as muito popularizadas ‘vozes búlgaras’ devem grande parte do seu reconhecimento na europa central e ocidental após a divulgação nos anos 80, pela famosa editora inglesa 4ad, de um álbum chamado ‘le mystère des voix bulgares’ (a ‘lenda’ diz que foi peter murphy, dos bauhaus, que levou um dia uma fita à editora inglesa).
o nome em francês deve-se seguramente a uma primeira edição feita pelo etnomusicólogo marcel cellier nos disques cellier.
após essa divulgação por uma reputada editora virada para os sons rocks alternativos, a atracção pelos sons modais e as harmonias dissonantes da bulgaria tornaram-se uma moda na europa.
esta maior popularidade desta música ajudou a que outras tradições mais ‘escondidas’ pudessem vir a lume.
o reconhecimento pela unesco, como património da humanidade, das polifonias, danças e rituais de região de shoplouk, vem salvaguardar esta tradição menos exposta que os grandes grupos ‘sinfónicos’ da polifonia búlgara.
hoje, na bulgaria como na maior parte do mundo, grande parte destas músicas já não não estão associadas a rituais antigos pré-cristãos ou aos trabalhos agrícolas que lhe estiveram na origem e sobrevivem no roteiro das 'músicas do mundo'.
a babi bistritsa constrói-se sobre uma base diafónica (duas vozes a cantar uma melodia em jeito ‘gritado’ próprios das canções de ar livre) com duas ou três linhas de sons monótonos e constantes que serve de base harmónica (por vezes dissonante)
claramente menos espectacular que os grandes coros polifónicos búlgaros, a beleza destes sons não deixa nunca de surpreender pela ‘voltas’ escondidas.