2 de julho de 2009

A CIDADE É A EXPERIÊNCIA QUE DELA TEMO

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Acabaram-se.
Já não há nêsperas nas árvores. Umas foram apanhadas, outras caíram ao chão, os pássaros também se banquetearam.
No dia 1 de Maio publicou aqui um “post” que falava das nespereiras carregadas de frutos. Escolheu uma nespereira aqui perto de casa, na Rua Sabino de Sousa.
Lembra-se de em miúdo ver pequenas nespereiras nas varandas das casas. Ali, na Graça, quase ao lado da “Pastelaria Mimosa”, lembra-se de uma. Nespereiras em vasos nas varandas, talvez uma qualquer nostalagia das terras da infância.
A nespereira, daquele post” do dia 1 de Maio está agora sem frutos.
Voltarão as nêsperas quando a Primavera de novo romper.
Contudo, o poeta Eduardo Valente da Fonseca diz que há nêsperas no Outono e que um diaue as apanhou para as mulheres admiráveis da cidade:

“Colho as nêsperas de Outono e dou-vos as nêsperas de Outono
mulheres admiráveis da cidade.
As avenidas são primaveris
e vós sabeis que a vida é apenas isto,
este tempo de viver entre as flores,
os pássaros, as horas e as palavras dos companheiros, lábios amorosos
descendo amaciantes sobre a pele de vossos corpos frescos.
Colho por isso as nêsperas de Outono açucaradas
entre guindastes, transito e cimento
e as disponho em vossas férteis mãos
de gestos admiráveis sobre os homens."

10 comentários:

teresa disse...

Os poetas, seres forçosamente diferentes (e ainda bem), conseguem colher, sem qualquer dúvida - e neste particular sinto alguma (muitíssima) inveja confessa- nêsperas no Outono e cerejas (refiro-me às do nosso Portugal e não às importadas) em pleno Inverno. Desconhecia o bonito poema do post:)

gin-tonic disse...

Eduardo Valente da Fonseca morreu em 2003 com 75 anos, e fez parte do que, com alguma ligeireza, se designa por segunda geração do neo-realismo. Praticamente desconhecido, tem diversos livros, todos esgotados e que, certamente. nunca será reeditados. A sua incursão pela literartura infantil é, simplesmente deliciosa. Em Setembro de 2001 foi publicada, pela “Campo das Letras” uma Antologia de Poemas que, por vezes, se encontra nessas feiras ocasionais de livros. Tem um livro curiosíssimo “Os Criptogâmicos”, pequenas histórias – a lembrar Mário-Henrique Leiria, ou Pedro onde desenha o cinzetismo, o bolor em que Salazar e Caetano transformaram o país:
“Às sete da manhã saía de casa. Voltava ao meio-dia. Sentava-se à mesa, metia os olhos dentro do prato e comia sem uma palavra. A mulher, ves¬tida de preto, movia-se dentro de casa sem ruído, como se tivesse medo de levantar o pó que dormia nas frinchas do soalho. Mário saía sem dizer nada. Voltava às sete e sentava-se à mesa como ao meio¬-dia. Morreu com a cara metida no prato vazio... A mulher pensou que ele tinha adormecido. Tirou o prato e começou, como de costume, a lavar a loiça em silêncio”

gin-tonic disse...

Sim, Teresa, hoje em dia é possível ter a chamada "fruta da época" durante todo o ano. Mas onde os cheiros, os sabores? Já não há pessegos de Colares, morangos de Sintra, Maça riscadinha de Palmela e outras e outras e outras...

teresa disse...

1)- há anos vivia sem este bocado de terra e em Vila Pouca de Aguiar saboreei uma salada a saber a salada que retenho na memória (felizmente agora já é quase diária a experiência);
2)- a informação sobre Eduardo Valente da Fonseca surge, para mim, como novidade absoluta:)
3)- fiquei tão surpreendida como com a existência do romancista açoriano António Lacerda Bulcão ou como quando soube que o filósofo romeno Mircea Eliade, durante a 2ª guerra residente no nosso país, escreveu um romance sobre Lisboa (algo com país e laranjas no título que penso só existir na Biblioteca Nacional) .
Estas novidades surpreendem e fica a curiosidade de conhecer os textos.

gin-tonic disse...

Grande parte da obre de Mircea Eliade está publicada em português. Com um pouco de paciência pode ser
encontrada em alfarrabistas. O ano passado a editora "Bico de Pena" publicou "Diário Português" e "Uma Segunda Juventude"
Anda há algum tempo para comprar o "Diário Português" mas, sempre, outros livros interpõem-se...mas um dia acontece.

gin-tonic disse...

Sobre o Eduardo Valente da Fonseca esqueceu um pormenor: até ao Verão de 1975 foi jornalista do "República". Quando os acontecimentos, por ese tempo, se precipitaram no jornal, entendeu que já dera para todos os peditórios e reformou-se.

isabel disse...

eduardo valente da fonseca o poeta que a 25 de abril, pelas 19 horas, festejou comigo num banco da igreja dos congregados.bebemos ali vinho em copos de cristal.lemos um poema de pound e voltámos para a rua com a cara voltada para a luz ,como ele sempre fazia.

Os criptogâmicss

isabel disse...

a 25 de abril pelas 19 horas bebemos vinho em copos de cristal na igreja dos congregados.saímos com as caras voltadas para a luz como ele sempre dizia.leu se um poema do pessoa e a amizade ficou para sempre.com gin-tonic

isabel disse...

eduardo valente da fonseca o poeta que a 25 de abril, pelas 19 horas, festejou comigo num banco da igreja dos congregados.bebemos ali vinho em copos de cristal.lemos um poema de pound e voltámos para a rua com a cara voltada para a luz ,como ele sempre fazia.

Os criptogâmicss

isabel disse...

eduardo valente da fonseca o poeta que a 25 de abril, pelas 19 horas, festejou comigo num banco da igreja dos congregados.bebemos ali vinho em copos de cristal.lemos um poema de pound e voltámos para a rua com a cara voltada para a luz ,como ele sempre fazia.

Os criptogâmicss