25 de setembro de 2003

Crónicas da Inês (3)

9 Agosto 03

“Pasmo com o olhar entre a comiseração e o horror que me lançam quando informo que a minha filha vai para a escola pública. – E não tens medo? – Medo de quê? – pergunto-lhes. Então desfiam-me um rol de grupos sociais desfavorecidos.”
Isto a propósito dos amigos de esquerda bem pensante e melhor falante que colocam os filhos nas boas escolas de freiras e outras que tal. É claro que colocam, pois foi lá que eles devem ter andado e, lá bem no fundo, são uns maricas convencidos que o mundo (capitalista e globalizado, claro!) está cheio de perigos e armadilhas. Há que proteger as criancinhas para que um dia possam pensar e falar como eles. Nunca bateram com a porta, ela estava sempre aberta. Nunca devem ter fumado charros, aquilo era caldo Knorr.
Eu já um dia aqui disse, e volto a confessar, que pendo mais para a direita. Cada vez mais. E os meus filhos andam na escola pública, junto com os tais grupos sociais desfavorecidos, os pretos, os ciganos, os drogados, os deficientes (…estes não eram do meu tempo) e o que mais for. E andam bem!
Também acho, já a propósito de outro tema, que é preciso ter a coragem da visibilidade para atingir o direito à invisibilidade. Isto sobre os homossexuais, os seu direitos e deveres. Digo mais, devia ser obrigatório… Nos EUA, nos anos 80 quando um juíz, um mayor, alguém visível era homossexual não assumido (ou meio assumido só para os “in”), as associações pró-homo mandavam-lhe uma carta: “Tens x dias para assumir públicamente ou nós denunciamos”. Era o que se devia fazer por cá. Só assim se adquire o direito à igualdade.

20 Setembro 03

Continua fixada no Brasil. Será que já conhece o Orlando? Será que o Orlando já tem o pc arranjado?… Esta crónica não me estimulou mesmo nada. Só quando falou de encontrar sempre alguém da tribo dela é que me fez lembrar os Tribalistas.

"Eu não sou de ninguém
Eu sou de todo o mundo
E todo o mundo me quer bem
Eu não sou de ninguém
Eu sou de todo o mundo
E todo o mundo é meu também."

PP: Hoje estive mesmo para partir a loja. Mas falei com um colega meu e vou esperar 2 ou 3 dias. Isto porque uma daquelas comissões hospitalares, composta por gente que anda por lá a arrastar os tomates (ou qualquer outra parte baixa), emitiu umas normas sobre desinfecção de endoscópios. Só que são irreais e inexequíveis… só que não discutiram nada connosco… só que nós desinfectamos endoscópios há mais de 10 anos e 30.000 exames… e nunca tivemos problemas… e fartei-me de merdices! Agora tenho uma lista mirabolante de coisas que são imprescidíveis para obedecer às doutas normas, e até lá proponho que se encerre a Unidade, por grave risco de infecção! E eles que decidam e que se aguentem…

PPP: Ainda a propósito do jogo de Domingo (aiiii…). Os bimbos continuam obcecados naquela coisa da conquista e esmagamento dos mouros, como se viu pelos panos alegremente desfraldados. Além de continuarem fixados num facto com quase 1000 anos, o que não abona muito a favor da imaginação, esquecem-se que afinal aquilo é mais um elogio e não uma espécie de insulto. Os famosos Mouros da época formavam uma civilização avançada e culta, uma sociedade urbana e comercial, e dominavam a matemática, a astronomia, a medicina e outras ciências. Os conquistadores vindos do norte eram analfabetos, ignorantes e rurais: o mais que sabiam era contar até cinco (e mal!) e recitar de cor alguns versículos da bíblia. Embora muita coisa tenha mudado em 1000 anos, na altura não terá sido grande coisa para as boas gentes do Sul seram conquistadas pelos bárbaros do Norte.


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