4 de janeiro de 2011
Um rio
Nunca nos cansa olhar cursos de água, ficando-se a pensar como vivem alguns tão longe destes espelhos: rio ou mar, a sua distância traz o sentimento da ausência. Arriscar-se ia substituir rio por livro, afirmando-se «com um rio, está-se sempre em boa companhia». Pessoalmente, a alegria da paisagem que ganha com o elemento líquido afasta-se um pouco das reflexões do poeta que aqui ficam por ser um dos mais marcantes através dos tempos:
Rio barrento, rio barrento,
o seu curso lento e quente é o silêncio.
Não há desejo mais calmo do que a calma
de um rio. Mover-se-á o calor
apenas no canto do mimo
uma vez ouvido? Os montes ainda
aguardam. Os portões aguardam. As árvores púrpura,
as árvores brancas, aguardam, aguardam,
a demora, o declínio. Vivendo, vivendo
sem se moverem. Pensamentos firmes
sempre em movimento comigo chegaram
e comigo partirão:
rio, rio, rio barrento.
T.S.Eliot
the ballad of easy rider
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