24 de janeiro de 2007

já não nos falta nada para não termos nada.

a enorme manifestação de ontem em instambul deixava-me com alguma esperança no futuro da humanidade.
cerca de 100 000 pessoas, turcos e arménios, manifestaram-se contra a morte de um homem que toda a vida lutou para denunciar as atrocidades que os arménios sofreram às mãos dos jovens turcos (por muito que os jovens turcos tenham feito algumas coisas útéis para a nação turca, não deixaram de ser assassinos impiedosos).

mas infelizmente, a vida não é como nós a sonhamos perante alguns sinais que nos são agradáveis de ver.



há alguns anos, quando lhes começaram a faltar pessoas ávidas de aparecer de 1 segundo soslaio nos monitores, as televisões começaram a contratar agências de 'castings' para o fornecimento de assistentes para os seus programas em directo.
por um preço módico, todos (!!!) os programas conseguem ter uma plateia cheia de gente disposta a bater palmas às maiores barbaridades e/ou a sentirem-se comovidos com as desgraças em directo.
hoje leio que a empresa erento disponibiliza um serviço onde oferece manifestantes para todas as causas.
um serviço limpo.
319 curriculas com fotos, calendário de disponibilidade, numero do artigo (!!!) e preço com taxas incluidas.

por exemplo, esta jovem senhora

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poderá manifestar a favor ou contra a despenalização do aborto; a favor ou contra a intervenção da alemanha no iraque; a favor ou contra o aquecimento global, por uns míseros 145 euros diários.
pela foto eu talvez preferisse que ela fizesse uma espécie de table dance (questão a verificar se pode ser incluida no capítulo das manifestações contra o uso de roupas)

em portugal (pelo menos), os jovens que acompanham as caravanas partidárias e assistem nas primeiras filas dos comícios de bandeiras em punho, já são pagos como as assistências dos concursos.
falta agora o serviço de trabalho temporário em manfestações contra a ministra-seja-lá-do-que-for.

é triste quando um povo deixa de se manifestar por causas.
é triste quando apenas nos manifestamos perante a luz vermelhar da câmara a indicar que se está em directo para os noticiarios ou nos pafam para isso.

somos um povo sem espinha, sem ideias, sem futuro.
e não há retorno.
é sempre a descer.

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