Percorro a Feira do Livro, vou de sacos cheios e ouço a novidade. Sabes que a Barateira Fechou?
Desde os meus 18 anos que estava habituada a ir lá, à cata de novidades a bons preços.
Pelos vistos fecharam-na a mando do tribunal para criar uma garagem. Pergunto, porque é que ninguém fala disto?
29 de abril de 2012
Um português na Suíça - impressões de viagem
Há cerca de vinte anos viajei pela Suíça. Passando por uma cidade onde viviam amigos dos tempos de liceu, decidi visitá-los. Soube que uma delas, a poucas semanas de dar à luz gémeos, se encontrava internada numa pequena unidade hospitalar. Perguntei então o porquê da medida. Informaram-me que era unicamente para prevenir complicações – um parto gemelar era considerado como uma situação a necessitar de um especial acompanhamento. Fui visitar a S, ao quarto de hospital. No local, o chão parecia um espelho. Encontrei-a saturada por se encontrar há algumas semanas confinada ao espaço. Confidenciou-me que (na idade que tínhamos então, a criatividade era imparável), cansada da imobilidade, se tinha queixado de uma sensação num dente, a sonhar que a deixariam percorrer os corredores. Qual não foi o seu espanto, quando o médico dentista, com equipamento móvel, se deslocou ao leito hospitalar para que ela não fizesse movimentos. Também soube que os serviços municipais lhe estavam a tratar de uma casa maior: um agregado que passa de dois a quatro elementos, não pode ocupar a mesma área de habitação. Como curiosidade, deixo as impressões de viagem de um lisboeta de passagem por este país na década de 50, com o título «Os homens discretos»:
É talvez devido a esse órgão novo, o civismo, que os suíços são os homens mais discretos do Mundo. Temem perturbar ou ofender a intimidade dos outros. Por isso, quando entramos num lugar público, impressiona-nos imediatamente o silêncio extraordinário que ali reina. Todos falam em segredo ou estão calados. Movem-se lentamente. Não gesticulam. Que contraste com os nossos cafés ou as nossas casas de chá! O mesmo se passa com o vestuário, sempre discreto, sempre sem obedecer demasiadamente às modas de cores vivas ou de talhes extravagantes. Cada um quer passar o mais despercebido possível. Nunca chegámos a perceber se tudo isto é feito com esforço, numa auto-repressão constante, se, pelo contrário, é feito naturalmente…
«Um Lisboeta na Suíça», O Século Ilustrado, 2 de Março de 1957 Imagem: switcardcow.com
28 de abril de 2012
Fine things
Assim era anunciado o Persil em Inglaterra. Uma óbvia parecença com os anúncios do Omo em Portugal uns anos depois. Lindo este look dos anos 50. Revista Illustrated de Maio de 1956, comprada hoje na loja da Nelia Cotrim e do Zé, ao Mercado de Santa Clara.
27 de abril de 2012
Associações inevitáveis
Ficar presa numa imagem na qual, um meio de transporte quase extinto se destaca na neblina.
As associações são inevitáveis. Uma fotografia a preto e branco a evocar a época de quem a observa, a dos passageiros em conversa de circunstância e, em plano recuado, a estátua a realçar tempos ainda mais distantes.
Não se consegue escapar à queirosiana fórmula de encerramento de Os Maias:
A lanterna vermelha do «americano», ao longe, no escuro, parara. E foi em Carlos e em João da Ega uma esperança, outro esforço:
- Ainda o apanhamos!
- Ainda o apanhamos!
[…] Então, para apanhar o «americano», os dois amigos romperam a correr desesperadamente, pela rampa de Santos e pelo Aterro, sob a primeira claridade da lua que subia.
(Pergunto ainda se identificam o local onde foi captada a imagem)
Fotografia: Platão Mendes
Comer fora em 1958
25 de abril de 2012
Alice na Regaleira
O dia não irá permitir que a antestreia se realize esta tarde. A adaptação da obra de Lewis Carroll é interessante proposta do grupo Byfurcação, encontrando-se em cena de 28 de abril a 30 de setembro, em Sintra, na Quinta da Regaleira, sendo a obra (muito) mais do que um texto exclusivo para a infância. Fica a garantia de que a música original, composta para a peça é apelativa, estando certa de que todo o espetáculo o será, a ajuizar para o sucesso de O Principezinho, representado pela mesma companhia em temporada anterior. Espera-se que o tempo não pregue mais partidas, pois decorrendo a representação no exterior da quinta, a meteorologia poderá constituir obstáculo. Deixa-se um excerto da divulgação:
Que país de maravilhas é esse onde caiu a nossa menina? O dos sonhos inconsúteis, o da imaginação absurda e matemática do senhor professor Charles Lutwidge Dodgson, o da Inglaterra vitoriana, puritana do séc. XIX, o da Regaleira, mansão filosofal da esotérica Sintra? Onde quer que seja, depois de franquear a porta desse país, a menina nunca mais será a mesma. Os países são livros continuamente reescritos pela nossa imaginação maravilhosa, assim saibamos ser atrevidos, Alices.
24 de abril de 2012
23 de abril de 2012
Maio
Marchando
Em 1934, Almada Negreiros via assim o desfile da Mocidade Portuguesa, incorporado no Cortejo Histórico da cidade.
22 de abril de 2012
21 de abril de 2012
As cabeleiras coloridas
Com o marido, num estúdio parisiense. Em segundo plano, as perucas coloridas da moda de então. Quem é a figura feminina aqui representada? Não será difícil identificá-la.
Paris Match, 12 de fevereiro de 1966
O artista
Subimos para o seu «Studebaker» e dali a instantes encontrávamo-nos à porta duma sumptuosa construção moderna, no Areeiro. […] Da boca saíu-nos um ah! De admiração. Magnífico! Das paredes pendiam lindos quadros antigos, tapeçarias artísticas cobriam os soalhos, candelabros caríssimos, móveis antigos, etc, constituíam o seu valioso recheio. - Esta é a minha casa; a outra, a que você já conhece, ficou para a minha família – elucida-nos.
Revista Flama, 7 de julho de 1950 (excerto de artigo)
Quem se encontra retratado neste excerto da revista? Conseguem identificá-lo?
Revista Flama, 7 de julho de 1950 (excerto de artigo)
Quem se encontra retratado neste excerto da revista? Conseguem identificá-lo?
O gato Peru
O Miguel baptizou-o assim, porque ele parece um peru a miar. Vem não sabemos de que prédio. Esgueira-se entre muros e quintais, faz varões qual stripper encartada e é um verdadeiro gato dos telhados. Escolheu a nossa casa, talvez porque aprecie a companhia felina ou a marca da ração. Só tem medo verdadeiro de uma pessoa, exactamente a que a baptizou. Ao meu xô peru, tu não és o daqui, ele responde desviando o olhar e abrindo a boca com fastio. Ei-lo num momento de invasão e atento à foto.
19 de abril de 2012
O «Sorrow» Palace
Fala-se do «Google translator» e respetivas anedotas de tradução, mas nunca entendi o porquê de, desde sempre, ser o nome do nosso palácio da Pena (de ‘penha’, ‘penhasco’), traduzido nos postais ilustrados para “Sorrow Palace”, o que o desvia da sua principal característica: debruçado do alto dos penhascos da serra, faz com que o nosso olhar se perca na paisagem.
A carne da Orquidea
Uma bela capa de Roberto Araújo para a colecção Escaravelho de Ouro: " A carne da Orquidea" de James Hadley Chase, 1954
18 de abril de 2012
A carteira escolar
A nossa leitora Maria quer vender esta carteira . Os interessados devem contactá-la pelo mail gelibonito@gmail.com
Matinées
E assim se publicitavam as matinées em 1973. Fenómeno que deve ser difícil de compreender para os actuais novos:)
17 de abril de 2012
A «Hermes»
Lembranças da Hermes – bela designação mitológica para uma máquina de escrever : trabalhos académicos aqui teclados nos idos 70 (bom ter aprendido esta arte no ano do serviço cívico, que então precedia a entrada na faculdade), registo de algumas memórias, testes para os alunos passados a stencil… Nos testes, as ilustrações eram feitas de modo artesanal, com uma esferográfica que não escrevesse. Para corrigir qualquer erro, lembro-me de um verniz próprio, de cheiro tóxico.
Conservo a antiga máquina (já no meu tempo era uma peça de museu, embora funcional), como memória de uma época, afinal não tão distante assim, com uma certa nostalgia confessa do som que produzia, quando se passava nela qualquer texto.
16 de abril de 2012
Family
Mais outra ilustração do livro de inglês. Linda, não é? Assim se explicava a família.
My First Dictionary by Laura Oftedal and Nina Jacob
University of Chicago Lab School, 1948
My First Dictionary by Laura Oftedal and Nina Jacob
University of Chicago Lab School, 1948
Guiné
Assim estudávamos nós, nascidos em 1959,a geografia de Portugal. No caso, a Guiné Portuguesa actual Guiné Bissau.
O refogado
O refogado ou estrugido é fundamental na cozinha portuguesa. Em 1971 a Compal tentou lançar este sucedâneo. Pelos vistos, não resultou...
14 de abril de 2012
Cimento armado
Sempre adorei lavar a roupa num tanque. Coisas de miúda. A sabonária fazia-me feliz, enquanto esfregava vigorosamente a roupinha das bonecas. Em 1934 elogiavam este artefacto e chamavam-lhe lava-roupas. Custava cinquenta escudos e representava providência e economia. Agora deitam-nos fora e representam lixo. Cheira-me que virá um dia que irei adoptar um.
Hotel Netto
Assim era em 1934, o Hotel Netto em Sintra. Para mais, ler o texto que a Teresa escreveu sobre ele.
http://diasquevoam.blogspot.pt/2011/04/o-hotel-netto-ou-como-se-diluem.html
http://diasquevoam.blogspot.pt/2011/04/o-hotel-netto-ou-como-se-diluem.html
13 de abril de 2012
Em modo "pause" ou a culpa foi do jornal...
Há momentos em que nos sentimos como um cd, após se ter premido a tecla “pause”. A pensar que se chegaria a horas ao local de trabalho, dá-se conta que o único guarda-chuva de qualidade (os outros são os tais de cinco “aéreos” que , no temporal, vão diretos para o caixote mais próximo, com direito a uma molha até aos ossos) ficou dentro do comboio, volta-se a entrar, verificando-se que os poucos passageiros lançam um olhar assustado, direto à expressão alucinada de quem corre da gare para a carruagem, numa urgência de quem perdeu, em definitivo, qualquer resquício de sanidade... A porta fecha de modo brusco, obrigando a sair na estação seguinte.
A falta de café começa a perturbar, não havendo transporte tão cedo, passa-se a cancela automática pagando-se, por isso mesmo, mais um bilhete para repor os níveis de cafeina “por que motivo só existe um café depois da porta que controla os títulos de transporte? Sabemos que a empresa está em crise, será uma medida estratégica para os despistados?” .
No compasso de espera, capta-se um instantâneo para lembrar este lapso no tempo fugindo-se, logo de seguida, pois um grupo animado de turistas - o comboio de regresso parece uma torre de Babel com gentes de todos os continentes, tendo-lhe sido cortadas algumas carruagens e já viaja tudo a monte- também começa a fotografar o local, não vão eles pedir uma fotografia de grupo, que obrigue a chegar ainda mais atrasada…
Sua graça é Lisboa
Encontro um pequeno livro de Bourbon e Menezes com desenhos de Aram Stéphan.
Desconhecia os dois, mas o "Sua graça é Lisboa" encarregou-se de mos fazer descobrir.
Neste capítulo dedicado aos jardins suspensos de Lisboa, ambos esboçam o gosto
recente do lisboeta pela flor, agora que se aprendeu a lavar...O ano esse, era o de 1944.
Desconhecia os dois, mas o "Sua graça é Lisboa" encarregou-se de mos fazer descobrir.
Neste capítulo dedicado aos jardins suspensos de Lisboa, ambos esboçam o gosto
recente do lisboeta pela flor, agora que se aprendeu a lavar...O ano esse, era o de 1944.
11 de abril de 2012
As sombras
"A instalação de uma sessão de Sombras é muito fácil. E' preciso arranjar uma sala escura com paredes muito brancas, ou então forradas de um pano claro sem pregas (um pano húmido, por exemplo). O foco luminoso— uma vela, ou um candeeiro de petróleo se a sala for grande — deve ser fechado n'uma caixa de cartão aberta do lado do guarda-fogo branco. Basta uma distância de 1 metro entre este e a luz. O operador pode estar de pé ou sentado; a sombra das suas mãos deve ser exacta, sem penumbra; deve olhar constantemente, não para as mãos, mas para a sombra projectada por elas. E' necessário, antes de tentar reproduzir qualquer assunto ou figuras, tornar a mão e as falanges flexíveis por meio de diferentes exercícios apropriados."
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