na edição de outubro da revista britânica 'mojo, a islandesa bjork considerou amália uma das três melhores vozes femininas de sempre,juntamente com nico (dos velvet undergroud) e meredith monk.
por razões inexplicáveis, achamos sempre mais valiosas as opiniões de quem está de fora.
talvez porque o distanciamento dessas pessoas as torne mais independentes e menos apaixonadas na apreciação.
por outro lado, a abrangência da escolha, que inclue o fado, o pop-rock dos idos de 70 e o experimentalismo vocal de meredith monk tornam a escolha mais valiosa (digo eu...).
eu estaria longe de considerar a nico (mesmo sendo admirador dos velvet underground) e a meredith monk (da qual assisti a um memorável concerto no porto..) como fazendo parte das melhores vozes femininas de sempre (seguramente imensas pessoas diriam o mesmo ao saber que eu inluiria nessa lista a sandy denny...) não posso deixar de admitir um critério rigoroso na escolha (a qualidade, a diferenciação, o experimentalismo), e uma satisfação imensa pelo reconhecimento da qualidade vocal da amália.
nos últimos tempos tenho-a ouvido imenso... e a cada audição parece que canta melhor.. ou que a percebemos melhor.
o fado do momento é :
(ainda por cima, o poema é da amália...)
Lavava no rio lavava
Lavava no rio lavava
Gelava-me o frio gelava
Quando ia ao rio lavar
Passava fome passava
Chorava às vezes chorava
Ao ver a minha mãe chorar
Cantava também cantava
Sonhava também sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava
Que esquecia que chorava
Que esquecia que sofria
Já não vou ao rio lavar
Mas continuo a chorar
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio
Porque me gela este frio
Mais do que então me gelava
Ai minha mãe minha mãe
Que saudades desse bem
Do mal que então conhecia
Dessa fome que eu passava
Do frio que me gelava
E da minha fantasia
Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer
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