24 de julho de 2013
A livraria Sá da Costa : um centenário gorado
A triste notícia do encerramento da Livraria Sá da Costa faz-nos viajar pela sétima arte. Lembra-se Fahrenheit 451 e a proibição da leitura.. A desobediência, na narrativa ficcionada, conduz à condenação máxima, a pena de morte. Há quem, na longa metragem referida e no auge do desespero, memorize livros, acreditando em tempos futuros de liberdade , a permitir a reescrita de tudo quanto ficou registado na mente dos que amam a literatura. O filme é aqui referido a título metafórico... Poderá mesmo ser considerado uma hipérbole (mais do que metáfora). Lembrando uma recensão que há pouco fez parte das atribuições pessoais sobre a biblioteca digital, ainda se é do tempo em que os estudiosos do passado , para consultar preciosidades literárias distantes, solicitavam autorização especial para, na Biblioteca Nacional, ter acesso a textos em microfilme. Defende-se (em consenso, acredita-se) a democratização da leitura: em casa, através de plataformas digitais, pode-se hoje consultar obras literárias e científicas que se encontram, do ponto de vista geográfico, inacessíveis quando, antigamente, eram privilégio de alguns “happy few” . Fica a nítida noção de que a hipérbole apresentada – conteúdo do filme Fahrenheit a visar um regime ditatorial que veda o conhecimento – pode parecer excessiva. No entanto, não se deixa de sentir a perda de mais uma casa em que se foi feliz. A livraria completaria, no presente ano, um século de existência.
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3 comentários:
Fica a pergunta: quantos dos que choram o desaparecimento da Sá da Costa não o fazem enquanto bebem um café e comem um pastel de nata no café de uma FNAC?
Tenho pena. Também passei boas horas em miúdo na Sá da Costa. Mas não ponho lá os pés há anos. Não peço desculpa pelo facto: é a vida. E nada - nem as livrarias, por muito que nos custe - são eternas.
Um último comentário: nunca se venderam tantos livros no mundo ocidental como hoje. O cenário do Fahrenheit 451 parece-me um tudo nada exagerado.
Engraçado, pensei mais ou menos que que o ABS...
Eu confesso que vou a livrarias do género da FNAC, mas eu só passo de vez em quando por Portugal, com muito tempo para Lisboa e livrarias mais ou menos emblemáticas... as tais coisas da vida.
A referência ao filme é exagerada, sim, e no post também o menciono, mas não pude deixar de estabelecer a associação. Fui pela última vez à Sá da Costa há cerca de um ano, (e por mero acaso), muitos livros de qualidade estavam por lá ao preço da chuva. Comprei um excelente livro de fotografia, para mim uma preciosidade, pela módica quantia de 5 euros... Quanto à FNAC (e aos centros comerciais), torna-se penoso, a título pessoal, já se riem, os mais próximos, quando me ouvem pela enésima vez utilizar o cliché 'ar rarefeito' :) (o que não interessa nada, no tocante à prática da maioria dos compradores de livros)
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