14 de abril de 2006

Black Dahlia

James Ellroy ressuscitou esta história, no seu livro " A Dália Negra"de 1987. Decerto tentava libertar-se de um dos seus pesadelos : o assassínio da mãe, quando ele tinha apenas dez anos. Os paralelismos entre a morte das duas são evidentes. Penso que foi exactamente esse drama, que o levou a escrever sobre crimes, duma forma muito peculiar e sei também que transmite uma certa malaise de vivre, que nos fica a remoer. Quem sofreu, sabe tocar os outros de modo diferente. Ellroy escreveu um livro sobre a mãe, mas esse é um outro assunto.

Voltando a Elizabeth Short, a quem chamaram Black Dahlia:

Em 1947 encontram num descampado de Los Angeles o corpo de uma jovem de 23 anos, cortado ao meio e brutalmente mutilado. A vítima era uma actriz principiante, que se distinguia por um belo cabelo negro. (nessa altura passava nos cinemas um filme chamado "Blue Dahlia" e por isso a analogia)

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A extrema violência com que foi morta, atraíu a atenção dos media e do público, até porque o seu autor desafiou a polícia "Catch me, if you can". Outras características deste crime foram a total ausência de provas incriminatórias e o número de pessoas que reclamaram a autoria deste crime (cerca de 50)

Quase sessenta anos depois, ninguém sabe ao certo quem matou Beth Short e porquê. E fundamentalmente ignoramos a razão de tanto ódio do seu assassino. Ela era apenas mais uma rapariga bonita em Los Angeles, uma mulher criança como lhe chama Ellroy. Um pouco tola, desejosa de ser amada, morta antes de ter crescido.

Por tudo isto este tornou-se um crime de culto, que ainda motiva muitos a tentar descobrir quem foi o verdadeiro culpado.Encontrarão na net imensos sites sobre este caso, assim como já se escreveram inúmeros livros sobre o assunto.



Li um dos últimos, de Steve Hodel, que após a morte do seu pai, descobriu provas concludentes de que foi ele o assassino. Esta teoria é validada pelo próprio Ellroy e por Michael Connelly (um dos melhores escritores policiais da actualidade).
Hodel dedica o seu livro a todas as vítimas, mortas ou vivas. E talvez este caso possa fazer questionar-nos sobre a ausência de limites da maldade humana. Ou não. Eu acredito que ela existe. E que é exercida quotidianamente sobre vítimas inocentes e muitas vezes anónimas.

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