7 de novembro de 2004

Não

Não foi um dia, nem dois, que voaram. Foi a semana inteira!... como é que esta semana desapareceu de forma tão rápida? Foi um incrível e imparável corre-corre de problemas, de assuntos e de diversas outras merdices para resolver... até televisão meteu (sim, não estão enganados, era mesmo eu naquele programa!). Mas ontem terminou tudo e as previsões apontam para dias de acalmia e remanso.
Entretanto...

O Bush ganhou. Posso confessar que não fiquei surpreendido e ando, em segredo, a preparar um belo texto que explica as razões sociológicas deste fenómeno.

O Arafat morreu. Só que ainda ninguém sabe... nem, provavelmente, ele próprio. Paz à sua alma e justiça (mas verdadeira justiça...) à sua memória!

O Gabriel Garcia Marquez (sim... definitivamente o meu autor preferido) publicou um novo romance, Memorias de mi putas tristes, que promete. Esta edição "tardia" fez-me recordar um carta de despedida que circulou aqui pela net, há 3 ou 4 anos, quando se colocou a hipótese de ele estar em estadio terminal devido a um linfoma. GGM sempre negou a sua autoria e muita polémica ocorreu acerca deste tipo de situações. Aqui fica a recordação:

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestir-me-ia com simplicidade, deitar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria, com um sonho de Van Gogh, sobre estrelas, um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes - amo-vos, amo-vos. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.
Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensarem que deixam de apaixonar-se quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de apaixonar- se.
A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que toda a gente quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que, quando um recém-nascido aperta, com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o torna prisioneiro para sempre.
Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo."

Texto apócrifo

PP: porque é que isto me aparece desformatado.
PPP: dia 13 estou em Espanha!

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