2 de janeiro de 2010

Cheirinho a café

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(fotografia: Anuário do Turismo Português, 1960)

Estampa-se o sol em delicados raios
Sobre o mármore branco e liso da cozinha.

Suavemente me debruço e uma porta abro,
Recolho a chávena fina e o florido prato.

Ergo o meu braço e num voo livre,
No gesto de um armário desvendar,
Recolho o nobre pó de inebriante aroma.

Alongo a mão que a gaveta encontra,
E dela escolho, enfim, a colher mais bela,
Brilhante, pequena, com terno recorte.

Tudo coloco em ordem e harmonia:
O prato tranquilo e a expectante chávena,
Nesta, o torrado grão moído, de castanho intenso.
[…]
Depois, a água borbulhante, quente,
A mistura inunda, dissolvendo-a
Em espirais de espuma que a colher adorna.

Café! Café! Precioso encanto!

Da janela aberta me acerco então.
Tão bela é a vista que o Outono pinta no jardim!
Castanho da terra e verde das plantas unem-se
À água que brilha em bebedouro antigo.

Aspiro, feliz, da manhã tranquila, o seu odor
A quente café e à relva orvalhada.
Olho o céu e sorvo um gole, outro e outro.

E assim me quedo, por instantes longos.
Entre o prazer forte do café e a doçura da manhã
Mais um dia de vida se inicia!

I.Bastos in casadacultura.org

4 comentários:

erre disse...

Teresa, adoro quando fico com a casa inundada pelo cheirinho a café ;)

teresa disse...

É verdade, erre, uma das coisas boas do dia-a-dia... e o cheirinho - hoje quase em vias de extinção - naquelas ruas onde havia lojas de torrefacção e moagem de café? Apetecia ficar à porta a respirar fundo.

Bom ano:)

Guma disse...

... e o primeiro café do dia. Um cheirinho que desperta os sentidos, aquele creme guloso que nos vai pintar os lábios, e só a partir daí, o dia parece começar a rolar.

teresa disse...

... é verdade,Kimbanda, sem café a vida parece parar.
Desejo um excelente domingo aos meus 'vizinhos':)