Vikram Seth faz parte do conjunto de autores de língua inglesa, mas originários de outras regiões anglófonas do globo, que marcaram sobretudo as duas últimas duas décadas do séc. XX. Entre estes autores contam-se nomes como Michael Ondaatje, Kazuo Ishiguro, V.S. Naipaul e Salman Rushdie. Vikram Seth tornou-se mais conhecido após ganhar o Booker Prize (não me lembro de que ano) pelo monumental (na dimensão e na qualidade) A Suitable Boy.
O último livro de Seth, An Equal Music, descreve os encontros e desencontros de músicos clássicos, narrados na primeira pessoa pelo segundo violino de um quarteto de cordas. Amor pela música e amores humanos, passando por Viena, Veneza, Londres. A música perpassa pela obra com uma intensidade que, se não é audível, desencadeia exactamente as mesmas emoções que resultariam de a ouvirmos. Nesse sentido, este é o mais extraordinário romance sobre música que me foi dado ler. A delicadeza linguística de Seth alia-se a uma pesquisa notável sobre a música, sobre os músicos e sobre circunstâncias excepcionais que são vividas por pessoas excepcionais.
Li o livro de uma assentada num voo transcontinental, em Maio de 2002. O meu primeiro gesto, ao chegar a Lisboa, foi ir à FNAC procurar furiosamente a música que era descrita no livro. Encontrei alguma. Descobri, entretanto, que a Decca editou um CD duplo com a totalidade do material musical citado na obra. Comprei-o na Amazon. Emprestei o livro a mais duas pessoas. A reacção foi a mesma: porem-se à cata das peças musicais do livro de forma compulsiva. Estão avisados.
... e o Círculo de Leitores editou a tradução, sob o título Uma Música Constante. Se puderem, naturalmente, leiam no original, que está maravilhosamente escrito. A tradução tem erros inaceitáveis no campo musical, mas não é má de todo no resto.
Ofereçam este livro a quem ame a música.
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