30 de setembro de 2009
O efémero jornalístico
Alguns furos jornalísticos (sendo cada vez mais equivalentes a 'fogachos') acabaram por me trazer dois apontamentos à memória sem que neles encontre qualquer articulação lógica:
1)- um professor canadiano, ex-jornalista, que um dia nos contou numa aula:"em princípio de carreira enviaram-me de urgência a casa de uma jovem, para uma entrevista, o seu marido tinha acabado de falecer de acidente de trabalho. Cheguei precipitadamente, toquei à campainha e apareceu-me a rapariga, sorridente, que aspirava a casa. Percebi de imediato que ainda não estaria informada sobre o trágico acontecimento e não me caberia a mim dar-lhe a notícia. Apresentei uma desculpa inconsequente e recusei-me a fazer a entrevista."
2)- uma acção de formação na qual era dito que o índice de desenvolvimento de um povo se media pelo número de jornais diários vendido.
E tudo isto surgiu de modo desordenado ao ter deparado hoje com o seguinte poema:
Que faremos destes jornais, com telegramas, notícias,
anúncios, fotografias, opiniões…?
Caem as folhas secas sobre os longos relatos de guerra:
e sol empalidece suas letras infinitas.
Que faremos destes jornais, longe do mundo e dos homens?
Este recado de loucura perde o sentido entre a terra e o céu.
De dia, lemos na flor que nasce e na abelha que voa.
De noite, nas grandes estrelas, e no aroma do campo semeado.
Aqui, toda a vizinhança proclama, convicta:
“Os jornais servem para fazer embrulhos.”
Cecília Meireles, «Jornal, longe» , Obra Poética
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6 comentários:
E acho que a Cecília Meireles, estava carregadinha de razão...
Sô Dona Teresa, vá lá também ao meu blogue, responder a uma perguntinha!
:)
Ok, Paula... é que 'é já a seguir!':D
Obrigada pela resposta!!!
:)
... e espero informação sobre a data de lançamento desse livro:'autógrafo! autógrafo!':)
Mal saiba alguma coisa, aviso logo!
Obrigada pela força!
:)
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