Um bom chá de menta árabe como só no local sabem servir, é eficaz digestivo para quem não tem hábito de fartos jantares.
Surpreende-se o pequeno grupo ao ver a sala povoada e barulhenta, situação inesperada em hora pouco avançada da noite. Passado pouco tempo, percebe-se a causa de por lá se encontrar ruidosa multidão: uma jovem mulher executa a dança do ventre, deixando parte da assistência surpreendida. A dança feminina - afirma-se - traz efeitos terapêuticos a quem a executa. Recordo vagamente que era considerada uma espécie de ginástica de preparação para o parto. O barulho continua a incomodar em local erradamente escolhido por dois factores: sossego e uma reconfortante tisana.
Decido sair, convencendo o pequeno grupo familiar que me acompanha. Já à porta, surge o encantador de serpentes que ainda consigo fotografar. Evoco vagamente o pequeno-grande universo de Xerazade, acreditando ser a imaginação o maior lugar que nos visita.
Já em casa e a pensar no breve apontamento, encontro na estante da sala As noites das mil e uma noites de Naguib Mahfuz, abrindo-o na página onde é descrito o café dos emires:
O café ficava situado no lado direito da longa rua comercial. Espaçoso e de planta quebrada, com a entrada para o passeio público, as suas janelas davam para ruas laterais e casas vizinhas. Ao longo das paredes havia almofadas para os clientes distintos, e no centro, dispostos em círculo, tapetes para as pessoas vulgares se sentarem. Serviam-se bebidas variadas, quentes e frias, consoante as estações, e também se podiam encontrar xaropes mediciais(…).
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