31 de março de 2005
Quem pediu o grito?
1893
A gifted Norwegian painter and printmaker, Edvard Munch not only was his country's greatest artist, but also played a vital role in the development of German expressionism. His work often included the symbolic portrayal of such themes as misery, sickness, and death. The Cry, probably his most familiar painting, is typical in its anguished expression of isolation and fear.
Sim visitei ontem a casa. Fui recebida por uma senhora chique, a fumar cigarro sobre cigarro.
A casa era linda e completamente anos 50. Mas a precisar dumas belas dumas obritas,
Portanto, ficará para a próxima.
Logo é gozar as férias vilenagem:)
Já vos disse que tirei uns dias?
Abeijo-vos e vou-me.
Traduções
Lamento, mas há uma tradução do Purcell que deixa algo a desejar. É claro que basta juntar dois tradutores para dar barraca, mas, enfim...
Veja-se estes dois versos do Purcell
so kiss my arse disdainful sow
good clatter is my mistress now.
que foram traduzidos como
beija-me o cu, desdenhosa criatura.
Demasiado suave. O que o homem diz mesmo é
Beija-me o cu, porca desdenhosa,
Pelos vistos o MVC confundiu clatter com claret (assumindo que o Purcell não confundiu os termos, claro!). E sow é uma daquelas porcas grandes que produzem leitõezinhos na Bairrada.
E a propósito, aqui fica isto, sem tradução e virtualmente intraduzível. Acho que se perceberá a tendência...
Clatter
Peter Finch
I love you
I keep saying oh
On the bus you
Hear me coming up
The stairs clatter
And I'm going to say
It again sorry I love you
Clatter you're embarrassed
All your friends mmmm
Why don't I just erase
The stairs clatt
Love you saying oh
I keep coming up th
And I'm going to sorry
Your frien on the bus erase
All your clatter
Why don't I
Just hear me again again
I love you I love you
Why mmmmm again
The love oh oh
I keep embrarrassed
All your friends clatter
On the bus love clatter
On the stairs clatter
Hear me oh oh
Sor Why don't
Embarrassed embarrassed
Embarrassed embarrassed
mmmm erase
Lov lov
Cl c clatter
I'm going to
Stairs like a again fr
Stairs like a barrier suck the
Breath in and just say it
mmmm oh oh oh oh
I'm sorry I love you you
Stairs and clatter I do again
Again I'm amazed
All yr your y yr your
Oh I'm embar mmmm
I love your clatter I am a friend
Sorry about the the stairs don't go anywhere
Why do I
Your bus your clat
Your row of shining faces ears
Why don't I
They make me red
again I cla cla clatter
I clatter again
I keep saying so your
Loud clatter and shrieks
Your army of fren I don't have any
I am so erased but bolder
I swagger
Again I am on the stairs hello
I am sorry I am
You are always sorry
I am sorry I love you don't be don't be
Oh you say
Your friends are gone clatter
Embarassed erase erased
Hear me coming com I
Again I love you oh oh
Again I clatter
I am not sorry I love you
I am not era erase
Mmmm you say oh you love me
Maybe this time this time
No clatter won't be erased
Bus is love oh
B bus breast coming up the stairs
Your friends r erase
I keep saying I keep saying I keep saying
Clatter if you love me I say
All your friends on the stairs
Cheering hooray oh
I love you I love you I keep clattering
Mmmm you too now not now em embarassed
Love and clatter it's okay it's okay it's okay
semana henry purcel, parte quatro. devemos sempre providenciar o melhor de nós próprios
sir walter enjoying his damsel one night,
he tickled and pleased her to so great a height.
that she could nnot contain t’wards the end of the matter
but in rapture cried out. ‘oh sweet sir walter,
oh sitter swatter switter swatter switter swatter…’
mais uma vez a tradução do senhor secretário de estado mário vieira de carvalho:
sir walter gozando certa noite com a sua amante
titilou-a e deleitou-a a tal ponto,
que ela não se conteve até ao fim
sem gritar em êxtase: 'oh doce sir walter,
oh switter swatter switter swatter switter swatter...'
CRISE?...QUAL CRISE?!?!?
Obrigatório...
E uma peça sublime: Elvis Costello & The Brodsky Quartet - The Juliet Letters. Schubert gostaria de ter escrito isto.
Por oito euros e noventa e cinco.
Deus existe.
30 de março de 2005
anomia adolescente
Não se pode, percebi mais tarde, gritar, ARREBENTA A BOLHA, e reiniciar o jogo, tendo já determinado o esconderijo - o plano bem claro na cabeça - que ofereça as melhores possibilidades.
vincent
o resto é história.
e arte.
Vivo, mas...
Se não me ponho a pau daqui a pouco estou como o Purcell.
O português é uma língua tramada.
Acho melhor parar por aqui!
semana henry purcell, parte três. maus momentos todos temos. o importante é manter a calma
once, twice, thrice, i julia tried
the scornful puss as oft denied
and since I can no better thrive
i’ll cringe to no’er a bitch alive
so kiss my arse disdainful sow
good clatter is my mistress now.
a pedido de várias famílias, aqui vai a tradução do se nhor secretário de estado mário vieira de carvalho:
uma, duas, três vezes tentei seduzir júlia.
a insolente gata recusou sempre:
e como eu não posso fazer melhor,
não mais andarei atrás de qualquer oputra cadela.
beija-me o cu, desdenhosa criatura.
o bom clarete é doravante a minha amante.
29 de março de 2005
Novas medidas da Comuna
A Comuna, concordando com os argumentos do cidadão Ricardo, mutatis mutandis, (...resta saber quem paga os médicos e quem é que estará disposto a tirar esse curso e exercer essa profissão no caso dos médicos passarem a receber "salários sociais"...) decide que os trabalhadores da recolha lixo passam a receber o dobro do salário único, de facto, quem é que estará disposto a recolher os dejectos dos outros pelo pagamento de um "salário social".
A advocacia deixa de ser uma profissão liberal passando os advogados a receber o salário único e tendo como tarefa a construção do "edifício jurídico" para a nova ordem económica. Os que não aceitarem esta tarefa podem dedicar-se livremente à mendicidade até ao valor estabelecido para o salário único.
Os juízes e magistrados do Ministério Público são "irrecicláveis".
O assalto aos céus continua.
Viva a Comuna
Alô... Alô... grelos e nabiças.
Com combinação por aqui, planos para ali, os últimos dias de férias prometem ser mais agitados do que estava à espera. Depois logo vos contarei... e mostrarei.
PP: Sigo as indicações da chefinha, nada de polémicas (por agora...): acabou a quaresma, é tempo de paz, alegria e júbilo! Mas, por interposta pessoa, aconselho o post do Besugo – Grelos e Nabiças de 22 de Março - sobre o caso Terry Shapiro.
semana henry purcell, parte 2. o melhor estrumado jardim
young john the gard’ner, having lately got
a very rich and fertile garden plot
bragging to joan, quoth he ‘so rich a ground
for melons cannot in the world be found’
‘that’s damned lie’ quoth joan ‘for i can tell
a place that does your garden for excel’
‘where’s that?’ says john ‘in my arse’ quoth joan ‘for there
is store of dung and water all the year’
tradução de mário vieira de carvalho:
john, o moço jardineiro, tendo acabado de adquirir
um riquíssimo e fértil jardim,
vangloriava-se junto de joan, dizendo
para melões não há-de haver ‘ terra tão rica em todo o mundo’
‘isso é uma refinada mentira’ respondeu joan ‘ pois eu sei
de um lugar que ultrapassa de longe o teu jardim’
‘e onde é’ pergunta-lhe ele. ‘o meu cu’ – responde joan
‘pois tem estrume e água durante todo o ano’
dificuldade de governar
1
todos os dias os ministros dizem ao povo
como é difícil governar. sem os ministros
o trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
nem um pedaço de carvão sairia das minas
se o chanceler não fosse tão inteligente. sem o ministro da propaganda
mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. sem o ministro da guerra
nunca mais haveria guerra. e atrever-se-ia a nascer o sol
sem a autorização do führer?
não é nada provável e se o fosse
ele nasceria por certo fora do lugar.
2
é também difícil, ao que nos é dito,
dirigir uma fábrica. sem o patrão
as paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
se algures fizessem um arado
ele nunca chegaria ao campo sem
as palavras avisadas de um industrial aos camponeres: quem
qe outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? e que
seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.
3
se governar fosse fácil
não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como os do führer.
se o operário soubesse usar a sua máquina
e se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
não haveria necessidade de patrôes nem de proprietários
é só porque toda a gente é tão estúpida
que há necessidade de alguns tão inteligentes.
5
ou será que
governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
são coisas que custam a aprender?
bertolt brecht
(tradução de arnaldo saraiva, com a colaboração de sylvie deswarte)
28 de março de 2005
Toda a Verdade: o Onanismo
O "meu" Programa de Governo
Artigo I.
As velhas autoridades de tutela, criadas para oprimir o povo de Paris, são abolidas, tais como, comando da polícia, governo civil, câmaras e conselho municipal. E, as suas múltiplas ramificações: comissariados, esquadras, juízes de paz, tribunais, etc., são igualmente dissolvidos.
Artigo II.
A Comuna proclama que dois princípios governarão os assuntos municipais: a gestão popular de todos os meios da vida colectiva; a gratuidade de tudo o que é necessário e de todos os serviços públicos.
Artigo III:
O poder é exercido, no âmbito dos princípios a seguir indicados em pormenor, pelos conselhos de bairro eleitos. São eleitores e elegíveis para estes conselhos de bairro todas as pessoas que nele habitem e que tenham mais de 16 anos de idade.
Artigo IV:
Sobre o problema da HABITAÇÃO tomam-se as seguintes medidas: expropriação geral dos solos e sua comunização, requisição das residências secundárias e dos apartamentos ocupados parcialmente; são proibidas as profissões de promotores, agentes de imóveis e outros exploradores da miséria geral; os serviços populares de habitação trabalharão com a finalidade de restituir verdadeiramente à população parisiense o seu carácter trabalhador e popular.
Artigo V:
Sobre os TRANSPORTES tomam-se as medidas seguintes: o "metro", os autocarros, os trens suburbanos e outros meios de transportes públicos são gratuitos e de livre utilização; o uso de viaturas particulares é proibido em toda a zona parisiense, com excepção das viaturas de bombeiros, ambulâncias e de serviço ao domicílio; a Comuna põe à disposição dos habitantes de Paris um milhão de bicicletas cuja utilização é livre, mas não poderão sair da zona parisiense e seus arredores.
Artigo VI:
Sobre os SERVIÇOS SOCIAIS tomam-se as seguintes medidas: todos os serviços ficam sob controlo das juntas populares de bairro e são geridos em condições paritárias pelos habitantes de bairro e os trabalhadores destes serviços; as visitas médicas, consultas, assistência médica e medicamentos são gratuitos.
Artigo VII:
A Comuna proclama a amnistia geral e a abolição da pena de morte e declara que a sua acção se baseia nos seguintes princípios: dissolução da polícia municipal, dita polícia parisiense; dissolução dos tribunais e tribunais superiores; transformação do Palácio da Justiça, situado no centro da cidade, num vasto recinto de atracção e de divertimento para crianças de todas as idades; em cada bairro de Paris é criada uma MILICIA POPULAR composta por todos os cidadãos, homens e mulheres, de idade superior a 15 anos e inferior a 60 anos, que habitem o bairro; são abolidos todos os casos de delitos de opinião, de imprensa e as diversas formas de censura: política, moral, religiosa, etc;
Paris é proclamada terra de asilo e aberta a todos os revolucionários estrangeiros, expulsos pelas suas ideias e acções.
Artigo VIII:
Sobre o URBANISMO de Paris e arredores, consideravelmente simplificado pelas medidas precedentes, tomam-se as decisões seguintes: proibição de todas as operações de destruição de Paris: vias rápidas, parques subterrâneos, etc; criação de serviços populares encarregados de embelezar a cidade, fazendo e mantendo canteiros de flores em todos os locais onde a estupidez do "urbanismo do automóvel" levou à solidão, à desolação e ao inabitável; o uso doméstico (não industrial nem comercial) da água, da electricidade e do telefone é assegurado gratuitamente em cada domicílio; os contadores são suprimidos e os empregados são colocados em actividades mais úteis.
Artigo IX:
Sobre a PRODUÇÃO, a Comuna proclama que: todas as empresas privadas (fabricas, grandes armazéns , Tc) são expropriados e os seus bens entregues à colectividade; os trabalhadores que exercem tarefas predominantemente intelectuais (direcção, gestão, planificação, investigação, etc) periodicamente serão obrigados a desempenhar tarefas manuais; todas as unidades de produção são administradas pelos trabalhadores em geral e directamente pelos trabalhadores da empresa, em relação à organização do trabalho, distribuição de tarefas; fica abolida a organização hierárquica da produção; as diferentes categorias de trabalhadores devem desaparecer e desenvolver-se a rotatividade dos cargos de trabalho; a nova organização da produção tenderá para assegurar a gratuidade máxima de tudo o que é necessário e diminuir o tempo de trabalho. Devem-se combater os gastadores e parasitas "profissionais". Desde já são suprimidas as funções de contramestre, cronometrista, psicotécnico e fiscal.
Artigo X:
Os trabalhadores com mais de 55 anos, que desejem reduzir ou suspender a sua actividade profissional, têm direito a receber integralmente os seus meios de existência. Este limite de idade será menor em relação a trabalhos particularmente custosos.
Artigo XI:
É abolida a ESCOLA "velha". As crianças devem-se sentir como em sua casa, aberta para a cidade e para a vida. A sua única função é a de torná-las felizes e criadoras. As crianças decidem a sua arquitectura, o seu horário de trabalho, e o que desejam aprender. O professor antigo deixa de existir: ninguém fica com o monopólio da educação, pois ela já não é concebida como transmissão do saber livresco, mas como transmissão das capacidades profissionais de cada um.
Artigo XII:
A submissão das crianças e da MULHER à autoridade do pai, que prepara a submissão de cada um à autoridade do Chefe, morreu.
- O casal constitui-se livremente com o único fim de buscar o prazer.
- Portanto, a propriedade privada é abolida.
- A Comuna proclama a liberdade de nascimento: o direito de informações sexual desde a infância, o direito ao aborto, o direito a anti-concepção.
As crianças deixam de ser propriedade de seus pais. Passam a viver em conjunto na sua casa (a Escola) e dirigem a sua própria vida.
Artigo XIII:
A Comuna decreta: todos os BENS DE CONSUMO, cuja produção em massa possa ser realizada imediatamente, são distribuídos gratuitamente; são postos à disposição de todos nos mercados da Comuna.
Por Favor Senhor Presidente Jorge Sampaio, Dissolva Este Parlamento e Demita Este Governo!!! (2.)
Mas o mais criticável é que os recém-licenciados cuja contratação é agora facilitada são precisamente aqueles que têm maior facilidade em encontrar emprego por si sós: gestores, engenheiros e cientistas das áreas tecnológicas! Os socialistas decidem assim pôr em prática uma política em que se visa ajudar um grupo muito específico de pessoas... que estão nas melhores condições para não necessitarem de qualquer ajuda! São jovens, recém-licenciados pelas universidades e com licenciaturas nas áreas com melhor e mais fácil penetração no mercado de trabalho. Os socialistas mostram pois que existem para ajudar os ricos!
Havendo tanto dinheiro tão facilmente disponível para gastar em pessoas que à partida têm óptimas condições para iniciar uma vida, não faria mais sentido gastar esse dinheiro com pessoas um poucochinho mais necessitadas, por exemplo... pobres? Ou será que despender dinheiro fácil em estudantes pobres, famílias com deficientes físicos, velhos doentes, toxicodependentes em reabilitação, por exemplo, já é considerado demagogia na perspectiva dos socialistas portugueses???
Por favor Senhor Presidente Jorge Sampaio, dissolva este Parlamento e demita este Governo JÁ!!!
Por Favor Senhor Presidente Jorge Sampaio, Dissolva Este Parlamento e Demita Este Governo!!! (1.)
Outro problema em si mesmo é a dimensão da despesa pública em relação ao PIB e em relação à qualidade dos serviços públicos. Pondo de lado a ideologia, isto não seria um problema se os serviços públicos fossem de uma qualidade excelente. Mas não são, antes pelo contrário e, por isso, a dimensão da despesa pública comparada com a péssima qualidade dos serviços é um gravíssimo problema de desperdício de recursos e de qualidade de vida: num país em que o cidadão comum depende muito do Estado, ou o Estado melhora a qualidade daquilo que oferece ao cidadão, ou reduz a quantidade daquilo que oferece, reduzindo a despesa, reduzindo as contribuições que exige ao cidadão e deixando este com maior rendimento disponível para gastar em serviços de qualidade oferecidos pelos privados. Caso contrário, o cidadão fica sem meios para pagar a qualidade privada e fica sem tempo nem pachorra nem saúde para receber a porcaria que o Estado lhe oferece.
Com o laxismo agora atribuído ao cumprimento dos critérios do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o Governo PS prepara-se não só para não reduzir o défice e a despesa como para deixar aumentar o défice e, consequentemente, aumentar a despesa. Ou seja, o Governo PS assumidamente vai piorar um problema que já é mau, o do défice. E é de prever que assumidamente piore outro problema que já é mau, o da dimensão da despesa pública.
Todos os governos socialistas em Portugal foram irresponsáveis e maus gestores em termos de gestão das finanças públicas. Este novo governo socialista, ainda por cima dispondo à partida de maioria absoluta!, já assume que vai de forma deliberada praticar uma política irresponsável e de má gestão. Essa política prejudica o Estado, prejudica a economia e prejudica todas as pessoas.
Por isso, Senhor Presidente Jorge Sampaio, DISSOLVA O PARLAMENTO que apoia um programa de governo declaradamente irresponsável e DEMITA ESTE GOVERNO!!!
Não quero a repetição dos maus governos socialistas, ainda por cima no caso em que o actual governo tem força e legitimidade política para ser diferente dos antecessores e resolver os dois tipos de problemas políticos mais graves em Portugal: a má gestão financeira e a má organização da administração pública.
O que se vai passar nos próximos quatro anos é isto: aumento do défice e da despesa durante a fase ascendente do ciclo económico. Daqui por 4 ou 6 anos, na fase descendente do ciclo, os estabilizadores macroeconómicos automáticos tenderão a aumentar por si ainda mais a despesa o que, das duas uma, vai obrigar a: ou a elevar ainda mais o défice, a despesa e o stock de dívida pública em percentagem do PIB para valores só comparáveis aos do tempo em que os políticos tinham de chamar o FMI a Portugal, ou a compensar o acréscimo da despesa decorrente dos estabilizadores através de cortes em despesas de investimento e outras despesas correntes, ou seja, a praticar política pró-cíclica durante a recessão com todos os graves problemas económicos e sociais associados.
Sócrates e outros preparam-se para repetir a péssima política de Guterres, ela própria herdeira de outras péssimas políticas financeiras. A única dúvida é esta: que desculpa arranjará Sócrates para abandonar o barco daqui a 6 anos?
Aluguer de sonhos
Era uma casa que nunca mais acabava. Tinha uns armários enormes, tipo quase masmorras muito estragados e decrépitos. Eu não sabia para onde me virar, os corredores sucediam-se uns aos outros. De facto tenho um grande envolvimento com os corredores, desde a infância. Logo eu que ODEIO correr.
Ando a dormir mal, a pensar se alugo a casa ou não. Faço contas a ver se é razoável ou luxo asiático. Os amigos dão-me conselhos díspares. Os pragmáticos mandam-me reduzir despesas, os filosóficos sentir o astral da casa. Os mais do que pragmáticos mandam-me alugar um quarto a um estudante . Os optimistas dizem que diferença de 200 Euros é irrelevante, os pessimistas dizem "Porque é que não compras uma casa? Tanto dinheiro para nada".
Depois olho para a tralha infinda que tenho em casa e suspiro. Vai dar TANTO trabalho.
Peguei no telefone e falei com o senhorio. Ok, quarta feira às 15 horas, a mãe do senhor vai mostrar-me a casa. Com sorte talvez me adopte e me legue a casa:)
A sério, ando irritável, chata e rezinguenta . Dizem que mudar de casa equivale em termos de trauma a uma separação, a morte de um ente querido, perca de emprego...
Ricardo estás proíbido de interpretar o sonho!!!!
Alô... Alô... está a chover.
Hoje voltou o cinzento e a chuva. Logo hoje que é dia da Srª da Redonda.
Ora, o que é que hei-de fazer... Nada? Ler um livro? Ir até Portalegre? Já sei, vou tirar à sorte!
semana henry purcell, parte 1. as angústias da puberdade
the miller’s daughter riding to the fair
without a saddle upon a scurvy mare,
cried, ‘oh mother, I’m quite undone,
i’m all o’ergrown with hair’
‘away you silly daughter,
‘tis ev’ry she’s concern,
and if you believe me,
look here, and you may learn!’
then taking her aside,
dhe made the matter plain:
‘oh mother, you’re ten times worse, why sure
uou ride upon the mane !
tradução de mário vieira de carvalho:
para a festa vai a filha do moleiro
montada sem sela numa pileca
e grita: ‘estou perdida,
estou toda coberta de pelos’
‘vai, minha parva,
isso acontece com todas,
e se não acreditas,
olha para aqui, que logo aprendes’
então chamando-a à parte,
pôs tudo em pratos limpos:
‘mãe, contigo é dez vezes pior, pois decerto
cavalgas sobre a crina’
Alabama Song
Oh, don't ask why, oh, don't ask why
Show me the way to the next whisky bar
Oh, don't ask why, oh, don't ask why
For if we don't find the next whisky bar
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you
I tell you
I tell you we must die
Oh, moon of Alabama
We now must say say good-bye
We've lost our good old mamma
And must have whisky
Oh, you know why.
Show me the way to the next pretty girl
Oh, don't ask why, oh, don't ask why
Show me the way to the next pretty girl
Oh don't ask why, oh, don't ask why
For if we don't find the next pretty girl
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you
I tell you
I tell you we must die
Oh, moon of Alabama
We now must say good-bye
We've lost our good old mamma
And must have a girl
Oh, you know why.
Show me the way to the next little dollar
Oh, don't ask why, oh, don't ask why
Show me the way to the next little dollar
Oh, don't ask why, oh, don't ask why
For if we don't find the next little dollar
I tell you we must die
I tell you we must die
I tell you
I tell you
I tell you we must die
Oh, moon of Alabama
We now must say good-bye
We've lost our good old mamma
And must have dollars
Oh, you know why.
Bertolt Brecht
"The Rise and Fall of the City Mahagonny "
(à procura da outra, encontrei esta canção:)
Novos governantes.
O Diogo Freitas do Amaral foi saneado pelo governo e substituído pelo Mourinho.
Começou a sua tounée política por Israel. Pelo que percebi, vai também deslocar-se brevemente a África.
27 de março de 2005
é preciso agir
outras coisas no dia-a-dia também
é preciso agir
primeiro levaram os comunistas
em seguida levaram alguns operários
depois prenderam os sindicalistas
depois agarraram uns sacerdotes
agora estão me levando
bertold brecht
Perguntarão vocês porque é que estaDona Frutuosa ao vosso dispôr águas quentes e frias e preços módicos não está a almoçar com o seu Etelberto um belo dum cabrito em vez de estar para aqui na converseta mas na verdade vos digo sendo eu veridica e positiva ele ainda está de turno no quartel com o putro bombeiral e imagine-se que lhe fui comprar uns moranguinhos e um chantillyzinho que o calor faz estremecer os corpos e apetece-me fazer umas porcariazitas sim que nem só de cabritos vive uma mulher também há que dar uso à imaginação e prontos uma mulher é assim uma guerreira menina que sofre que ama ou como era a canção do coiso que voltou para chatear o senhor professor muitas vénias Carmona que ele beijou-me outro dia na paiva Couceiro lá numa visita qualquer e até se pôs a jogar ao lerpa com a velharia eu acho que ele devia era fazer qualquer coisa à pele o senhor professor Carmona mas que é fino homem é de porte e deve ser bom de cama e isso porque tem um impeto qualquer contido que me agrada e também vi um brasileiro moço de obras pedreiro menino muito comivel carregado de doze garrafas de litro de cerveja quando o meu etelberto arrefecer vamos a ver se este será de bom serviço e eis que soou a sirene do quartel queria pedir ao senhor das músicas carlos porque não pranta aí a semana do Dino Meira do do Toy em vez de só gente estrangeira que não se percebe nada deem-me Emanuel e rapazes com viço e meninas vocês andam muito recolhidas e o menino Pipinho só fala em Borba ao menos esse avia uns canecos e querido menino Ricardo tanto sonho faz mal meta-se a caminho e fornique umas cachopas e a todos todos todos muitos beijos com a boca cheia de baton cor de laranja que eu hoje estou repenicosa de vaidosenta que sou e cheia de rendas e decotes de cores que as meninas até coravam de vergonha e prontos vou ai a porra do cabrito já cheira e ouço o meu adorado etelberto ós berros por mim na escada .
Adições.
Fabuloso o senhor.
Eis a descrição do blog pelo próprio:
E para os preguiçosos, transcrevo um post. Para o resto vão ler na origem. Vale muitissimo a pena, obrigada Orlando.
"11 de março, 2005
Sério, que tipo de gente?
Que tipo de pessoa reclama quando se fala mal do Brasil? Falar mal do Brasil é a nossa única qualidade; é a nossa pequena e voluptuosa tradição. Outros países cometem a boçalidade de amar a si mesmos e, muito freqüentemente, odiar judeus; nós odiamos a nós mesmos, o que é muito menos cretino e até mesmo mais elegante. E até isso querem nos tirar?
Querem que sejamos como americanos, que cometem a boçalidade de amar o próprio país? Parem de copiar os americanos e aprendam a odiar o próprio país, como gente decente. Quando estamos todos num carro rindo do Brasil, como sempre acontece, e de repente ouvimos a sua voz fininha vindo do banco de trás, dizendo “Ai, gente, vamos parar com isso, é o nosso país” – dãaa, tem sempre um retardado que diz isso - tenho a certeza que nunca vi tamanha falta de brasilidade quanto a sua.
Encontros imediatos de Primeiro Grau.
Passada aquela fase, não envelheceste nada e está tudo na mesma, (grande mentira), adaptamos o discurso, no caso uma conversa português/italiano, com algum recurso à mímica e a outras linguas auxiliares ( inglês e francês).
Alegremente percebemos que eles odeiam tanto o Tabucci, como nós o Saramago e eventava o italiano, como os espanhóis desgostam do Almodovar.
E foi assim que me sugeriram ler o Sergio Atzeni, sobre o qual um deles escreveu um artigo que vai ser publicado na "Ler". Como desconheço de todo , vou mesmo ler sem aspas. Acharam estranhissimo que eu conheça o Cesare Pavese, o Calvino e sobretudo o Andrea Camilleri. Ora o comissário Montalbano, do Camilleri é exactamente uma das minhas paixõezinhas secretas. Como neste país ainda achamos que a literatura policial é uma arte menor, ninguém mais tinha lido nada do senhor. Fiquei reluzente, de impante que me senti.
Acho graça a estes encontros, em que acabamos com uns papelinhos cheios de notas e referências e também cobertos de pó de estarmos a manusear fotografias antigas. Fundamentalmente satisfeitos, porque apesar da distância e tempo, continuamos a saber rir juntos e a construir formas de entendimento.
É bom isto e eu gosto.
(claro que acham Portugal muito melhor que Itália... Quem sou eu para desmentir essa ideia? )
Alô... Alô... isto está difícil
E o dia venceu definitivamente a noite. Esta encolheu uma hora e ganhamos claridade às oito da tarde. Sim, os dias são outros.
PP: Greee... isto não dá. Está sempre a pifar: até os comentários têm dificuldade de entrar e nem tento por imagens. Estas ligações por linha telefónica normal são mesmo do século passado.
PPP: Não se esqueçam:são 11:15!
26 de março de 2005
Nos últimos anos, rio-me menos. Porque o subsolo de Lisboa assusta-me cada vez mais.
Hoje de escantilhão, ainda a cidade dormia e que bem que ela dorme, fui chamada para um buraco em frente ao CCB. Um carro parou para verem o programa musical da temporada e a calçada abriu-se. Ninguém se magoou, mas o buraco está lá. Um bocadinho de calçada e cimento e um enorme vazio . Uns metros jeitosos.
Qualquer dia andamos em bicos de pés nesta cidade arenosa e imprevisível. Entretanto valha-nos a Senhora de Fátima, que nada deixa de acontecer de muito errado.
A não ser os mortos na estrada. Ontem já eram nove e era o primeiro dia.
Comecei a semana a conviver com cadáveres. Carbonizados.
Teremos que definir e aperfeiçoar estas regras de migrações ciclicas. Porque não se justificam mortes por se irem gozar férias. Falta de precaução, velocidade, mau estado das estradas.
A vida afinal é só uma.
Já sei, já sei, acordei catastrófica. Chegou uma amiga italiana e logo vou jantar com ela. Talvez melhore o nevoeiro da cabeça.
:)
Desculpem ser chato
Subscrevo em tudo: se a actual lei já permite que qualquer mulher possa abortar até as 12 semanas (como acontece em Espanha), para quê mudar a lei? É evidente que terá sempre que existir uma avaliação prévia, feita por médico diferente do que vai executar o procedimento, para “confirmar” os danos que a gravidez causa à saúde psíquica da mulher.
Às vezes não percebo o que querem os defensores da urgente mudança da lei... que a mulher chegasse à urgência de um hospital, tipo - Estou grávida, quero efectuar um aborto! – Claro... passe à sala 2 e vamos já a isso!
Parece que o Guterres também está de marcha para a estranja. Parece que o caminho do Cavaco fica cada vez mais livre. Não me parece que o anão – perdão, o Vitorino – esteja à altura – perdão, tenha currículo – de ser candidato presidencial. A não ser que il capo... não, não pode ser: estou a sonhar!
Alô... Alô... ouve-se bem?
Estou numa casa antiga, naquela rua que se vê ali em baixo, mesmo ao lado da antiga casa dos meus avós paternos (que agora é do meu primo). Casa das Formigas chamamos-lhe nós: quando os meus pais a começaram a recuperar, viemos um dia ver, olhar e opinar sobre as diferentes opções... a Gena, que devia ter, mais ou menos, dois anos só disse: bahhh, é só formigas... é a casa das formigas! E assim ficou.
Mesmo ao lado da casa dos meus avós, dos quais me lembro bem (das feições, do aspecto) mas de que guardo poucas recordações do que faziamos. Da minha avó lembro-me de estar sempre ao lume, a fazer comida ou qualquer outra coisa. Do meu avô recordo-me bem de ir, de mão dada com ele, ver a chegada e partida das camionetas da Setulalense, alí onde é agora o café do Fatã.
As camionetas da Setubalense... nas primeiras viagens de Portalegre a Alpalhão, ainda os meus pais não tinham carro, vinhamos na camioneta da carreira. Achava aquilo uma viagem extraordinária, demorava bem mais de uma hora, parava mais de vinte vezes em tudo o que sítio, entravam e saiam pessoas com os mais estranhos atavios e bagagens. Agora, de carro e a cento e muitos à hora, levam-se 15 minutos e não se vê nada!
Até logo...ou até amanhã!
Sonhos adiados ou como construir uma sociedade mais avançada
O sonho por vezes cai de joelhos. Mas é tempo de o voltar a por de pé ! (salvo seja ) .
Bons sonhos !
25 de março de 2005
Estava esta citação em destaque, no Público de hoje.
Efectivamente, o Júlio Verne era mais do que a aparência dele mostrava. Um burguês certinho, enquadrado na sociedade da época, mas que tinha o prodigioso dom de fazer sonhar e criar realidades completamente diferentes.
Não falo só dos eventos cientificos e tecnológicos, que imaginou muitos anos de eles serem exequiveis, mas mais exactamente a definição do AMF: o deixar-nos guiar pelos nossos sonhos.
Para mim há uma personagem fundamental na obra dele. O capitão Nemo. O homem enigmático, que molda o seu próprio mundo e reconstrói uma realidade que lhe serve. Não esqueço o Ilha Misteriosa, o Herói de Quinze Anos, a Viagem ao Centro da Lua, o Miguel Strogoff, A Volta ao Mundo e tantos, tantos outros. Com ilustrações maravilhosas, alguns ainda herdados de avós e tios, com encadernações que apetecem afagar.
De facto o AMF tem toda a razão. Tem muita sorte aquele que começou a ler pelo prazer de o fazer.
E vou pensar mais no assunto.
24 de março de 2005
Aventura matinal
- Embora, temos que nos levantar… - disse – … e a luz foi-se!
E devia ser geral. Era pouco provável que fosse no quadro da casa pois, a uma hora daquelas, não havia nada ligado e, além do mais, soavam vários alarmes pelas redondezas. Lá fomos confirmar: no quadro eléctrico estava tudo bem e na rua, nem uma luz… sim era avaria na zona.
- Ahhh… e agora, como é que vamos sair daqui…?
Tinhamos os dois carros na parte de dentro da casa e o portão é eléctrico. Logo naquele dia… um deles fica, praticamente sempre, na rua e logo na noite anterior tinhamos que o por cá dentro. Como é que íamos sair dali, como é que os miudos iam para a escola… e logo a Gena com um teste na primeira hora!
- Liga para a EDP… para saber o que é!
E ligámos… após inúmeras perguntas sobre a morada, o nome, o número de cliente, e sobre contas em dia ou não, a voz lá confirmou o óbvio: sim, era uma avaria grave na zona. O piquete já lá estava mas só garantia a resolução lá para as dez horas. Porra!
- Mas o homem não disse que o portão tinha um mecanismo manual?… para casos de emergência?
Lá fomos procurar a chave da caixa-mecanismo do portão. Aberta a caixinha, ficámos a olhar para aquilo como bois para um palácio. Nenhum botão, nenhuma roldana ou alavanca, nada… só circuitos e mecanismos eléctricos. Porque é que não tinhamos tomado mais atenção quando ele abriu aquilo, quatro anos atrás, e explicou como funcionava. E agora?
- Liga à MM… ela sai sempre por volta das oito e pode dar boleia!
E ligámos… e a MM claro que dava boleia, às oito e dez, mais ou menos. Mas não parava de afirmar que o marido dela dizia que o portão tinha que ter um mevcanismo manual: era obrigatório… Sim, mas o que mais importava era despachar muito rapidinho, pois com tudo aquilo só faltava um quarto para as oito. Em menos de dez minutos já estava lá em baixo, prontinho para a partida.
- Merda, sou mesmo parvo… a mota!
Porque é que não tinha pensado nisso antes: a mota podia passar pelo portão pequeno. E lá andei, em puxa à frente, puxa atrás, em esforçadas manobras, até ter a mota já no passeio. Assim, levava a Gena e a MM até podia levar a Nela, se esperasse um pouco. Como é que não tinha pensado nisto antes…
- Gena! Despacha-te…
Gritava-lhe eu do quintal enquanto ela dava os últimos retoques no cabelo. Ainda tinha algum tempo e fui olhar, de novo, para a caixa-mecanismo que continuava tristemente aberta: havia de haver qualquer coisa que fizesse o portão funcionar manualmente. Enquanto perscrutava a coisa, com olhar sábio, encostei-me ao portão… e o sacana começou a deslizar suavemnete apenas com o meu encosto. Com um dedinho apenas, fui empurrando, e ficou completamente aberto. Bastava abrir a caixa para destrancar o êmbolo do motor!
- Foda-se!
Que cachola!
vou ali já venho
Interpretação de Um Sonho
A. não se lembra ou não quer lembrar-se ou prefere omitir os factos sexuais da infância.
Declaração preliminar – No dia anterior à noite do sonho, A. passou o dia na expectativa intensa do jantar dessa noite, a ter lugar com amigos e com S., por quem A. nutre um certo interesse afectuoso. Da parte da tarde, A. deslocou-se à faculdade para obter todas as mensagens de email enviadas e recebidas em formato compacto. O facto significativo do dia e da noite foi o encontro com S..
Dois dias antes do sonho, numa tarde com alguma chuva, A. observou uma camioneta virada de lado a seguir a uma contra-curva na entrada do Eixo Norte-Sul (sentido Norte-Sul). A. achou curioso que, poucos dias após uma reportagem na SIC sobre a perigosidade daquele local e após durante um ou dois anos perguntar-se a si mesmo como era possível nunca terem ocorrido acidentes naquela zona (o que, de facto, era um erro), observasse finalmente um acidente naquela contra-curva.
Sonho de x de Março de 2005 – A. conduz o seu carro por uma estrada com contra-curvas perigosas, ladeada por um monte arborizado e uma ribanceira verdejante. O local por onde se desloca, porém, não é o Eixo Norte-Sul mas sim qualquer zona familiar que A. não consegue identificar. Um acidente com o seu próprio carro sucede. A., a pé, decide ir à procura dos destroços do seu carro e encontra vários carros acidentados ao longo da estrada. Não os encontra e fica a saber que o carro ficou irremediavelmente destruído. Pelo chão da estrada encontram-se carros destroçados, de cujas janelas saem partes dos corpos dos seus ocupantes. A. é totalmente insensível a este cenário.
ANÁLISE[1]
O desejo realizado neste sonho é o de comprar um novo carro. A. tem ponderado realizar essa compra mas não considera haver um bom motivo que a justifique. Sobretudo, A. considera que tal compra seria insensata pela quantidade de dinheiro envolvida. A destruição irremediável do seu carro oferece-lhe um motivo suficientemente forte para a compra. Este desejo, ainda que seja de grande intensidade psíquica no sonho-manifesto, não está relacionado com os factos do dia anterior ao sonho. Isto leva-nos à seguinte questão: existirá no sonho-latente um desejo cuja maior intensidade psíquica tenha sido deslocada para o desejo da compra do automóvel? A chave para esta questão essencial está num outro elemento do sonho-manifesto, elemento ao qual vêm culminar por condensação várias correntes de pensamentos originadas num mesmo elemento do sonho-latente.
A. conduz o seu carro por uma estrada com contra-curvas, ladeada por um monte arborizado e uma ribanceira verdejante – As contra-curvas equivalem evidentemente às da entrada Norte do Eixo Norte-Sul. Em vigília, A. consegue identificar a zona arborizada: trata-se de um local próximo a uma floresta onde A. costuma ir passear de bicicleta ou fazer caminhadas. Nos dias anteriores ao sonho, A. ponderou (desejou) convidar S. a ir a esse local arborizado. Mas este cenário campestre corresponde também ao cenário de um certo jogo de computador de corridas de automóvel. No dia em que A. conheceu S., esta contou-lhe que não só conhecia como havia jogado esse jogo de computador, o que produziu uma sensação mista de espanto e contentamento em A.. Na zona arborizada do sonho estão portanto condensados dois locais: a floresta aonde A. se dirige nos seus passeios e o cenário de um jogo de computador (sendo este um “local virtual”). E ambos os locais são destinos ou origens de duas correntes de pensamentos que provêm ou levam ao elemento de maior intensidade psíquica do sonho-latente: S..
Pelo chão da estrada encontram-se carros destroçados, de cujas janelas saem partes dos corpos dos seus ocupantes. A. é totalmente insensível a este cenário – A insensibilidade daquele que sonha face a cadáveres deverá ser interpretada diferentemente conforme sejam cadáveres de conhecidos ou de desconhecidos. É preciso atender ao pormenor de que o que é visualizado no sonho não são cadáveres mas partes dos mesmos. Os cadáveres não são de pessoas conhecidas: nenhum desejo escondido é satisfeito por esta parte do sonho; as partes dos cadáveres associam-se a uma conversa ocorrida no jantar e que terá sido iniciada por S..
Encontra vários carros acidentados ao longo da estrada – Sendo nítida a dimensão numérica dos carros acidentados (são vários), esta parte do sonho vem enfatizar o facto de que A. estava errado na sua crença de que nenhum acidente havia ocorrido na zona perigosa do Eixo Norte-Sul. Sendo um indivíduo que nunca se deixa convencer por ninguém e que acredita sempre que as suas opiniões são a verdade absoluta, definitiva e eticamente irrepreensível em relação a todo e qualquer assunto[2], porque quererá A. assegurar-se de que uma crença sua possa estar errada? Na noite anterior ao sonho, A. ficou absoluta e definitivamente convencido de que S. não pretende ter jamais qualquer relacionamento de natureza sexual com ele. A motivação para o desejo de as suas crenças serem passíveis de erro é então evidente. Esta parte do sonho-manifesto satisfaz esse desejo.
Tendo o sonho-manifesto sido interpretado parte a parte (ou seja, foi analisado), resta agora proceder ao trabalho de síntese dando resposta ao que falta interpretar: porque razão a intensidade psíquica do desejo de estar errado em relação a uma crença de conteúdo sexual desfavorável foi deslocada para o desejo de comprar um novo automóvel? É sabido que a deslocação é um dos mecanismos ao serviço do processo de distorção dos sonhos e que este processo é realizado com propósitos censórios, ou seja, a distorção visa a repressão de um desejo. O que leva a força censória a reprimir aquele desejo é a atitude consciente e defensiva de A. de não ter expectativas em relação ao que considera ser uma impossibilidade: a de encetar um relacionamento de natureza sexual com S..
Na construção do sonho-manifesto, o elemento automóvel foi seleccionado e foi-lhe atribuído uma importância central. Esta selecção e atribuição é facilmente explicada pelo potencial de múltipla determinação do elemento automóvel. Este elemento associa-se aos factos pouco significativos da reportagem na SIC, da observação do acidente, do jogo de computador. Muito mais significativamente, o automóvel é o espaço de realização de actos de natureza sexual; a compra de um novo automóvel é a alusão a um desejado novo relacionamento. E, de um modo geral, um automóvel está relacionado aos prazeres da velocidade e do movimento, prazeres esses que poderão ter tido a sua génese em experiências com importância sexual durante a infância.
Posto que o trabalho de interpretação do sonho está concluído, a tradução dos pensamentos-sonhados manifestos em pensamentos-sonhados latentes apresenta-se evidente ao leitor: o sonho da estrada com contra-curvas em que vários carros, incluindo o próprio, ficaram acidentados significa a satisfação do desejo de que a crença na impossibilidade de um relacionamento sexual seja errada.
Comentário crítico:
A aplicação do método e dos conceitos associados ao método de interpretação de sonhos de Sigmund Freud permitiu neste caso particular obter com relativa facilidade uma interpretação plena de sentido e coerente sob toda e qualquer perspectiva; é de registar a importância de várias factos ocorridos antes do dia anterior ao sonho, pelo que será útil investigar se esses factos teriam ou não sido lembrados no dia anterior ao mesmo.
Bibliografia:
Freud, S., The Interpretation of Dreams, Wordsworth Editions, England (1997);
_______, Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Livros do Brasil, Lisboa (2001).
[1] O trabalho de análise ora apresentado beneficiou grandemente de ter sido realizado poucas horas após o sonho.
[2] Esta conformação intelectual de A. não terá, de resto, facilitado o trabalho ao intérprete deste sonho (o sujeito da análise “quer-se” inteligente mas dócil).
após a ascensão, virá a semana henry purcell. haja fé !
na segunda metade do século 17 era, seguramente o principal compositor inglês.
foi, na minha modesta opinião, um dos melhorers compositores da história da música inglesa.
entre outras coisas excelentes introduziu os 'catch' na música inglesa.
os catch são uma espécie de cânon a 3 vozes (daí o nome, adaptado do italiano 'caccia').
purcel compôs cerca de 50 catch's que, aquando da publicação 'integral' da sua obra pela 'purcell society', foram censuradas e não incluídos (por demasiado obscenos).
o que proponha para a próxima semana é a leitura dos textos de algumas dessas canções.
lamento não poder incluir nenhum link para as ouvirem (se conseguir digitalizar o vinil que possuo com as ditas, oferecerei cópias aos interessados).
a canção de hoje vai dedicada, com a devida licença dos restantes, ao senhor do borba.
Come, let us drink
come, let us drink,
‘tis in vain to think
Like fools on grief or sadness:
Let our momey fly
And our sorrows die,
All wordly care is madness.
But wine and good cheer
Will in spite of our fear
Inspire our hearts with mirth, boys;
The time we live
To wine let us give,
Since all must turn to earth, boys
Hand about the bowl
The delight of my soul
And to my hand commend it;
A fig for chink!
‘t was made to buy drink
And before we go hence we’ll spend it
de nada serve pensar como imbecis
na dor e na tristeza;
deixemos voar o dinheiro
e morrer as nossas penas.
louco é quem se cuida das coisas terrenas
mas o vinho e a boa carne
apesar dos nossos temores
vão encher os nossos corações de alegria, ó companheiros;
o tempo que vivemos
consagremo-lo ao vinho
pois que todos nós à terra havemos de descer, ó companheiros
passa para cá o copo
delícia da minha alma
que o meu quinhão me volte à mão;
figas para o dinheiro
ele foi feito para pagar o que se bebe
gastemo-lo antes de passar desta para melhor.
A GUERRA DAS QUINTAS...e o Ovo de Colombo
"(…) Enquanto a procuradora do DIAP, Cândida Vilar, defendeu um maior controlo do MP, como titular da acção penal, nas investigações, por sua vez a PJ realçava a autonomia técnica e táctica consagrada na lei. E se o comissário Dário Prates defendeu uma alteração à Lei Orgânica de Investigação Criminal, no sentido de alargar as competências da PSP na investigação de determinados crimes, o inspector da PJ, Leitão dos Reis, considerou que as disposições do actual diploma estão correctas.(…)"
Este excerto de uma notícia do DN motiva o meu comentário que a seguir coloco. Desde já peço desculpa a quem não ache que o tema possa ser inoportuno aqui, ou talvez já esteja saturado do bombardeamento quase doentio a que os media nos têm submetido. Digo doentio, porque nele se denota a quantidade de contradições, interesses e a obscena leveza com que continuam a ser tratadas todas as questões neste nosso canto.
Que me desculpe alguém se o meu desabafo/opinião ferir de certa forma, mas não retirarei o que vou dizer acerca dos visados, aconteça o que acontecer - e até que me provem o contrário.
Ora aí está. A falar é que a gente se entende…e se desentende. Assim reza o ditado e aqui, além de todos se entenderem em pontos de vista comuns, acabam por acrescentar a esse ditado o desentendimento acrescentado. Porquê? Porque da leitura atenta da notícia acima reproduzida, denota-se que cada “poder” = quinta, reclama para si a exclusividade de competências, autonomia de actuação e de manipulação da informação. Nada mais de errado, já que, em matéria de tratamento de informações, ainda não foi retirado dos livros que versam a matéria das Inteligências o princípio básico da partilha de informações entre organismos empenhados na persecução de objectivos comuns. Acontece, como se depreende das declarações dos responsáveis das Instituições acima citadas, que cada um reclama o seu quinhão em exclusividade, por ordem de prioridade de “hierarquia” dentro do quadro Orgânico do Estado e que coloca O MP, em melhor consonância com a PJ e a PSP como parente pobre dos dois primeiros, isto talvez, porque carrega nos seus ombros uma certa carga de bafientos arquivos do regime ditatorial do qual não foi liberta em tempo útil. Aliás, essa carga negativa e que durante anos afastou as Forças de Segurança dos cidadãos, sendo tantas vezes apontada como responsável pelas atrocidades cometidas pela polícia política, tendo sido passada a imagem que o exercício da autoridade do estado era um processo fascizante e castrador das liberdades, direitos e garantias. Durante vários anos é certo que praticamente só se “investiu” no desfiar de direitos e no engordar das ladainhas de poder tudo fazer-se em oposição à autoridade. O Estado e toda uma panóplia de poderes e interesses instalados, a isso contribuíram e chegou-se ao estado actual.
Mas acerca do tema a que refere a notícia, refira-se que é de bradar aos céus e só deveriam ter vergonha, todos estes “notáveis” dirigentes e responsáveis, por terem andado a dormir durante tanto tempo e que os alertas constantes que os homens que diariamente patrulham o país de lés a lés, referindo o aumento visível da violência com armas de fogo, bem como da perigosidade dos arsenais ilegais referenciados. A exclusividade da competência delegada da Polícia Judiciária, reafirmada e reclamada pelos seus directores, a qual não se entende quando é à PSP que está entregue a fiscalização e controle de armas e explosivos em todo o território nacional (inclusive as da própria PJ), explica a vergonha que representa uma Instituição fazer a apreensão de arsenais de armamento de elevada poder letal e destrutivo e fazer disso um grande motivo de orgulho. Foi necessária a morte de homens nas circunstâncias em que ocorreram, mediadas por escasso espaço temporal aliadas à brutalidade e frieza como se produziram. Aliás, talvez para apagar os graves erros (alguns bem crassos), em matéria de Investigação Criminal – vide caso Joana, que desde o seu início denotou falhas gravíssimas na forma como foram preservados vestígios e local provável do crime – se tentou dar especial ênfase a estas acções. Mais uma vez afirmo e reafirmo, que mais valia não deveria ter sido feitas declarações infelizes destes doutos senhores, já que teria maior valor uma acção destas, caso fosse resultado do tratamento, partilha de informações e acções concertadas com quem está no terreno diariamente, o que não acontece, por ainda haver muitas “quintas”.
Deter informação é deter o poder e assim, detendo esse poder, pode-se controlar tudo, inclusive os mecanismos e pressupostos que podem conduzir ao engrandecimento do prestígio e imagem pessoal e não do interesse comum da comunidade.
A Revolução de 25 de Abril, neste aspecto (Gestão de Instituições) não trouxe muito de novo e a prova é a forma como as forças policiais ainda são geridas, tendo poucos anos as alterações a regulamentações orgânicas do funcionamento das mesmas. As reformas e adaptações às novas realidades, bem como às novas Leis, nunca foi realizado – duvido mesmo que tenha sido equacionado – pelo que a máquina foi emperrando perante as incompatibilidades que sempre geram as criação de novas leis, algumas bem radicais e que se incompatibilizam com os velhos procedimentos.
A Polícia de Segurança Pública, no âmbito da nova lei de competências na Área da Investigação Criminal, aliviou em grande parte a PJ de uma série de crimes a que a mesma estava obrigada a resolver, em regime de exclusividade, tendo assim ficado com um leque de crimes de maior complexidade e exigência de conhecimentos técnico-científicos. Assim, à PSP e GNR foram atribuídos crimes que antes “atafulhavam” os gabinetes dos agentes investigadores da PJ e que a eles os remetiam, tirando-lhes a possibilidade de investigar aprofundadamente crimes de complexidade elevada. Os resultados, ao que tenho conhecimento têm sido excelentes, reconhecidos aliás por magistrados e responsáveis de reconhecido mérito, mesmo não tendo acesso privilegiado a determinados meios técnicos (ou quando os há, em pouca quantidade e com elevada abnegação e esforço de quem executa o trabalho).
Retrata pois este artigo um dos muitos males dos quais enferma a Justiça e devassa o seu bom funcionamento e administração, bem como da manutenção da Ordem Pública tanto na vertente preventiva como no aspecto reactivo e de intervenção.
Enquanto andarmos todos de costas voltadas, comunidade civil incluída, e não tomarmos consciência que lutamos por um ideal comum e que esse ideal é a Liberdade, sendo que ela assenta em princípios básicos dos quais a Segurança e Justiça, além de interligados são basilares no garante da manutenção dessa mesma Liberdade, nunca seremos capazes de aplicar o esforço comum na resolução de outros problemas, bem como a serenidade e bem estar na construção de um Estado de Direito cada vez melhor e mais justo.
PS.: Já me esquecia: Ainda há gente que julga ter descoberto o OVO de COLOMBO... (isto não era para se dizer, mas... agora já está.)
23 de março de 2005
a abrilhantadora de egos, ou como ouvir dizer o que sempre sonharam
façam os vossos noticiários
oiçam uma mulher dizer coisas inconfessáveis
sejam felizes
sim, estes voaram...
É tempo de regressar à família, à calma de Alpalhão, tempo de amenas cavaqueiras, de comer o borrego... enfim, tempo de engorda!
Bem Bom (musiquita para animar a tarde)
Uma da manhã - um toque, um brilho no olhar
Duas da manhã - dois dedos de magia
Às duas por três quem sabe onde isto irá parar?
Quatro da manhã caindo, um luar de lua lindo
Uma gota a mais e o chão ia fugindo
Uma da manhã, hey! - Bem bom, duas da manhã - Bem bom
Já três da manhã, hey! - Bem bom, quarto da manhã - Bem bom
Cinco da manhã, hey! - Bem bom, já seis da manhã - Bem bom
Sete da manhã, hey! - Bem bom, oito da manhã - Bem bom
Café da manhã p'ra dois sem saber o que virá depois
Bem bom
Cinco da manhã - ai, sim, coração sigo
O bater das seis e meia de loucura
Sete da manhã - ouvindo um disco antigo
"Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida"
São horas a mais e já não há saída
Uma da manhã, hey! - Bem bom, duas da manhã - Bem bom
Já três da manhã, hey! - Bem bom, quarto da manhã - Bem bom
Cinco da manhã, hey! - Bem bom, já seis da manhã - Bem bom
Sete da manhã, hey! - Bem bom, oito da manhã - Bem bom
Café da manhã p'ra dois sem saber o que virá depois
Uma da manhã, hey! - Bem bom, duas da manhã - Bem bom
Já três da manhã, hey! - Bem bom, quarto da manhã - Bem bom
Cinco da manhã, hey! - Bem bom, já seis da manhã - Bem bom
Sete da manhã, hey! - Bem bom, oito da manhã - Bem bom
Café da manhã p'ra dois sem saber o que virá depois
Bem bom, hey!
Tozé Brito
FALTAVA UM ESPAÇO ASSIM (só para homens)
Booom dia voadores!!!
Se o Mourinho, o homem que sabe tudo, diz que o Benfica é o melhor colocado e mais meritório vencedor da liga portuguesa, vamos vencer! ;-D
eu sei que o assunto não me diz respeito, mas
a igreja católica tem uma elegantíssima sé catedral que é mais do que manifestamente suficiente para as suas necessidades.
não me consta que, excepto para alguns concertos, alguma vez nos últimos anos tenha ficado gente sem poder entrar na catedral por não ter espaço no seu interior.
é das estatísticas que a frequência aos cultos religiosos tem vindo a diminuir.
mas,
a igreja católica vai construir uma nova sé catedral junto à expo.
para novo-riquismo ostentatório de uma igreja que se afirma pobre é de um absurdo gritante.
mas isto é um assunto dos católicos.
se acham que têm milhões de euros para gastar no néon para o brilho e para a glória fáceis, que sejam felizes.
desde que não me peçam para contribuir...
(a parte das contribuições por parte dos impostos que pago ao estado é obvia. mas eu acho que o princípio do utilizador pagador, como princípio, é uma vacuidade intelectual. eu nunca utilizei a estrada que liga pinhel a vilar formoso e acho muito bem que o seu arranjo saia dos meus impostos)
a parte que me deixa triste é porque ainda há pessoas que realmente, honestamente, acreditam na função social e solidária da igreja....
22 de março de 2005
COISAS
CONCEPÇÕES DIFERENTES
País com 16,2 milhões de habitantes, uma área de 41 526 km2, PIB per capita de US$ 26 310 e agora sim o facto mais curioso, as cinco principais cidades: Amesterdão (715 184 habitantes), Roterdão (589 987), Haia (442 159), Utreque (233 951) e Eindoven (197 766).
Se compararmos com Portugal, e apenas à luz destes dados, são sem dúvida concepções diferentes da organização da sociedade.
Se em 16,2 milhões de habitantes, apenas 2,3 milhões vivem nas 5 principais cidades, onde estão os restantes 14 milhões?
Nas cidades, vilas e aldeias de origem.
Também é por aqui que se desenvolve um país mantendo a sua identidade e costumes.
in: ZURUGOA - BLOG
Rescaldos
Ao ler o Besugo dizer ...Sobre o Sporting - Porto digo isto: temos de ir ganhar ao Boavista. Nós, o Sporting. Na Luz ganhamos de certeza. Nos outros sítios pequenos é que não sei... apetecia-me lá ir, lançar umas gargalhadas, e lembra-lo do jogo para a Taça de Portugal.
Ainda sobre a prometida (... mas ainda longe de cumprir) liberalização da venda de medicamentos isentos de receita médica, aconselho o post do Medman Venda livre de "medicamentos de venda livre"... sobre o tema.
Como já andei enrolado em polémicas com um certo boticário de província, espero (não, não espero:exijo!) um post do ABS, pautado pela sua maturidade e connhecimentos, sobre a questão!
Egipto.... Conquistámos o Egipto! A nova política africana está a dar resultados. :)
O antes e o depois...
O jantar de ontem foi muito divertido:)
A Luz é da facto a nossa luz . Adorei conhecer a Mariazinha e o Pedro (aquele deserdado que não escreve).
E hoje lá terei outra festa de aniversário.
Espero não adormecer a meio!!!
Abeijo-vos.
Punta Cana, Março de 2005
Para dar uma ideia, ficam uns bonecos:
Nascer do sol. Tirada, na realidade, no último dia, perto das seis da manhã, hora local (nesta altura já tinha dormido tudo o que havia para dormir).
Área de serviço. Temperatura na ordem dos 23ºC, talvez mais. Sair dali era difícil. A cor é mais bonita ao vivo.
Uma das áreas do sítio. Isto é um dos restaurantes (tudo incluído). Abstenho-me de mostrar mais fotos do mesmo género por ter a consciência de correr perigo de vida.
Este sou eu ao fim de uma semana. Mentira. Na verdade perdi uns milímetros de barriga.
Fim da tarde, a anoitecer. Tirada logo no primeiro dia. Começei à noite e acabei de manhã. Não sei se há uma lição a tirar disto.
Mas esta já cá canta.
21 de março de 2005
Inspirado pelo poema anterior...
Dia mundial da Poesia
Arreitada donzela em fofo leito
Arreitada donzela em fofo leito
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis pachocho estreito.
De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.
A voraz porra, as guelras encrespando,
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando.
Como é inda boçal, perder os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.
20 de março de 2005
Já passou...
Este foi um meio-fim-de-semana, ou seja, meio de trabalho (hoje) e meio de lazer (a acompanhar os campeonatos dos miúdos e em belos repastos).
Resultados…
Recebi duas prendas: A tal moldura com a fotografia das três gerações e o livro Memória das Minhas Putas Tristes.
O dia de hoje foi extraordinariamente calmo: apenas seis doentes observados e uma urgência muito pachorrenta. Foi a compensação das terríveis segunda e terça-feiras… aproveitei para por a escrita em dia.
Campeonatos distritais de ginástica acrobática - juvenis: A Gena ficou em 7º lugar (entre 18 trios femininos) o que não deu para apurar para os Nacionais. Atendendo a que a volante tinha sido recrutada, e treinada, em apenas 15 dias, melhor era quase imposssível. Encaixou bem!
Campeonatos distritais de futebol – infantis: Embate equilibrado, emocionante e disputado até ao último minuto. Resultado final Farense 1 - 1º Janeiro 1. O Manel entrou na segunda parte e cumpriu com denôdo na defesa. O Farense mantém-se num honroso 9º lugar (entre 13), mas com hipóteses de lutar pelo 5º lugar.
Como a Nela está de banco, a Gena num acampamento das Guias e o Manel com um amigo, acabo a noite sozinho em casa. Será que terei medo?
A Cara de Quem Escreve
Sexta-feira passada no Bairro Alto andavam com uma foto de dimensões reais do Gabriel Garcia Marquez para as pessoas tirarem fotos a seu lado. Nunca o li mas pressinto que sei o que ele escreve a partir da cara dele. Será que estarei certo?
Benditos centenários!
Leni Riefestahl
Esta semana vi o triunfo da vontade. Passaram o filme lá na escolinha e aproveitei para o ver. Há muito que estava curiosa, há muito que me intriga a Leni Riefenstahl. No final do filme houve debate, e como em todos os debates sobre o filme acaba-se sempre a discutir o sexo dos anjos, ou no caso, se era ou não a mulher simpatizante nazi. Palavra que é uma discussão que me chateia. Estou a marimbar-me para quem insiste ainda em discuti-lo. A mulher era um génio, e na minha opinião, mais que simpatias politicas ela tinha uma obsessão por fazer cinema - e fazê-lo bem -, como tinha tido antes pelo o bailado (até ter um problema no joelho), como teve depois pela a fotografia. Acho admirável a capacidade para se regenerar assim. Acho realmente que a mulher era um génio - e isso importa-me mais que tudo o resto. Seria um génio até a comer amendoins com os pés. Acho também que se o filme não fosse tão bom (filme que não queria realizar) ela não teria tido nem metade dos problemas que teve depois. Muitos outros não os tiveram. Isso dá-me nos nervos. Não é por ter feito o filme que depois lhe boicotaram todos os planos, é por ter ousado fazê-lo bem.
Quem dera a mim ter uma obsessão parecida. Mas já que me falta o engenho (a mim e ao Raskolnikov) que não me falte a capacidade de admirar quem o tenha.
Foi mais uma noite Triste na Amadora
... as coisas azedaram, mais uma vez na Amadora.
Felizmente não foi dos meus, mas começo a ficar cada vez mais preocupado; deveras muito preocupado.
Foi grave, mesmo muito grave...
Onde, como e quando vai parar?
Percas e danos.
A dor da saudade física é tão insuportável. Não passa , agrava-se apesar de nos acostumarmos a ela. Que remédio.
Tantas vezes que dou por mim com o telefone na mão para ligar à minha mãe. Ou a pensar, porra, este livro era mesmo bom para ela. E quando me lembro do meu pai , sei que seria tão mais feliz se o tivesse.
As percas são dificeis de digerir. É sempre mais fácil de perceber o que acontece aos outros.A morte e a vida.
Fui uma filha tardia, vivi no receio de os perder e quando isso aconteceu não estava de todo preparada. Por mais que estivesse preparada.
A única oração que a minha mãe me ensinou, ou seria a minha avó, era a seguinte: "Deus dê saúdinha ao pai, à mãe, à Nené, aos meus irmãos todos(somos muitos não vou citar) e às cadelinhas". Eu acrescentava ainda amigos, os gatos do quintal, etc, etc, queria era que nada acontecesse a ninguém.
Acho que ainda hoje recito essa ladainha antes de dormir, saúde e felicidade para todos que me consigo lembrar antes de adormecer. (adormeço depressa)
É bom estar viva, apesar de toda a saudade que carregamos. A falta que faz um abraço e um beijo das pessoas que nos faltam para sempre. E de certa forma sou uma pessoa mais feliz por a sentir. É sinal que os amei muito.
E mais um sábado passou a correr.
E hoje sonhei com o meu futuro sobrinho. Não é que era um rapaz? :)
19 de março de 2005
A cavalgada
O prémio está mesmo além, ao fundinho… basta manter o passo certo e não fazer asneiras. O prémio, sim o almejado prémio, só está à espera de ser colhido…
O título é nosso!
Desactivaram as nuvens
tudo seco. todos carecas. não há agua, logo podemos lavar os tomates e a pachacha uma vez por semana. mas só uma vez.
os assaltos, os grandes assaltos à mão armada são às mercearias para roubar água.
A inteligência dos indivíduos é espantosa...permanecem a maior parte do dia nas árvores à procura de alimento....como nos velhos tempos.
o meu!
Porquê?! Porque é o meu! :-)
A todos os outros, booom fim-de-semana!
Agora vou tomar café e uma aspirina, não, não estou de ressaca. Sofro da ausência de cafeína no meu sangue e de dores de cabeça provocadas pela exposição a holofotes… depois vou trabalhar.
Beijos!
18 de março de 2005
Sou disléxico!
Após aturada auto-observação, cheguei a conclusão que a minha mão direira é, em média, cerca de 0.326 segundos mais rápida que a esquerda. De maneira que, se tento teclar com alguma celeridade, sai geralmente erro, tipo "dlea" em vez de "dela".
Nos comentários saem gralhas destas a montes, nos posts tenho que os rever três vezes para não escapar nada. Não tarda nada, passo a escrever com um só dedo. Assim não sai asneira, de certeza!
Notícias:
Amanhã, em Loulé, os decisivos apuramentos para os campeonatos nacionais de juvenis de ginástica acrobática.
Domingo, o emocionante Farense-1º de Janeiro para o campeonato distrital de infantis, no campo da Horta d’Areia.
Hoje é sexta-feira!
Things to Know
Titulo: 6ªf, sei lá....
Quase 100 anos mais tarde os estudantes franceses retomavam este imaginário e enfrentavam o Estado Francês. Em Maio. É um mês especial este.
Entre os communards e os estudantes parisienses, um elemento em comum.
As pedras da calçada. Sous les pavés, la plage.
André DEVAMBEZ
L'Appel.
1907
Emergência
4h36 - Ambulância 265 chega ao local. Contracções de 5 em 5 minutos. Não há VAGA no Hospital.
4h37 - Transporte em marcha lenta...força Alice, respire fundo...já passou...estamos a chegar...Vá lá Alice..descontraia...estamos a chegar...Vá lá Alice, mais uma curva...
5h18 - Finalmente chegámos ao Hospital Garcia de Orta... Não há VAGA no Hospital.
5h39 - Contracções de 3 em 3 minutos... Alice vá lá...desta vez é de vez...vamos para o Hospital do Barreiro...não chore Alice...tenha calma...respire...pense no bébé...desculpe Alice... a estrada está péssima...não nos conseguimos desviar de tanto buraco... coragem...Alice não chores...já estou a ver o Hospital...já tenho eu vontade de chorar...
À Alice dos olhos grandes e assustados menina-mulher, mãe pela primeira vez, e ao bébé Duarte que espero que já tenha nascido desejo as melhores felicidades.
semana de juan del enzina, parte 5. epílogo com drama
esta canção (que aqui posto na extensão de texto que cantei muitas vezes) é um lamento pela morte do filho varão dos reus católicos, joão, em outubro de 1497.
a morte do filho varão provocou um sentimento de perda no reino provavelmente comparável ao que aconteceu em portugal com a morte de sebastião (não muito longe cronológicamente).
o principe joão de espanha era um rapaz fraco fisicamente, mas casou com uma fogosa princesa austríaca de seu nome margarida.
consta que a exigência física demandada pela fogosa senhora deu cabo do futuro rei de espanha.
como escreveu o cronista espanho pedro mártir:
'preso en el amor de la doncella, ya está demasiado pálido nuestro joven príncipe.
los médicos, juntamente con el rey, aconsejan a la reina que alguna vez que otra aparte a margarida del lado del príncipe, que los separe y les dé treguas, alegando que la cópula tan frequente constituye un peligro para el príncipe.
una y outra vez la ponem sobre aviso para que oberve cómo se va quedando chupado y la tristeza de su porte; y anuncian a la reina que, a juicio suyo, se le pueden reblandecer las médulas y debilitar el estómago. le instan a que, mientras sea posible, corte y ponga remedio al principio.
no adelantan nada.'
(pedro mártir de anglería, epístola 176, espistolario).
esta canção do juan del enzina é das coisas mais bonitas que já alguma vez cantei.
tem uma intensidade drámatica deslumbrante.
lembro-me uma noite de fevereiro, há uns anos, em que dei por mim a cantar isto com mais um grupo de amigos na rua, ali para os lados da estrela.
estava nesse momento um bando de franquistas a ocupar as cortes de madrid.
les temps des cerises
quand nous en serons au temps des cerises
et gai rossignol et merle moqueur
seront tous en fête
les belles auront la folie en tête
et les amoureux du soleil au cœur.
quand nous en seront au temps des cerises
sifflera bien mieux le merle moqueur.
mais il est bien court le temps des cerises
où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
des pendants d'oreilles
cerises d'amour aux robes pareilles
tombant sous la feuille en gouttes de sang.
mais il est bien court le temps des cerises
pendants de corail qu'on cueille en rêvant.
quand vous en serez au temps des cerises
si vous avez peur des chagrins d'amour
evitez les belles
moi qui ne crains pas les peines cruelles
je ne vivrai pas sans souffrir un jour.
quand vous en serz au temps des cerises
vous aurez aussi des chagrins d'amour.
j'aimerai toujours le temps des cerises
c'est de ce temps là que je garde au cœur
une plaie ouverte
et dame fortune en m'étant offerte
ne saura jamais calmer ma douleur.
j'aimerai toujours le temps des cerises
et le souvenir que je garde au cœur
jean-baptiste clément e antoine renard