24 de outubro de 2012

A LÍNGUA DAS VARINAS



"Os pudibundos dizem que a linguagem das varinas da Madragoa, faz corar qualquer um, mas, felizmente, há quem encontre naquele vocabulário as delícias dos dicionaristas. Varinas (que quase não há) e Madragoa (que vai subsistindo) têm apenas um ocasional ponto de encontro geográfico naquele bairro lisboeta. As varinas (ou as suas bisavós ovarinas, mais ou menos recentes) vieram nos bandos dos pescadores de Ovar que procuravam melhores condições de vida e foram criar a Caparica, as «palafitas» dos saveiros do Tejo e se alongaram mesmo até ao Algarve num percurso ainda hoje sinalizável. A Madragoa, hoje um bairro com características dos século XVIII e XIX, é de origem árabe. Madragoa, era a mulher ordinária, desarranjada ou excentricamente vestida. Ainda não há muito tempo, escrevia Aquilino Ribeiro na Estrada de Santiago: «Apanhasses-te tu em Britiande e que vá arrancar-se com quanta bófia tem (...) assim mesmo a grandessíssima madragoa"
Roby Amorim  "Elucidário de Conhecimentos quase Inúteis", Edições Salamandra, 1985.


Fotografia: Joshua Benoliel 1912 

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