24 de junho de 2009

Neda, voz, chamamento

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Em farsi o nome desta jovem de 26 anos significa voz, chamamento.
O mundo assistiu ao seu fim trágico quando, no passado fim-de-semana, desfilava nas ruas de Teerão, fazendo parte de movimentações que, há mais de dez dias, se sucedem na capital iraniana.
A família refere não se tratar Neda de uma activista política e a jovem é retratada pelo seu professor de música como "cheia de alegria, um raio de luz". Gostava de viajar. De parcos recursos, já havia visitado a Tailândia, o Dubai e a Turquia após metódicas poupanças.
Segundo os amigos, enquanto manifestante só pretendia expressar perplexidade pela não contagem do seu voto nas recentes eleições.
"Sem que tivesse atirado sequer uma pedra, mataram-na" - afirma alguém que presenciou o trágico desfecho ocorrido com Neda Agha Soltan.

6 comentários:

T disse...

http://edition.cnn.com/2009/WORLD/meast/06/23/iran.neda.profile/#cnnSTCPhoto

teresa disse...

Nos últimos dias ecoa pela imprensa e blogosfera. Não pretenderia ser mártir, pois revelava uma consciência de cidadania antagónica a tal pretensão.
Grata pelo link.

Tareca disse...

em miuda, na escolinha, tive uma amiga Iraniana, chamava-se Zeineb. Morava no Hotel Palacio. Estavam por Portugal ela, os pais e os irmaos, devido a negocios do pai por ca, que obrigaram a uma permanencia de sensivelmente 2 anos.. Lembro-me dela nunca ter ido a praia connosco. Nem ao square, numa de sermos mais crescidos, para um copo.. Acho que ter de lidar de perto com o mundo ocidental, mas sempre sob a alçada dos costumes da sua origem, era um choque demasiado profundo. As tantas tentou se matar. Foi um episodeo muito marcante.. tinhamos 13/14 anos.. A esta altura ela ja andava sempre de lenço no cabelo e ombros. Depois um dia foram se embora. Nao mais falei com a Zeineb. Nem nunca mais soube nada dela. Mas é claro que me lembro dela muitas vezes.

teresa disse...

Também tenho uma história (estória), Tareca.
Aos 17 anos fui uma temporada para Londres (com um trabalho em part-time para poder financiar a estadia). Fazia limpezas/arrumações num lar(hostel) de freiras irlandesas a troco de salário e hospedagem. Uma hóspede iraniana, muito isolada, meteu conversa comigo por dizer que lhe fazia lembrar uma amiga do seu país. Como me afligia o isolamento (encontrava-se hospedada no lar para frequentar um curso de Inglês) e ar muito triste, convidei-a umas 2 vezes para ir ao cinema e espairecer nos meus tempos de folta (de empregada doméstica). Vi que ela considerava o sair para lazer como algo de "estranho" (condenável?) e não insisti mais. Era uma pessoa triste e amedrontada. Não me parece que fosse o caso desta Neda que, infelizmente, teve por cá uma breve passagem.

carlos disse...

muitas vezes os heróis são acidentais.
mesmo que não seja por acidente que estão nos locais.
nos idos de 75 estava com mais algumas centenas de pessoas 8entre eles um dos irmãos da presidenta) em frente à prisão de caxias a protestar contra a prisão de mais de 400 camaradas meus.
o copcon (que estava a fazer as vezes de policia de choque) disparou muitas vezes e uma dessas balas entrou no cimo da testa de uma das pessoas que lá estava, atravessou junto à caixa óssea da cabeça, mas debaixo da pele, e saiu por trás.
o assunto resolveu-se com um leve tratamento. felizmente.
outros foram feridos, mas não com esta espécie de milagre.
por vezes são pequenos acasos que tornam algumas pessoas em exemplos, heróis, mártires, o que for que a história tratará de construir

teresa disse...

Carlos,
Quanto a heróis acidentais, do "pedigree" pessoal consta um avião derrubado por um míssil terra-ar que vi incendiar-se e fez estremecer a casa onde eu vivia no sul de Angola(estava na altura à varanda de chávena de café na mão) e outra mais antiga (essa não vale por ter sido o intuito a diversão e não o dever cívico) entrar atrasada no concerto dos Genesis (no Dramático) e caírem para aí umas boas dezenas de pessoas do alto das bancadas (estava o local sobrelotado) e termos, os da camadinha de baixo, ficado com esfoladelas, nódoas negras e sem conseguir ficar no local a assistir ao concerto com a humilhação acrescida de sairmos para o exterior a arrastarmo-nos como vermes:(