19 de janeiro de 2011

Paradigmas...



(imagem: blogdocrato)

«Um racionalismo que ignora os seres, a subjectividade, a afectividade, a vida é irracional.»

Edgar Morin, Os sete saberes para a educação do futuro

Contava-me o meu pai sobre falhas nas declinações em latim… Pedia o professor a um solícito jovem «vai buscar a Mademoiselle Margaret Bross» - nome com que o austero mestre mimoseava a menina dos cinco olhos a fim de sancionar o lapso de juvenil erudição...
Ainda marcada por reguadas na escola primária quando remoía na tabuada, a imagem não surge assim tão distante no tempo.
O trauma das sevícias com inchaços e por vezes nódoas negras na palma da mão levou os teóricos (e muitos práticos) à tendência oposta, a de fazer crer durante algum tempo que tudo era lúdico… No estágio, os catarpácios chegavam a criticar a ancestral utilização do estrado em sala de aulas a fim de conferir ao mestre artificial estatura de destaque...
No apetecível papel de advogada do diabo, não se pende para qualquer das tendências sumariamente expostas.
Do outro lado da barricada e já sem estrado, muitos dissabores de início de carreira foram úteis à aprendizagem. Hoje é preciso dar muito para se conseguir o tal lugar ao sol que é como quem diz, a conquista de um confortável ambiente de autoridade. Só conseguindo cativar se chega ao que se situa a anos-luz do autoritarismo (oh, captain, my captain!).
Evocando um antigo professor de Geografia que – caso alguém se assoasse durante a apresentação de matéria – deitava faíscas com o olhar, respira-se de alívio por ter a primaveril febre dos fenos chegado unicamente na idade adulta.
E como a autoridade se conquista com muita afabilidade, por vezes chegam comentários no passado impensáveis. Surge a ideia ao ter ouvido, no final de uma aula do curso profissional, a explicação do conceito «efeito velcro» junto ao comentário de afinal ser a 'pfssora uma beca inculta'. Caso o desconheçam, não irei desenvolvê-lo por aqui, dado o mesmo se encontrar à altura de uma qualquer tirada ao jeito dos Monty Python e o dia se ter revestido de  solenes acontecimentos  junto da tutela… É que por muito que se tente pensar nas mudanças trazidas por este século e no diário de Sebastião da Gama ao referir que todos - mestre e discípulos - aprendemos uns com os outros, ainda há marcas geracionais que nos não largam… Mesmo quando após explanação do conceito (o tal do velcro) junto dos mais próximos , o nosso ar de espanto é surpreendido por colectivas gargalhadas…

1 comentário:

DO CASTELO disse...

A cultura deve ser preservada a todo o custo. Por isso peço desculpa por vir ocupar este espaço que é seu para, juntos, divulgarmos os IX JOGOS FLORAIS DE AVIS, cujo regulamento já se encontra disponível em www.aca.com.sapo.pt
Obrigado.
Fernando Máximo/Avis