27 de outubro de 2003

Cof cof cof

Há já algum tempo que eu me vinha sentindo mais rouca. Não liguei, achei que fosse do tabaco ou alguma outra coisa que tal. Até que certo dia, estando eu a comer um bife, me apercebo que a garganta estava a empolar. A EMPOLAR!

Um caroço-osso? Pensei: é com certeza um pedaço de carne. Bebi um gole de vinho, bochechei, mas aquilo não passava. O rapaz que estava à minha frente, aflito, abria-me a boca e espreitava compulsivamente e quanto mais ele espreitava mais entalada eu ficava. De repente uma convulsão interna como um vómito obriga-me a cuspir o incómodo. Ficamos ambos espantados. Ambos olhando aquilo. Era um amo-te. Foda-se - disse eu - ao tempo que eu devia andar com esta merda engasgada!

É curioso, ao meu pai aconteceu a mesma coisa com um cálculo renal. Tem as pedritas todas expostas numa vitrina cá em casa. Eu, que tenho pudor, não me presto a essas figuras. É por isso que agora trago sempre o meu amo-te escondido no bolso das calças.

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