23 de novembro de 2008
COMEÇOS DE LIVROS
Começo de” Último Correio Antes da Noite”” de Serge Reggiani:
“Há seres tão próximos que não imaginamos escrever-lhes, como se as cartas estivessem reservadas para os ausentes. Não nos passa pela cabeça dizer-lhes quanto os admiramos ou quanto os amamos. Um dia, é demasiado tarde.
Toda a minha vida me cruzei com artistas de excepção. Toda a minha vida me rodeei de seres queridos. Os primeiros desapareceram quase todos, alguns dos segundos afastaram-se. Quis escrever a esses fantasmas e a essas sombras uma última palavra em jeito de post-scriptum a uma amizade, a uma paternidade, a uma admiração, a um amor…
Hoje, volto a pegar na caneta. Ponho o meu correio em dia. Eu sei: os meus correspondentes já não moram no endereço indicado. Muitos vivem agora naquela aldeia onde nada acontece. Pouco importa. Eu escrevo-lhes, e, se repente eles pudessem ler este correio, quero acreditar que se reconheceriam, que me reconheceriam.”
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2 comentários:
Gin,
grata pela sugestão de leitura. Admiradora de Regiani, bem como de outros "cantores de palavras" da chanson française (ainda guardo alguns exemplares em vinil)fiquei curiosa em espreitar estas linhas de prosa:)
Não resisti a fazer um pequeno copy/paste a um dos temas de eleição (pessoal) deste poeta:
«Moi qui ai vécu sans scrupules
Je devrais mourir sans remords
J'ai fait mon plein de crépuscules
Je n'devrais pas crier "encore"
Moi le païen, le pauvre diable
Qui prenait Satan pour un Bleu
Je rends mon âme la tête basse
La mort me tire par les cheveux
Vivre, vivre
Même sans soleil, même sans été
Vivre, vivre
c'est ma dernière volonté»
Muito bonito este começo...
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