3 de novembro de 2010

Projecções e Projectos



Cresci, ligando o conceito economia à poupança, à falta de dinheiro em casa. Economia era a doméstica e só!

Comecei, anos mais tarde, a ligar economia aos licenciados em económicas-financeiras, como se dizia até há bem pouco tempo. Claro que hoje se dividem em economistas e em financeiros, ainda bem que assim é senão seria uma baralhação completa, como se poderia ligar a situação económica à crise financeira?

Já ouvi uma centena de vezes os economistas projectando o agravar das situações, sempre com um pessimismo e uma descrença no futuro dos portugueses. Os números do deficit, da dívida, do desemprego, e outros mais estão sempre a piorar. As suas projecções calam bem fundo a verdade!

Há pouco tempo apontavam os atrasos estruturais de Portugal como causa da situação e que, a mesma, só se resolveria aumentando as exportações, diminuindo as importações, aumentando a produtividade. Todos esses indicadores melhoraram, mas surgiu, agora, como suporte argumentativo, a não prevista crise financeira internacional.

Bolas, mas que chatice! Os economistas falharam rotundamente nas suas projecções e na solução do problema! E foram imediatamente cilindrados pelos seus colegas de curso, agora ditos financeiros. É mesmo azar, coitados!

Em Portugal além dos economistas e dos financeiros existem outras profissionais que, contrariamente, não fazem projecções, realizam projectos, isto é, concretizam ideias, produzem bem-estar e melhoram a qualidade de vida dos portugueses.

São estes portugueses teimosos que trocam as voltas às péssimas, mas bem intencionadas, projecções dos economistas.

Vem isto a propósito de se terem juntado dois economistas a discutir o orçamento de estado. Parece que se entenderam bem, até assinaram um acordo. Já não teria sido nada mau que também lá estivessem uns financeiros, assim sempre poderiam os economistas tirar a desforra da casca de banana colocada por estes.

Mas o que eu queria mesmo é que lá estivesse daquela gente que pensa, que projecta, que tem ideias, que quer os portugueses com futuro. Não seria pedir demais, pois não?

Este texto já vai longo, mas não queria deixar de referir que o documento mais importante que está a ser discutido não é o orçamento, mas sim o Plano. Plano é onde se anunciam os projectos, não sei se estão a perceber.

Foto Leonard Freed; Magnum.

1 comentário:

T disse...

Vivemos com falta de planos. Gosto sempre de te ler Miguel:)