25 de junho de 2006
Livros das minhas férias
Pilha que seguiu na malinha de viagem. Toda lida ao oitavo dia.
Critério de selecção: não serem livros demasiado pesados (em quilos) e estarem em agendamento de leitura.
Deliciei-me com o Henry Miller.Já reli partes. Concorde-se ou não com os gostos dele e sendo o livro de certa forma datado (o livro é de 1952) tem uma vivacidade espantosa.
Dele retive várias coisas e sobretudo fez-me pensar em muitas outras e sobre mim mesma.
Retenho este excertos. Muitos se seguirão, este é um livro que me marcou.
Citando Giono, um dos seus autores favoritos :
"Quando uma pessoa tem um hálito puro", disse o meu pai, pode apagar feridas em seu redor como se fossem candeeiros".
Mas eu não estava tão certo assim e retorqui: "Se apagares todas as luzes, Paizinho, deixas de ver". Nesse momento os olhos de veludo estavam calmos e olhavam para lá da minha juventude radiosa . "É verdade", observou ele,"que as feridas iluminam . Isso é verdade. Passas muito tempo a ouvir Odripano. Ele tem experiência. Se consegue manter-se jovem entre nós , é por ser um poeta. Sabes o que é poesia? Sabes que o que ele diz é poesia? Sabes isso filho? É essencial que o percebas. Agora escuta. Também eu tive as minhas experiências, e digo-te que tens de apagar as feridas. Se, quando fores adulto , souberes estas duas coisas, a poesia e a ciência de eliminar as feridas, então serás um homem"
De certa forma esta passagem veio-me à cabeça por causa dos haikus belissimos do Josef. Ou do soneto do Azinho. É bom este condão que a leitura tem de interligar tudo. E não sei se vos acontece mas há sempre coincidências extraordinárias. Da vida e não sou só. Ler é mais do que reter ou debitar, é sermos iluminados pelo que lemos. E é esse gosto que torna a leitura um privilégio único.
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