Poesia não se explica.
Poesia se sente, se vive.
Mas essa que está ai em cima, do Nicolas Behr, carece de uma mínima orientação para quem não é de Brasília e não compreende como a cidade, cuidadosamente desenhada pelas linhas de Oscar Niemeyer e pelos traçados de Lúcio Costa, se esparrama morena e sestrosa sobre o chão do cerrado. Como uma ave, uma nave, pousada no Planalto Central, com seus eixos, suas asas e seus monumentos.
Nicolas, investido do seu caráter de poeta/mágico/transformador, pegou endereços conhecidos dos brasilienses, o Eixo Monumental, a L2, a W3, as Superquadras e transformou-os em atributos femininos. Imaginária ou não, Suzana, ganhou linhas de Brasília. Contornos capazes de provocar a libido de qualquer um. Capaz de brincar com o imaginário alheio, fazendo (não se sabe ao certo) da cidade uma mulher ou da mulher uma cidade. Ave, nave, avião em doce e delicado voo.
Coisa de poeta.
Impossível não enxergar beleza nisso.
Impossível não invejar, não desejar um pouso desses em minha cama, também.
Viva, o poeta e sua poesia!
Viva, Brasília, em seus 54 anos de cidade (complicada e perfeitinha)!
(A poesía está transcrita em forma de mosaico, grudado nas paredes da Biblioteca Demonstrativa das quadras 506/507, na W 3 Sul, aqui em Brasília. E me foi carinhosamente lembrada por Renata Sanches, que postou em sua página, no Facebook, agora há pouco. Obrigado, Nicolas. Valeu, Renata!)
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