23 de dezembro de 2009
Em jeito de boas festas ou divagações junto a um curso de água...
Os dias de temporal revelam o outro lado da questão ou, como diz o povo e bem, «não há bela sem senão»: todos sabemos das inundações, das árvores que caem, dos telhados que acabam por ruir… A caminho das tarefas burocráticas do dia, apetece parar – independentemente do vento e do frio – para captar imagens como esta: o ribeiro, frequentemente inexpressivo, acabou por ganhar uma vida extensiva ao espaço envolvente. Apesar de muitas vezes se andar com os minutos contados, é bom «voltar costas» ao tempo para apreciar paisagens como esta. A natureza é generosa – mesmo quando sujeita a maus tratos - trazendo-nos a «contínua novidade», feliz expressão um dia encontrada pelo Poeta. Ainda há pouco e perante uma situação adversa, alguém que muito prezo, dizia-me: «os acontecimentos recentes ensinaram-me a reservar pelo menos dez minutos diários para ‘desligar’ de correrias e parar para pensar...». A título pessoal, dessa ínfima fracção de tempo terá feito parte uma paragem a caminho do trabalho para apreciar como a água em movimento tudo transforma em Vida.
Tem ainda o post a particular função de desejar a todos uma época de muita paz, independentemente dos ânimos serem mais ou menos dados a estas coisas natalícias. No caso pessoal, em que se tenta (com maior ou menor sucesso) viver todos os dias como se de época festiva se tratasse (sempre fez confusão as pessoas que desejam um tempo volátil, bem como o queimar de etapas), a imagem do caminho diário para a escola, após as chuvadas, trouxe a imagem que desejaria (ambição provavelmente desmedida) de estender a todos os quotidianos: mesmo em épocas de temporal (crise, aborrecimentos, a saúde a pregar partidas, etc. etc.) acabamos por ser surpreendidos com a novidade da paisagem desde que, para tal, queiramos estar despertos.
E a tentativa ambiciosa de cumprir um natal do quotidiano, encontra definição nos (aparentemente) simples versos de Ricardo Reis:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
Ricardo Reis
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
E estivemos nós a falar das inundações...
Obrigada em nome de todos, Fábio. Certamente que irei visitar o seu blog.
É verdade, Luís, mas essas - as de 67 - foram muitíssimo preocupantes, embora haja que não desvalorizar quem actualmente tenha passado por maus bocados à conta dos recentes temporais.
Teresa, mas foi dessas de 67 que nós falamos há uns dias e da "Protecção Civil" da miudagem...nós....
Eu sei, eu sei que foi dessas que por aqui se falou... apesar de tanta papelada e de tanto programa informático 'chatérrimo' ainda me lembro:)
que neste natal, possamos esquecer um pouco tanto consumismo e degradação, e apreciemos verdadeiramente o seu significado com a beleza de uma conversa a correr em familia como um bonito rio apressado, que sobressai brilhante num dia de chuva cinzento.
tudo depende da perspectiva. é só ver as coisas com outros olhos!
'Yellow' miúda, 'like mother like daughter'... beijocas =D
Enviar um comentário