19 de março de 2013

Palavras leva-as o vento?



São estes os moinhos de vento da região (de modelo mediterrânico, diz-se). Testemunham, mesmo os que se encontram em derrocada, tempos de artes e ofícios. Vingou por mais tempo um deles, em funcionamento até há pouco, na freguesia de S. João das Lampas. As crianças visitavam-no, vendo o velho moleiro, a trabalhar para que guardassem na memória profissões de tempos distantes, para que não pensassem que a farinha ‘nascia’ em sacos, à semelhança dos que, espantados e já crescidotes observam , pela primeira vez, galinhas a debicar a terra ou maçãs a pender das árvores não conseguindo, de imediato, estabelecer associação com o que figura nas secções dos supermercados. Não se pense que, com saudosismo, se lamenta ver hoje as velas, despidas dos panos que as revestiam. Fica-se a imaginar moleiros fazendo deles casa e local de trabalho, à semelhança – estes em maior isolamento – dos faroleiros. O risco reside, sim, no facto de poderem vir a cair no esquecimento. Vem a reflexão a propósito do 80.º aniversário que hoje completa o escritor Philip Roth e da sua afirmação do dia,  no suplemento do jornal Le Monde “posso prever que dentro de trinta anos, ou mesmo mais cedo, haverá nos Estados Unidos tantos leitores de verdadeira literatura, como há hoje leitores de poemas em latim”.

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