porque a acidez do fruto causava-lhe azia.



Cano histórico (cientificamente impossível de datar) dado que foi através dele que as finanças de Portugal foram descendo até aos níveis de hoje. O buraco na imagem (crê-se que da mesma data do cano) representa a via encontrada
para desvios orçamentais directamente para os bolsos dos srs. A e B.



Depois de ver a oferta da laranja recusada por Eva, a cobra tentou de novo.
Desta vez com uma maça. Eva que queria muito emagrecer para agradar a Adão
deu-lhe uma dentada. Não teve tempo de comer o resto, porque, entretanto, foi expulsa do paraíso.
Aqui... o fruto...




Cassete original, em russo, da ideologia do Partido Comunista Português.

por falar em galácteos

se o concerto do bob dylan que o gasel postou ali em baixou juntou os galácteos do pop/rock/folk dos anos 70, este video do johnny cash junta a via láctea do cinema e da música dos nossos dias.
é preciso ter um estatuo único para juntar esta lista de voluntários participantes:
iggy pop
kanye west
chris martin
kris kristofferson
patti smith
terrence howard
flea
q-tip
adam levine
chris rock
justin timberlake
kate moss
sir peter blake
sheryl crow
dennis hopper
woody harrelson
amy lee
tommy lee
dixie chicks
mick jones
sharon stone
bono
shelby lynne
anthony kiedis
travis barker
lisa marie presley
kid rock
jay z
keith richards
billy gibbons
corinne bailey rae
johnny depp
graham nash
brian wilson
rick rubin
owen wilson

todos a cantar

you can run on for a long time,
run on for a long time,
run on for a long time,
sooner, or later, god'll cut you down.
sooner, or later, god'll cut you down.

go and tell that long tongue liar,
go and tell that midnight rider,
tell the rambiler, the gambler, the back biter,
tell 'em that god's gonna cut 'em down.

well my goodness gracious,
let me tell you the news.
my heads been wet with the midnight dew.
i've been down on bended knee,
talkin to the man from galiee.
he spoke to me in a voice so sweet,
i thought i heard the shuffle of angels feet.
he called my name and my heart stood still,
when he said "john go do my will"

go and tell that long tongue liar,
go and tell that midnight rider,
tell the rambler, the gambler, the back biter,
tell 'em that god's gonna cut 'em down.

you can run on for a long time,
run on for a long time,
run on for a long time,
sooner, or later, god'll cut you down.
sooner, or later, god'll cut you down.

you can throw your rock, hide your hand,
workin in the dark against your fellow man.
but as sure as god made black and white,
what's done in the dark,
will be brought to the light.

you can run on for a long time,
run on for a long time,
run on for a long time,
sooner, or later, god'll cut you down.
sooner, or later, god'll cut you down.

go and tell that long tongue liar,
go and tell that midnight rider,
tell the rambler, the gambler, the back biter,
tell 'em that god's gonna cut 'em down.

Em Pleno Azul

«Com horror mal disfarçado
sincero desgosto (sim!)
lágrima azul aflita
mão crispada de piedade
vêem-me passar cantando
calamidades desastres
impossíveis de evitar
as mães
as minhas a tua
as que estropiam ternamente os filhos
para monótono e prudente
avanço da família

E quando páro e faço a propaganda
dos lugares mais comuns da poesia
há um terror quase obsceno
nos seus olhos maternais

Então prometo congressos
em pleno azul

Prometo uma solução
em pleno azul

Prometo não fazer nada
em pleno azul

sem consultar o «bureau»
em pleno azul

Visivelmente sossegadas
é a hora de não cumprir
de recomeçar cantando
calamidades desastres
ruínas por decifrar

*

Se eu não estivesse a dormir
perguntaria aos poetas
A que horas desejam que vos acorde?

Vamos decifrar ruínas
identificar os mortos
dormir com mulheres reais
denunciar os traidores
e atraiçoar a poesia
envenenada nas palavras
que respiram ausência podre
vamos dizer sem maiúsculas
o amor a vida e a morte

*

E as mães
onde estão elas?

As mães rezam as mães
cosem farrapos de dor
as mães gritam
choram
uivam
no espesso rio de um sono
já quase só animal»

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de: Alexandre O´Neill

Morte Guerra Fome Peste

Keipss!!!!
Espectros do Passado

"Knocking' On Heavens Door", de Bob Dylan. Uma actuação de 75 ou 76 [para aí], com Roger McGuinn e o violino de Scarlet Rivera.

24 de janeiro de 2007

And the Oscar goes to...

A 79ª edição dos Óscares já tem nomeados.
A apresentação dos candidatos foi feita por Salma Hayek, que muito vibrou com a nomeação de Penélope Cruz e por Sid Ganis, presidente da Academia.
Este ano a cerimónia decorrerá a 25 de Fevereiro e será comandada, a partir do Kodak Theatre, por Ellen Degeneres.


Aqui
, a lista de nomeados.

o loreto

o meu começo laboral foi no bairro alto.

durante esse periodo fui ao cinema em quantidades que jamais voltei e experimentar.

tinha duas formas de ir ao cinema:

ou através dos então chamados 'bilhetes de imprensa' que eu obtia no diário de lisboa (e esporadicamente no diário popular), onde o trabalho me levava todos os dias;

ou fazia o circuito dos 'piolhos'.

como entre as 3 e as 6 da tarde não tinha que trabalhar, o tempo era muitas vezes aproveitado por uma matiné.

os cinemas 'económicos' da zona eram o chiado terrace e o ideal, aka loreto.

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o loreto era mesmo só descer a rua da rosa (onde trabalhava) e em 5 minutos estava sentado na sala.

ainda hoje não consegui acabar de ver o 'objectivo: burma' que um dia tive que deixar a meio (afinal 2 filmes sempre demoram um bocado) porque estava na hora de regressar ao trabalho.

o loreto jamais teve esse nome.

começou com o nome de salão ideal nos idos de 1904.

se o salão lisboa foi o primeiro edifício projectado para cinema, o salão ideal foi a primeira sala concebida para projectar imagens.

foi dos primeiros locais a ter pessoas atrás do ecrán a emitir sons de acordo com o desenrolar do filme.

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este é um cinema com um percurso complicado:

depois de salão ideal, passou a cinema ideal, depois a cine camões, até ao actual cine paraíso.

quanto à programação, começou nas primeiras estreias de cinema feito em portugal (chegou a ser propriedade dos donos da produtora empresa cinematográfica ideal), passou pela reprise (no sentido literal do termo, a exibição de filmes que saiam das salas de estreia), foi descendo para o formato 'piolho' com 2 filmes por sessão (ainda com o nome de cinema ideal), passou, já com o nome de cine camões, para o cinema indiano e depois, com o actual nome de cinema paraíso, teve um curto periodo com a programação assegurada pela cooperativa cinema novo (do fantas) até se tornar um dos cinemas porno de lisboa.

Cine Bolso

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Sempre achei muita graça a este cinema e aos seus frequentadores. Olhar no chão, fugidios e rápidos a esgueirarem-se.
Eu apanhava sempre o 22 e o 27 ali em frente, era recém chegada a Lisboa e achava piada
a vê-los. Uma vez até fui lá ver um filme de ficção científica. Estava reabilitado na época, penso eu. Mas é uma pena. Acho que ao sandwich bar fui muito mais vezes. Chegava sempre das viagens de Expresso Leiria/Lisboa com imensa fome.

já não nos falta nada para não termos nada.

a enorme manifestação de ontem em instambul deixava-me com alguma esperança no futuro da humanidade.
cerca de 100 000 pessoas, turcos e arménios, manifestaram-se contra a morte de um homem que toda a vida lutou para denunciar as atrocidades que os arménios sofreram às mãos dos jovens turcos (por muito que os jovens turcos tenham feito algumas coisas útéis para a nação turca, não deixaram de ser assassinos impiedosos).

mas infelizmente, a vida não é como nós a sonhamos perante alguns sinais que nos são agradáveis de ver.



há alguns anos, quando lhes começaram a faltar pessoas ávidas de aparecer de 1 segundo soslaio nos monitores, as televisões começaram a contratar agências de 'castings' para o fornecimento de assistentes para os seus programas em directo.
por um preço módico, todos (!!!) os programas conseguem ter uma plateia cheia de gente disposta a bater palmas às maiores barbaridades e/ou a sentirem-se comovidos com as desgraças em directo.
hoje leio que a empresa erento disponibiliza um serviço onde oferece manifestantes para todas as causas.
um serviço limpo.
319 curriculas com fotos, calendário de disponibilidade, numero do artigo (!!!) e preço com taxas incluidas.

por exemplo, esta jovem senhora

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poderá manifestar a favor ou contra a despenalização do aborto; a favor ou contra a intervenção da alemanha no iraque; a favor ou contra o aquecimento global, por uns míseros 145 euros diários.
pela foto eu talvez preferisse que ela fizesse uma espécie de table dance (questão a verificar se pode ser incluida no capítulo das manifestações contra o uso de roupas)

em portugal (pelo menos), os jovens que acompanham as caravanas partidárias e assistem nas primeiras filas dos comícios de bandeiras em punho, já são pagos como as assistências dos concursos.
falta agora o serviço de trabalho temporário em manfestações contra a ministra-seja-lá-do-que-for.

é triste quando um povo deixa de se manifestar por causas.
é triste quando apenas nos manifestamos perante a luz vermelhar da câmara a indicar que se está em directo para os noticiarios ou nos pafam para isso.

somos um povo sem espinha, sem ideias, sem futuro.
e não há retorno.
é sempre a descer.

Da Esmeralda (III) ou a Importância de se chamar Esmeralda

Ontem ouvi um bocadão do programa Prós e Contras.
Bom, desde logo devo fazer uma declaração de interesses: não gosto nada do formato do programa nem da apresentadora, a Fátima Campos Torres (Drª). Mas ontem fez-me especial impressão o facto de alguns intervenientes do debate, por diversas vezes, lhe terem agradecido – exultantes - o extraordinário feito de realizar tamanho programa…. Sinceramente, e até hoje, não vi nenhum que adoptasse uma posição neutra para o normal debate de ideias ou opiniões, em todos são trazidos à ribalta aspectos laterais das questões, em todos a FCT toma aquela postura assertiva de quem sabe sempre mais um bocadinho do que a pessoa que opina, em todos a plateia ululante dita regras e, em todos, um dos lados da questão é alegremente favorecido.
Ontem isso foi bem evidente… E só me apetece aqui dizer duas ou três coisitas.
Para começar, deviam explicar à FCT o que é uma falácia, nomeadamente o Argumentum ad Populum pelo qual alguém apela da voz popular para fazer prevalecer (ou não) um determinado ponto de vista. Ontem, sempre que o advogado de defesa do Baltazar dizia alguma coisa que não estava de acordo com o guião, a FCT ripostava logo - da forma mais rasteirona - se não via que ninguém na plateia concordava… Enfim!
Depois, veio o meu amigo Vilas Boas, o psicólogo clínico, a falar de alto, com pompa e muitas certezas. Disse mais ou menos isto: O pai biológico quis esperar, precisou da “ajuda” da GNR e de um teste de ADN para assumir que era pai. O casal, em boa fé, acolheu a criança de braços estendidos e deu-lhe tudo. A criança está em risco e nunca poderá sair daquela família. É curioso que, lendo um jornal de há 2 anos, ele não diz bem isto… ou melhor, ele tem opiniões algo diferentes… bem, vendo bem, ele diz praticamente o contrário!
Por fim, a FCT quis que toda a gente confirmasse que a ideia que lhe surgiu– adopção plena pelo casal com uma regulação de visitas do pai biológico – era solução mágica. Por um bocadinho fiquei atónito, ao ouvir uns nins e sins meio engasgados, até que alguém disse o óbvio: Mas isso não pode ser: adopção plena com visitas dos pais naturais é um paradoxo (podem-lhe também explicar o que é!).

Mas o programa sempre acbaou por adiantar alguma coisa, permitiu-me chegar a uma conclusão.
Penso que, neste momento, a melhor solução para a Esmeralda consiste em ficar com a casal que a guarda e educa desde há 5 anos. Tenho muito poucas dúvidas... E a resposta legal para esta solução afectiva pode ser a adopção restrita – pese embora os seus muitos inconvenientes – que mantém algum vínculo aos pais naturais
E defendo isto porque creio que é a solução que melhor serve a criança e os seus interesses. Não defendo isto por crer que o pai biológico é (ou foi) mau e porque os pais adoptantes são (ou foram) bons. Não faço esses juízos de valor e é exactamente isto que condeno à maior parte da pessoas que ouço falar sobre o assunto.
Porque, na verdade, o Baltazar é condenado pela opinião pública porque teve, durante algum tempo, uma atitude moralmente condenável, embora depois sempre tenha agido de forma legítima e legal. Por outro lado, o casal adoptante é louvado porque mostrou, durante algum tempo, atitudes moralmente nobres, embora depois tenha agido de forma ilegítima e ilegal. O que é que é bom? O que é que é mau?

Nota: fica por esclarecer a questão do título: qual a importância de se chamar Esmeralda?

23 de janeiro de 2007

Os programas dos cinemas


Era um ritual. Mandavam-nos avançar, indicavam os lugares, dava-se uma moeda e o arrumador presenteava-nos com um programa. E enquanto os líamos,víamos aquelas telas cheias de anúncios chochetados nas cortinas. Depois o filme começava e era a rendição ao escuro.
Por guardar esses programas e bilhetes,quando era miúda, sei ainda hoje que vi o Viridiana no Apolo 70. O Sétimo Selo no Satélite. E assim por diante.

Um dos cinemas que frequentava, era o São Jorge. Este programa refere-se ao Manhattan exibido em 1980.
Nessa altura corria todos os ciclos de cinema, estreias e o que mais viesse. Agora desgosto de ir ao cinema. Irrita-me a pipoca, barulhos, telemóveis, aglomerados de gente e perfumes desagradáveis. Sei, sou uma comodista rendida ao DVD. E o meu cinema favorito de todos os tempos era o Satélite, que quase sempre estava às moscas. Para mim cinema e sossego têm que estar articulados. O tamanho do écran impressiona-me pouco.Manias:)

(clicar nas imagens para aumentar e espiolhar)

E de piolhos falando...

Parabéns!Já são 16 meses!!!

os piolhos

os piolhos era um género de salas de cinema que proliferavam pela cidade de lisboa.
alguns, pomposamente, chamavam-lhes cinemas de 'reprise'.
mas o que eram mesmo era 'piolhos'

no entanto, um dos piolhos era mais piolho que os outros.
era o piolho !!!

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o piolho era o salão lisboa !!
(aqui à esquerda com a fachado do teatro apolo)

não sendo o primeiro local onde se exibiu cinema em lisboa (isso foi o real colyseu na antiga rua da palma, ainda no século 19), nem o primeiro 'cinema' de lisboa (título pertencente ao animatographo do rossio, que abriu as portas em 1907), o salão lisboa foi o primeiro cinema a ser construido de raiz.
com um projecto de josé antónio pedroso, henrique o'donnel e vitor cunha rosa mandaram erguer em 1916 o primeiro edifício destinado a cinema.
com o tempo, e com a desvalorização do local, a programação foi-se degradando até atingir o título de 'piolho.
o verdadeiro.


mas o que caracteriza um piolho:
a principal característica dos 'piolhos' era terem, ou dois filmes em exibição, ou terem sessões contínuas (como o olimpia).
depois tinham uma programação assente em filmes facilmente aceites pelos seus principais clientes: os jovens trabalhadores adolescentes.
depois tinha o rigem do próprio nome: a higiene não abundava: nem na sala, nem nos espectadores.
(a questão da programação nem sempre era assim tão simples. 'papei' muitos clássicos em piolhos)
lisboa tinha imensas salas onde qualquer adolescente podia ver 2 filmes por um preço bastante económico.
e alguns deles anteciparam o que mais tarde seriam as salas estúdio junto aos grandes cinemas (como o estúdio do império, o satélite do monumental, o cinestúdio do lido...)
o cinema restauradores, que tinha o nick name de 'galo' ficava por baixo do balcão do eden teatro, nos restauradores
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(aqui o eden teatro em contrução, onde à direita, por baixo do cromwell, ficaria a entrada para o cinema restauradores, aka 'galo' .


a propósito, este é o eden cinema, que ficava em alcântara:
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o 'arco-iris' ficava por baixo das escadas que subiam para a sala principal do coliseu... e tinha a particularidade das colunas que sustentavam o balcão estarem colocadas no meio na plateia, em frente a algumas das cadeiras.

o olimpia (que fisicamente ficava no mesmo edifício do politeama e tinha ligação interna, era o pai das sessões contínuas, onde era necessário marcar os lugares com um lenço atado às costas das cadeiras de ripas, para ir à casa de banho nos intervalos.

um dia destes voltarei a este magno assunto e procurarei fazer o circuito dos piolhos da cidade.

Um blog a visitar

Coisas de outros tempos

Acho que o Gasel vai gostar de um dos posts:)
Vai ficar nos links, é um blog interessante.

Adivinha!



E que cinema nasceu aqui?
(Clicar na imagem para ampliar)

O Cine Oriente



Do piolho deste cinema, na Avenida General Roçadas, o meu querido amigo C. Palhares viu muitos filmes. Quando lhe disse que estava a juntar fotos de antigos e actuais cinemas de Lisboa, falou-me nesta preciosidade com inegável entusiasmo.Logo, aqui segue.
E vão aparecer muito mais fotos! Para quem de direito comentar e escrever.
(Clicar na imagem para a aumentar)