29 de dezembro de 2010

o mundo visto de fajão, ou o que dava conto das abelhas e não das colmeias




um dia o pascoal foi ao val'da cal contar as suas 27 colmeias.
contava, recontava, voltava a recontar e não lhes dava conto.
como não dava conto das colmeias decidiu contar as abelhas.
tantas abelhas contou e recontou que lhe faltava sempre uma.
saiu à cata dela pela serra e encontrou-a nas pedras d’hera com 7 lobos de volta dela a comer-lhe os bocados.
agarrou no cajado e atirou-o aos lobos que fugiram e deixaram os restos da abelha, mais morta que viva, no meio do mato.
o pascoal apanhou os restos da abelha e espremeu-os tão bem que deitaram 7 canadas de mel.
como não tinha onde colocar o mel, tirou 2 piolhos das costas e, com a pele dos piolhos, fez dois odres para guardar o mel.
o pascoal tentou colocar os odres de mel às costas mas, cansado da busca pela abelha, não lhes pôde com o peso.
olhou em volta para ver o que lhe podia acudir, apanhou uma carriça e colocou-lhe os odres com as 7 canadas de mel em cima para os transportar para fajão.
quando sentiu a carga em cima, a carriça voou para cima dum carvalho.
o pascoal, ao ver o mel a voar no lombo da carriça, atirou-lhe com uma machada que desapareceu no mato.
sem mel nem machada, o pascoal deitou fogo ao mato.
a carriça voou com o mel.
ardeu o mato, o carvalho e a machada e o pascoal ficou com o cajado
(para os não fajaenses, o 'pascoal' é o contraponto popular ao 'juiz' e aos 'fidalgos'. muitas das histórias de fajão se centram nestes 3 grupos: os do juiz com a esperteza de um 'magistrado' cheio de sabedoria popular, os fidalgos com o surrealismo do 'só génios somos 5' e o 'pascoal' com um surrealismo fantástico cheio de inocência.. o meu preferido e o meu conhecido.. espero que os fajaenses não me matem por esta 'fixação' em escrita da história do mel

4 comentários:

Carlos Caria disse...

Bonitos contos os de Fajão, que tanto poderiam ser passados em qualquer lado, onde a natureza ainda tem parte de si intacta.
Tanto perca, prejuizo ou desperdicio,onde tanta falta faz.
Bom Ano de 2011

T disse...

Mais um belo conto do Juiz:)

carlos disse...

estes contos são mais relativos ao pascoal..
o juiz tem um acervo particular
:)

AnaMar (pseudónimo) disse...

Lindo, mesmo.
Mas a ver se me lembro de quando lá voltar, não provar o mel. Que essa de ter ficado em odres de piolhos das costas, jazuze:-))