esta noite, pelas 22H42, na rtp2 passa um filme absolutamente a não perder.
há uns tempos falei dele aqui.
fome, de steve mcqueen é um dos mais poderosos filmes feitos sobre a luta dos presos nas cadeias da irlanda do norte por coisas tão simples como o direito a vestir a sua própria roupa,
esta luta, que começou por deixarem de vestir qualquer roupa até à recusa de limparem as suas celas, acabou numa das mais violentas greves de fome da história da luta política.
o filme gira à volta de bobby sands, mais vai muito para além desse símbolo.
é um filme duma beleza extrema (estranhamente belo) e duma crueza violenta.
é um filme absolutamente a não perder !!!
31 de março de 2012
29 de março de 2012
28 de março de 2012
Gripe
É mesmo irritante ver a imagem microscópica do virús,e a febre que não passa. Parece um ternurento brinquedo de criança. Umas bolinhas todas tão fofinhas, muito coloridas, preenchidas com uns filamentos para a criança melhor a segurar, e um tipo aqui cheio de dores.
Era bem mais facil aceitar que o vírus tivesse cara feia ou uma forma mais própria de ser esmagado com uma murraça, e depois se limpassse tal como a persistente gosma verde e a ranhoca amarela que escorre sem parar.
Dá para imaginar a idílica cena da feiosa molecula do paracetamol a ficar corada só de olhar a do virús e a do ibuprofeno de mãozinhas dadas a fazerem uma rodinha e a cantarem uma canção de brincar e esta tosse profunda que não passa.
É mesmo irritante estar dez dias fechado, suado, apalermado, quietinho seguindo a sábia prescrição médica que termina com: sobretudo é preciso ter paciência que isso passa.
27 de março de 2012
Porque abril se encontra à porta...
Abril em Portugal
Sim. Abril em Portugal é bem diferente do mítico «Avril au Portugal». Ventos, chuvas súbitas, variações bruscas de temperatura – eis a realidade. Mas o sonho, meus senhores, tem poderes mágicos. Podemos dizer o que quisermos. Podemos apregoar à vontade que Maio é, sob todos os aspectos, mais agradável, mais temperado, mais belo, que Outubro é um princípio de Outono verdadeiramente delicioso entre nós, quebrados os ventos, quebrados os grandes calores, as folhas das árvores a caírem lentamente e recortando-se no azul sem mácula de um céu cristalino e transparente. Podemos, neste sentido, dizer tudo o que quisermos: os turistas continuarão a afluir aos milhares a esta Lisboa, porto de Abril, à procura do seu sonho. Não há dúvida: uma canção revolucionou por completo o nosso calendário turístico. Impõe-se uma homenagem ao «Avril au Portugal», em nome dos comerciantes e hoteleiros para os quais Abril era um mês como outro qualquer…
«Um Lisboeta em Lisboa», O Século Ilustrado, 27 de Abril de 1957
Sim. Abril em Portugal é bem diferente do mítico «Avril au Portugal». Ventos, chuvas súbitas, variações bruscas de temperatura – eis a realidade. Mas o sonho, meus senhores, tem poderes mágicos. Podemos dizer o que quisermos. Podemos apregoar à vontade que Maio é, sob todos os aspectos, mais agradável, mais temperado, mais belo, que Outubro é um princípio de Outono verdadeiramente delicioso entre nós, quebrados os ventos, quebrados os grandes calores, as folhas das árvores a caírem lentamente e recortando-se no azul sem mácula de um céu cristalino e transparente. Podemos, neste sentido, dizer tudo o que quisermos: os turistas continuarão a afluir aos milhares a esta Lisboa, porto de Abril, à procura do seu sonho. Não há dúvida: uma canção revolucionou por completo o nosso calendário turístico. Impõe-se uma homenagem ao «Avril au Portugal», em nome dos comerciantes e hoteleiros para os quais Abril era um mês como outro qualquer…
«Um Lisboeta em Lisboa», O Século Ilustrado, 27 de Abril de 1957
Despe e veste
Quando uma mala se fazia em casa/1973
Em 1973 ainda era usual produzir-se uma mala em casa. A revista Modas e Bordados até o molde fornecia. Tempos de contenção económica.
25 de março de 2012
O poder da rádio
Ainda guardo a memória das palavras e música deste programa. Muito mais tarde seria aluna do Adelino Gomes. Agora encontro este anúncio numa Flama de 1970 e procuro o rasto do que existiu. Que falta que faz a boa rádio.
" Começa a ser transmitido a 2 de Janeiro, pela onda média da “Rádio Renascença”, o programa "Página Um", realizado e apresentado por José Manuel Nunes e Luís Paixão Martins. Faziam parte da equipa para além dos realizadores: Adelino Gomes, Homero Cardoso, Fernando Santos, Fernando Tenente, Amaral Marques, Maria Emília Correia, Fernando Cascais, Viriato Dias, Joaquim Letria, António Cartaxo e António Borga, os três últimos da BBC, elementos da Voz da América e da Deutche Welle, Rui Pedro, Artur Albarran, Moreno Pinto e José Videira. O programa conciliava a reportagem do quotidiano lisboeta do fait-diver, mas aos poucos, foi-se especializando para abordar as questões políticas e sociais. O governo chegou a suspender a transmissão do programa durante um mês e dez dias. Uma ocasião, o programa organizou um grande espectáculo musical, no Colégio dos Salesianos do Estoril, em que participou o extinto Conjunto 1111 e que começou logo após a hora do almoço e se prolongou até cerca da hora do jantar. Sem qualquer aviso, sem qualquer razão ou motivo, a meio da tarde, a Polícia de Choque invade o Colégio e os seus elementos começam a bater, indiscriminadamente, em quem encontravam pela frente, atiçando os cães a tudo o que mexesse. Foi assim que muitas pessoas que se encontravam na Arcadas do Estoril, ou que passavam pelas cercanias, foram espancadas, inclusive mulheres grávidas, idosos e até turistas. Naturalmente que tal violência provocou enorme indignação (um dos filhos do professor Marcelo Caetano foi fortemente espancado) e muitas famílias da zona, bem posicionadas, lavraram o seu forte protesto. O resultado foi, apenas, a transferência do capitão Maltês. Naqueles tempos a rádio mexia com o sistema, era saudavelmente incómoda e os programas não se limitavam a ser gira-discos"
In http://telefonia.no.sapo.pt/datesportugal.htm
" Começa a ser transmitido a 2 de Janeiro, pela onda média da “Rádio Renascença”, o programa "Página Um", realizado e apresentado por José Manuel Nunes e Luís Paixão Martins. Faziam parte da equipa para além dos realizadores: Adelino Gomes, Homero Cardoso, Fernando Santos, Fernando Tenente, Amaral Marques, Maria Emília Correia, Fernando Cascais, Viriato Dias, Joaquim Letria, António Cartaxo e António Borga, os três últimos da BBC, elementos da Voz da América e da Deutche Welle, Rui Pedro, Artur Albarran, Moreno Pinto e José Videira. O programa conciliava a reportagem do quotidiano lisboeta do fait-diver, mas aos poucos, foi-se especializando para abordar as questões políticas e sociais. O governo chegou a suspender a transmissão do programa durante um mês e dez dias. Uma ocasião, o programa organizou um grande espectáculo musical, no Colégio dos Salesianos do Estoril, em que participou o extinto Conjunto 1111 e que começou logo após a hora do almoço e se prolongou até cerca da hora do jantar. Sem qualquer aviso, sem qualquer razão ou motivo, a meio da tarde, a Polícia de Choque invade o Colégio e os seus elementos começam a bater, indiscriminadamente, em quem encontravam pela frente, atiçando os cães a tudo o que mexesse. Foi assim que muitas pessoas que se encontravam na Arcadas do Estoril, ou que passavam pelas cercanias, foram espancadas, inclusive mulheres grávidas, idosos e até turistas. Naturalmente que tal violência provocou enorme indignação (um dos filhos do professor Marcelo Caetano foi fortemente espancado) e muitas famílias da zona, bem posicionadas, lavraram o seu forte protesto. O resultado foi, apenas, a transferência do capitão Maltês. Naqueles tempos a rádio mexia com o sistema, era saudavelmente incómoda e os programas não se limitavam a ser gira-discos"
In http://telefonia.no.sapo.pt/datesportugal.htm
24 de março de 2012
Entretém
Ilustrava um conto de José Régio aparecido na Revista Eva. Apaguei o nome do artista e só deixei a data. Reconheceis o traço?
23 de março de 2012
Decrescimento
Há chavões que caem em desuso. O desenvolvimento sustentável
parece que foi trocado por crescimento econónico.
Sempre que os vejo a serem utilizados lembro-me, incondicionalmente, de outra frase "Vou deixar crescer a barba".
Ora, não está na nossa vontade a barba crescer ou não, ela
cresce pela sua natureza. A nossa actuação só recai sobre a visibilidade do
crescimento, aparando-a, cortando-a ou escanoando a cara.
Ou seja, tomamos medidas sobre o crescimento, incrementando-o,
moderando-o ou cortando-o pura e simplesmente. E a isto uns chamam desenvolvimento
sustentável, outros crescimento económico. Eu faço a barba todos os dias.
Acabo de ler um novo termo ‘decrescimento’ numa interessante entrevista a Serge
Latouche, no Público de 19/03/2012.
O economista afirma: - É estupido trabalhar cada vez mais, para
produzir cada vez mais, para desperdiçar mais. É preciso acabar com este
massacre. foto emprestada por http://colunistas.ig.com.br
21 de março de 2012
20 de março de 2012
Goethe ou a sagração da primavera
«A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas»- Johann Goethe
19 de março de 2012
Família e amigos
«Os amigos, temos o privilégio de escolhê-los, já quanto à família...» - frase recorrente ouvida a um pai que, talvez por valorizar o lema, lançou sólidos alicerces, convertendo até hoje em festa todos os momentos de reunião familiar: “sempre lá uns para os outros”, a não confundir com o conceito de famiglia, pois o principal legado terá sido o perene contributo na partilha de risos (muitos) e solidariedades, sempre que necessárias.
Pai
Escreves em 1941. "Aqui neste lindo dia de sol domingueiro, tenho prazer até em concordar inteiramente com uma Zé que não esconde verdades e que talvez por isso mesmo e por muito mais se tornou credora da minha admiração..." Falavas da mãe e reencontro-te nestas cartas que o destino e a mão dela preservaram. Um beijo neste dia institucional do pai. Não preciso dele para te lembrar todos os dias.
18 de março de 2012
Deficit tarifário
Os gajos de História são uns chatos, eu que o diga que sou de História. Têm a mania de remexer no passado para explicar o presente.
Há já algum tempo que esta coisa do ‘deficit tarifário’ me anda a provocar comichão.
Ora bem, a EDP não surgiu do nada, foi criada com a transferência de património de diversas sociedades e dos antigos serviços municipais de electricidade, ficando por isso, com a incumbência entre outras, de distribuição da energia eléctrica de baixa tensão a nível nacional (Decreto-Lei n.º 502/76, de 30 de Junho).
Anda agora a EDP a querer acertar contas com os portugueses que lhe cederam o património e lhe deram o encargo de prestar um serviço público, afirmando que existe um deficit tarifário.
Pois bem, reavalie-se o património transferido e acertem-se as contas, mas desde o início, para que fiquem de uma vez por todas acertadas.
17 de março de 2012
Eufemismos
As cantigas medievais de escárnio e de maldizer da nossa lírica trovadoresca eram classificadas de modo precipitado enquanto estudantes de liceu. Recordo que, na época, aprendíamos que as primeiras criticavam referindo o nome dos visados e, as segundas, satirizavam com insinuações.
Recorrer a figuras de estilo sempre foi do pessoal agrado por exigir a reescrita de lugares comuns.
Longe de nos aproximarmos da criatividade da época do galego-português – uma escriba nunca é uma criadora - , fica a adaptação que mereceu algumas críticas pelo recurso ao eufemismo.
A sugestão não será muito gandhiana, mas deixa-se a (re)composição gráfica do cartaz…
16 de março de 2012
Deambulações
Quando os horários começam a apertar, as deambulações passam por chegar a tempo de uma caminhada na cidade, sem fugir à pontualidade exigida.
E assim se tem outra visão de ruelas, becos e escadarias, a criar atalhos através das sete colinas.
Faz a diferença o percurso a pé, enquanto caminhante a despertar para a novidade das ruas, em manhã algo enevoada, mas a prometer melhorias de tempo.
Pergunta-se se conseguirão identificar onde foi captada a imagem.
15 de março de 2012
Uma adivinha literária
"O Amante
Iam a Bucelas, perfeitamente, pela serra!
Uma era do sitio e a outra de Lisboa . Não tinham o que se pode chamar intimidade, mas faziam-se boa companhia. 0 campo dava à lisboeta aquele gosto, aquele regalo que costuma geralmente dar aos citadinos : surpresas, uma certa beatitude, o despertar da imaginação...
No campo há sempre patentes as coisas naturais e nao de fabrico : o chão verde, o sol, a chuva, a água corrente e as nuvens. Até a gente que passa ou que trabalha nos parece mais espontânea e mais simples! Com isto e pouco mais se amanha uma paisagem de recreio, se passam umas boas férias rurais. Esta aldeia era de lavadeiras, construída em socalcos entre dois ribeiros. No verão dispensavam-se as suas melhores casas a gente de Lisboa. Mas os forasteiros, quer chegassem cedo quer chegassem tarde, de tão costumeiros que eram não produziam a minima impressão no indígena. E assim esta lisboeta temporã, arribada na Páscoa, corria os campos à sua vontade. A ela é que as novidades da terra, toda aquela rebentação primaveril enchiam de exaltação"
Adivinham quem escreveu?
Postal ilustrado do início do século XX, editado pela Bertrand.
Iam a Bucelas, perfeitamente, pela serra!
Uma era do sitio e a outra de Lisboa . Não tinham o que se pode chamar intimidade, mas faziam-se boa companhia. 0 campo dava à lisboeta aquele gosto, aquele regalo que costuma geralmente dar aos citadinos : surpresas, uma certa beatitude, o despertar da imaginação...
No campo há sempre patentes as coisas naturais e nao de fabrico : o chão verde, o sol, a chuva, a água corrente e as nuvens. Até a gente que passa ou que trabalha nos parece mais espontânea e mais simples! Com isto e pouco mais se amanha uma paisagem de recreio, se passam umas boas férias rurais. Esta aldeia era de lavadeiras, construída em socalcos entre dois ribeiros. No verão dispensavam-se as suas melhores casas a gente de Lisboa. Mas os forasteiros, quer chegassem cedo quer chegassem tarde, de tão costumeiros que eram não produziam a minima impressão no indígena. E assim esta lisboeta temporã, arribada na Páscoa, corria os campos à sua vontade. A ela é que as novidades da terra, toda aquela rebentação primaveril enchiam de exaltação"
Adivinham quem escreveu?
Postal ilustrado do início do século XX, editado pela Bertrand.
13 de março de 2012
Sinais do nosso quotidiano
Todos os dias nos cruzamos com imensas mensagens, numas reparamos, noutras nem por isso.
No quotidiano existem necessidades de comunicação de
todo o tipo.
Umas de carácter ingénuo, cândido e esperançoso.
Outras com carácter menos inocente.
Há as que provocam um risinho malandro e escondido.
Umas politicamente correctas.
Outras nem por isso.
12 de março de 2012
Imagens e Letras
Estava numa pilha de livros, cada três a cinco euros. O Miguel descobriu-os e vieram os dois pesados volumes. O Dicionário ilustrado da Língua Portugueza, seguindo o modelo laroussiano. 1898
11 de março de 2012
«B» de bestial (ou brutal)*
Nós, os de 70, herdámos da geração dos inovadores 60 o conceito de «bestial». No dicionário de José Pedro Machado encontra-se, para o termo, a seguinte definição: « relativo a bestas; brutal; grosseiro; estúpido; absurdo; selvagem; repugnante», sendo que os sinónimos apresentados não traduzem a ideia que, à época, associávamos à palavra.
Quando me soa aos ouvidos a expressão, «esta música é bestial», não deixo de esboçar um sorriso: sem que nos apercebamos, deixa-se uma parte do bilhete de identidade, ups… cartão de cidadão …
O ouvido já se habituou à expressão deste novo século e pronunciada pela juventude «esta música é brutal, é potente», termos igualmente interessantes para quem gosta e vive das (e com as) palavras.
O dicionário da Academia das Ciências integrou, há alguns anos, o verbete «bué», não o tendo por perto, desconheço se permite a fórmula «bué de …». E assim se fica a pensar na permanente novidade do léxico – alguns conceitos vingam por mais tempo no seu novo sentido, outros circunscrevem-se a uma época, acabando por cair no esquecimento entre as gerações mais jovens.
do bestial
ao brutal
*E neste «b» de ‘bestial’, ‘brutal’, ‘bué’, deixaríamos, em justiça, muitos nomes começados por «B» , ficando uma aleatória imagem.
10 de março de 2012
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