27 de outubro de 2003

Chuva a Sul

Voltei da longa viagem e, a sul, continua a chover.
Arrumei algumas coisas, espojei-me no sofá, li alguns jornais e zappei a televisão.
Jantei, arrotei e tomei um comprimido para a azia.
Agora, ando por aqui a vagabundear... e a matutar nalgumas coisas!

Lá no Nordeste participei, além de uma pequena reunião científica, em assembleias gerais e coisas parecidas de uma associação profissional. Por diversos motivos vi-me metido, com regularidade, em coisas semelhantes nestes últimos anos, e fui tendo a certeza de coisas que já desconfiava.

Nada do que alguém diz pode ser tomado como certo.
A verdadeira razão de uma determinada posição ou opinião, no presente, pode ter como causa um qualquer facto num passado remoto ou, ter como objectivo, uma consequência num futuro longínquo.
Há sempre algo que fica por dizer, algo que só pode ser subentendido. Há sempre um argumento na manga, um favor ou um amigo nas costas.
E isto são amadores, numa associação sem relevância nenhuma. Imagino o que serão profissionais, a actuar a nível nacional.

E toda a gente opina e discute, sem saber do que fala.
Essa é uma característica muito nossa: não sabemos nada, falamos de cor!
Não produzimos nem disponibilizamos informação que fundamente qualquer ideia, qualquer opinião. E essa falta de dados serve toda a gente, aos que propõem algo e aos que contestam esse algo. Basta afirmar que "se estima", que "se assume" ou o fatal "é do conhecimento comum", para que um raciocínio fique fundamentado.
Hoje sei que a Manuela não faz a mínima ideia de quanto é o déficit ou o PIB e que ninguém sabe quantos desempregados existem, quanto se gasta com a saúde, ou mesmo quantos acessores existem no governo.

Às vezes fico deprimido e convenço-me que isto é um país de brincar, e que o futuro é um buraco negro. A maioria das vezes sou optimista e sei que isto é uma locomotiva em auto-gestão, e que vai sempre certinha no carril do futuro risonho...

PP:
Li que o lançamento do quinto volume do Harry Porter ocorreu no Panteão Nacional, com decoração de motivos de feitiçaria e fumos a condizer... Será mesmo verdade?
Li no Aviz (e visitei) sobre a Biblioteca Invisível. Acho que vale a pena.
A nova catedral foi inaugurada! Isso entusiasmou-me e vou escrever mais um post do coração vermelho...

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