13 de maio de 2010
Ter estilo nos anos 60: uma abordagem
O chá, que podes servir no carrinho coberto com vistosa e fina toalhinha, deve ser acompanhado de limão (em rodelas ou sumo) e leite. Não esqueças um recipiente com água fervida, bem quente, para «enfraquecer» o chá [...]
A chávena e o pires são apresentados num prato de sobremesa.
Servindo-te do carrinho, no primeiro tabuleiro colocas as chávenas, açucareiro e os recipientes com líquido; no segundo, as torradas, bolos, sandes, etc.
Serve-se na chávena, primeiro o limão ou o leite, depois o açúcar e por último o chá. Logo imediatamente, os doces, sandes, etc...
Não esqueças os guardanapos, que preferivelmente serão bordados, ou... de papel.
O «Porto» serve-se na presença das visitas da própria garrafa, em cálices colocados numa bandeja. Não se apresentam guardanapos.
O cacharolete oferece-se em copos apropriados. A mistura dos vários licores pode ser feita no momento de se oferecer.
Milena Albanese,Cortesia Feminina
Numa época em que muitos recorrem a um «sucedâneo» de almoço, em correrias e de pé junto ao balcão, o texto não pode deixar de fazer sorrir...
A designação de «cacharolete» dada à mistura de licores era, a título pessoal, desconhecida. Atendendo ao excesso de açúcar adicionado ao álcool, seria hoje certamente alvo de crítica, antevendo-se as prováveis consequências.
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13 comentários:
Tem muito a vêr com a forma como vivemos hoje, em que supostamente não sobra tempo, ou achamos que não sobra, por isso ritualizamos mto pouco.
Já com o título "Cortesia Feminina", aí já paramos mais tempo para evocar clichés; para o apelidar de retrógado, chauvinista ;)
Vivemos no auge da "ditadura do relativismo". Um dia tomamos consciência, cansamo-nos, ou perdemos as faculdades e tudo volta ao ritmo e à velocidade razoável. Aliás, para qualquer um de nós, mais tarde ou mais cedo tudo abranda: o destino é igual para todos. A lição é que pode não ser.
Muito bom este post.
Obrigada, Mário Clipper. O livrinho de instruções é um tesourinho emprestado por uma amiga que às vezes passa por aqui e anteviu o interesse da matéria:)
Relativamente à palavra "cacharolete", lembro-me de o meu professor de Português do liceu referir um texto de Eça de Queiroz em qe este se insurgia contra o uso do anglicismo "cocktail" em vez do luso "cacharolete".
Grata pelo esclarecimento, Makangsi. O 'Cândido Figueiredo' define o termo como «mistura de diversos licores» se associarmos o termo 'licor' ao seu sentido lato em inglês 'liquor' (ou seja, bebida alcoólica destilada ou com destilados na sua composição de base) chegamos à conclusão que se trata do tal 'cocktail' que faz parte do nosso léxico nos tempos que correm:). Os puristas certamente defenderiam a tradição (também tive professores puristas a defender, por exemplo, o 'quebra-luz' em vez do 'abat-jour').
Sem esquecer o "coquetel"...
E a manta de pescoço (cachecol).
Ouvi ainda duas sugestões curiosas num programa radiofónico do passado: 'fato completo para dormir' (em vez de pijama) e 'carmim para lábios' (em vez de bâton).
Adoro cacharoletes:)
Já que terminei agorinha mesmo um teste para dar amanhã e dado a tua observação me ter deixado em dúvida, fica uma escolha múltipla para que assinales a alínea que interessa:
a) o som da palavra (que associo a castanholas, saiba-se lá porquê)
b) o conceito líquido da questão (da tal mistura explosiva)
c) ambos
d)não me apetece responder
:)
Prattie,
O cacharolete substituirá o chá de perpétua roxa?
(É experimentar!)
Bjs
Hummm...."servir charutos"..????
Amiga (não anónima),
Pode ser que sim, mas não me atrevo a substituir a tisana pela mistura alcoólica... é que, como dizia a minha querida avó, 'cada coisa em sua ocasião', embora a voz fanhosa teime em desaparecer:)
Caro Júlio Amorim... outros tempos, embora os charutos se destinassem certamente aos cavalheiros:)
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