17 de dezembro de 2010
Olhares sobre a cidade
As cidades dialogam em expressivos silêncios. Muitas delas fervilham de vida, outras limitam-se a um povoamento nómada, determinado por horários de trabalho, sendo deixadas a tristes abandonos sob a iluminação pública...
Os cartazes que algumas ostentam são significativos. Apesar do lugar-comum de se encontrarem as salas de teatro desertificadas na capital, quem as frequenta com alguma regularidade constata, com satisfação, tratar-se tal afirmação de um mito. Conseguir bilhetes para uma peça, só é possível com semanas de antecedência, sob risco de se ficar num lugar tão mau em termos de visibilidade e acústica que mais vale optar por permanecer em casa, em frente a um bom filme totalmente novo ou revisto por trazer boas memórias… Pensa-se ainda que ir ao cinema já não é o que era, seguindo as respectivas desculpas para quem encontra entusiasmo em ficar a mastigar pipocas durante cerca de duas horas, com os inevitáveis ruídos de deglutição a invadir os ouvidos dos que insistem em apreciar a dicção dos actores ou as bandas sonoras dos filmes.
Talvez por ter o teatro lisboeta um público fiel – mesmo nos indies que deixaram de ser subsidiados, como há dias li num folheto entregue à entrada e que determinou a escrita improvisada de uma opção menos dispendiosa - não nos cruzamos , na cidade, com muitos cartazes apelativos… Exceptuando-se os mega-concertos, as peças interessantes não são vulgarmente divulgadas em qualquer esquina… E os cartazes de eventos musicais são colados descuidadamente, em locais tristes e sombrios
Por isso mesmo se prende o olhar de deslumbramento, sempre que em outros espaços se encontram apelativas imagens a publicitar espectáculos.
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