O fenómeno, conhecido como o Grande Terramoto de Lisboa, terá atingido 8,7 na escala Richter (a escala vai até a um máximo de nove). O sismo foi sentido por quase toda a Europa e no noroeste de África. Foi o maior desastre natural de que se tem registo na história da Europa.
A um ano da passagem de um quarto de milénio sobre o desastre natural que mudou Lisboa para sempre e da concretização da candidatura da Baixa lisboeta a património da Humanidade, a câmara da cidade, o ministério da Cultura e o Instituto Português de Património Arquitectónico (Ippar) ainda não têm definido o programa que assinalará a efeméride.
Fonte do gabinete da vereadora da Cultura, Maria Manuel Barbosa, disse ao PÚBLICO que, por enquanto, apenas estão definidas as acções que já foram aprovadas em reunião de câmara: a digitalização da maquete de Lisboa pré-terramoto de 1755 - que se encontra no Museu da Cidade, no Palácio Pimenta - e uma exposição sobre a temática da reconstrução pombalina, a realizar no Terreiro do Paço (que, na realidade, se chama Praça do Comércio, mas 249 anos depois da catástrofe, os lisboetas continuam a designar aquela praça, como a do Terreiro do Paço, uma referência ao Palácio que ali esteve durante 400 anos, até ao dia 1 de Novembro de 1755, quando o terramoto o destruiu quase na totalidade).
A mesma fonte adiantou que as iniciativas que vão assinalar a efeméride ainda estão "em afinação" e que, "em meados de Novembro", a autarquia terá mais novidades. Ainda por definir estão, também, as acções a realizar sob a chancela do ministério da Cultura e do Ippar.
As acções já planificadas pela Câmara de Lisboa para assinalar, no próximo ano, os 250 anos sobre o terramoto de 1755, vão proporcionar aos lisboetas e turistas da capital "regressar", ao período anterior à catástrofe e visitar a cidade de então através de passeios virtuais.
Para isso, o executivo camarário vai criar um sistema multimédia de três dimensões, através da animação virtual da maquete patente no Museu da Cidade.
A exposição sobre a reconstrução pombalina da cidade vai decorrer nos 1900 metros quadrados deixados vagos pelo centro de distribuição postal dos CTT, no Terreiro do Paço.
Projectos científicos em curso
Mas se existe algum atraso no planeamento da efeméride em Lisboa, a comunidade científica internacional está mais adiantada. Estão a decorrer, pelo menos, oito estudos científicos para tentar entender as causas do terramoto e analisar a possibilidade de ocorrência de um novo abalo sísmico com a mesma magnitude no continente europeu.
Estão planeadas cinco viagens oceanográficas e três perfurações no fundo do mar mediterrâneo, numa tentativa de descobrir os segredos sísmicos da região, tanto do passado, como do presente e futuro.
Recentes estudos apontam o epicentro do Grande Terramoto de Lisboa no Mediterrâneo. "O desenvolvimento de um forte 'tsunami' [como o que atingiu Lisboa] implica uma origem marítima", explica Marc-André Gutscher, oceanógrafo de uma unidade de pesquisas marinhas do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), em França, num artigo de 27 de Agosto, "What Caused the Great Lisbon Earthquake", da revista "Science". Gutscher estima que a enorme onda que atingiu Lisboa tenha atingido dez metros de altura, provocando inundações em cidades litorais europeias e de Marrocos.
No Público de hoje...(Diana Ralha e Bruno Alves)
Sem comentários:
Enviar um comentário