hoje (dia 20) é o dia mundial do refugiado
vi isso agora num daqueles canais de nomes estranhos que não decoro
quando li o post do g2 a propósito do aristides sousa mendes não pude deixar de me lembrar as minhas duas experiências com campos de refugiados.
esta notícia levou-me a escrever este post
a primeira experiência foi em jerusalém, junto ao monte das oliveiras.
por razões que têm a ver comigo e a minha vontade de não deixar de visitar os locais que me avisam para não o fazer, decidi visitar e atravessar aquele campo de refugiados.
a qualidade de vida daquela gente, as metralhadoras apontadas na colina em frente, o arame farpado á volta.. e o sorriso que ia recebendo como cumprimento enquanto atravessava aquele campo deixaram-me uma sensação de culpa muito incómoda (afinal, estava instalado 'do outro lado'). sensação ainda aumentada depois do interminável inquérito do exército israelita quando cheguei a um 'check point...
sentir que a separação vai ao ponto daquela gente ter as chapas de matrícula de cor diferente.. para serem melhor identificados á distância...
a segunda, foi depois de chegar de um passeio de barco a uma ilha na costa sul do quénia.
o porto de saída não foi o mesmo da chegada....
por isso não estava de todo á espera do que me esperava.
um enorme amontoado de barracas de lona e pessoas esfomeadas e tristes e abandonadas que faziam aquele campo de refugiados de zanzibar...
atravessar aquele longo campo depois de um confortável passeio a uma ilha e antes de entrar no autocarro que me levava de regresso ao hotel de luxo, é uma espécie de longo murro no estômago e no corpo todo
seja pelo que for, nenhum daqueles grupos de pessoas tem um qualquer aristides sousa mendes que os ajude a atravessar a porta da liberdade (talvez mesmo algum filho de algum dos que atravessaram a porta da liberdade com o aristides sousa mendes.. esteja agora a fechar essa mesma porta aos que estão no sopé do monte das oliveiras.. e noutros montes perto, ou longe....)
se ver um campo de refugiados na televisão não é agradável e atravessar um, não é fácil de todo.... ter que viver lá é um inferno
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