31 de maio de 2005
queluz vs ovarense
só falta ganhá-la
Díspar
Have a real good time
Dancing in the desert
Blowing up the sunshine
Lindo!!!!!!!! Tão lindo!!!!!!!!!!
Bless my destiny
Forgive me, Let live me
Set my spirit free
lindo lindo
e vasculhar recordações...vem outro...
O senhor já morreu, em 1994. Era grande amigo do John Lennon. Em 71 atingiu os tops mundiais com esta canção.
No, I can't forget this evening
Or your face as you were leaving
But I guess that's just the way the story goes
You always smile but in your eyes your sorrow shows
Yes, it shows
No, I can't forget tomorrorow
When I think of all my sorrows
When I had you there but then I let you go
And now it's only fair that I should let you know
What you should know
I can't live if living is without you
I can't live, I can't give any more
Can't live if living is without you
I can't give, I can't give any more
No, I can't forget this evening
Or your face as you were leaving
But I guess that's just the way the story goes
You always smile but in your eyes your sorrow shows
Yes, it shows Can't live if living is without you
I can't live, I can't give anymore
I can't live if living is without you
Can't live, I can't give anymore
(Living is without you)
Estou farto II...
Mais um exemplo da palhaçadanacional em que isto se tornou. Tenta-se adormecer com questões mortas o povinho. A próxima já está aí. Os iluminados deste país, insistem em referendar um texto constitucional europeu que na génese do seu projecto só o torna exequível após aprovado pela totalidade dos estados membros da UE. Depois do não francês, ainda há quem defenda a realização do referendo nacional quando pela norma, deveriam ser revistos os pressupostos da carta constitucional; haja guito e que se lixe o defice. A malta quer é folclore eleitoral. A não ser que, venha a ser cozinhado um sim à força de sucessivos referendos, martelando de tal maneira os cépticos "nãos" ao ponto de estes, à força de tanta insistência, desabafem o sim. Há coisas que não entendo na democracia e esta é uma delas.
Adivinhem quem é....
Pago uma caracolada a quem adivinhar quem é:)
BOM DIA...
Um grande beijo para ti princesa!
pp: Parece que vou ter que tirar uma foto ao meu pé... é Gasel?!
pp2: Definitivamente vou ter que postar uma foto do sapatinho vermelho :)
Definições à Volta do Défice (copy-past)
Nos tempos que correm é possível distinguir as cores políticas de meio mundo através da análise das suas posições sobre o problema do défice. É assim:
Socialistas Crentes: Pensam que a culpa do défice é de Barroso e Santana e acreditam que Sócrates só aumentou os impostos porque não esperava um défice tão grande.
Socialistas com QI>50: Dizem que a culpa é de Barroso e Santana e sabem que Sócrates só arranjou um défice tão grande para poder aumentar os impostos.
Santanistas: Dizem que Santana não teve tempo para ter culpa do défice e fingem que perceberam as contas de Constâncio. Têm os quatro a mesma opinião.
Barrosistas: Dizem que a culpa é de Guterres e acham que se não fosse a Manuela, o défice seria de 16,92%. Têm pena de não terem feito uma encenação tão gira há 3 anos.
Guterristas: Dizem que a culpa foi de Cavaco e fazem de conta que já sabiam quanto era o défice, embora não saibam muito bem para que é que serve. Acreditam que Constâncio é um génio matemático.
Comunistas Clássicos: Dizem que a culpa é das políticas de direita e pensam que os ricos podem pagar a crise. Ainda não perceberam o que é que o défice tem a ver com impostos. Acham que Constâncio é um perigoso neo-liberal.
CêDêEsses: Dizem que a culpa é das políticas de esquerda e pensam que os ricos devem ser subsidiados por causa da crise. Constâncio merece-lhes todo o respeito, até porque tem um grande BMW e mora na linha.
Bloquistas: Acham que a culpa é da direita e acreditam que a solução para o défice está no aumento da despesa pública. Pensam que Fernando Rosas percebe dessas coisas da economia e até seria um excelente Governador do Banco de Portugal.
Nacionalistas: Acham que a culpa do défice é da Europa e acreditam que isto só vai lá com um Salazar.
Benfiquistas: Só hoje é que ouviram falar no défice e ignoram tudo o que aconteceu na semana passada. Esse Constâncio, é o gajo que vem substituir o Trapatoni?
Nuno Cardoso: A culpa do défice é evidentemente de Rui Rio.
PP: continuo sem saber fazer link directo para um post. Já é burrice a mais!
30 de maio de 2005
A dama ou o tigre.
O autor não decidiu. Mandou o leitor optar.
Acho que isto tem uma certa moral:)
Há psicólogos transacionais que escreveram toneladas de literatura sobre este dilema.Ou seja as escolhas acarretam sempre efeitos perversos. Ou não.
Mas quem é realmente a dama e quem é o tigre?
Concordo!
"Blogger que se preze escreve aos domingos. Eu anoto blogger que se balda em dia feriado. Blogger posta em qualquer lado. Blogger é um post eminente. Um post na ponta da língua. Blogger mesmo é blogger todo o tempo e todo terreno. Blogger que está de sexta à noite até segunda sem postar é funcionário público. É Blogger broxa."
Duas coisas
Mas deixemos-nos de mariquices! Vim aqui só para dizer que tenho uma memória de elefante… Vim aqui só para lembrar duas coisas.
Um dia disse "Tenho dois posts prometidos – um sobre os problemas judiciais de alguns politicos ‘direitosos’ da nossa praça, o outro sobre a questão da IVG". Continuam prometidos… só não sei quando é que saem. Questões de actualidade editorial, compreenderão!
Um dia disseram-me "Quem escreveu isto?" Não advinhei e bem tentei… Já esperei muito tempo e agora não resisto: T, quem é o autor mistério?
Este mês ultrapassámos os 3.500 visitantes: é um record absoluto. Tivemos visitas diárias sistematicamente acima das 100: é um feito extraordinário! A estratégia de "dar na mona" ao F! está a dar resultado, tenho que continuar…
Daqui a 2 meses, fazemos 2 anos de existência. Exigem-se comemorações a condizer :)
Teste
29 de maio de 2005
Altos e Baixos
Grande vitória!
A equipa de Escolas do SC Farense participou no Torneio do FC Império, em Olhão, juntamente com o Olhanense e o Alvorense. Pese embora as péssimas condições do pelado, dos balneários e do espaço envolvente (só comparáveis às do estádio do AZ Alkmar) os miudos do Farense tiveram um comportamento exemplar. Ontem, sábado, derrotaram por 4-0 a equipa da casa, lutando com bravura contra a bem conhecida agressividade do jogadores, e apoiantes, do Império. Hoje, às 15 horas, na grandiosa final derrotaram o Olhanense por um concludente 3-0, e sagraram-se campeões.
O Manel esteve irreprensível na defesa, como o demonstram os números. Não cabe em si de contente com a primeira "medalha bem merecida"… e nem acontecimentos posteriores abateram essa alegria!
A puta da cólica
Na noite de sexta para sábado o rim esquerdo voltou a dar sinal: uma pequena moinha foi, insidiosamente, fazendo-se notar. Um Voltaren, ao deitar, acalmou a coisa… A partir das 11 da manhã de sábado a sacana começou a apertar, e já não era moinha nenhuma, era uma cólica de excelente intensidade. Mais Voltarens e uns Dol-u-rons foram aboborando a maldita mas, durante o jogo do Manel, já estava que não podia.
Após o jogo lá fui fazer uma visitita ao hospital e apanhei um chuto de Tramadol (na veia) e outro de Diclofenac (no rabo). Pensava eu que essa tinha sido a altura pior: mesmo antes de levar as injecções a dor atingiu picos quase insuportáveis e soltava aiiiis bem sonoros… Parecia-me que um ovo de galinha queria passar, a toda o vapor, pelo baixo ventre adiante.
Aliviada a crise, vim para casa, meti-me numa banheira cheia de água quente e pensei que o pior já tinha passado.
Pois… eram 4 da manhã já guinchava outra vez. Agora era uma dor excruciante, agora parecia-me que o ovo era de avestruz e forçava a saída sei lá por onde. Em desespero, pedi à Nela "dá-me uma injecção de Voltaren…" Dada e a injecção e tomado um Tramal, pus-me às voltas pela a casa e acabei por cair, exausto, no sofá. Acordei hoje, são e salvo…
Entretanto, fiz ontem uma nova ecografia: ainda tenho os rins cheios de pedrinhas e a maior (6 mm) ainda não caiu… nem quero pensar nisso!
A Jantarada
Fim de semana prolongado, amigos no Algarve! Já o diz um antigo provérbio chinês.
Esteve cá a minha irmã, mais os sobrinhos, o Luís e a Gabriela, mais os filhos, e encontramo-nos com o Pedro e a Maribela, também com o seu novíssimo rebento. Enfim, entre cólicas, foi uma jantarda das antigas, só que com uma molhada de putos a moer o juízo. Sinal dos tempos!
A Final
O Setúbal ganhou a Taça. Merecidamente, diga-se!
Jogou um futebol solto, fluído e alegre. Mostrou que queria ganhar o jogo, mostrou raça, mostrou ambição.
O Benfica jogou como sabe: nem sim, nem sopas. Na primeira parte deixou-se dominar pelo adversário e na segunda, quando tentava ir para a frente, levou um golo com a defesa a olhar, extasiada, para o Meyong. Depois, o meu clube mostrou o que não vale: nos 20 minutos que restavam não foi capaz de se impor, nem uma oportunidade de empatar conseguiu, nada… e isso quanto a mim diz tudo!
Mas…
[início de modo irónico]
Mas, eu até tenho alguma simpatia pelo Vitória e sempre ouvi dizer "O Campeonato está ganho, que se lixe a Taça". Desta maneira, neste final de época, todos ficaram felizes:
O Benfica ganhou o Campeonato Nacional – SLB, SLB, SLB, GLORIOSO, SLB…
O Setúbal ganhou a Taça de Portugal – sempre me pareceu que era bem melhor que o Sporting!
O Sporting ganhou a afamada Taça Amizade – nos penalties…
O Porto ganhou o Troféu Irineu Dinis – derrotou o temível Vinhais!
Os adeptos Andrades e Lagartos ainda tiveram uma alegria extra: a equipa que pior joga no mundo, a equipa que tem os árbitos todos pagos, a equipa que todos levam ao colo… não fez a dobradinha. Apesar de tudo, como dizem! Era, de facto, uma injustiça...
Por isso, só por isso, compreendo o genuino regozijo do F!
[fim de modo irónico]
O referendo
Parece que o Não ganhou em França. O Sr. LePen deve estar muito contente. O Sr. Louçã também deve estar contentíssimo. Eu não, não estou nada contente.
A Chris
Eu já estava à espera da Chris. Sabia que ela viria. Tinha-me telefonado. Quis saber com quem eu estava. Disse-lhe que neste momento não estava com ninguém, nem estava com nada. Disse-me: desta vez vou viver contigo para sempre. Disse-lhe que viesse, pois então. Ficaria à espera.
Conheço-a há muitos anos. É o tipo de pessoa que parece sempre nos ter sido familiar, que nasceu connosco e nos acompanhou desde a infância: sempre por perto nos bons e nos maus momentos. Se fosse capaz de ser justo diria que mais nos maus do que nos bons momentos. Se fosse capaz de ser lúcido até diria que os maus momentos vêm com ela. Mas não sou. Nem posso dizer que ela me tenha seduzido. Entrou na minha vida e ficou. Impôs-se. Quando sai daqui não sei para onde vai. Mas não lhe devem faltar lugares onde ficar.
A minha primeira psicanalista, outra das mulheres da minha vida, disse-me que o saber viver com a Chris tinha a ver com um certo temperamento masoquista da minha parte. Mas depois a Chris foi embora e eu não cheguei a tirar conclusões definitivas. Aliás não tirei conclusões nenhumas.
Já a minha primeira mulher achava que já era mau demais viver comigo quanto mais ainda te de aturar a Chris. Não foi a única causa mas contribuiu para o divórcio. A Locas, a minha segunda mulher, conheceu-me quando eu estava com a Chris e fez o que pôde para me afastar dela. Ainda conseguiu durante algum tempo. Era uma mulher de força, resistente e que gostava de arriscar. Mas três anos depois ela percebeu que eu voltara à Chris e foi-se embora.
Tem havido épocas em que a Chris desaparece sem deixar rasto por períodos longos e outras em que vai e vem a curtos intervalos. Habituei-me a isto. O homem é um animal de hábitos. Ou bastaria dizer que é um animal.
Porque a verdade é que houve ocasiões em que quis livrar-me dela. Sinto isso quase como um pecado. Porque isto é uma relação de amor-ódio: nem com ela, nem sem ela. Quando está, faz-me mal, faz-me sofrer, perco o meu bem estar, perturba-me as rotinas, entro em stress, fico deprimido. E mais tempo de Chris mais deprimido fico.
Felizmente há um dia em que ela se vai. E embora eu nessas alturas normalize a minha vida, fico tão contente que entro num ritmo descontrolado e em pouco tempo lá volto a encontrá-la... como se o meu subconsciente a procurasse.
Agora ela está por cá. Diz que veio para ficar. Até que eu tenha capacidade para a por a andar. Digo eu.
Ivo Cação
Verde outra vez!!!
Sensações únicas
Falei de comidinha, fiz festinhas e apalpei a barriga da mãe Joana, como o Pedro aconselhou.
A rapariga é vigorosa e reage bem. E se calhar vai ser futebolista.
E eu estou com aquele sorriso de tia avó babada.Tomara que a M. siga o exemplo da J.:)
Fazem falta bebés na família.
28 de maio de 2005
Portugal Preppy (5)
“No meu tempo” ser jovem era ser rebelde, mal encarado até: nos 50s era-se rockabilly, usavam-se cabedais e penteados “agressivos”, nos 60s era-se hippy, não se cortava o cabelo e não se tomava banho muitas vezes porque o suor é natural, nos 70s fumam-se drogas já mais sofisticadas e surgem os punks (“punk” quer dizer “vagabundo”, andar na moda nos 70s consistia em... ser vagabundo), nos 80s há os efeitos do rock (ainda), por um lado, e dos penteados e brinquinhos do George Michael e dos Depeche Mode, por outro. Nos 90s (eh eh eh) são os cabelos compridos, as camisas de flanela vindas de Seattle (a história verdadeira disto é surpreendente) e os calções. Finalmente, em Portugal nos anos zero, ser rebelde e andar na moda é ser “betinho”, é vestir roupa de marca! É usar uma camisa da marca que o papá usa e um penteado como o da mamã! Os jovens dos “Morangos com Açúcar” são assustadores, completamente aterrorizantes pelo seu aspecto... bem comportado, preppy, com roupas caras e de marca e de marcas caras.
O próprio uso dos piercings já não serve o propósito de dar um ar rebelde mas sim o de mostrar que se tem dinheiro para fazê-los. Aliás, os piercings são cada vez mais uma moda dos preppies. A razão disto é o facto de serem... caros. Apesar do efeito visual que provocam, como são caros, acabam por atrair aqueles que não estão minimamente preocupados em parecer rebeldes e hostis mas simplesmente em parecer... ricos.
Em Berlim, os estudantes universitários são reconhecíveis facilmente: andam de bicicleta, com cadernos e, pasme-se!, com livros em sacolas, andam com cachecól e carapuço. Há quem tenha trabalhado nas férias e comprado uma magnífica gabardina de cabedal do bom e comprada em segunda mão, depois de usada pelos três filhos de uma senhora que o comprou, na década passada... Se querem parecer um pouco mais maduros, vestem um casaco que o pai já não usa, escolhendo-o de entre os vários casacos que foram usados e reusados até ficarem completamente gastos. E o casaco acaba por cair bem. É castiço. São obviamente estudantes universitários. Toda a gente utiliza roupa da década passada. Mas desenganem-se aqueles que pensam que os berlinenses fazem isso por estilo, porque está na moda ser retro: usam sim roupa datada porque ainda não está estragada ou porque é barata. Não há de facto qualquer preocupação em ser revivalista ou em ter estilo nisso. Há somente a preocupação de andar vestido sem gastar muito dinheiro.
Em Lisboa, os estudantes universitários não chegam à faculdade com nada menos válido do que um Volkswagen Polo a diesel zero quilómetros comprado o Verão passado. E se se atreverem a aparecer com menos do que isso, desculpam-se dizendo que a revisão na marca do Golf GTi ou do Audi A3 é muito demorada e arranjaram-lhes um carro de substituição. Ou então, estacionam afastados da universidade para ninguém os ver a sair do Renault que era do pai...
Há também quem use cachecól porque o cachecól faz parte do estilo e é de uma marca cara. E fazem-no mesmo já durante o tempo quente. Livros é que não: livros e mochilas são coisas que se deixa de usar aí por volta do 10º ano, levar apenas um conjuntinho de cadernos tem muito mais estilo.
Por falar em cachecóis, em Lisboa regista-se este fenómeno que só por si já constitui motivação para um novo ramo da sociologia (a sociologia da roupa): como toda a gente usa roupas de marca, para alguém se destacar, não tem outro remédio senão usar muitas mais marcas ao mesmo tempo do que os outros, para isso usando muito mais roupa ao mesmo tempo do que os outros. Não é que esteja frio, as temperaturas mínimas de Lisboa são as mais altas de toda a Europa, e nem vale a pena falar em pluviosidades: mas há rapazes e raparigas que insistem em usar uma camisa por cima de outra, ambas de marca e cada uma de uma marca mais cara que a outra, e há raparigas e rapazes que usam dois casacos, um por cima do outro, por exemplo um de cabedal (obviamente de marca e em primeira mão) e outro de outra qualidade qualquer (desde que seja caro e de marca).
Na Alemanha não se usam dois casacos. Não é por falta de frio, é porque se calhar só há um casaco no armário, quer serve perfeitamente bem, desde há dois Invernos atrás... e se só há um casaco no armário não é, de facto, por falta de dinheiro mas sim por mera sensatez económica: se o que existe serve e não há desejos de ostentação, para quê comprar mais?
Por exemplo, hoje: hoje está quente, hoje está calor, hoje está muito calor. As minhas clientes compatriotas traziam ténis Nike nos pés enquanto que uma cliente alemã trazia umas havaianas (que não eram da marca “Havaianas” mas sim de uma marca branca qualquer, ou melhor, de uma marca anónima). Será que as portuguesas têm frio nos pés? Será que as supostamente frias e gélidas saxonas têm calor excessivo em terras lusitanas? Ou será que os ténis da Nike custam para cima de 75 euros no Colombo e, logo pelo seu preço, interessam às portuguesas, enquanto que as chanatas custam 3 euros no chinês, não poderiam ser mais frescas e, portanto, servem perfeitamente à alemã?
Um exemplo de Inverno: uma outra cliente minha alemã aparece-me com um fato de treino, de rapaz, daquele género que eu próprio me recusei definitivamente a usar quando passei da preparatória para a secundária, há mais de uma década atrás. Por outro lado, os meus clientes nacionais parecem todos que acabaram de chegar (ou que ainda vão) para um almoço no clube de yachting... Como explicar o contraste? É simples: a alemã está-se nas tintas para que os outros pensem ou deixem de pensar que ela é rica ou pobre, ela tem preocupações mais importantes do que isso. Já os portugueses, que são ricos há relativamente pouco tempo (alguns), têm essa ansiedade de mostrar que são ricos.
No estrangeiro, a maneira mais simples e infalível de identificar portugueses é olhar para a roupa. Amesterdão, Damrak, 28 graus de temperatura: toda a gente, locais e turistas, com sandálias, chinelos, t-shirts da feira, calções vulgares, camisas do algodão mais barato possível compradas nos muçulmanos. No meio desta massa humana sem estilo, suada e baratamente vestida, eis que se destaca uma camisolinha sobre os ombros da marca Ralph Lauren a acompanhar lado a lado um pullover Lacoste usado por cima de uma camisola Lacoste. Ambos os pares de pés calçados com botas que pelo calor que provocam mas, sobretudo, pelos preços que têm estariam absolutamente desenquadradas daquela cidade, naquele Verão. De facto, estavam desenquadradas de todas as cidades e de todos os Verões e demais estações do ano, excepto das cidades e climas de Portugal. Com a minha t-shirt já com manchas de relva e de chocolate líquido aproximei-me sorrateiramente deles, por trás. Falavam português.
Já sabia que falavam português. Roupa a mais, marcas a mais, caras demais. É óbvio.
PARABÉNS T
Não só hoje, mas sempre.
Obrigada por entenderes a minha loucura ;) e, claro!, santas quecas. risooooooos
À minha Lulu e ao Bacardi que às 00H me brindaram cantando os parabéns, uma beijoca grande por serem tão bons amigos!
Obrigada Maria, a Leia, pelo Steve lindo, palpita-me q vou ter outro ;), Gasel, Jó, F!, Manelzinha e todos!!!
pp: Fui ver o episódio III da saga :-) amanhã falarei sobre isso
ESTOU FARTO...
...dos aumentos dos combustíveis para pagar SCUT's onde nunca ou muito raramente vou e para onde outros vão à minha custa...
...dos aumentos do IVA para me levarem mais uns cêntimos dia-a-dia, que vão engordar os vencimentos principescos de administradores de empresas (que até andam nas SCUTs a custo zero)...
...das taxas de radiodifusão, encapotadas nas facturas da electricidade, para pagar a "fazedores de opinião", retirados da política, que ganham mais em alguns minutos de emissão que a grande maioria dos portugueses num ano...
...desta cambada de aldrabões que são todos os políticos, sem excepção, que não deixam por mãos alheias os créditos dos vendedores da banha da cobra das feiras de antanho; estes ao menos, ainda levavam umas palmadas quando eram desmascarados. Estes animais engravatados (alguns andam sem gravata, em mangas de camisa e alguns, até de suspensórios!!!), até têm os seus direitos salvaguardados pela polícia. Ai de quem toque nos meninos!!...
...estou farto desta cambada de maldizentes, sejam eles de esquerda, direita ou sejam lá de que lado eles sejam, que dizem mal do parceiro, só por dizer mal, só isso...
...estou farto destes intelectuais da treta, que dia-a-dia, nos bombardeia, adormecem e enraivessem, com poses de gente de bem, gozando no seu íntimo com o povinho que lhes consome a verborreia (melhor, diarreia intelectual)...
...estou farto deste sistema político, desta república das bananas, instaurada com o beneplácido deste povo adormecido, que continua a ser comido (em toda a amplitude da palavra), por uma imensa legião de parazitas, em nome de algo a que chamam regime democrático...
...cada vez mais somos o cu da Europa, que se ri a bom rir com os rasgos de grandiosidade com que nos acenam e que mais não são que o adormecimento da vontade colectiva deste povo que qualquer produto de duvidosa qualidade cala...
...estou farto destas poses de preocupação e alarmismo, dos chorrilhos de mentiras debitados de meia em meia hora por esses animais que nos(se) governam e pelos que desgovernam...
...hoje estou assim, mais que ontem e menos que amanhã; sim, porque este lodaçal em que nos meteram, vai aumentar e o preço final a pagar ainda não se sabe, mas adivinha-se não ser nada bom. Por mais Sim que digam à Europa, será essa cambada de sanguessugas democraticamente eleitas por este povinho anestesiado que nos irá atirar, não para a cauda (leia-se CÚ), mas sim para fora...
...P**A que os pariu a todos.
Agora uma Poema para as meninas
SOMA
Não discuto se sou feliz ou não.
Mas de uma coisa faço por lembrar-me sempre:
que nessa grande soma - a deles, que eu detesto -
de tantas e tantas parcelas, não sou
uma delas. Eu nunca fui contado
para a soma total. Esta alegria basta.
Espero que milady e errezinha gostem!
Parabéns a Vocês
A testar o estômago das leonesas
A propósito: um abraço bem forte d'aquém-mar à Teresa e, pelo que entendi, à R., que vejo que aniversariam. Muitos anos de vida às duas, muitas felicidades, e que lhes sobrem alegrias. Beijo daqui de longe.
28 de Maio
Um dia feliz.
Um beijo do amigo F!
Parabéns querida Errezinha!
Um feliz novo ano de BI. Cheio de maravilhosas e santas quecas e de tudo o que mais gostares na vida. E até amanhã:)
27 de maio de 2005
Antes que seja tarde!
Este é o momento em que podemos lixar uma realidade em que todos nós, lá bem no fundo, acreditamos: uma Europa que seja algo mais que uma mera união comercial.
Uma Constituição nunca é feita "pelo povo, para o povo"... há sempre alguém que a faça pelo povo, para o povo.
Estou-me a cagar para a soberania nacional... essa está perdida há muito tempo. Só me preocupo com a identidade cultural e essa, acho que está garantida: seremos, para todo o sempre, portuguêses ou castelhanos!
Por último: se os francêses acham que o SIM é mau... é porque é bom! Se existe uma convergência de opiniões, entre a extrema-direita e a extrema-esquerda, a favor do não... é porque o SIM é bom!
E é tudo... por agora!
Portugal Preppy (4)
Existe em Portugal uma inteiramente nova cultura de afectar a riqueza e a suposta proveniência de “boas famílias”. Agradecer com muito obrigado é povo, chic é agradecer com “obrigadíssimo”; as negações já não se reforçam com o “de certeza absoluta”, mas sim com o “de todo”; pronunciar diminutivos em “inha” é demasiadamente familiar, quase provinciano, aliás, pronunciar diminutivos é pobre, o que vale são os superlativos: tudo deve ser “lindíssimo”, “interessantíssimo”, “elegantíssimo”; na televisão, as personagens das telenovelas portuguesas aparecem sempre com roupas acabadinhas (“acabadíssimas”) de comprar na loja, o que de resto é inteiramente conforme com a artificialidade sensaborona das interpretações dos actores, da concepção dos cenários (as casas e os escritórios acabadinhos de estrear, ...) e de tudo o mais. É possível um episódio do “Diário de Sofia”, produção nacional realizada pela televisão pública, portanto, serviço público, ser passado quase na íntegra numa... loja de roupa de marca!...
Outra expressão desta cultura é a evolução quantitativa dos nomes. Na minha escola primária os alunos tinham todos o nome próprio, o apelido da mãe e o apelido do pai. Alguns tinham um segundo nome próprio ou dois apelidos do pai. Quase ninguém tinha mais do que isto, quatro nomes. A pouco e pouco, toda a gente tinha de ter dois nomes próprios, o apelido da mãe e os dois apelidos do pai. Mas como as mães não são menos mães do que os pais são pais, passou-se a colocar mais tarde os dois apelidos da mãe, ou seja, passou a ser acrescentado o apelido da mãe da mãe aos filhos. Portanto, seis nomes. Mas como toda a gente tem seis nomes, por um lado, e como os pais contemporâneos têm quatro apelidos, por outro, passou a colocar-se aos filhos, para além dos dois nomes próprios, nunca menos do que 5 apelidos. Para facilidade de memorização e, principalmente, porque parece chic, os apelidos passaram a ser unidos ao pares por um hífen. Mas dois apelidos ligados por um hífen são um só apelido. Portanto, um nome com seis apelidos transforma-se num nome com três apelidos. Mas se são só três apelidos, na geração seguinte pode adicionar-se mais um (par) de apelidos e portanto chegamos aos oito apelidos e por aí fora... como no tempo dos reis e rainhas.
O sentimento que fundamenta e serve de motor a esta nova cultura é a inveja. Não basta demonstrar que se é mais rico do que os outros para obter satisfação. É necessária também a garantia de que se infligiu inveja nos outros. E essa inveja originará nos outros as acções, normalmente de compra e de ostentação, que demonstrem que estes afinal ainda são mais ricos que os primeiros e ainda têm mais motivos para instilar a inveja do que estes. Depois, é a espiral de exageros e ridículos. É uma espiral que colhe tudo e todos e que se expande centrifugamente. Reflexos disto são os fenómenos suburbanos do hip-hop e do tuning.
Ao contrário do rap, que nasceu pela necessidade das minorias exprimirem os seus descontentamentos e as suas críticas, o hip-hop nasce para que as minorias possam exprimir o facto de serem... ricas. Não há teledisco de hip-hop que não apresente gente a ostentar necessariamente o seguinte rol de elementos: (a) um carro desportivo parado em frente a uma (b) mansão onde se realiza uma (c) festa com gente com (d) roupas caras e carregadas de (e) fios de ouro. A própria (f) exuberância física das pessoas que festejam e dançam é em si mesmo objecto de ostentação e serve o objectivo de infligir inveja. De facto, não só a exuberância física mas as próprias pessoas são objecto de ostentação nesses telediscos. A atitude típica do hip-hoper é a do desafio, qualquer coisa como: “’tás a olhar para mim mas eu é que olho para ti de cima a baixo, porque eu até posso vir do bairro social ou directamente das barracas mas tenho mais dinheiro do que tu e posso comprar e ostentar muito mais do que tu, olha para o meu carro estacionado com os vidros abertos muito mais caro que o teu e com uma aparelhagem muito mais poderosa que a tua e as minhas duas namoradas com mamas muito maiores que as da tua... e se ainda conservo os meus adornos suburbanos é porque sou tão rico que até me posso dar ao luxo de ter um estilo completamente foleiro só porque... me apetece”.
O tuning é outro dos melhores símbolos da nova cultura de ostentação: não sendo possível comprar um carro rápido, bom e caro pelo simples facto de não haver dinheiro suficiente, vai-se todos os meses adquirindo elementos para o carro que sugiram que este, afinal, não é do século passado, com uma motorização vulgar e... barato. O resultado é um exagero visual que não consegue esconder a substância da coisa (o carro inicial era pobre) mas que demonstra escancaradamente o desejo do dono do carro pobre de ser, afinal, rico.
É preciso ainda notar que esta cultura embora competitiva não é meritocrata: em lado algum é ostentada a origem da riqueza (isto assumindo que a riqueza, de facto, existe). Se o dinheiro vem do sucesso profissional ou da progressão na carreira pela mera passagem do tempo, se vem do talento pessoal ou da cunha do parente, se é o resultado de uma profissão exercida honestamente ou da exploração de uma qualquer corrupção mais ou menos higiénica – nada disto interessa: o que interessa é que se possa ostentar riqueza. É a ostentação pela ostentação, a ostentação como fonte de um deleite fútil que procura a satisfação na inveja dos outros.
para quem acha que em portugal são muito burocráticos e dificultam a vida das empresas...
Whole Foods has been forced by New York state liquor officials to stop selling wine in its flagship store on Columbus Circle in Manhattan, according to a report in the New York Times.
The state contended that the grocer violated a law which requires that wine and liquor stores must have a separate, street level entrance and also cannot sell food.
Located on the lower level of the Time Warner Center, the Whole Foods lacked a street level entrance, and, of course, sells food. Whole Foods, which has surrendered its liquor license, is paying a $5,000 fine and selling off its stock. Pleading no contest to the charges, the grocer said the store has not changed since it was presented to state officials when it applied for a liquor license.
The newspaper report indicated that local liquor stores may have put pressure on state officials to take action on Whole Foods. When the grocer opens a separate liquor store near its new downtown Manhattan location, local retailers are also expected to protest, according to the report.
(Chain Store Age’s Weekly Retail Recap Newsletter)
Sexta enroladinha em parênteses rectos
O Zé definia bem isto: parece que começámos o fim de semana e zás, racharam-no ao meio e mandaram-nos trabalhar.
No supermercado, tipo torre de Babel que frequento, dei um curso sobre equivalentes portugueses de picanha a cinco jovens brasileiras que queriam fazer um churrasco. E fui rodeada por uma família de pequeninos chineses, com as mãos cheias de danoninhos, gelados e chocolates. Entretanto a empregada era eslava e ainda falava mal português.
Amanhã não se esqueçam de dar parabéns à Menina Erre.
Em relação aos impostos, interrogo-me se o Sócrates quer perder as autárquicas logo à partida. Pelo menos não se pode acusar o homem de eleitoralismo.
E ainda sobre os ditos impostos, o nosso vencimento até pode ser bom, o problema é que a vida está muito cara. Estupidamente cara desde a introdução do Euro.
A cidade está calma. Os telefones não tocam.
De certeza que houve muitas pontes por este Portugal fora.
E eu com inveja:)
do modo como os de fajão ceifavam o centeio
Antigamente os de Fajão não conheciam a foice. Para ceifar o centeio eram precisos quatro homens: um levava um cepo, outro dobrava o centeio para cima do cepo, o terceiro punha um formão em cima do centeio, e o quarto batia com um maço no formão.
Quando andavam a ceifar, calhou passar por ali um almocreve. O almocreve viu aquilo e vai aqui assim:
Quanto dão vocês a quem vos traz um bichinho que ceifa isso tudo em pouco tempo?
-Trinta mil reis e uma carga de presuntos.
À volta, o almocreve trouxe-lhes um foicinho.
Ao outro dia eles foram ceifar o centeio, mas como não tinham prática, o primeiro que experimentou o 'bichinho' fez logo um golpe na mão esquerda. 'Ai o bichinho que já me mordeu!'. Atirou com o foicinho para o meio da seara e fugiram todos.
No dia seguinte voltaram lá, armados de paus. 'Vamos lá a ver que tal está o bicho'.
Lá estava o foicinho no mesmo sítio, mas com a orvalhada da noite tinha algumas malhas de ferrugem.
'Olhem como ele está! Até éstá malhado!...'
Vai um e dá-lhe uma paulada na ponta, que estava virada para cima. O foicinho fez de bilharda e foi encravalitar-se no pescoço de um dos homens. Então outro, que era compadre dele, acudiu a tirar o foicinho, mas com tanta infelicidade que ceifou a cabeça ao homem. Apanhou de repente a cabeça e colocou-lha em cima; como estava quente, colou logo, e o homem começou a andar, mas a cara ficou virada para as costas, de modo que o compadre dizia: Ó compadre, eu não sei se vais, se vens'.
Reflexões nocturnas
Pois, resolvi passar a ser mais consequente como que digo e vou começar a ler D. Quixote de la Mancha... É obra, são mais de seissentas páginas mas, como vou passar uns belos tempos com um buraco no rabo, tenho como me entreter. Entretanto, e para tomar balanço, li hoje de enfiada Pessoas Como Nós - a esplanada da praia estava muito apelativa. E ainda não terminei o Zhair…
Estavamos nós neste santo remanso, todos contentinhos com a vitória do Glorioso, e logo nos cai em cima uma bomba destas: o déficit é de 6,83%. Reparem a gravidade, não é 6,81%... é, exactamente, 6,83%. E mesmo de seguida, sem tempo algum para respirar, lá são anunciados mais impostos.
Merda, digo eu…
Descobri que vou passar a ser taxado, em termos de IRS, no grupo dos muitos, muito ricos. Já estava no escalão máximo e, agora, passo para o novo escalão super-máximo: 42%. Sim, o meu agregado familiar tem um rendimento anual bruto superior a 60.000 €: uma grande fortuna!
Descobri que, por cada camisa que comprar, por cada serviço que pagar, por cada refeição que comer no restaurante, 1/5 do preço é imposto para o estado – o IVA. É, no meu modesto entender, uma imoralidade.
Descobri que se anunciaram muitas medidas para aumentar as receitas e poucas - todas meramente cosméticas – para diminuir as despesas. Qualquer pessoa habituada a gerir um reles orçamento familiar sabe que isto é uma rotunda parvoice.
Para finalizar: antes de analisar eventuais responsabilidades e erros cometidos, tenho uma quase certeza: existe muita mistificação na forma como estes números foram apresentados e na maneira como o agravamento dos impostos foi anunciada.
Amanhã, ou um dia destes, discorrerei sobre o tema... se me apetecer, é claro!
E lembrem-se, amanhã é dia de trabalho!
26 de maio de 2005
A mim fez-me muito bem e aprendi muitas coisas. Nessa mesma altura comecei a distinguir entre preconceito, improdutividade teórica e burrice pura.
Acho que era uma prática a manter-se, para todas as pessoas que gostam de discorrer sobre as vertentes económicas e sociais da vida.
(era uma fábrica de chocolates portuguesa que já fechou, na Rua da Junqueira)
Portugal Preppy (3)
Para além da roupa de marca, existem outros exemplos desta competição pela ostentação de riqueza. O exemplo do automóvel: o carro familiar é substituído pela station wagon, que por sua vez “não chega para as nossas necessidades” (as pessoas importantes e que reclamam serem ricas há muito tempo têm necessidades especiais e que a maioria das pessoas – os pobres – não seria capaz de entender) e que, portanto, é substituída por um todo-o-terreno (que nunca chegará a ir para a lama). O todo-o-terreno torna-se pouco distinto, toda a gente já tem um, muda-se então para os dois recentíssimos segmentos de mercado que incluiem os BMW X5, o jipe da Mercedes, o Porsche Cayenne, por um lado, e os audis e volvos com carroçaria de carrinha mas maior distância ao solo e resguardados à frente e dos lados por protecções contra a lama (e contra os riscos quando se tira o carro do estacionamento do centro comercial), por outro. Não me espantará se, em breve, passar a ser da moda ter um Range Rover ou um Land Rover dos novos (carros que custam mais do que uma casa e que têm mais tecnologia do que a Águia Milenar do Han Solo). E isto, obviamente, por necessidade.
Dentro da categoria “roupa”, um dos exemplos mais interessantes é o das calças de ganga. As calças de ganga são como a hiper-inflação na América Latina, os défices em Portugal ou os pénis na Europa: quando pensamos que a dimensão da coisa está estabilizada, eis que novas estimativas surgem com números surpreendentemete maiores. As calças de ganga minimamente aceitáveis são cada vez mais excessivamente caras.
Tudo começou andava eu no ciclo. De repente, como que por geração espontânea, apareceram as calças Uniform. Estas calças tinham um símbolo que, por ser vermelho e ficar exactamente ao meio do bolso de trás da direita, notava-se muito. Um símbolo de uma marca que se nota muito: eis a causa para o sucesso comercial imediato. A ironia dos sistemas capitalistas é que as pessoas, tendo liberdade de escolha, acabam por escolher todas o mesmo (como se vivessem num país comunista em que não têm liberdade de escolha nenhuma e são orientadas pelo Estado e pela pobreza). E foi isso que aconteceu: rapidamente, todos os alunos do ciclo tinham umas calças Uniform, todas elas absolutamente idênticas, como se de um uniforme escolar se tratasse.
Mas como todos tinham o mesmo, já ninguém se sentia especial por tê-las. Logo, o passo seguinte era comprar uma coisa que fosse duplamente especial: especial porque ainda ninguém tinha e especial por ser menos acessível: umas calças Levi’s, mais raras e, fundamental!, mais caras.
Quando toda a gente já tinha calças Levi’s, evoluíu-se naturalmente para Replay, Chevignon, Benetton,... Depois já se evoluía para marcas que, de facto, nunca ninguém tinha ouvido falar e que, por isso mesmo, talvez não merecessem já muito a pena: eram ainda mais caras que as Benetton, mas como só nós conhecíamos o preço – e não os outros também! – e o simples facto de andarmos com elas não permitia aos outros descobrir o preço... acabavam por... não servir. Se os outros não conheciam o preço, que adiantava serem mais caras?? Não serviam.
A solução para este impasse foi o surgimento de novas marcas e (felizmente) a entrada nesse mercado de marcas que tradicionalmente produziam outro tipo de roupa. Hoje em dia já começa a ser vulgar as pessoas andarem com umas calças de ganga compradas no El Corte Inglês, por exemplo umas Calvin Klein que, oh espanto!, estão em promoção: já só custam 35 contos...
Cousas
Entre as quatro da tarde de terça-feira e as sete da manhã de ontem choveu aqui em São Paulo o equivalente a 137 milímetros cúbicos. É o dobro do que se previa para o mês de maio inteiro, caindo em quinze horas. Gente que sabe fazer as contas disse-me que choveu o equivalente a cem litros d'água a cada seis metros quadrados de área citadina.
São Paulo é cortada por um grande rio, o Tietê (que é o único do continente americano que não corre pro mar; corre pro interior, em direção ao Paraná, que aflui no Prata), e dois afluentes também de porte, o Tamanduateí e o Pinheiros. Ao longo do Tietê e do Pinheiros correm avenidas, as chamadas Marginais. Ambas tiveram vários pontos de alagamento. Ao longo do Pinheiros corre também uma linha de trem: igualmente inundada. Era impossível chegar a São Paulo pelas estradas do oeste, porque tudo também estava sob a água. Foi ontem um dia infernal, a despeito do frio que finalmente chegou.
Pior chuva em 37 anos - eu tu, Teresa, que dizias sentir saudade das tempestades de verão daqui... nenhuma se comparou a esta.
Para variar o assunto, o Palmeiras acaba de levar uma biaba do São Paulo, 2x0, e olhem que eles tinham um de menos. Estamos deixando de ser grandes, essa é que é a triste verdade: que futebolzinho mixuruco, ridículo, o time apresentou! É a quinta derrota consecutiva, o quinto jogo consecutivo sem marcar gols. Ah, judiação.
Armadilhas do tempo
Revemos momentos já esquecidos, recordamos gentes e amigos, lembramos as pequenas e grandes alegrias... soltam-se-nos sorrisos nos lábios. Mas também revivemos as tais tristezas caladas e encontramos os bocadinhos perdidos das nossas vidas... as velhas fotografias dão-nos, por vezes, cruas chapadas na cara.
Hoje, depois de folhear os velhos albuns, senti uma imensa saudade, de não sei o quê... se calhar, de mim mesmo!
25 de maio de 2005
como os de fajão iam à serra todos os dias buscar a manhã
Aconteceu que um dia calhou pernoitar um almocreve em casa de um lavrador. Altas horas da noite ouviu reboliço em casa e perguntou o que era aquilo. Disseram-lhe que estavam a prender os bois e a preparar o carro para ir à Serra buscar a manhã, porque aquele mês tinha-lhe calhado na escala.
O almocreve viu logo ali uma boa ocasião de fazer negócio, e perguntou:
Quanto dão vocês a quem voz traz um bichinho que todos os dias vos diz quando é manhã?
-Trinta mil reis e uma carga de presuntos (era o dinheiro de Fajão).
Eles aceitaram, e o almocreve, à volta, trouxe-lhes um galo. O galo cantava logo de manhã e assim eles escusavam de ter tanto trabalho para ir buscar a manhã.
Mas esqueceram-se de uma coisa: não perguntaram ao almocreve que é que o bicho comia. Lá vai então um a correr a ver se ainda apanhava o almocreve para lhe perguntar que é que o bicho comia. Logo que o avistou perguntou cá de longe? Ò senhor, que é que o bicho come?
-Ora! Que é que o bicho come! Come do que come a gente !
O homem entendeu 'o bicho come a gente'. Passou parte ao povo, 'o bicho come a gente', e todos à uma se atiraram ao pobre bicchinho até darem cabo dele, e assim continuaram a ir todos os dias buscar a manhã, cada um conforme a sua escala.
Portugal Preppy (2)
Entre duas teorias em competição e empatadas, ganha a que for mais simples. A simplicidade é um valor na ciência (e devia sê-lo na filosofia e na política). Os alemães são ricos e são-no há muito, muito tempo. Já eram em meados do século XIX, no início do século XX e entre as duas guerras. Enriqueceram de novo no pós-guerra. Exceptuando os interregnos das guerras, pode ser dito que foram sempre ricos. Portanto, não precisam de exibir roupas caras para demonstrar aos estrangeiros ou aos compatriotas que são ricos: toda a gente já sabe isso e sabe-o há muito tempo. E, mais importante, muitíssimo mais importante, os alemães não têm de facto qualquer interesse em demonstrar que são ricos nem aos estrangeiros e muito menos aos seus compatriotas: numa sociedade em que as desigualdades sociais são baixíssimas (é consultar, por exemplo, o World Development Report e comparar os índices de Gini da Alemanha com os da América Latina e de outros países europeus como Portugal, por exemplo), não faz muito sentido alguém mostrar-se rico porque toda a gente é mais ou menos detentora da mesma riqueza. Este argumento funciona para outros países que se podem orgulhar de terem sido ricos “desde sempre”. “Desde sempre” significa desde a revolução industrial (no caso dos países que efectivamente tiveram uma revolução industrial). “Desde sempre” obviamente não significa “desde o tempo das descobertas” ou “desde o tempo dos Jogos Píticos”.
Portugal é o caso contrário: tornou-se rico recentemente. Ou melhor, uma parte de Portugal tornou-se muito rica recentemente. O Portugal da capital, o Portugal dos tachos e dos funcionários públicos e pouco mais. Portanto, há um grande afã em demonstrar com veemência, uma veemência que chega a ser ridícula de tão exagerada, que somos ou que já somos ricos. Se possível, tentar demonstrar que afinal até já éramos ricos há muito tempo – daí o crescente interesse em Portugal por tudo o que tenha a ver com aristocracia, títulos, apelidos. E, sobretudo, tendo em conta as desigualdades sociais, há em Portugal a ânsia de demonstrar que somos mais ricos do que os outros. E como os outros fazem o mesmo, cria-se uma espécie de competição: comprar mais caro, cada vez mais caro e sempre que aquilo que se compra caro seja reconhecível como tendo sido muito caro. Quanto mais caro, melhor.
Ora as roupas de marca são precisamente o primeiro, mais simbólico e mais generalizado instrumento para atingir esse objectivo (tão importante) de mostrar aos outros que se é rico, que se é rico há já muito tempo e que se é mais rico que os outros (que fazem o mesmo). As roupas de marca têm as características essenciais para esse objectivo: usam-se publicamente (ao contrário da televisão de plasma que fica fechada em casa e cuja caixa de cartão gigantesca só pode ser deitada junto ao lixo uma vez), são mesmo muito caras (em termos absolutos), é fácil aos outros reconhecer que foram caras (não por inspecção da qualidade, mas por causa da própria marca gravada na etiqueta ou inscrita em letras garrafais como leit motiv decorativo do objecto) e, o que é muito, muito importante, são gigantescamente caras em termos relativos, ou seja, são mais caras que diamantes: os diamantes não têm substituto, as roupas de marca têm milhares de substitutos baratos em termos absolutos e baratíssimos em termos relativos: a roupa sem marca. Tendo substituto barato, só compra roupa cara quem tiver dinheiro... ou quem pretender demonstrar que o tem. Em qualquer dos casos, a motivação é a mesma: mostrar que se é rico, agora que Portugal é mais rico do que era, e mostrar que se é mais rico do que os outros, sendo que em Portugal as desigualdades são muitas. É aproveitar as desigualdades para benefício da própria vaidade, supondo que onde há riqueza há mérito, e isto num país que de competitivo, meritocrata e liberal não tem nada.
Esta é pela minha mãe e avó:)
A minha mãe salva-me e a Nené ri.
Muito sofre uma noviça desajeitada.
Portugal Preppy (1)
Introdução
A questão científica interessante e pertinente não é o “como”, é o “porquê”. Porque razão vai uma família inteira ao gorduroso e indigente McDonalds vestida como se fosse à ópera? Porque razão a dona de casa típica faz compras no Feira Nova com um casaco caro mesmo em dia de grande calor às três da tarde? Porque razão os estudantes universitários usam camisas mais caras que as do papá e as estudantes universitárias estão mais interessadas em parecer ricas do que em parecer sexy e utilizam penteados como os da mamã que por sua vez escolheu o penteado que vinha numa revista espanhola de “gente fina”? Porque razão passou Portugal de sociedade de remediados que se vestiam na feira para sociedade de novos-ricos que se vestem nos centros comerciais?
Uma das primeiras e mais marcantes impressões que tive há uns anos atrás quando fui a Berlim foi isto: na capital da terceira maior e mais poderosa economia do planeta, as pessoas vestiam-se mal. As pessoas vestiam-se mesmo muito mal. E não era só os velhos ou os que já não estavam para engates, eram todos: os novos, os de meia-idade, os estudantes, os trabalhadores, todos! As pessoas usavam roupa sem ligar às combinações de cores, ao estilo ou à moda: casaco verde com calças vermelhas, uns castanhos horrorosos, impermeáveis velhíssimos, roupas que desde meados dos anos 80 já ninguém se atrevia a usar em Portugal. De facto, as pessoas em Berlim vestiam... qualquer coisa.
Antes de ir a Amesterdão, havia quem me dissesse que lá as pessoas tinham todas um estilo diferente. Quando lá fui, percebi que de “estilo” não tinham nada: as pessoas vestiam-se com roupas em segunda ou terceira mão compradas na feira ou directamente aos vizinhos. O estilo deles era, afinal, o mesmo do Portugal remediado (e já esquecido) dos anos 80: nenhum, ou seja, vestir o que calhasse, vestir o que servisse e não estivesse estragado e, sobretudo, vestir o que servia e era barato. Sim, roupa de feira.
Em Viena a mesma coisa: as feiras cheias de gente a comprar roupa... Em Londres, Roma,... Porque será? E porque será que num país muitíssimo mais pobre, Portugal, as pessoas optam por comprar em primeira mão, em centro comercial e de marca?
24 de maio de 2005
Para todos, com (alguma) saudade...
Questionário
( ) A tua Barbie
( ) O teu vibrador
( ) Os teus CDs de trance
( ) Os teus brindes dos Ovo Kinder
Estou extremamente indeciso em escolher uma das ultimas três hipoteses! :)
Pénis Competitivos
Este assunto merece uma digressãozita rapidita (side research). No meu tempo de escola preparatória, ouvia-se dizer que o tamanho típico dos pénis (no plural) era de 14 centímetros. 14 centímetros era perfeitamente normal e aceitável. Depois, mais para a frente no secundário, toda a gente já sabia que a média dos pénis era de 16 centímetros, sendo um pénis de 18 centímetros considerado grande. Como toda a gente queria ser grande e não ficar atrás da média, toda a gente começou a dizer indirectamente e com falsíssima modéstia que era possuidor de um pénis de 18 centímetros. Mas se toda a gente tinha um pénis de 18 centímetros então isso significava que um pénis desse tamanho não era nada de especial. Pois estava claro que não era!: todos os rapazes sabiam perfeitamente e por experiência própria e directa que as “mulheres boas” só se contentavam era com pénis de 20 centímetros, toda a gente sabia isso. Daí que, já na universidade, toda a gente falava em pénis de 20, 21, vá lá 22 centímetros, a começar pelas raparigas preppies que só vestiam roupa do melhor e que eram muito exigentes, exigindo tudo de qualidade e com marca e com marca de qualidade. Tal como a hiper-inflação, nos dias que correm de hoje, hoje em dia, hoje mesmo, quem não tenha um pénis de 25 centímetros não é ninguém. Já agora, para que daqui a alguns anos ninguém considere este post datado, declaro aqui para memória futura que o meu pénis não mede 25 centímetros, não, não mede isso, mas sim 52 centímetros (cinquenta e dois)! Aliás, eu até tenho de usar suspensórios Calvin Klein para segurar as minhas cuecas (também CK) e suportar o peso do pénis, que, afinal, até é pequeno para os padrões de... 2025.
Acordei com esta na cabeça. Deve ser a minha vontade de "dar o fora"...
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você está tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como
Você não está entendendo
Quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo nesse apartamento
Você não acredita
Traz meu café com suita eu tomo
Bota a sobremesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como
Você
Tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Sobre os blogs
E já agora perdoem ser em francês. :P
La blogosphère contre les médias, par Bertrand Le Gendre
LE MONDE 24.05.05 13h13 • Mis à jour le 24.05.05 14h30
Les blogs se multiplient à une vitesse vertigineuse. Il y en avait 100 000 il y a deux ans. On en compte aujourd'hui dix millions, selon le site américain Technocrati, qui fait autorité dans la blogosphère. Certains ont des visées hégémoniques. Pour leurs concepteurs, le journalisme traditionnel serait dépassé. D'autres se veulent des aiguillons, sinon un contre-pouvoir au quatrième pouvoir, qui se demande, lui, à quoi s'en tenir.
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Impossible de dire combien de blogs relèvent du seul journalisme. Certains de ces "jouebs" (JOUrnaux wEB) se veulent des médias à part entière. Mais la plupart, comme ceux hébergés en France par la radio Skyrock, tiennent davantage du journal de bord que de la grande presse. Ce qui n'empêche pas ces blogueurs de l'intime de discourir à l'occasion sur l'actualité ou de parler de la vie de leur quartier, comme le ferait n'importe quel journal local.
La campagne référendaire a décuplé l'ardeur des blogueurs, tout comme la campagne présidentielle avait dopé leur audience aux Etats-Unis. Dans le collimateur des blogueurs hexagonaux, les médias installés, leurs chroniqueurs et leurs éditorialistes, trop ouvertement partisans du oui à leur goût.
Relayée par les blogs et par Internet, cette accusation est comme le poil à gratter de la campagne. Réalisé début mai, un sondage CSA-Marianne sur le traité constitutionnel donne la mesure de ce désenchantement : moins d'un Français sur trois (31 %) crédite les médias d'être indépendants du pouvoir politique.
Dans nombre de pays, le reproche est le même. D'où le succès des blogs, perçus comme une alternative à une information prétendument biaisée. Selon une enquête on line du site Blogads, 80 % des internautes américains consulteraient les blogs "pour y trouver des informations qu'on ne trouve pas ailleurs" .
Presse alternative ? Alternative à la presse ? Par leur ton et leur contenu, les blogs d'information revendiquent un statut d'"altermédia", comme on parle d'altermondialisme. Ils se veulent autre chose. En marge et critiques. Différents mais soucieux, à leur manière, d'informer.
Ils ont leurs prophètes et leurs gourous, comme l'Américain Dan Gillmor. Journaliste vedette au San José Mercury News, le journal phare de la Silicon Valley (Californie), ce dernier est l'auteur d'un ouvrage dont le titre dit le propos : We the Media (O'Reilly, 2004), le "nous" désignant la communauté des citoyens, investis de la mission historique d'informer aussi complètement que possible leurs prochains. "Mes lecteurs en savent plus que moi" : telle est la maxime de Dan Gillmor, qui vient d'annoncer son départ du Mercury News pour mieux propager sa foi. Un message très populaire sur la Toile, dont il flatte les aspirations libérales-libertaires. Un discours qui plaide pour une organisation décentralisée et interactive de l'information, tenant plus du séminaire et de la conversation que de la grand-messe façon CBS ou Los Angeles Times.
Le Sud-Coréen Oh Yeon-ho cultive la même utopie. Ce journaliste qui a connu, comme étudiant, les geôles de Séoul a fondé en 2000 ohmynews.com, un site dont nombre de blogueurs cherchent aujourd'hui à s'inspirer. Pour Oh Yeon-ho, "chaque citoyen" est un reporter potentiel dont l'objectivité ne peut pas être, ne doit pas être, le souci premier, à condition de respecter les faits. Et Oh Yeon-ho de prédire "un lent mais continu déclin de l'autorité des journaux traditionnels" au profit des médias Web.
A ses débuts, OhmyNews comptait 727 "citoyens reporters" . Ils sont aujourd'hui quelque 40 000, dont 600 installés à l'étranger, qui alimentent la version en anglais du site. N'importe quel "citoyen" peut faire partie de la rédaction d'OhmyNews, où il est accueilli, au moment de s'enregistrer gratuitement, par ce message programme : "Bienvenue dans le monde qui révolutionne la production, la distribution et la consommation de l'info. Dites bye-bye à la culture journalistique d'hier, celle du XXe siècle."
Au nombre d'une quarantaine, les collaborateurs permanents d'OhmyNews vérifient, réécrivent et valident les quelque 200 "papiers" qui leur sont envoyés chaque jour, avant de mettre 70 % d'entre eux en ligne à la "une" ou dans les tréfonds du site. Seules les contributions les plus originales sont rémunérées : 17 dollars.
La discipline que s'impose OhmyNews est peut-être la clé de son succès. Selon Oh Yeon-ho, le site est bénéficiaire depuis la fin 2002 et OhmyNews s'enorgueillit d'avoir contribué à l'élection du président Roh Moo-hyun (centre gauche) la même année. Celui-ci a reconnu sa dette en accordant à OhmyNews sa première interview ès qualités à un média sud-coréen. Ce"nanojournalisme", la multitude s'adressant à la multitude, préfigure-t-il la presse de demain ? Dit autrement, le journalisme de toujours est-il soluble dans la blogosphère ?
APPÉTIT DES PUBLICITAIRES
La fréquentation de la Toile donne plutôt l'impression du contraire. Car les blogs n'échappent pas aux écueils que la presse alternative rencontre presque toujours lorsqu'elle réussit : récupération, marchandisation et banalisation.
Récupération : d'Alain Juppé (UMP) à Dominique Strauss-Kahn (PS), le gotha politique a compris le parti qu'il pouvait tirer des blogs. Le recours à ces"jouebs" n'est plus l'expression d'une singularité et encore moins d'une révolte mais un moyen de communication comme un autre, à peine plus"branché". Outre-Atlantique, une chroniqueuse fameuse, Arianna Huffington, vient de lancer un blog on ne peut plus "establishment" , auquel des stars de tous horizons ont promis de contribuer, du démocrate Gary Hart à l'acteur Warren Beatty (huffingtonpost.com).
Marchandisation : selon le think tank (laboratoire d'idées) américain Pew Internet & American Life, il se crée un blog toutes les 5,8 secondes. De quoi exciter l'appétit des publicitaires et des intermédiaires du secteur. L'un de ces intermédiaires, Blogads, est devenu"la" référence, en proposant aux internautes américains d'abriter leur blog. En contrepartie, Blogads leur reverse une part des recettes qu'il reçoit des annonceurs monnayant leur présence sur ces blogs.
Blogads ne cache pas ses intentions. Auprès de ses clients (Paramount Pictures, The Wall Street Journal, Oxford University Press), il insiste sur le fait que l'univers des blogs est le plus sûr moyen de "courtiser les activistes et les leaders d'opinion que les médias traditionnels ne touchent pas" .
Banalisation : lorsque autant de "journalistes" tentent de se faire entendre, ils sont pour la plupart inaudibles. Seuls les plus sûrs factuellement, les plus talentueux et les plus... professionnels ont une chance de se constituer un public et de le fidéliser. Or la grande majorité des blogs d'information font plutôt penser à un miroir que le blogueur se tend a lui-même : "Je blogue, donc je suis."
Beaucoup de gloses, beaucoup de nouvelles reprises en boucle, tirées des mêmes dépêches d'agence. Beaucoup de liens avec d'autres sites qui eux-mêmes abondent de liens vers d'autres sites... Un cybercafé du commerce.
Il n'empêche qu'une forme nouvelle de journalisme s'affirme, horizontale et non plus verticale. L'information, jusque-là, allait des médias installés vers le lecteur-auditeur-téléspectateur. Aujourd'hui, elle circule directement d'un point à un autre sans intermédiaire une révolution en soi. Un écosystème inédit est à l'œuvre où chacun cherche sa place car aucune n'est plus assurée.
Réagissez à cet article sur LeMonde.fr (onglet Perspectives sur la barre de navigation de la page d'accueil, puis Analyse).
Bertrand Le Gendre
Article paru dans l'édition du 25.05.05
23 de maio de 2005
Glorioso!
Hoje foi um dia terrível...
Ontem o Benfica foi campeão (SLB, SLB.. SLB, SLB, SLB, GLORIOSOOOO SLB, GLORIOSO SLB!) e a festa foi rija. Fui ver a consagração, com um grupo de afamados benfiquistas, na conhecida tasquinha Sol da Penha. Como sempre, abusei... no conjunto do ante-jogo, jogo propriamente dito e pós-jogo devo ter despachado entre 15 a 20 (perdi a conta!) cervejas médias, marca Tagus. Arrancámos para a baixa aos berros (SLB, SLB.. SLB, SLB, SLB, GLORIOSOOOO SLB, GLORIOSO SLB!) e a gastar muita buzina... ficámos presos nos engarrafamentos. A meio deste, os 3 homens que iam no carro, sairam rapidamente e aliviaram-se de urinas, profusamente, junto à parede ou atrás de uma árvore. Já na baixa, ainda marcharam mais duas loiritas, já não me lembro de que marca, enquanto entoavamos cânticos de júbilo (SLB, SLB.. SLB, SLB, SLB, GLORIOSOOOO SLB, GLORIOSO SLB!). Às tantas, ouvi o meu filho: Pai... olha que amanhã tenho escola e a Gena está sozinha em casa... pode estar preocupada!
Ouvi a voz da razão e zarpámos para casa. Deitei o Manel e tive a brilhante ideia de acender a televisão - para ver a festa - e o computador - para mandar um post. Não me lembro de mais nada, aterrei no sofá e sonhei com o Benfica (SLB, SLB.. SLB, SLB, SLB, GLORIOSOOOO SLB, GLORIOSO SLB!).
Hoje... acordei no sofá às 6 da manhã, cheio de frio, com a boca seca e uma forte dor de cabeça. Na televisão passava qualquer coisa nebulosa... fui para a cama e tentei dormir mais uma horita. Antes das oito arranquei com os miudos para a escola, muito agoniado. Às nove e meia já estava em Olhão, a fazer sigmoidoscopias de rastreio, ainda mais agoniado, de boca muito seca e com uma valente dor de cabeça que nem uns paracetamóis resolveram. Ao almoço estava sem apetite. Durante a tarde assisti, apático, a umas experiências sobre captação de imagem de endoscopia para o computador. Só comecei a recuperar perto da hora do jantar.
E pronto... quando a cabeça não tem juízo, o corpinho é que paga! Mas p'lo Benfica... valeu a pena!
PPs:
Estou convencido que o Setubal vai ganhar a Taça. Como é verde e às risquinhas, pode ser que o F faça as pazes comigo...
Vi, mesmo agora, uma reportagem na RTP1 sobre o Benfica e as suas glórias. Já estava de lágrima no olho... sou um piegas de merda!
Hei-de-vos contar, um dia, sobre as minhas bebedeiras... tive uma, não há muito tempo, em que fui acordado por um taxista que me perguntava onde é que eu morava. Não fazia a mínima ideia onde estava, não sabia onde parava o meu carro e, no bolso da camisa, tinha 1 papelito com um número de telemóvel anotado! A Nela ia-me matando...
Rolling Stones / Sympathy for the devil
I'm a man of wealth and taste
I've been around for long, long years
I've stolen any a man's soul and faith
I was around when Jesus Christ
had His moments of doubt and pain
I made damn sure that Pilate washed
his hands and sealed his fate
Pleased to meet you, hope you guess my name
but what's puzzling you, is the nature of my game
I stuck around St. Petersburg
when I saw it was time for a change
I killed the Tzar and his ministers
Anastasia screamed in vain
I rode a tank, held a gen'ral's rank
when the blitzkrieg raged and the bodies stank
Pleased to meet you, hope you guess my name
but what's puzzling you, is the nature of my game
I watched with glee while your kings and queens
fought for ten decades for the gods they made
I shouted out "Who killed the Kennedys?"
when after all it was you and me
So let me please introduce myself
I am a man of wealth and taste
And I lay traps for troubadours
who get killed before they reach Bombay
Pleased to meet you, hope you guess my name
but what's puzzling you, is the nature of my game
Just as every cop is criminal
and all the sinners, Saints
As heads is tails, just call me Lucifer
'cause I'm in need of some restraint
So if you meet me, have some courtesy
have some sympathy and some taste
Use all your well-learned politesse
or I'll lay your soul to waste
Pleased to meet you, hope you guess my name
but what's puzzling you, is the nature of my game
(expliquem-me porque adormeci ontem a trautear esta canção? Dispenso Freud.
Gosto muito do verbo puzzle, não temos equivalente:)
Continuo a perguntar-me o seguinte:
De tanto que se fala de futebol aqui, não foi referida a rápida morte do jogador João Manuel. Assim como não sabia que o Torres, que recordámos há dias, está com Alzheimer em avançado estado de progressão..
("malhas que o Império tece e jaz morto e arrefece...")
Não gostei de ver as imagens da Avenida dos Aliados. Nada mesmo.
Isto não é o Norte, são arruaceiros que merecem uma carga de pancada e que a polícia os ponha na ordem. Falo à vontade, sou nortenha.
Perplexa com tanta alegria que se gerou com a vitória de um clube ou tanta tristeza à volta da derrota de outro e mais outros ainda.Festejamos com mais convicção a vitória do Benfica, do que a de um partido maioritário nas legislativas? Não acho mal nisso, mas intriga-me o facto .
Talvez tenham razão. A bola pode ser uma lâmpada de Aladino,nestes tempos incertos e sem grandes esperanças. Mas quantos desejos concede?
Estou preocupada. Estou mesmo.
SMS de almoço
"Ola! Fodasse! Todo o trabalho que fiz no domingo à tarde foi para o caralho! Vou ter de fazer aquela merda de acerto de stocks outra vez, ou seja, 7 horas, ainda hoje! Nada que 0,75 litros de cerveja ao almoço não resolvam! Já agora, vi a tua amiga e trocamos um ola a fugir... Fodassssse já estou mesmo queimado!!! Veio uma laranja e já não me lembrava de a ter pedido!!"
Eu nao acredito em sms mandados em abreviaturas e merdas assim. Se é para dizer algo é para dize-lo bem. lol
Finalmente!!!
Aleluia!!
Onde andará o Gasel? Ainda a apitar pelo Algarve fora?
Agora pensem num assunto novo:)
Domingo
Uma marreta em cima do computador não calhava nada mal.
centenas de anos e muitos milhares de mortos depois
o texto (maria: a graça e a esperança em cristo) irá ser agora analisado pelos responsáveis pelo respeito dos preceitos teóricos de ambas as igrejas (a congregação para a doutrina da fé, no caso dos católicos e a sua correspondente para os anglicanos).
o documento em causa analisa 3 pontos fundamentais da divergência entre anglicanos e católicos, cuja principal divergência estará, de facto, na condição de virgem da virgem e na sua ascenção de corpo e alma aos céus.
existem outras respeitantes à devoção aos santos, comunhões, santíssima trindade, ordenações, sexualidade e outras minudências, mas de somenos importância perante esta magna divergência do papel da virgem e da sua virgindade nas respectivas igrejas).
assim, dos 3 principais pontos de discórdia,
o primeiro
é o dogma da imaculada conceição (por imaculada conceição entende-se o ter concebido sem que tenha tido relações sexuais: concebeu e restou sem mácula).
segundo o parecer dos sábios teólogos, 'o trrabalho de redenção de cristo remonta até ao mais profundo do ser de maria e às suas primeiras origens' (leia-se que a imaculação teve efeitos retroactivos por via da redenção de cristo)
o segundo
ponto de discórdia assenta na assunção de maria.
de acordo com o dogma (para quem não está familiarizado com o termo, por dogma entende-se o que não tem discussão e que será blasfémia negar ou duvidar. como exemplo do contrário, as aparições de fátima não são um dogma: qualquer católico pode negar ou duvidar sem correr o risco de excomunhão) católico, maria subiu ao céu, em corpo e alma, após a sua vida terrena.
para os doutos sábios, a dita assunção é entendida como a convicção de que deus tomou a totalidade da pessoa da mãe de jesus na sua glória e que isso é 'conforme as escrituras'.
ou seja:,os doutos teólogos leram. está escrito. está provado.
a terceira questão,
referente ao culto da virgem (um dos principais pontos de discórdia entre anglicanos e protestantes) é um tema que não deve ser razão para divergências teológicas já que o culto e a invocação de maria não obscurecem nem diminuem a mediação particular de cristo.
resumindo, e após 6 anos de trabalho, centenas de anos de divergências e muitos milhares de mortos por via delas, chegamos à conclusão que:
1.
maria é imaculadamente virgem porque a redenção de cristo assim a tornou por retroactividade
2.
maria subiu aos ceús porque está escrito.
3.
a virgem é uma espécie de supporting actress, não retirando o brilho ao actor principal.
e são estas as principais divergências entre católicos, anglicanos e protestantes...
por via disto se fizeram tantas guerras.
por via disto morreu tanta gente
por via disto ainda há quem se bata
Os Maias
“Os Maias” é uma introdução excelente aos livros enquanto arte e enquanto género artístico específico. Um livro que é excelente pela sua história mas não apresenta nem uma linguagem especialmente cuidada nem sublime - não demonstra fazer parte de um género artístico específico. Fará parte do género artístico das artes narrativas, tal como o cinema e o teatro, mas não se autonomizará dentro deste género. Aquilo que é específico nos livros enquanto arte é a forma de contar histórias. Essa forma é feita com palavras. Portanto, é o estilo de escrita aquilo que é específico dos livros enquanto arte.
N’”Os Maias”, a história não é o mais importante. Haverá até milhares de pessoas que classificam o livro como chato, demasiado descritivo, não se passa nada, 682 páginas (na edição de bolso) ou 722 (na edição em papél de melhor qualidade e letra maiorzinha) que podiam ser resumidas a umas 180, talvez menos, acção muito lenta. Esses milhares de pessoas não sabem o que é a arte específica dos livros. Ou sabem mas não apreciam-na. A arte dos livros é a da escrita artística. “O Teatro são os actores” – dizia Meyerhold. Os livros são o estilo – digo eu. A história d’Os Maias até pode ser lenta, admitamos isso: o livro continua a ser genial pelo seu estilo. É a maneira como está escrito, mais do que o que é escrito, que é importante.
Mas reponhamos a verdade e afirmemos que, para além do estilo, o próprio conteúdo, a história e os quadros, bem como as personagens, tudo é genial n’”Os Maias”. Mas aquilo que mais fascina n’”Os Maias” e que melhor permite atrair as pessoas para o mundo dos livros enquanto arte específica é mesmo o estilo.
E é por causa do estilo que há livros, como “Os Maias”, que não podem ser passados para cinema: a história é traduzida para o filme, mas perde-se o estilo, ou seja, aquilo que é artisticamente específico dos livros. Seria impossível passar os livros de Mia Couto a cinema. Podiam ser passadas as histórias, mas ficava o mais específico dos livros: a linguagem, o estilo. Por outro lado, um livro com uma boa história mas sem estilo até ganha em ser passado para filme e o filme até será artisticamente mais rico se o realizador imprimir estilo ao texto filmado.
Para mim, o mais elevado na actividade artística dos escritores não é a concepção das histórias mas a forma de transformá-las em palavras. Conceber boas histórias não é específico dos livros, é a característica comum àquilo que eu chamo de artes narrativas: os livros, o cinema e o teatro. O estilo é a especificidade artística dos livros e é a característica destes que mais aprecio.