1 de outubro de 2010

Uma lógica talvez cronológica...

Image and video hosting by TinyPic

(imagem: paragonfineart)

Quando se tem o bichinho de escrever, nem sempre surgem ideias para organizar linhas mais ou menos arrumadas… O problema será certamente extensivo a muitos. Passando em revista o sucesso das redes sociais (e em pública confissão da  sua visita) onde boa parte do diálogo (?) é “clonado” no “gosto” e “não gosto”, chegando-se  ao absurdo de teclar no “gosto” sob comentários como “encontro-me em avançado estado de depressão”, “fui assaltada e fiquei de olho negro e braço ao peito” fica a pairar certa perplexidade… Não se irá divagar sobre tal assunto e, deixando o pensamento fluir, a opção é a de trazer à deriva diversas ideias ao correr da pena, expressão tão ao agrado de quem gosta de escritores dos tempos anteriores ao grande invento conhecido por esferográfica (cristal, laranja e de outras nomenclaturas), maravilha perecível mais prática do que a tinta permanente (esta quase perene, como alguém acusaria La Palisse de afirmar...). Na data de hoje, seria marcante a histórica referência a Pelé e à sua despedida em grande festa com a presença do não menos mediático Mohamed Ali… Mas estes caprichos pessoais ditam que em vez de “ali”, se fique por “aqui”…
… E assim se desafia a lógica com saltos para uma listagem algo aleatória ( = a sistema infestado de vírus?), optando-se por um exercício desafiador da lógica, pegando-se em pensamentos ainda dentro do prazo de validade. De regresso a casa e a ouvir um tema inspirador, já que isto de se gostar de música implica uma diversidade de géneros, épocas e latitudes e, ao mesmo tempo, a falar com os próprios botões, a primeira ideia grata é a de relembrar que ensinar a nossa bela língua e não menos apelativa literatura  permite uma liberdade/responsabilidade enormes... Passa-se, de seguida, à pequena retrospectiva do dia de trabalho vindo à ideia que, por vezes, se tem de dizer coisas menos ao gosto da juventude (um/a professor/a não tem a mesma idade do seu público-alvo, passe-se a trivialidade ); percebe-se ainda que a partir do conteúdo “povos que influenciaram o nosso idioma” as estórias são infindas e até passam por caprichos estéticos da culinária ou pela projecção de um vídeo de uma canção em mirandês, traduzindo-se para a audiência uma ancestral narrativa a explicar o porquê do contentamento em se ter nabos para a sopa…; repara-se numa aluna de cara cerrada à saída do café e, no percurso conjunto até à sala de aula, lá vão nascendo palavras - aqui tentando-se imitar com a devida distância o pai de A Vida é Bela, na tentativa de trazer cor a um quotidiano mais cinza- , a miúda já entrou na sala a rir, isto não correu mal de todo…, a experiência ensina que a última coisa a fazer a um jovem zangado com o mundo é perguntar-lhe cirurgicamente o que o preocupa - detestam chorar em público, como os compreendo!; fica-se ainda a pensar por que carga de água se terá de assistir em breve a aulas como avaliadora se, nos tempos mais próximos, isto de aumento salarial – o principal motivo alegado até à data a justificar a observação do trabalho docente – é miragem… e, para não levar rapidamente ao bocejo, a quem conseguir chegar ao fim destas desorganizadas linhas, ainda sobrevive um sorriso por se pensar que, para lembrar o apelido de uma pessoa com quem se trabalhou durante três anos, se tem de procurar o mesmo na lista de contactos do telemóvel, sendo a única finalidade a de se apaziguar os pessoais receios de amnésia proporcional ao crescimento... A este propósito, lembra-se a mais recente leitura ainda em curso sobre os esquecimentos frequentes e indissociáveis fantasmas... Aprende-se com esse texto e, pondo-se em prática os seus ensinamentos, começa-se timidamente a acreditar numa espécie de musculação/revitalização das celulazinhas cinzentas, como diria M. Poirot… Poderá ser  o tal efeito de placebo, mas …

3 comentários:

José Ricardo Costa disse...

Gosto disto!

JR

Miguel Gil disse...

A força cromática do quadro reafirma-me que a vida é bela, e vivê-la não é o efeito de placebo, é colorir linhas e espaços por vezes desorganizados.

teresa disse...

Bela perspectiva, Miguel Gil. E na sequência da mesma, só posso desejar honestamente uma excelente semana (com feriado incorporado):)