O défice orçamental elevado é um problema em si mesmo. Há muitas razões económicas para que seja um problema em si mesmo. Por exemplo, o défice elevado potencia a inflação, a inflação prejudica todos os consumidores, prejudica todos os trabalhadores e prejudica todos os poupadores.
Outro problema em si mesmo é a dimensão da despesa pública em relação ao PIB e em relação à qualidade dos serviços públicos. Pondo de lado a ideologia, isto não seria um problema se os serviços públicos fossem de uma qualidade excelente. Mas não são, antes pelo contrário e, por isso, a dimensão da despesa pública comparada com a péssima qualidade dos serviços é um gravíssimo problema de desperdício de recursos e de qualidade de vida: num país em que o cidadão comum depende muito do Estado, ou o Estado melhora a qualidade daquilo que oferece ao cidadão, ou reduz a quantidade daquilo que oferece, reduzindo a despesa, reduzindo as contribuições que exige ao cidadão e deixando este com maior rendimento disponível para gastar em serviços de qualidade oferecidos pelos privados. Caso contrário, o cidadão fica sem meios para pagar a qualidade privada e fica sem tempo nem pachorra nem saúde para receber a porcaria que o Estado lhe oferece.
Com o laxismo agora atribuído ao cumprimento dos critérios do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o Governo PS prepara-se não só para não reduzir o défice e a despesa como para deixar aumentar o défice e, consequentemente, aumentar a despesa. Ou seja, o Governo PS assumidamente vai piorar um problema que já é mau, o do défice. E é de prever que assumidamente piore outro problema que já é mau, o da dimensão da despesa pública.
Todos os governos socialistas em Portugal foram irresponsáveis e maus gestores em termos de gestão das finanças públicas. Este novo governo socialista, ainda por cima dispondo à partida de maioria absoluta!, já assume que vai de forma deliberada praticar uma política irresponsável e de má gestão. Essa política prejudica o Estado, prejudica a economia e prejudica todas as pessoas.
Por isso, Senhor Presidente Jorge Sampaio, DISSOLVA O PARLAMENTO que apoia um programa de governo declaradamente irresponsável e DEMITA ESTE GOVERNO!!!
Não quero a repetição dos maus governos socialistas, ainda por cima no caso em que o actual governo tem força e legitimidade política para ser diferente dos antecessores e resolver os dois tipos de problemas políticos mais graves em Portugal: a má gestão financeira e a má organização da administração pública.
O que se vai passar nos próximos quatro anos é isto: aumento do défice e da despesa durante a fase ascendente do ciclo económico. Daqui por 4 ou 6 anos, na fase descendente do ciclo, os estabilizadores macroeconómicos automáticos tenderão a aumentar por si ainda mais a despesa o que, das duas uma, vai obrigar a: ou a elevar ainda mais o défice, a despesa e o stock de dívida pública em percentagem do PIB para valores só comparáveis aos do tempo em que os políticos tinham de chamar o FMI a Portugal, ou a compensar o acréscimo da despesa decorrente dos estabilizadores através de cortes em despesas de investimento e outras despesas correntes, ou seja, a praticar política pró-cíclica durante a recessão com todos os graves problemas económicos e sociais associados.
Sócrates e outros preparam-se para repetir a péssima política de Guterres, ela própria herdeira de outras péssimas políticas financeiras. A única dúvida é esta: que desculpa arranjará Sócrates para abandonar o barco daqui a 6 anos?
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