30 de novembro de 2012

as polifonias, danças e rituais de shoplouk




as muito popularizadas ‘vozes búlgaras’ devem grande parte do seu reconhecimento na europa central e ocidental após a divulgação nos anos 80, pela famosa editora inglesa 4ad, de um álbum chamado ‘le mystère des voix bulgares’ (a ‘lenda’ diz que foi peter murphy, dos bauhaus, que levou um dia uma fita à editora inglesa).
o nome em francês deve-se seguramente a uma primeira edição feita pelo etnomusicólogo marcel cellier nos disques cellier.
após essa divulgação por uma reputada editora virada para os sons rocks alternativos, a atracção pelos sons modais e as harmonias dissonantes da bulgaria tornaram-se uma moda na europa.
esta maior popularidade desta música ajudou a que outras tradições mais ‘escondidas’ pudessem vir a lume.
o reconhecimento pela unesco, como património da humanidade, das polifonias, danças e rituais de região de shoplouk, vem salvaguardar esta tradição menos exposta que os grandes grupos ‘sinfónicos’ da polifonia búlgara.
hoje, na bulgaria como na maior parte do mundo, grande parte destas músicas já não não estão associadas a rituais antigos pré-cristãos ou aos trabalhos agrícolas que lhe estiveram na origem e sobrevivem no roteiro das 'músicas do mundo'.
a babi bistritsa constrói-se sobre uma base diafónica (duas vozes a cantar uma melodia em jeito ‘gritado’ próprios das canções de ar livre) com duas ou três linhas de sons monótonos e constantes que serve de base harmónica (por vezes dissonante)
claramente menos espectacular que os grandes coros polifónicos búlgaros, a beleza destes sons não deixa nunca de surpreender pela ‘voltas’ escondidas.

bistritsa babi



29 de novembro de 2012

A Suiça

Dantes mandávamos os nosssos filhos estudar para fora e assim o mostrava esta bela revista Ver e Crer de 1946.  Imagem muito dedicada à nossa freguesa e amiga, Luísa.


el cant de la sibil.la




como penso que acontece com a esmagadora maioria das pessoas fora da ilha de maiorca e do resto dos paisos catalans, o meu conhecimento do canto da sibila vem de jordi saval e de montserrat figueras.

o canto da sibila é uma tradição originalmente de mallorca cantada na noite de natal.
é uma drama catastrófico sobre o fim do mundo e as penas dos pecados, saído da apropriação pelo cristianismo da profecias de sibila, uma personagem comum no universo grego e romano.

al jorn del judici
parrà el qui haurà feyt servici.

assim começa o canto.
sibila, do alto do presbitério canta, sobre uma música gregoriana, o dia do juízo final, ao que o povo vai respondendo no final de cada estrofe com aquele primeiro fragmento.

os textos podem variar conforme os locais, mas a base é a mesma:
 no final as contas serão feitas e a coisa não vai sair barata…

no ano de 2010 a unesco classificou como património imaterial da humanidade esta tradição que vem da idade média e sempre se manteve por aquelas partes ininterruptamente, não obstante as diversas proibições ou entraves que a igreja lhe foi colocando.

el cant de la sibil-la, na igreja de sineu, mallorca, biel mas


el can de la sibil.la, barcelona (cor francesc valls, eulalia fantova)

a excelente imagem das nossas forças policiais




a julgar pelas declarações dos responsáveis pelas forças policiais portuguesas a operar no estrangeiro, estas são uma espécie deuses na terra.
olhando para estas imagens da televisão albanesa, em que a policia portuguesa tem uma espécie de homenagem constante ao estilo borat, não poderemos deixar de sorrir de cada vez que chegar mais um policia dum kosovo qualquer a dizer que são os melhores do mundo...

Pouco tempo

Nos últimos meses tenho sentido como nunca o tempo a passar numa ventania medonha. Tempo medido por viagens, separações e reencontros, alegrias e tristezas, de tudo se vai fazendo a vida. Ontem, na calma de uma festa de aniversário de um amigo, olhei à volta e senti uma amálgama de sentimentos diversos. Todos procuramos nichos de aconchego e quando temos sorte, encontramo-los. É bom sabê-los presentes. Aqui não entra a crise, nos sentimentos ainda não. Estamos ricos nessa matéria. 
Terão percebido que tenho estado muito menos por aqui. Não só questões de saúde, mas também de ordem prática. Com o tempo que estive de trabalhos forçados em casa, resolvi fazer triagens nas colecções, detectar repetições e vendê-las online. Se encontrarem uma vendedora canjinha no Leilões Net, sou eu. A grande vantagem é que as pessoas com que tenho lidado são impecáveis e fazem-me sentir que o papel velho que vendo vai ser bem acolhido e acarinhado. E é isto.

28 de novembro de 2012

a polifonia albanesa, um património da humanidade




pelos anos 70 tropecei na música polifónica albanesa por via do meu interesse pelo país e pela descoberta do festival de gjirokastra.
na sequência de umas perguntas feitas e de uns livros sobre tradições populares trocados com a academia de ciências da albânia, passei a receber regularmente algumas publicações daquele organismo no que às tradições populares diziam respeito (e mais umas sobre arqueologia… em albanês, que é um pouco como chinês para mim).
a verdade é que o meu primeiro contacto com as polifonias balcânicas foi com a música tradicional da albânia, através de uns ep’s editados pela provavelmente defunta artimpex, de tirana, e seguramente prensados na china.
tirando algumas óbvias alusões laudatórias ao partido e à defesa da pátria (coisa que não me incomodava nada...) as polifonias albanesas eram de uma riqueza imensa.
normalmente em 2 partes (como acontece em muitas músicas da bacia mediterrânica): um solo e resposta polifónica sobreposta ao solo, variam no entanto na forma, contínua ou não, conforme os cantores utilizam respirações alternadas ou simultâneas.
fundamentalmente cantado por homens, com poucas exepções (um pouco divergente  da vizinha bulgária onde as polifonia femininas são muito comuns), estas canções continuam a manter a tradição de, ao temas naturais da vida do campo, juntar as temas patrióticos.
no entanto, ao contrário de outros locais onde o circuito das chamadas ‘músicas do mundo’ tem permitido o desenvolvimento e salvaguarda destas tradições musicais, as polifonias albanesas não conseguiram penetrar nesse tão apetecido mercado.
o risco de desaparecimento, não obstante a declaração, em 2008, de património imaterial da humanidade, é cada dia maior.
é tempo de ouvir antes que apenas restem umas memórias do que foi.


Flaka Mbuloi Fshane



um ano depois do fado, vamos a outras músicas




há um ano por esta altura estavam os portugueses inchados com a classificação do fado como património imaterial da humanidade.
como acontece normalmente com os portugueses, inchamos, desinchamos e passamos.
o fado não ficou nem mais forte nem mais fraco por via da classificação, as prometidas edições dos clássicos do começo do século não viram a luz do dia e os imensos estudos sobre a guitarra portuguesa não tropeçaram no prelo.
mas se o fado manteve a sua vitalidade sem isso, não irá morrer por falta disso, seguramente.
para comemorar a classificação fadista, e ao jeito aqui da casa, iremos inaugurar a semana (que como a guerra dos 100 anos não tem que durar exactamente o tempo que o seu nome indica) das músicas classificadas pela unesco.
falarei daquelas que eu gosto mais ou que conheço melhor, como está bom de ver.
serviço público tem limites…




há uns tempos (em 2006..) falei aqui do ‘canto a tenore, da sardenha, da sua classificação e da não classificação do fado e do cante alentejano. uns anos depois o assunto foi tratado e alcançado parcialmente. falta o cante, já que as polifonias minhotas parecem estar perdidas para sempre e os lhaços mirandeses continuam enredados no meio dos paulitos do esquecimento.
hoje volto ao assunto do 'canto a tenore'.
este é o canto tradicional dos pastores da sardenha.
uma polifonia a quatro vozes (bassu, contra, boche e mesu boche), cantada em círculo e um pouco como no cante alentejano, o solista lança o começo da quadra e os restantes abrem a polifonia, com o bassu e o contra num estilo muito próximo do que usam os cantores de tuva com o seu canto gutural.
a forma de canto em círculo dá um som mais compacto para quem ouve e melhora a afinação para quem canta. o som grave do bassu serve de apoio e dá o ´tom' de terra à música.
o ‘cante a tenore’ mantém-se vivo nas tascas da sardenha e ganha a vida, felizmente, nos circuitos da chamada música do mundo.
nós agradecemos.

tenores di bitti, explicação do processo de canto


tenores de bitti 'mialinu pira', ballu lestru


27 de novembro de 2012

O Estoril dos anos 40

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“A posição de Lisboa é única em muitos aspectos. É a única grande porta de saída entre a beligerante Europa e o mundo exterior. É a única ligação conveniente entre os países inimigos. É a única esperança de fuga para milhares de refugiados. É, à excepção de Estocolmo, a única grande capital europeia que ainda não foi obscurecida pelas nuvens da guerra. (…) Os hotéis do Estoril, à beira-mar, estão esgotados. Aqui não há racionamento de comida, não há cortes de energia, as conversas ocorrem sem censura e as praias estão desimpedidas de canhões, minas e arame farpado.” “Lisbon – Gateway to Warring Europe”, Harvey Klemmer, in National Geographic Magazine, Vol. LXXX, nº 2, August 1941, pp. 259-274

(recebido sem referência à fonte)

22 de novembro de 2012

A cidade (não muito) desperta

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A cidade desperta com preguiça, acordada pelo sol, tolhida pelo frio. Perto da universidade, um bulício discreto de quem se encaminha para as aulas, para a biblioteca. Compra-se o último exemplar do jornal de sempre, saída da tabacaria para o café do lado, a precisar de uma bica bem tirada. A manhã, luminosa, desvenda ao olhar de turista acidental o verdadeiro outono, sinfonia de cores quentes, a preencher as encostas da serra. A cidade, de seu nome…

17 de novembro de 2012

Saramago revisitado

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Nada melhor para comemorar o dia em que, há 90 anos, nasceu o escritor, do que assistir à representação de Memorial do Convento, no Olga Cadaval. A peça foi representada (se a memória não falha) ao longo de dois anos, no convento de Mafra, tendo ficado a simples intenção de a visitar. Numa adaptação e encenação irrepreensíveis, a tónica para a  vontade humana, a possibilitar que o homem se supere (com o humor inteligente sobre a forma como recolher, dentro de um frasco com âmbar, as vontades individuais para poder, através de coletivas determinações, pôr em prática a ousadia de voar). Saramago mostra-nos, com a mestria habitual (e um humor peculiar) a natureza humana, imune ao correr do calendário. Por isso existem criadores intemporais, arrancando sorrisos afirmações como «Gil Vicente foi único, pois continua atual»… Quem consegue «ler por dentro» com a clarividência de uma Blimunda Sete Luas, encontrar-se-á apto a trazer para a literatura tudo o que  desperta e convida à reflexão. É grato observar uma assistência que, em grande parte, estuda os textos do nosso Nobel da Literatura.

 grupo de teatro Éter

14 de novembro de 2012

morreu o zeca do rock



já aqui falámos várias vezes dele, e até o próprio já aqui comentou a propósito dele mesmo.
o zeca do rock foi o pioneiro do rock e do twist em portugal.
rockabilly, chamamos hoje a esse estilo de rock&roll cheio de brilhantina, jeans curtas e soquetes.
um rock básico e primário que se viria a multiplicar em estilos que só por facilitismo ainda metemos no mesmo saco do tal 'rock'.
algumas rádios saudosistas têm vindo a passar com alguma regularidade alguns dos seus êxitos.
uma altura para re-ouvir o ingénuo 'sansão foi enganado' (na versão orginal e na um pouco mais moderna dos bunnyranch).
zeca do rock morreu agora no brasil, onde se dedicava aos assuntos pouco roqueiros do esoterismo.
ficamos com a memória da inocência da sua música.


Vidros

Uma família comprada hoje. No alfarrabista da Rua Actor Isidoro.


13 de novembro de 2012

Evocando Robert Stevenson pelo seu aniversário

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Robert Stevenson nasceu num dia 13 de novembro (1850). A menção ao escritor, deve-se ao fascínio exercido, na primeira adolescência, pelo fantástico romance A Ilha do Tesouro. Não faria sentido decalcar um qualquer texto conciso sobre o legado de Stevenson que, até aos nossos dias, mostrou a sagacidade de saber juntar os ingredientes de ficção apelativos à leitura juvenil . Ficam, pois, algumas imagens e dados sobre este escocês de Edimburgo: filho de um famoso construtor de faróis, cedo começou a sofrer de graves problemas respiratórios. Aos dezassete anos, obedecendo à vontade do pai, ingressou na Faculdade de Engenharia, na sua cidade natal. Mais tarde, enfrentaria a vontade familiar, informando que pretendia deixar o curso, para se dedicar à escrita . O pai impôs-lhe Direito, que viria a terminar. Fascinado pelo teatro, participou, enquanto estudante, em diversas representações. Aos vinte e seis anos conheceu a futura mulher, dez anos mais velha e com dois filhos.


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Correram diversas latitudes, tendo-se fixado em Samoa. Muitos textos foram construídos durante crises de saúde. A par da escrita, o gosto pela música. Na região, os nativos chamavam-lhe Tusitala «contador de histórias». Aos quarenta e quatro anos faleceu, de modo súbito, tendo sido sepultado numa cerimónia local , em espaço amplo, sobranceiro ao mar. Em Samoa, viveu com intensidade a política local. Na sepultura, encontra-se gravado «Requiem», poema de sua autoria:

 «Sob o céu vasto e com estrelas/ Construam a morada e deixem-me partir,/ Deito-me com um desejo./ Que me deixem estes versos: “Aqui fica onde sonhou, /Na casa de marinheiro, casa do mar/E do caçador da colina.”» - Robert Stevenson (tradução livre para este post)

 Imagens: Capital Collections/ Fonte: The Guardian

12 de novembro de 2012

A castanha

Castanhas, só com o Lionel Alexandre...


Mulher urbana no Arquivo Municipal de Lisboa

Mostra bibliográfica no Arquivo Municipal de Lisboa, a decorrer até ao final do presente mês.

... e isto anda lá para carnavais?




Ontem, dia 11 de novembro, pelas 11h e 11 minutos, teve início a abertura do Carnaval de Colónia, a cidade «perfumada». Uma forma de tentar entender a escolha da presente figuração suína? A de o cheirinho por lá inventado funcionar como antídoto olfativo, mesmo para varas (e coletivos diversos relacionados com o reino animal). Atenta a notícias divulgadas através do ciberespaço , forma de abarcar regiões alargadas, comparar versões jornalísticas e, ao mesmo tempo, poupar na compra de periódicos, desperta atenção a imagem ontem publicada: um grupo de adeptos da festa germânica, em pose para a fotografia, em frente à catedral da cidade. A legenda nada mais adianta, embora a associação pessoal resvale (em risco de choque frontal), sem hipótese de travagem prévia, para o acrónimo de mau gosto… PIGS… Influenciada por imagens de florinhas e borboletas com música de elevador como pano de fundo (os tais clubes do otimismo, a extravasar âmbitos de atuação, já que as entidades patronais sonham, por vezes, em organizar improfícuas sessões de riso coletivo), que a escolha desta indumentária tenha pretendido demonstrar apenas a vontade de festejar o dia, ou que tenha como intenção subjacente o apreço por um dos clássicos da gastronomia germânica - o Eisbein

Imagem de Ina Fassbender/Reuters

De choque...


E eu gosto tanto de carrinhos de choque...



Carrossel

Volto à infância e recordo-me do rodopio do carrossel, das "bacias" a girarem, dos primeiros  namoricos e da música quase barulho sem sentido a envolver tudo. Os dias voam.



11 de novembro de 2012

Gatos vadios

Em qualquer aldeia perdida ou pequena cidade aqui do sul, reparo sempre que há sempre alguém que alimenta os gatos e lhes providencia água fresca. Talvez isto atente contra posturas municipais várias, mas no fundo o que interessa, é que alguém trata deles e lhes tem afecto.


9 de novembro de 2012

de mao a piao, ou a metade do mundo já não parecer ser tão pesada


(foto jornal 'público)

por volta dos anos 60/70, os trotsquistas utilizavam a piada 'achincalhante' para os maoístas de a china ir de mao a piao.
hoje, olhando para a capa do público, com estas 'hospedeiras' do congresso quinquenal do partido 'comunista' da china, só me faz lembrar que o que mao falava sobre as mulheres serem a metade do mundo que carregava sobre os seus ombros a outra metade, está claramente desajustado para estas jovens modelos travestidas em hospedeiras do congresso 'comunista'.
afinal, agora, tudo parece leve e etéreo...

8 de novembro de 2012

Giotto ou quando a Idade Média invade o século XXI

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Parecem ser comuns pequenas evasões à nem sempre interessante realidade, por isso tantas vezes nos revemos em personagens do grande ecrã , ou em trechos ficcionados passados ao papel que, espera-se, não venha a ser totalmente substituído pela leitura nos monitores. Decerto os cinéfilos guardarão, no espaço mais grato da memória, algumas cenas de películas ou pequenos diálogos da sétima arte . Seria interessante (digo eu, com a mania de dizer coisas), o exercício (com os nossos botões e com os alheios) que nos permitisse enumerar o que mais terá marcado cada um, em matéria de cinema. Das cenas significativas retém-se – já aqui referida – uma breve imagem de Roma de Fellini: a desintegração de um fresco romano, aquando das obras para o metro da cidade. Quanto a trechos ficcionados, poder-se-iam indicar passagens de um livro destinado à juventude e intitulado O Cavaleiro da Dinamarca, no qual – leitura pessoal – o maior atrativo será o de aguçar, junto dos mais novos, o interesse por obras intemporais, como a Divina Comédia, ou viajar por espaços míticos, como a Veneza medieval e renascentista, despertando ainda a curiosidade pelo enorme génio da pintura, de seu nome Giotto. Tentando poupar quem ainda tiver conseguido chegar a este ponto das divagações, passa-se à explicação das mesmas: o facto de se ter divulgado, há menos de uma semana, a fantástica descoberta, numa capela quase esquecida, na cidade de Assis, um conjunto de frescos da autoria deste artista medieval. Tal revelação surge após dois anos de trabalho de restauro na Capela de S. Nicolau (Basílica de S. Francisco), danificada pelo sismo de 1997. As pinturas encontram-se assinadas com as iniciais GB, Giotto di Bondone, segundo se pensa. A figuração medieval deste precursor da arte renascentista apresenta o universo fantástico da Idade Média, incluindo uma representação demoníaca a surgir por detrás de um céu pleno de nuvens, numa ilustração sobre a morte de S. Francisco. Motivos para tamanha preciosidade ter ficado escondida ao longo de séculos? De acordo com o responsável pela equipa de restauro, Sergio Fusetti, a explicação reside no facto de se ter encontrado a capela encerrada por muito tempo, sendo raramente utilizada pelos monges.

Imagem: Pietro Crocchioni/EPA

O alfarrabista da Rua Actor Isidoro


Vou pela rua, cumprimento o alfarrabista da loja da Rua  Actor Isidoro, junto à Paraíso da Alameda e ao número cinco e ouço muito ao longe. Uma Eva, tenho uma Eva. E volto-me e é o próprio. "è linda não é? " E eu volto feliz para casa.
 A quem não conhece, recomendo esta loja. Terá que pesquisar, pois tudo está por organizar. Existem uns apetitosos caixotes com livros a cinquenta cêntimos e o senhor faz preços muito em conta nas outras obras. É perder tempo, ganhando-o em gozo da descoberta. É deslocarem-se ao Bairro dos Actores e avaliarem.


Uma bela família

Corria o ano de 69 e foram fotografados em casa à Avenida Estados Unidos da América. Reconheceis?


7 de novembro de 2012

O papagaio

Conheci há dias este papagaio. Tentou várias vezes trincar-me a máquina ou os dedos. Mas safei-me. A máquina é que está a fazer uma manchinha escura.Nem sei porquê...


3 de novembro de 2012

Os 10 títulos de mais difícil leitura

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(imagem: Stefano Bianchetti/Corbis)


O The Guardian de hoje publica uma rubrica intitulada «os 10 títulos de mais difícil leitura». Desconhecendo-se os procedimentos que terão conduzido à conclusão, o artigo, em tom bem humorado, felicita os leitores que conseguiram concluir as obras apresentadas. Do conjunto, fazem parte alguns autores contemporâneos, alguns (ainda) não traduzidos em português, sendo outros considerados clássicos do ensaio e da ficção. Por ordem de apresentação, a listagem é a seguinte:

 1- Will Self, Umbrella
 2- Walter Abish, Alphabetical Africa
 3- Baruch Espinoza, Ética
 4- Kazuo Ishiguro, Os Inconsolados
 5- Robert Musil, O Homem sem Qualidades
 6- Karl Marx, O Capital
 7- Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão
 8- James Joyce, Finnegans Wake
 9- Thomas Pynchon, Arco-íris da Gravidade
 10- B.S. Johnson, The Unfortunates

 A ilustrar o tom do artigo, transcreve-se a observação associada à escrita ficcional de Robert Musil «obra em três volumes e de difícil leitura, apresenta-nos um protagonista em busca de um sentido para a realidade, a personagem revela uma atitude ambivalente , oscilando entre moral e indiferença, o que a reduz ao estado de “homem sem qualidades”». O autor da peça jornalística conclui a apreciação a este extenso texto, referindo que «para alguns leitores, Musil teve a faculdade de fazer com que Proust acabasse por ficar equiparado a Agatha Christie».

Fonte: The Guardian/The Observer (adaptação)

Reconheceis?


2 de novembro de 2012

«Trama» na Regaleira

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… e assim foi, no passado domingo, a apresentação de um novo projeto musical de seu nome Trama. Nem o frio que se fazia sentir durante a noite da Regaleira, afastou audiências , com o espaço preenchido por um público caloroso que, apesar do clima sintrense, não se importaria de ter ficado  mais tempo a ouvir esta sonoridade em português.

Trama,O Brilho