13 de setembro de 2013

Antes do outono



Luz difusa, a traçar cores, formas, espaços. Paisagens moldadas por um outono que corre ao nosso encontro. Diversidade dos dias, em mais um salto do campo à cidade . Manhãs novas de quem despreza alguns transportes, caminhando através da avenida, das esplanadas . Tempo de pausa: café, leitura enviesada do jornal. Alguns (muitos) transeuntes expõem dores, mais ou menos genuínas: filhos pequenos, empregos que chegaram ao fim, o leite que é preciso comprar na farmácia para o mais novo. Atrai a vida envolvente, tornando-se impossível ir ao encontro de todas as interpelações. Pequenas fugas disfarçam, num átomo, desassossegos. Chegada a casa. Junto à porta da cozinha, a surpresa de uma pequena colheita . Frutos carregados de açúcar, a lembrar a então incipiente figueira , há mais de dez anos oferecida por alguém muito querido, que hoje teima em ficar no pensamento. É isso que importa, fazer reviver aqueles de quem gostamos em diversos indícios, através dos frutos que anunciam o outono.

3 comentários:

Luísa disse...

ooooooooooooh! Também quero figos desses. Por aqui, só da Turquia, escuros, de casca dura e sabor a provar que deveriam ter ficado mais dias mas árvores. :/

teresa disse...

Saboreei hoje um, neste dia de calor, quando cheguei a casa. Fresco e doce :)

Luísa disse...

Acredito que sim, Teresa! Para mim, não há figos melhores do que estes. Eu tenho uma figueira dessas. Quando era miúda sonhava subi-la, passava a vida toda esmurrada e com a minha mãe desesperada a avisar-me para não me meter em alhadas... Agora, sempre que chego a esta época e vejo os figos da Turquia sinto uma saudade dessa figueira. Mas nunca tenho possibilidade de ir de férias na altura certa de me empanturrar de figos mesmo debaixo da figueira...