21 de abril de 2014

Lá na minha cama, por favor!


Poesia não se explica. 
Poesia se sente, se vive. 

Mas essa que está ai em cima, do Nicolas Behr, carece de uma mínima orientação para quem não é de Brasília e não compreende como a cidade, cuidadosamente desenhada pelas linhas de Oscar Niemeyer e pelos traçados de Lúcio Costa, se esparrama morena e sestrosa sobre o chão do cerrado. Como uma ave, uma nave, pousada no Planalto Central, com seus eixos, suas asas e seus monumentos. 

Nicolas, investido do seu caráter de poeta/mágico/transformador, pegou endereços conhecidos dos brasilienses, o Eixo Monumental, a L2, a W3, as Superquadras e transformou-os em atributos femininos. Imaginária ou não, Suzana, ganhou linhas de Brasília. Contornos capazes de provocar a libido de qualquer um. Capaz de brincar com o imaginário alheio, fazendo (não se sabe ao certo) da cidade uma mulher ou da mulher uma cidade. Ave, nave, avião em doce e delicado voo. 

Coisa de poeta.
Impossível não enxergar beleza nisso. 
Impossível não invejar, não desejar um pouso desses em minha cama, também.
Viva, o poeta e sua poesia!
Viva, Brasília, em seus 54 anos de cidade (complicada e perfeitinha)! 

(A poesía está transcrita em forma de mosaico, grudado nas paredes da Biblioteca Demonstrativa das quadras 506/507, na W 3 Sul, aqui em Brasília. E me foi carinhosamente lembrada por Renata Sanches, que postou em sua página, no Facebook, agora há pouco. Obrigado, Nicolas. Valeu, Renata!)

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