25 de maio de 2010

os hipermercados, as aberturas ao domingo, o emprego e a liberdade de escolha do consumidor, 1

1.
o recente fecho dos supermercados alisuper fez aparecer um associação de 100 produtores algarvios preocupados com o seu futuro.
a razão é simples: o fecho duma estrutura de distribuição regional e a sua mais que provável substituição por uma qualquer cadeia nacional ou internacional fará com que os seus produtos deixem de ter escoamento no algarve, uma vez que as grandes cadeias organizadas, para além de privilegiarem os grandes produtores capazes de suportar os custos de investimento por elas exigido, tendem a reduzir cada vez mais a oferta de produtos à sua marca de insígnia e a aos líderes e sub-líderes.
esta união dos pequenos produtores algarvios faz lembrar aquela que no começo dos anos 80, também no algarve, levou a que um pequeno conjunto de armazenistas se juntassem para criar a ideia duma central de compras que pudesse combater com as mesmas armas da grande distribuição (então ainda a dar os primeiros passos) e salvaguardar o seu futuro.
esta central acabou por chegar a ser a maior central de compras nacional e defender as capacidades competitivas do pequeno retalho durante muitos anos.
o sinal então dado foi de que 'afinal é possível'.
hoje o panorama não está nada diferente do que estava nos anos 80: as ameaças estão à vista, mas a possibilidade de as ultrapassar também: apenas se precisa de maior empenho e criatividade.
2.
a multiplicação de hipermercados comparativamente ao seu aumento de volume de vendas global, faz com que a venda por metro quadrado esteja hoje a léguas do que estava há 10 anos.
o consumidor, cansado de quilómetros de prateleiras, voltou-se para os supermercados de proximidade onde compra o que necessita e poupa para o necessário.
o que pode parecer uma fuga para a frente das grandes cadeias é afinal uma guerra por quotas de mercado para suportar as exigências à indústria que paga os investimentos de loja e as loucuras promocionais com o acerto de contas no final do ano para a rentabilidade exigida.
se o consumidor ganha com isto? claramente não!
se a indústria não tivesse que se guardar para os acertos das 'loucuras' promocionais, daria seguramente melhores preços todo o ano.
afinal todos vivem da rentabilidade e já está (quase) tudo inventado...
mas num mercado maduro (que cresce pouco em números absolutos) a abertura dos hipermercados durante todo o dia dos domingo e feriados é um assunto recorrente e com argumentos, por vezes, de duvidosa honestidade intelectual.
um dos operadores, que apesar da sua enorme dimensão tem uma especial predilecção pelo calimero, afirma ser alvo de uma perseguição porque é a única das 5 maiores insígnias que não pode estar aberta durante todo o dia dos domingos e feriados.
basta olhar para o site oficial dessa mesma empresa para verificar que (por uma decisão exclusivamente sua) a insígnia em causa está reservada para suas lojas com uma dimensão média de 9 000m2, já que para as muitas outras lojas que possui de dimensão inferior utiliza outras designações e, naturalmente, estão abertas.
as suas concorrentes não têm esta divisão tão rígida e, independentemente de também terem mais que uma insígnia, têm lojas de dimensão diferenciada sob o mesmo nome.
logo, umas estão abertas e outras fechadas, não por causa do nome, mas por causa do tamanho.

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