30 de novembro de 2008
Natal, reflexões, como seria a quadra na aldeia de Broas?
As origens da Aldeia de Broas remontam à Idade Média. Esta singular povoação abandonada terá começado a crescer a partir dum típico casal saloio até reunir sete famílias. Porém, ao contrário de outras aldeias da região, o seu crescimento estagnou e devido à falta de acessos, que nunca foram construídos, começou a sua lenta agonia, tendo a sua última habitante, a “Ti Jaquina”, deixado esta aldeia há cerca de 30 anos. A “TI Jaquina” ainda resistiu uma década de guarda à aldeia cujos últimos habitantes foram abandonando fugindo do isolamento e em busca de novos horizontes. Após a sua saída, começou a existência desta… Aldeia Fantasma.
É muito curioso conhecer o resto da história desta aldeia e sentir, no local, o isolamento a que os seus habitantes estiveram sujeitos ao longo de anos e anos.
Natal, e Não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
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6 comentários:
Se quiseres manda a foto por e-mail e eu posto-a no teu post, diz só onde a queres!
A parte estética( onde colocar a foto) ficará ao teu critério. Bom domingo... vou hibernar para mais tarde trabalhar um pouco.
Tks
(envio já na "volta" do correio com a promessa de não incomodar...)
Interessante a história de Broas.
O poema é lindíssimo.
broas é uma aldeia mágica.
talvez por ter sido abandonada ainda há pouco tempo.
muitas das estruturas das casas ainda está como quando eram habitadas.
o lagar quase podia ser reactivado com pouco trabalho. algumas casas quase parece apenas precisarem de umas pinturas e umas tábuas pregadas.
broas é uma aldeia 'mítica' para os escoteiros (os com 'o') do concelho de sintra. muitas daquelas provas de passagem que exigem uma viagem nocturna guiados pelas estrelas e sentido de orientação, acabam com uma noite em broas. os meus filhos e muitos dos amigos deles conheciam cada uma daquelas pedras e com eles lá voltei muitos anos depois de lá ter ido a primeira vez e já sem saber muito bem o caminho.
é estranho como uma terra que fica a 1 km da localidade mais próxima, ou a meia dúzia de kms da estrada de sintra para a ericeira pode ter sido tão isolada. ou pode ter feito que os seua habitantes tão isolados se sentissem.
penso no vale derradeiro, ou no vale pardieiro (com aquela história magnífica do tunel para desviar o rio ceira), ou no ceiroquinho, que em fajão chamamos o cu do mundo de tão isoladas ficarem e mesmo assim aguentarem uns últimos resistentes.
a broas a estrada ficou a uns 500 metros da última vivenda.
parece que isso ditou a repentina morte da aldeia e a deixou assim como se toda a gente se tivesse ido embora e se tivessem esquecido de fechar a porta, por onde podemos entrar
Visitei-a por 2 vezes: a primeira com um grupo de participantes no encontro "Sintra, Património Mundial". A segunda visita decorreu em passeio pedestre, com um clube de educação ambiental da escola, o MarAmar, embora houvesse a necessidade de atravessar a pé o rio - na altura com bastante água das chuvas - que se constitui como barreira natural entre a aldeia e os caminhos pedonais. Apesar da oferta dos jovens em transportarem os professores "em braços", os mesmos decidiram declinar amavelmente a proposta:)
Frequentemente passo pela estrada da qual se avista no alto a aldeia abandonada, ainda ostentando as paredes das edificações.
Quando os habitantes resistem em locais pouco acessíveis, penso sempre como serão as respostas em caso de emergência médica.
se fores por odrinhas em direcção a almorquim, broas fica a uns 500 metros, ou menos, da estrada que desce em direção ao vale e que, depois de passada a ribeira, encontra a estrada que vai para cheleiros...
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