Um instantâneo do primata em cativeiro e disparam
pensamentos desordenados: a associação a um filme
baseado numa estudiosa da espécie; o facto de estes animais terem um regime
alimentar na quase totalidade vegetariano; discussões e teorias de ciência vs
religião… a lista começa a levar ao bocejo, servindo de pretexto para fugir a
uma escrita com data marcada, que se pretende rigorosa e parte da articulação de
características defendidas por Italo Calvino em Seis propostas para o próximo milénio, conferência pouco anterior à
sua morte. Desafia-nos o escritor com as seguintes características: leveza, rapidez,
exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.
O dia afigura-se pouco convidativo a sair de casa, mas é
grande a tentação da leveza, destacada por Calvino enquanto olhar atento, a
abarcar ângulos diversos, em recusa à visão óbvia (o peso) das coisas, vulgarmente designada por ideias feitas. Torna-se aliciante
a proposta de se resistir ao peso, contrapondo-lhe subtilezas. O que terá isto
a ver com gorilas? – pensa-se … é que
estes animais são livres (não o da foto, que o será de modo relativo...) e – por contraditório
que se possa afigurar – movem-se com a agilidade (no caso próprio desejar-se-ia
a mental) que, quanto mais premente se torna, mais esquiva se revela…
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