1 de fevereiro de 2005

Aparição

A Pamela Anderson nunca fez nenhum anúncio ao Wonderbra. Nunca. E eu soube isto sempre.

Quando eu pude provar a mim mesmo esse facto, quando eu pude provar a mim mesmo que aquilo que eu sabia estava certo, estava certo independentemente da vontade dos outros, independentemente do que os outros diziam, independentemente do desdém até dos outros - apareci.

E quando eu deixei de me interessar por convencer os outros acerca daquilo que eu sabia e que estava certo, quando passou a bastar-me o conhecimento pelo conhecimento e não o conhecimento como forma de vencer ou perder em relação aos outros - desenvolvi.

Na escola secundária todos os meus colegas sabiam sempre tudo acerca de todas as coisas e tinham sempre certezas absolutas. Eu não tinha maneira de provar aquilo que eu sabia mas sempre senti ou intuí ou tive confiança de que não era por causa deles dizerem que tinham mais experiência é que eles estavam certos e eu não.

Ainda hoje tenho amigos desse tempo que me dizem "se não era a Pamela, então quem era?". São os mesmos amigos que por tudo e por nada dizem que "há estudos científicos sobre ..." a propósito de qualquer assunto, quando na verdade nem há estudos e mesmo que houvesse não teriam sido lidos por eles. Mas nunca foi isso que me impediu de manter essas amizades.

Foi também muito importante e muito bom para mim descobrir que andar de mota era possível e era fácil. Não era necessário ser nenhum super-herói. Ninguém era de facto super-herói só por causa disso. E também é salutar saber que não é preciso ser nenhum Brad Pitt nem namorar com nenhuma Angelina Jolie para fazer as coisas que eles provavelmente fazem (ou alguém nos faz imaginar que eles fazem) nas respectivas camas.

Os fanfarrões acham que têm mais sabedoria por dizerem que têm mais experiência. Eu sempre duvidei da sabedoria deles e até da experiência. Prefiro admirar o raciocínio do que admirar passados gloriosos que eu nem sei se corresponderam à realidade.

Há quem use como argumento a experiência de vida. Eu uso como argumento o meu espírito crítico.

(Este é até agora o meu post nest blog que está mais na 1ª pessoa. Prefiro os registos mais impessoais, mas às vezes a primeira pessoa é mesmo a mais necessária).

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