O primeiro disco de que me recordo era do Quarteto de Marino Marini. Tinha para aí quatro ou cinco anos, e ouvia-o misturado com o Mário Lanza a cantar árias do The Great Caruso (filme que devia ser reposto). Havia algum Bing Crosby a cantar canções de Natal, o White Christmas incluído. A seguir foi um tipo chamado Antonio Prieto que cantava o tema de um filme espanhol de fazer chorar as pedras da calçada, La novia. Havia ainda um single com a Polonaise nº 6 de Chopin e uma área do Rigoletto (Caro Nome) pela Mercedes Capsir. Passava os dias a pô-los a tocar repetidas vezes. Ainda hoje tenho alguns destes discos.
Depois fui para Moçambique. Os Beatles foram a referência óbvia de uma época. De vez em quando vinha alguém da Metrópole (para os mais novos: o nome que dava a Portugal quem estava em África) que trazia um álbum novo dos homens e era uma festa. Muito dancei eu (com onze anos) ao som do O Bla Di O Bla Da.
Liceu em Lisboa (71-75). O rock progressivo está em força, em simultâneo com o hard rock. Aprendemos a cantar e a tocar com Yes, Pink Floyd, Genesis, Emerson, Lake and Palmer, King Crimson, Van der Graaf Generator. Do lado do hard tocamos e berramos Deep Purple (tudo o que se fez depois destes são meras imitações), Black Sabbath, Uriah Heep, Hawkwind. Há ainda tempo para os baladeiros da época, alguns intemporais: Simon and Garfunkel (mais tarde, numa fase mais madura, Paul Simon a solo) Cat Stevens (tocávamos e cantávamos álbuns inteiros nos intervalos das aulas), America, Don MacLean. Um dos maiores e incompreendidos do tempo, Nick Drake (morto em 78) apenas o descobri há cinco anos e é dos que mais amo. Voltarei um dia a ele, se calhar.
(continua em próximos números)
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