Quando vivi a minha adolescência, não se comemorava o dia dos namorados. O império ainda não tinha feito chegar até nós, de forma tão plena, o seu modelo cultural. Felizmente para mim. Sempre fui poupado a algumas humilhações. Não deixo, no entanto, de lembrar todas aquelas histórias de "amor" encadeadas umas nas outras que os meus colegas dos dois sexos vivenciavam. Coisa a que eu era superiormente indiferente (e não pensem que era por as raparigas gostarem muito de conversar comigo mas preferirem namorar com os outros, nada disso). A propósito dessa lembrança de "amores" encadeados, que eu nunca conseguia perceber, deixo-vos um poema de Drumond de Andrade,
A Quadrilha
João amava Teresa
Teresa amava Raimundo
Raimundo amava Maria
Maria amava Joaquim
Joaquim amava Lili
Que não amava ninguém
João foi para os Estados Unidos
Teresa foi para um convento
Joaquim morreu de desastre
Maria ficou para tia
E Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história
Tenham um bom dia
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