17 de novembro de 2012
Saramago revisitado
Nada melhor para comemorar o dia em que, há 90 anos, nasceu o escritor, do que assistir à representação de Memorial do Convento, no Olga Cadaval. A peça foi representada (se a memória não falha) ao longo de dois anos, no convento de Mafra, tendo ficado a simples intenção de a visitar. Numa adaptação e encenação irrepreensíveis, a tónica para a vontade humana, a possibilitar que o homem se supere (com o humor inteligente sobre a forma como recolher, dentro de um frasco com âmbar, as vontades individuais para poder, através de coletivas determinações, pôr em prática a ousadia de voar). Saramago mostra-nos, com a mestria habitual (e um humor peculiar) a natureza humana, imune ao correr do calendário. Por isso existem criadores intemporais, arrancando sorrisos afirmações como «Gil Vicente foi único, pois continua atual»… Quem consegue «ler por dentro» com a clarividência de uma Blimunda Sete Luas, encontrar-se-á apto a trazer para a literatura tudo o que desperta e convida à reflexão. É grato observar uma assistência que, em grande parte, estuda os textos do nosso Nobel da Literatura.
grupo de teatro Éter
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