2 de outubro de 2009
Leituras de infância e juventude ao longo de gerações
Sendo este um espaço de memórias, muito aqui se tem opinado sobre literatura infanto-juvenil: as leituras de cada um, ao longo do crescimento, têm dado origem a diversos posts, bem como aos comentários mais variados(para quem não gosta de 'clonagens', ainda bem que assim é).
Devoradora – sobretudo na juventude - de livros sem escolha criteriosa (as estantes estavam lá e era escolher de modo mais ou menos aleatório), passando alguns exemplares por irmãos e inúmeros primos, muitos terão desaparecido na poeira do tempo, dado que à época já se encontravam em avançado estado de envelhecimento.
Encontrei algumas das leituras do meu pai enquanto jovem, sendo este um dos exemplares já sem capa e não pude deixar de reflectir no quotidiano pessoal. Muito tenho pensado, ao longo dos últimos vinte anos, ao descobrir que muitos dos meus jovens alunos não tiveram, na infância, a experiência de terem ouvido o relato de contos infantis. Quando refiro um título a fim de o utilizar como exemplo para outros voos mais arrojados, pasmo por descobrir – o local é de gente muito modesta e de famílias em grande número pouco letradas – que os clássicos da literatura infantil passaram à margem. E fico encantada quando olho para jovens em idade de rebeldia, atentos, a beber palavras destinadas à infância que lhes foi um pouco sonegada… outras coisas boas terão tido, acredito eu sempre a procurar o lado mais sorridente da questão.
Cá por casa, as coisas tornaram-se complexas em matéria de gostos na infância: no passado, as descendentes, a crescer em exigência, pediam diariamente, antes de adormecer, a invenção de uma nova história. E assim nasceram personagens como a Bruxa do Mar, o Pássaro Faísca, os patos Crimson (já não recordo o que terá presidido à escolha do nome, embora a sua morada tivesse ido beber inspiração a um lago artificial situado na Assafora onde nos deslocávamos para dar utilidade às sobras de pão endurecido)… os relatos eram um misto de literatura clássica com BD e desenhos animados, penso que fugiriam aos moldes mais ortodoxos. No entanto, o facto de as personagens maléficas acabarem por perder o cunho de terror – um rasgão nos fundilhos do Faísca a mostrar ceroulas com padrão ridículo ou a bruxa a encerrar a narrativa com ar esturricado como consequência de uma experiência laboratorial menos sucedida – faziam as delícias da C e, mais tarde, da M . Quando a imaginação fugia, restava sempre o recurso a uma história idêntica, embora com ligeiras variantes que lhe davam um toque (um pouquinho mais) inovador...
Sempre preferi a literatura juvenil que, revisitada algumas décadas mais tarde, oferece uma possibilidade de leituras adaptada às diversas etapas da vida. E assim sorri por ter relembrado, através de memórias de fundo de prateleira, um pouco das leituras do meu 'jovem' pai.
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7 comentários:
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O mano vai gostar de ler:)
... sou mesmo desnaturada... nem sei se já voltou da Bella Italia (e eu que nem sou de invejas...).
Há alguns meses também fiz uma história para a sobrinha S. para a animar com a mudança de papel na peça da escola (para ela passar de lobo para princesa foi uma 'despromoção'):)
Vinha hoje não era?
A Teresa desculpe que lhe diga, mas não entendo como fica pasmada por os seus alunos terem perdido os clássicos infantis. No seu parêntesis tem a resposta. OS clássicos que não perdi foram os mais conhecidos e eram em versão light (livros fininhos numa espécie de resumo das histórias). E a razão era exactamente a mesma dos seus alunos: pais pobres e com poucos conhecimentos. Apesar de a a minha mãe ser uma pessoa interessada em cultivar-se, não tendo tido acessos a "algo mais", também lhe escaparam muitas coisas que não pôde transmitir-me. Eu própria, apesar de conhcer a história, só li Swift na faculdade, quando encontrei os dois volumes numa feira do livro em frente à FLUL... A nossa função é cconseguir encaminhá-los para a biblioteca mais próxima e lutar por bibliotecas mais completas (variedade e quantidade de livros). :)
Olá Luísa,
Admirada não ficarei, mas apreensiva por terem perdido (penso eu que tenho a mania de me pôr a pensar...)as experiências mais estimulantes na idade própria, embora acredite que se esteja sempre a tempo ao contrário de teóricos que dizem "se não se conviveu com livros na infância, será tarefa impossível ser-se leitor entusiasta".
Quanto a bibliotecas escolares, graças a uma colega mesmo muito persistente a fazer projectos, temos finalmente e há poucos meses um espaço condigno lá pela escola (e a escola já fez 25 anitos!).
Cheguei a ter uma biblioteca de turma em caixotes com 'sede' na mala do meu carro (eu até costumava brincar e chamava-lhe biblioteca itinerante).
Quando pelo Natal faziamos feiras do livro na escola (com convite extensivo às famílias), os livros eram frequentemente devolvidos às editoras nos nossos carrinhos utilitários 'esmagados' por excesso de peso... apesar dos riscos ( não somos materialistas, mas nunca fomos compensadas por gastos de combustível, tempo, etc., a compensação surgia com o sentarem-se na sala a escolher e a ler alguns dos exemplares expostos, mais do que - muitas das vezes- terem poder de compra para os levar)
Um ex-colega dos tempos de faculdade, jornalista na área da educação costuma dizer 'por isso é que as coisas chegaram ao ponto a que chegaram... vocês estão sempre dispostos a dar um jeitinho...'.
Não sei se foi por isso ou não (as coisas não são assim tão lineares) mas, por estas causas da leitura, visto a camisola mesmo que venha a ser gozada e alguns mais cépticos acrescentem, em tom de ironia, 'madre' a anteceder o meu nome próprio (até brinco com a questão, pois estas ideias estão arrumadas em gavetinha própria na minha cabeça):)
E T,
Obrigada pela informação, soube agora por ti a data de regresso do VV:)
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