Ao ler o post da T ocorreu-me exactamente o contrário: há uma certa inevitabilidade na morte.
Ela está sempre ali, ao nosso lado, desde o momento em que nascemos: a morte, a inevitável companheira da nossas vidas. Brincamos com ela, mas ela é que brinca connosco. Parecemos sempre jovens, mas vamos envelhecendo. Buscamos a saúde, mas vamos ficando doentes. Fingimos que não a vemos, mas ela persiste em abraçar-nos.
Talvez por isso, apanha-nos sempre desprevenidos. Aparece sempre de rompante, desnecessária, definitiva. E magoa muito, doi, cá bem no fundo, uma dor desnecessária e definitiva. Talvez por isso, ficamos sempre com a sensação de que poderia ser evitada: se a pessoa tivesse feito isto, se nós tivessemos feito aquilo, se o médico tivesse feito mais cedo…Talvez.
Há, em todos nós, a necessidade de acreditar que um médico pode sempre fazer algo, algo que evite o inevitável. Mas, muitas vezes, não é verdade…
Com isto não quero “descupabilizar” o que possa ter acontecido neste caso.
O médico de Arganil pode ter sido grosseiramente negligente. Pode não ter avaliado correctamente a doente e a gravidade da situação. E, consequentemente, não ter providenciado a vigilância e tratamentos necessários que poderiam (ou não) alterar o rumo dos acontecimentos. Mas pode, também, ter sido conscencioso e tecnicamente correcto. Poderia, na altura da observação, não existir nenhum sinal que indicasse o risco iminente. O que não desculpa a maneira desumana e cruel como aconselhou e encaminhou a doente para a residência.
Há poucos anos morreu, aqui, um colega que eu conhecia bem. Um dia acordou com um dor torácica e dorsal. Passou a manhã na urgência, fez diversos exames, foi observado por especialistas. O cardiologista detectou qualquer coisa no ecocradiograma e ponderou-se fazer um TAC. Como tinha melhorado e “estava bem”, ficou para o dia seguinte. Meia hora depois, ao chegar a casa, caiu no chão e morreu. Foi um aneurisma da aorta.
Seriam estas mortes evitáveis? Não sei, talvez…
PP: Uma coisa é certa, a passagem da certidão de óbito com aquele diagnóstico é negligente e ilegal. Como as coisas estã contadas, obrigaria a uma autópsia médico-legal que só o delegado de saúde ou o juíz poderia dispensar.
PPP: O Aviz tem um novo aspecto. Mais profissional, definitivamente!
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