31 de maio de 2012

União Europeia





















Sou um indelével leitor de jornais. Prefiro mil vez o papel ao online. Com muita pena minha, nos últimos tempos, tal defeito pessoal pouco me tem trazido de gozo. O conteúdo das notícias é rotineiro, chato e monótono. Preocupa-me o futuro dos leitores de jornais se o assunto invasor de todas as notícias não se alterar. A única coisa que muda é o nome das moscas.
No meio de tão pouca substância houve uma frase que me deu algum entusiasmo:
“A união faz a força excepto a Europeia.”

As ervilhas de cheiro

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Talvez fiquem mais bonitas lá fora, mas o aroma intenso das ervilhas de cheiro foi irresistível. Há quem eleja rosas, tulipas, flores sofisticadas... A crescerem selvagens, junto à porta, lembraram-me, na sua simplicidade, que são, desde sempre, as preferidas. Ficam caóticas nas jarras, mas deixam um perfume que nem o mais requintado fabricante de essências conseguiu, até hoje, imitar.

As sardinheiras do quintal.


30 de maio de 2012

Ensaio

E porque adivinhar faz bem às unhas...Reconheceis estes senhores? O que faziam ele? 1957
José  de Castro, Erico Braga, Alina Vaz, Helena Félix e Rey-Colaço, Paiva Raposo, peça Comediantes no D. Maria II.

Milú

Assim era a primeira figura do cinema nacional em 1957, Milú, mostrada pela revista TV Magazine. Editada pela Agência Portuguesa de Revistas iria durar apenas sete meses. Este volume que colige todas as publicadas sofreu fortes danos com água e foi-me oferecida por já não ter valor comercial. Ia para o lixo. Ainda bem que sobreviveu e que está aqui alojado.  A beleza serena de Milú, essa sobrevive.

29 de maio de 2012

As batatas ou quando a imaginação tira férias...

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Hoje tive a visita de uma amiga que sempre opinou sobre algumas postagens pessoais por aqui deixadas. Diz-me ela – rapariga nada e criada no campo mesmo profundo, não neste próximo da cidade, se bem que povoado pela «vida selvagem» de perdizes em bandos avistadas da janela e coelhos destruidores de hortaliças no recanto da horta, dando azo a episódios de desenho animado da infância (hoje é só aquelas coisas de robots e heróis nipónicos de cabelo peculiar) – notar em todos os textos uma notória visão citadina dos espaços bucólicos. Talvez por isso, a colheita do dia tenha merecido fotografia. Sobre as batatas –tema para quando a imaginação tira umas férias – não posso deixar de ficar encantada com a colheita do dia, em tempos por aqui fotografada em fase inicial. Há quem já me compare a alguém que, tendo como obrigação para a sobrevivência, a escrita diária de crónicas, nem sempre encontra tema aliciante. As devidas desculpas por gostar tanto deste tubérculo de cultivo caseiro (e que uma certa e determinada nutricionista por aqui não passe), pois a imaginação também tem direito ao seu momento de lazer.

O encanto do Chocolate

Toblerone, 1928.

"Disciplina"...e "recreio ao ar livre"....

Em flor

Finalmente floriu o primeiro girassol do quintal cá de casa.

28 de maio de 2012

a propósito de uma investigação sobre o uso das amálgamas dentárias

hoje a rtp1 emitiu um programa sobre um um estudo realizado há alguns anos em portugal e nos estados unidos sobre a utilização das amálgamas nas obturações dentárias.

não querendo repetir aqui o que já aqui dissemos sobre o assunto, gostava de lembrar as nossas opiniões nos idos de 2006 sobre o assunto.
como muitas vezes aqui dissemos, o 'dias' faz serviço público, mesmo que não se dê por isso.

os 3 textos publicados em abril de 2006 são os seguintes:


o mercúrio, as amálgamas, o desenvolvimento mental e a saúde das pessoas




aqui na casa costumamos andar avisamos sobre o que nos rodeia

Parabéns, Teresa Guerreiro

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Desejos de um dia muito feliz à nossa anfitriã. É muito bom podermos partilhar contigo este espaço e conhecer-te. Que este aniversário se repita por muito tempo e que o mesmo seja de qualidade. Um beijinho, Teresa.

27 de maio de 2012

Adivinhais?

Reconheceis estes actores portugueses?

Eunice

A minha primeira digitalização no novo scanner A3 oferecido pelo meu querido Miguel. Como sempre, adivinha o meu presente de anos favorito. Eis Eunice Muñoz, linda e de perturbante olhar, em Abril de 1957. Prepara-se para entrar em cena no Avenida, interpretando a protagonista da peça de Pirandello "A desconhecida"

Amélia Pais





Vamos lá. Vamos lá sorrir um pouco. A vida
é isto: fugir-nos como areia entre dedos;
versos soltos por uma outra manhã, ou
versos soltos aconchegando um féretro…
A vida, que é isto (amigos perdem o gás,
súbitos, e vêm então celebrá-los poetas,
os seus queridos poetas), vai descer à
terra, onde nada cessa e tudo se reagrega.
Zona da grã paciência, lá onde o anjo
que partiu dialogará, enfim, com o fantasma;
e os vivos, entre si, pedem lhes seja concedida
nova manhã de luto e luta. Vamos lá, vamos lá.
Paulo da Costa Domingos

Existem pessoas que nos melhoram e inspiram. Foi o caso da minha querida professora Amélia Pais. Tive o grande prazer de a reencontrar através das redes sociais, muitos anos depois de ter tido o privilégio de ser sua aluna no liceu de Leiria. Inspirou muitos dos seus alunos a amarem os livros e a saberem interpretá-los. Sinto já tanto a falta da sua presença discreta e inteligente. Viverá porém sempre na minha lembrança e na de muitas outras pessoas, que como eu, ajudou a despertar para a vida. Era uma mulher notável. Lembro-me de uma pequena nota que deixou numa redacção minha sobre a Escola que eu gostaria de ter:" gosto tanto deste texto, dás-mo?" E eu dei-lho e assim foi publicado no primeiro número da revista O Professor. O sentido de receber da Amélia era este, partilhar com todos o seu imenso gosto pela vida . E agora não tenho mais palavras, apenas uma furtiva lágrima.

25 de maio de 2012

Mulheres dos anos 20

Interessantes diálogos recolhidos por uma jornalista portuguesa em 1928. Aqui entrevista uma célebre advogada, que também era poetisa.
Reconheceis?

Maria Cândida Parreira e Maria Lamas

O inesperado imbecil

Uma razão de peso, Magazine Civilização 1928.

23 de maio de 2012

Aborrecida

Toda a gente tem os seus aborrecimentos, até a bruxa má:) Desenho de Laura Costa e texto de Fernando Pires de Lima para a Majora.

21 de maio de 2012

A fada

E esta fada desenhada por Laura Costa é para mim ainda a verdadeira imagem do que deve ser uma fada.

Majora

E num destes livros morava este pequeno marcador da Majora. Resistiu valentemente marcando uma folha  escolhida por um pequeno leitor. Nem sei porquê, mas fiquei assim a pensar na criança que o ali guardou.

IIlustrações

Comprei esta pequena colecção de livros infantis ontem, na Feira de Portimão. Ilustrações ingénuas mas em que reconheço os meus primeiros livros de histórias.

20 de maio de 2012

Ciganos

Já nos tínhamos cruzado com eles na estrada. Gosto de os ver felizes e livres, orgulhosos e sem medo. Ciganos, pois.

Sozinha

Está sozinha a ver o que se passa mas passa-se pouco. Em Alte.

Galos

Vão ficar dentro da máquina, diz a vendedora do mercado de Messines. E ficaram.

18 de maio de 2012

Nestlé

Deixo ao Carlos Rocha a tarefa de comentar esta imagem. Eu creio ver um R a identificar o autor...
Mas, antes do mais, outra bela ilustração publicitária Da Nestlé, aparecida no Magazine Civilização em 1928.

É um canguru!


Estão lembrados do Cangurik da Nesquik?

Fotógrafo: Estúdio Horácio Novais.
Fotografia sem data. Produzida durante a actividade do Estúdio Horácio Novais, 1930-1980.
Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

Fui ver...

Tocaram à porta e eu fui abrir a correr. Era o carteiro com uma encomenda. Fiz-lhe o meu melhor sorriso e precipitei-me a abri-la. Fiquei logo extasiada com esta capa de Bernardo Marques, para o Magazine Civilização do Natal de 1928.
Muita alegria pode dar o papel velho...

17 de maio de 2012

Quinta-feira de espiga: um auxiliar de memória

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A atravessar Sintra e a lembrar-me, ao ver as vendedoras de rua, que hoje era quinta-feira de espiga. Belas lembranças de apanhar estes ramos pelos campos, com a miudagem da escola primária. De regresso a casa e sem tempo para parar pelas proximidades, comprei um raminho e ficou uma das bancas improvisadas para a fotografia.

16 de maio de 2012

A couve dissidente

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A couve cresceu por ali, no meio das flores. Todas as manhãs, antes de sair de casa, lá a vejo, deixando diversas possibilidades a pairar no pensamento, habitual exercício para quem tenta fugir a ideias formatadas, a verdades inabaláveis. Ocorreu-me que seria uma couve dissidente e tenaz, já que não cresceu por via da mão do homem (esta a hipótese preferida), uma hortaliça com problemas de identidade ou, então, uma couve vaidosa, tentando alcançar protagonismo: talvez se sentisse pouco visível na área escondida do terreno, entre o alho francês, as alfaces e as beterrabas, tendo escolhido a companhia de mais nobres espécies vegetais... Pensando bem, tomei a decisão de lhe respeitar a longevidade, quanto mais não seja, pela ousadia.

Papoilas com cavalo ao fundo

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Cada dia, mesmo seguindo os percursos de sempre, traz a novidade de quem tenta ter “olhos de manhã para ver” (citando uma antiga música de um amigo de juventude, belíssima e a cair no esquecimento, com xilofone e vozes de crianças no pátio da escola, como pano de fundo, mas há que cortar a tendência para a divagação, com regresso ao nobre dever da síntese, obrigação de quase anónima escriba). O animal fixa a fotógrafa, desvia o olhar e, a um chamamento, lá aceita ser figura principal do instantâneo. Para este quadro – antítese de natureza morta – escolheria o título de «papoilas com cavalo ao fundo». E assim se capta uma imagem junto ao café onde se vai comprar o jornal ao final da manhã, sob um clima a africanizar.

15 de maio de 2012

A loja do Manequim à Porta

Já vos tenho contado acerca desta loja, ao Mercado de Santa Clara e agora no blogger.
Visita indispensável para quem ama o passado.

Visitar aqui.

A caixa dos cheiros

No domingo, dia de festa pois então, o Zé, a Sónia e a Maria, trazem esta bela caixa de madeira, cheirosa de tantas ervas boas e ervilhas gorduchas e tenras. Tudo das hortas  lá de casa. Estes pequenos mimos sabem bem.

12 de maio de 2012

A provável origem da raça canina...

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O nome das localidades sempre constituiu foco de particular interesse. Tirando aquelas muito conhecidas, com alusões mais ou menos brejeiras, sempre despertaram curiosidade as que fogem às regras gramaticais, ou que atraem pelo insólito (nas proximidades existe uma «Carne Assada», levando a pensar em como serão designados os naturais do povoado). Fica uma placa toponímica a desafiar as regras de formação do plural. Talvez aqui se encontre a origem do cão de água português.

11 de maio de 2012

25 de Abril

O fotógrafo fotografado.
Eduardo Gageiro por JG.

a importâncias das bandas sonoras

a ideia da banda sonora como ruído de fundo num qualquer programa ou filme é cada vez mais uma coisa do passado.
hoje a escolha das músicas para acompanhar as imagens é cada vez mais cuidada, quer na qualidade do som, quer nos textos.
já aqui falei muitas vezes de canções que descobri a ver uma qualquer coisa e de outras que ajudam a completar uma imagem ou uma história.
e de como pode ser muito diferente a sensação que temos a ouvi-la, se a imagem que a complementa a complementar realmente.
muitas vezes, uma canção fazer parte de uma banda sonora pode lançar um artista ou uma banda de uma forma inesperada.
recentemente, anthony bourdain realizou um dos seus programas 'no reservation' em portugal e, como muitas vezes faz, junta a música à comida.
no programa português juntou a música dos dead combo às suas deambulações pela comida e pelos recantos de lisboa.
o resultado, foi dois albuns dos dead combo estarem entre os 10 mais vendidos pela itunes nos estados unidos no 'sector' músicas do mundo (estranho o facto de o último almo dos dead combo estar nos 10 primeiros nas vendas em portugal na classificação geral e estar ausente na classificação de músicas do mundo..)

anthony bourdain, no reservations - lisboa


10 de maio de 2012

os dois dígitos das exportações portuguesas

de acordo com o relatório publicado pelo ine, as exportações portuguesas cresceram em janeiro e fevereiro acima dos 13%
em março cresceram 8,8%
segundo o nosso primeiro ministro, continuamos bem porque continuamos a crescer a dois dígitos.

infelizmente o crescimento não foi de 8,79%.
seria espectacular neste tempo de crise ter um crescimento a 3 dígitos.

e atravessou a rua com seu passo tímido

todos os dias, de sorriso nos lábios e uma permanente boa disposição, varria as ruas aqui em volta.
uma boa disposição contagiante de jovem contente com o seu dia.
estranhamente não reparamos em quem nos varre as ruas.
o seu sorriso enquanto trauteava umas canções e varria as ruas fazia com que reparassem nele.
ontem, varria o enorme pátio com a boa disposição de sempre.
de repente, como se tivesse sido desligado, caiu.

a longa espera pelos bombeiros
a longuíssima espera pelo inem

ao fim do dia, no local onde viu pela última vez o sol de sintra, continuava arrumada a vassoura e a pá, ainda com lixo, como se estivessem à sua espera para continuar o trabalho.
ele não voltará mais a elas
nem à rua, nem ao sol, nem à vida





















e se acabou no chão feito um pacote flácido 
agonizou no meio do passeio público 


Lisboa dos pregões


"Ainda tão recente e já tão longínqua! Lisboa sem os seus modernos bairros, menos vasta mas mais pitoresca! De manhã cedo ao entardecer, lá iam os vendedores ambulantes espalhar pelas ruas com a música dos pre-gões, a excelência dos seus produtos. Rompe a alvorada. Lá se ouve: fava rica! Era o despertador da cidade. De seguida, pancadas na porta da rua e a voz nasalada do leiteiro: leiiite! Estava a cidade desperta. De todos os lados se ouviam cantares. Franzino e apressado, corria o ardina: Diário de Notícias, olha o diário, Século, olha o diário! De cinta fina saracoteando as ancas com a canastra à cabeça, vinha a varina: vivinha da Costa! A frente de um burro com as cangalhas a abarrotar de hortaliça e de enferrujada balança no braço, ouvíamos o saloio: saloio! Saia rodada, bota de tacão, blusa, garrida, lenço de casimira, xaile aos ombros, cesto de verga no braço coberto de pano de imaculada brancura, apregoava a jovem queijeira: queijo fresco, quem merca o queijo saloio! "
Manuel Deslandes, Revista Almanaque, 1960

Um jovem a escrever sobre jovens

Teria 19 anos em 1960 e um texto seu era publicado pela maravilhosa revista Almanaque. Reconhecem-no?

9 de maio de 2012

Espaços verdes






















Há 30 anos Portugal era um país rural. Hoje muito mais urbano. Contudo não nos esquecemos do nosso tradicional caldo-verde, nem das técnicas hortícolas. 
Sabe bem ver o ressurgir dos hortelões, mesmo que, uns quantos, condicionados ao espaço entre prédios, disputando lugar às urbanizações, e fazendo jus às teses do arquitecto Ribeiro Teles, quanto à necessidade de existirem coroas agricultadas envolvendo as áreas edificadas das cidades. 
Nem só de jardins se faz o espaço verde.

O sol, a água e a praia

















(foto de Teresa Guerreiro)


Não me tem apetecido escrever mas tenho tentado analisar a questão.
Introspectivamente, chego à conclusão que estou demasiado absorto na crise. Verdadeiramente, concluo que a crise me domina . Desapaixonadamente, não quero redigir sobre o que me está a dominar, não quero maçar os que nos lêem, repisando as evidências.
Chegar a esta simples conclusão não foi fácil. Contudo, hoje tive duas ajudas. Primeiro do meu amigo JPCosta que, sem saber das minhas reflexões, me disse:
-  Além da crise há o sol e o podermos desfrutar dele.
Conclui o dia, chutando os pensamentos da crise para outras paragens, quando a minha filha me telefonou dizendo:
- Sabes pai, hoje tive a melhor aula da minha vida! É mesmo disto que eu gosto!
Há mesmo muita coisa boa para além da merda da crise, vou-me concentrar nelas.

A senhora empoada

E o anúncio de Belkiss, 1930. O Carlos Rocha deve ter algo a dizer sobre isto:)

8 de maio de 2012

Maurice Sendak: where the wild things are

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Há dias, tive como tarefa a transcrição de uma entrevista a uma ilustradora de livros, cidadã do mundo. Ao longo da interessante conversa, um dos destaques ia para o ilustrador Maurice Sendak, como referência, até ao presente, para o trabalho que executa. Hoje, verifiquei na imprensa diária, que este criativo autor tinha falecido aos 83 anos. A sua carreira teve início no final da década de 40, tendo ilustrado mais de 100 livros e escrito cerca de 20. A obra prima que o lançou internacionalmente e se tornou sucesso de vendas, foi Where the wild things are, publicado em 1963. No passado, Sendak referiu em entrevista ter respondido – consta que não deixava cartas sem resposta – a uma criança, com um dos seus desenhos de monstros, sensibilizado com o texto entusiástico que lhe tinha sido enviado. A mãe do rapazinho enviou-lhe um bilhete, dizendo que o filho tinha apreciado de tal forma o «boneco» que o tinha comido. Sendak redigiu novo postal, referindo ter sido o maior elogio alguma vez recebido. O autor não apreciava a designação de ilustrador infantil, pois – segundo o próprio – o rótulo inferiorizava-lhe o talento. «Tenho de aceitar este papel. Nunca me irei suicidar como Van Gogh, nem pintar nenúfares como Monet. Não consigo fazê-lo.» Recebeu importantes prémios no mundo da ilustração infantil, tendo sido agraciado com a distinção Hans Christian Andersen, entre outras de igual prestígio.

black lab, this night


os black lab são uns daqueles projectos que, sendo meio clandestinos, não deixam de ter uma consistência que  falta a muitas outras bandas ou projectos musicais.
felizmente, existe agora uma espécie de moda em algumas séries televisivas que faz com que as músicas de fundo sejam muitas vezes parte integrante do argumento e não apenas ruído de fundo.
há uns tempos falei aqui, a propósito de uma canção dos arcade fire, cantada pelo peter gabriel, do efeito que teve no final de um episódio do house.
aquele 'my body is a cage' era a perfeita banda sonora para aquelas imagens, mais parecendo até que eram as imagens que serviam de suporte à música.
ontem revi esse mesmo episódio a que me tinha falta o começo...
as imagens são de um rodeo.
da espera pelo touro; da preparação; do montar; dos segundos contados a resistir...
mais uma vez pareciam as imagens a servir de apoio à música, que, louvavelmente, estava legendada.

aqui podem ouver:

black lab, this night



Ver mais além


Há quem acredite ainda, que se pode conhecer alguém através da forma como se veste e dos acessórios que escolhe. Assim se interpretava a alma masculina em 1966.
 Revista Donas de Casa, Julho de 1966.

Tão bela por tão pouco

Como eu invejava (e invejo) a excelência da maquilhagem destes olhos...Rimmel, 1966.

7 de maio de 2012

Muito sol

Dois anúncios de 1959, às pensões Ninho das Águias e Grande Pensão Alcobia. A primeira continua a manter-se, possuindo a vista mais linda de Lisboa. Sossego, honestidade, muito sol, ar puro, ontem como hoje.

Portugal

Assim eram as exportações portuguesas em 1959: Portugal fabrica e exporta produtos de qualidade de renome nacional.

6 de maio de 2012

Pensamentos em torno do dia de hoje

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A evocação ao dia, aqui deixada em posts e bonitas fotografias pela T, fez-me pensar um pouco na data que se comemora. É hábito passá-lo com a minha mãe, hoje houve concerto do grupo coral e a rotina foi quebrada. O dia faz pensar em duas vertentes – a de ter uma mãe e a de ser mãe. O festejo com as filhas teve de ser ontem, após convocatória, por motivo de viagem da mais velha para uma bonita cidade na Galiza, a deixar-me a pensar como gostaria de poder também fazer o mesmo percurso. O  lanche de sábado, em S. Pedro de Penaferrim (sem publicidade ao local), e a cantoria de hoje, acompanhada pela mais nova (e restantes elementos), trouxe-me este tema  ao pensamento. E ainda hoje estou grata a uma mãe por perceber que, na tenra infância (e às vezes pela vida fora), os sapatos são um incómodo.

Os misquinhos


"Chegámos a Lisboa na manhã tépida, de céu ambarizado por um sol que há cinquenta anos a esta parte era raro faltar à cidade, que deixou de ser de mármore e granito para ser, no seu maior dimensional, de tijolo mal cozido e cimento roubado. E, conduzidos por Costa Nunes, forno-nos hospedar no Hotel Portugal, que fazia esquina para o Largo do Pelourinho. O meu quarto era no terceiro andar. Eu via com olhos, não pasmados, que nunca soube o que era pasmo, mas abertos à compreensão, as grandes e amarelas tartarugas dos carros eléctricos vir rolando dos lados do Terreiro do Paço, tilintantes e pletóricas de gente. Logo após vinha o carro do Chora, com o automedonte de longos bigodes retorcidos a reger de chicote vivaz o tiro de três machos pimpões, o condutor de boné de pala, e atropeladamente naquela arca de Noé peixeiras, vendedeiras de hortaliça e de coelhos mansos, operários com suas ferramentas, em suma, segundo o termo das Ordenações Manuelinas, os misquinhos duma capital"

Aquilino Ribeiro, Um escritor Confessa-se; Livraria Bertrand