"Deus dê saúdinha à mãe, ao pai, ao João Manel, ao Toninho, ao Jorginho à Belinha, à Nené, à Vicky e à Lassie e aos canarinhos e ajude todos os pobrezinhos do mundo. "
Quando eu era pequenina, a minha mãe gostava que eu rezasse antes de adormecer, e ajudou-me a construír uma espécie de oração. Eu tinha sempre o problema de ser um ror de gente e animais. Mas fazia-me sentido desejar algo de bom às pessoas antes de adormecer e ia mudando a lista. Sempre nela estiveram incluídos os animais.
Desde bebé e até aos 18 anos tive cães. Ainda tenho saudades do meu Chico e da minha Arlette (em homenagem à candidata presidencial) que morreu ingloriamente de esgana. Chorei baba e ranho pela Arlette e foi a primeira vez que me deram um calmante e também um pastor alemão para compensar, o que o meu pai recusou. Tinha razão, claro.
De gatos só tinha a referência de lhes ter entregado a chupeta a mando da minha mãe e ter voltado a revolver o jardim à procura dela. Fiquei lixada deles serem tão rápidos a caçá-la. Chorei muito nessa noite e durante muitos dias ainda procurei por todo o lado a minha querida chupeta.
Quando vim estudar para Lisboa, estava numa escola onde havia muitos gatos. Eu achava-os lindos embora não percebesse o funcionamento. Uma vez a senhora da secretaria ofereceu-me um e eu fui toda contente com o Flash Gordon ( todo malhadinho)para casa.
Eu afeiçoei-me ao bicho. Não percebia porque se escondia tanto. A primeira vez que o ouvi ronronar pensei que estava de caganeira e toca de o meter no litter. Tadinho. . Ainda o passeei de trela na rua, mas ele colava-se ao chão e não avançava. Estava sempre a pendurar-se nas janelas e a cair à rua.
Uma das vezes que caíu desapareceu quatro dias. Corri o bairro todo e enganei-me e trouxe outro gato igual. Mas a minha mãe disse logo.."Não é o Flashinho!!!".
Passados os quatro dias, já o tinha chorado como Deus manda, o americano do 3º andar telefona e diz "Está o seu gato miando à nossa porta". Eu abri a porta e ele subiu num ápice. Porco, esfomeado e inteiro. A tresandar a gatas. Devasso!
Depois veio a Morcega. Toda pretinha e muito pequena. Foi encontrada na rua e eu achei que ia tratar dela e entregá-la a alguém de ois. Puro engano. Viveu comigo gloriosos quinze anos. Depois de ser operada, ainda conseguiu parir um gatinho (falhou um ovinho ao vet) e achava que eu era mãe dela.
Agora o Vicente, gato-cão, a Mona , gata muito maltratada e psicótica e com receio de tudo e todos, (só começou a ronronar aos 3 anos) e a pequenina América rainha deste esquadrão de três.
Fazem companhia, sentem sempre quando estou doente e triste, adoram que eu esteja quieta. (o que é raro).
Gostam do aquecedor, odeiam o aspirador.
Se eu gosto mais de gatos ou de cães? Gosto de todos acho eu, mas num apartamento só concebo ter gatos.
Eles adoram estar em casa. A casa é mais deles do que minha.
O Vicente está a ficar velhote, outro dia já reparei nisso. O tempo voa. E custa muito ver morrer um bicho nosso.
E é isto. Reparei que aqui misturo família e bichos. Todos nós os cinco adoramos bichos e todos temos em casa. Até os meus sobrinhos. Somos uma família abichanada. Completamente.
Alguém dizia que o nível civilizacional de um país se via pela forma de proteger os seus animais. Devemos estar nos últimos lugares. E espero que não comecem a abandonar e matar gatos e aves por causa da gripe aviária.
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